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terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Novas Perspectivas de Tratamento da Doença de Huntington: descoberta de proteína aumenta chance de cura

Um estudo da Universidade Federal Paulista (Unifesp) publicado na revista Clinical Genetics sugere que a doença de Huntington, patologia degenerativa incurável que causa contrações involuntárias na face e reduz a capacidade cognitiva, não tem origem exclusivamente neurológica. O biólogo Fernando Laad identificou uma proteína associada ao distúrbio, a huntingtina, em células não neuronais do tecido muscular cardíaco de camundongos, o que mostra que os neurônios não são as únicas estruturas prejudicadas.

A patologia é hereditária e atinge em média 1 em 20 mil brasileiros. Apesar de os principais sintomas estarem relacionados à perda de células neurais, 30% das pessoas afetadas morrem por problemas cardíacos, pois a doença degenera as fibras musculares do coração, causando hipertrofia do órgão. Segundo o cientista Antônio Coppi, diretor do Laboratório de Estereologia Estocástica e Anatomia Química (LSSCA) da Universidade de São Paulo (USP), onde Laad desenvolveu sua pesquisa, a descoberta de uma proteína relacionada à doença no coração, mais especificamente em células não neuronais, pode trazer novas perspectivas de tratamento da degeneração muscular e prolongar a vida do paciente. “Como o câncer, a doença de Huntington tem uma fase silenciosa. Identificar seus mecanismos de evolução e como ela afeta o coração pode antecipar o diagnóstico e tornar as medidas terapêuticas mais eficientes”, diz Antônio Coppi.

Fonte: Revista Mente e Cérebro

Disponível em: <http://www2.uol.com.br/vivermente/noticias/novas_perspectivas_de_tratamento_da_doenca_de_huntington.html>. Acesso em: 16 dez. 2011

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Prêmio Estimula Pesquisa Sobre Autismo: edital de Organização não Governamental aceita propostas até 27 de janeiro

Apesar de bastante comuns, os transtornos do espectro autista são ainda pouco conhecidos em seus detalhes. Estima-se que atinjam cerca de uma a cada 100 crianças no Brasil, mas não foi feito um estudo abrangente de prevalência. Em busca de promover a pesquisa básica e difundir informações, a Organização não Governamental (ONG) Autismo & Realidade criou o prêmio Prof. Dr. Marcos Tomanik Mercadante, homenageando o seu fundador, morto este ano, cujo trabalho foi tratado este ano na reportagem O cérebro no autismo (Pesquisa FAPESP nº 184). “Estamos lançando a ideia de que é importante que as entidades também levantem recursos para pesquisa”, diz Carlos Gadia, especialista em neurologia infantil do Hospital Infantil de Miami, nos Estados Unidos, e diretor médico da ONG.
Serão selecionados dois projetos, um para capacitação de pessoal para ações públicas e outro para pesquisa científica (veja o edital). Cada um deles será avaliado por três profissionais do comitê científico e receberá R$ 30 mil. Para concorrer, é preciso ser doutor e ter vínculo empregatício com uma instituição de pesquisa. Segundo Gadia, é a primeira vez que uma ONG lança um edital para pesquisa com relação a autismo. “Queremos repetir o prêmio todos os anos e aumentar o valor”, conta o médico, que espera assim atrair profissionais de várias áreas da ciência – como neurologia, genética ou bioinformática – que não trabalhem atualmente com autismo, aumentando o corpo de pesquisadores na área.
“O simpósio que aconteceu em Porto Alegre em 2010 mostrou que a qualidade da pesquisa sobre autismo é muito alta no Brasil”, disse. Mas, segundo ele, ainda é insuficiente e há uma desconexão grande entre o conhecimento científico e a informação para a população. Fazer essa ponte é uma das maiores missões da Autismo & Realidade desde que foi fundada em 2010. Nos estados Unidos, Gadia conta, há organizações de pais muito fortes que impulsionam a pesquisa e levam à criação de centros de excelência. É hora de isso acontecer no Brasil, em sua opinião. “Mas não basta fazer centros de excelência, é preciso formar profissionais para atuar neles.”

 Fonte: Pesquisa FAPESP Online
Disponível em:<http://revistapesquisa.fapesp.br/?art=71821&bd=2&pg=1&lg=>. Acesso em:

Dia do Museólogo

 
 O Instituto Brasileiro de Museus e a Organização dos Estados Ibero-americanos convidam para o evento de comemoração do Dia do Museólogo. A cerimônia celebrará o sucesso das atividades realizadas no âmbito museal em 2011 e contará com o lançamento de publicações e de novas ações para o ano de 2012.
Para participar, confirme sua presença enviando um e-mail para cerimonial@museus.gov.br
COMEMORAÇÃO
20 DE DEZEMBRO
A PARTIR DAS 18 HORAS
MUSEU HISTÓRICO NACIONAL / RJ
PRAÇA MARECHAL ÂNCORA, S/N, RIO DE JANEIRO

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Sangue Doado Terá Etiqueta "Inteligente"

Pelo novo sistema, todas as bolsas sanguíneas receberão uma etiqueta e um código de barras contendo informações sobre o material biológico
Pelo novo sistema, todas as bolsas sanguíneas receberão uma etiqueta e um código de barras contendo informações sobre o material biológico

