No Brasil há em média 24 suicídios por dia, o equivalente a 9 mil mortes por ano. Uma estatística alta, já que a aids, por exemplo, é causa de pouco mais de 10 mil óbitos. Ao contrário do que ocorre na maioria dos países, o número de suicídios juvenis supera o de adultos, segundo o relatório Mapa da violência/2011, elaborado pelo Instituto Sangari e pelo Ministério da Justiça; e os índices cresceram 17% nos últimos dez anos.
Apesar dos dados, o país não investe em estratégias de prevenção. “Não há campanhas veiculadas na televisão, como as que alertam sobre a transmissão de doenças. O assunto é tido como tabu, e quando uma pessoa é encaminhada ao sistema de saúde público por tentativa de suicídio ela é liberada após se recuperar. Um em cada quatro pacientes tenta se matar outra vez em menos de um ano”, diz o psiquiatra Antônio Geraldo da Silva, presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), ressaltando que, entre a população indígena, há 20 suicídios para cada 100 mil mortes, o equivalente a quatro vezes a média nacional.
Os altos índices de suicídio entre a população economicamente ativa podem ter impactos sociais a longo prazo. Para cada suicídio, cinco a dez pessoas, entre parentes, vizinhos e colegas de trabalho, desenvolvem transtorno de estresse pós-traumático (TEPT), o que gera afastamento do trabalho e gastos com medicamentos e favorece os fatores de risco para o comportamento suicida. Suécia, Estados Unidos, Irlanda e Japão, por exemplo, consideram o comportamento suicida urgência médica. No país escandinavo, as mortes foram reduzidas em 39,5% nas últimas duas décadas graças a estratégias como tratamento de pessoas diagnosticadas com depressão e dependentes de álcool, restrição ao acesso dos métodos mais comuns de suicídio, como pesticidas, e, no caso de tentativa, acompanhamento de psicólogos e assistentes sociais por meio de telefonemas e visitas domiciliares.
Os sintomas de risco de suicídio se confundem com os de transtornos de humor. A comorbidade é de mais de 90%. Segundo Silva, o principal indício é uma primeira tentativa. “Ela geralmente é precedida de outros comportamentos autolesivos e da expressão de pensamentos suicidas”, diz. Estes costumam ser fatores de risco, que podem tomar maiores proporções em caso de desemprego, separação conjugal e anomia (estado de falta de objetivos e expectativas). Pesquisadores do Laboratório de Saúde Mental e Medicina da Universidade Estadual de Campinas (LSMM-Unicamp), em parceria com o Ministério da Saúde, elaboraram uma cartilha de prevenção direcionada a profissionais da saúde mental, disponível no endereço http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/manual_editoracao.pdf.
Fonte: Revista Mente e Cérebro
Disponível em:<http://www2.uol.com.br/vivermente/noticias/saude_publica_e_suicidio.html>. Acesso em: 27 mar. 2012.
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