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quarta-feira, 14 de março de 2012

Tanatofilia e expressões compulsivas: não é difícil encontrar, em diversos graus, um desejo mascarado, ou manifesto, pela morte em indivíduos neuróticos, perversos e psicóticos. O mesmo acontece com pacientes afetados pelo câncer, pelo lúpus eritematoso ou outras enfermidades incuráveis

Quando falamos de compulsões, podemos nos referir às condutas desenfreadas do noticiário cotidiano: com significados de homicídio, parricídio, filicídio, genocídio, canibalismo, incesto, pedofilia, castração; ou também às disposições moderadas e controladas, como as que se organizam como rituais sociais e religiosos, e as que organizam a horda, a tribo, a nação; ou ainda às inclinações sublimadas, que conduzem os seres humanos para as Artes, às Letras, à Filosofia, às Ciências e ao progresso tecnológico. Refletem memórias individuais e transgeracionais que guardam identificações, lutos, culpas, vergonhas coletivas que renascem em indivíduos e famílias.
As compulsões são resultados de fantasias, significantes representacionais e vínculos simbólicos, guardados no inconsciente individual e coletivo, organizando os pensamentos e o agir, gerando as patologias ou explicando a saúde mental. Podemos derivar das noções que Freud introduziu em 1920, no seu trabalho "Além do Princípio do Prazer", no qual afirma que os pensamentos bons, com predomínio erótico, são expressões das pulsões de vida, enquanto os pensamentos agressivos e destrutivos seriam polarizações das pulsões de morte.
Na tanatofilia, a violência autoagressiva se expõe em condutas como o suicídio, em sua modalidade aguda, isto é, a autoeliminação instantânea da vida, ou crônica, por meio de mutilações ou acidentes que têm como resultado, a perda da vida, ou de uma parte do corpo. A tanatofilia se exterioriza, por outra parte, na violência homicida, nas atuações filicidas e parricidas, e no fenômeno do genocídio.
No suicídio, a representação da conduta autoeliminatória exerce uma atração irresistível com idealização extrema. Menninger assinala que os componentes do impulso autodestrutivo são a necessidade de autocastigo, a agressão contra o ambiente e revestimento erótico da conduta suicida. Nesta atração, o ego, debilitado e dissociado, mostra-se enganado e seduzido por promessas de compensações prazerosas feitas pelo superego - pais filicidas internos - e este engano desempenha um papel fundamental no desencadeamento do ato suicida. Garma assinala que a aceitação submissa de dito engano do superego contribui basicamente para a alegria do ego existente nas reações maníaca.
Segundo Freud, o sujeito só comete suicídio quando sente que ataca o objeto introjetado, com o qual se encontra identificado. Para M. Klein, uma tentativa inconsciente de suicídio pode significar para o ego "destruir os pais maus internos".


Fonte: Revista Psique Ciência e Vida

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