Pelo novo sistema, todas as bolsas sanguíneas receberão uma etiqueta e um código de barras contendo informações sobre o material biológico
Um novo sistema de identificação universal de bolsas de sangue será implementado no Sistema Único de Saúde (SUS). Até o final de 2012, o Ministério da Saúde pretende classificar as 4 milhões de bolsas de sangue coletadas anualmente em hemocentros públicos nacionais pelo padrão ISBT 128.
Utilizado em grande parte da Europa, nos Estados Unidos e Japão, por exemplo, a classificação tornará mais segura as transfusões sanguíneas e padronizará a identificação do material biológico.
O padrão ISBT 128 é definido como "o RG (registro de identidade) da bolsa de sangue", diz Silvano Wendel, presidente da International Society os Blood Transfusion (ISBT), entidade que desenvolveu a técnica. “É um processo de padronização e rastreabilidade da informação”, completa Wendel, que também é diretor médico do Banco de Sangue do Instituto de Hemoterapia do Hospital Sírio-Libanês.
Pelo novo sistema, todas as bolsas sanguíneas receberão uma etiqueta e um código de barras contendo informações sobre o material biológico, como país, data e local em que o sangue foi colhido, exames pelo qual o material foi submetido, validade, classificação e descrição do produto.

Fonte: UOL

Disponivel em:<http://noticias.uol.com.br/ultnot/cienciaesaude/ultimas-noticias/estado/2011/12/09/sangue-doado-tera-etiqueta-inteligente.jhtm>. Acesso em: 12 dez. 2011

Internação Involuntária de Usuário de Crack Divide Especialistas

Defendida pelo ministro da Saúde, Alexandre Padilha, para usuários de crack com risco de morte, a internação involuntária não é novidade, mas ainda divide especialistas da área de saúde. Prevista em lei desde 2001, a internação ocorre sem o consentimento do paciente e a pedido de uma terceira pessoa - um parente, por exemplo.
Conforme a legislação, a internação involuntária precisa ser autorizada por um médico e informada, dentro de 72 horas, ao Ministério Público do estado. É diferente da compulsória, que depende de determinação da Justiça – e foi adotada pela prefeitura do Rio de Janeiro para menores de idade viciados em crack. O terceiro tipo de internação é a voluntária, com desejo do próprio paciente.
Durante o lançamento nacional do plano contra o crack, Padilha explicou que as equipes dos consultórios de rua - integradas por médico, enfermeiro e técnico de enfermagem – serão responsáveis por avaliar se o dependente químico precisa ser internado contra a própria vontade. A proposta do governo é passar dos atuais 92 consultórios para 308 nos próximos quatro anos, com foco nas cidades com população superior a 100 mil habitantes.
O diretor regional da Associação Brasileira de Psiquiatria no Centro-Oeste, Salomão Rodrigues, avalia como correta a manifestação de Padilha a favor da internação involuntária. Segundo ele, é a garantia de vida para quem perdeu a razão por causa do vício. “O paciente dependente de crack e comprometido precisa que alguém decida por ele. Ele está em um tratamento temporário. Não está sendo tirada a liberdade dele, mas garantido o direito à vida”, disse.
Depois do período de desintoxicação, que dura de dez a 15 dias, a maioria dos usuários de drogas passa a concordar com a internação, conta Rodrigues.
O presidente do Conselho Federal de Psicologia, Humberto Verona, teme uma banalização da internação involuntária pelos médicos. O psicólogo defende a linha de tratamento que leve o usuário a “entrar em um processo de cuidado com ele mesmo”, sem privá-lo da convivência familiar e dos amigos.
“Tenta-se convencer a sociedade que a melhor forma é a internação. Parece que o usuário de drogas perde todo o seu direito e a razão”, argumentou. “Se ele quiser sair, a gente não pode ser autoritário e dizer não. Não vamos abandonar essa pessoa e nem prendê-la”.
Apesar de prevista em lei, o professor de direito penal da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), Mauro Arjona, questiona se a internação involuntária pode ferir o direito de escolha do cidadão. “Há um princípio constitucional que diz que ninguém é obrigado a fazer ou deixar de fazer algo senão em virtude de lei. Se a pessoa não quer ser internada, ela não pode ser. É um assunto delicado”, ponderou.
Não há dados exatos sobre o número de viciados em drogas, como o crack, no país. O Ministério da Saúde estima que existam 600 mil usuários de drogas. Em 2011, a rede pública prestou 2,5 milhões de atendimentos a dependentes de drogas e álcool, dez vezes mais do que há oito anos.
O plano do governo federal prevê ainda a criação de 2.462 leitos de enfermarias nos hospitais públicos para atender a usuários com crises de abstinência ou intoxicação grave e o funcionamento 24 horas, durante os sete dias da semana, dos centros de Atenção Psicossocial para Álcool e Drogas (CAPSad).

Fonte: Correio Brasiliense

Disponível em:<http://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/ciencia-e-saude/2011/12/09/interna_ciencia_saude,282138/internacao-involuntaria-de-usuario-de-crack-divide-especialistas.shtml>. Acesso em: 12 dez. 2011

Programa da Ana Maria Braga Levanta Polêmica Sobre Transtorno do Déficit de Atenção

Seu filho é agitado, não para quieto um segundo e tem dificuldade em se concentrar? Em um primeiro momento você pode pensar que isso é comum para a idade, mas logo vem a dúvida: e seel tem déficit de atenção?
Desconhecido por muitos anos, o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) é considerado, hoje, um diagnóstico fácil para atitudes antes vistas como normais na infância. O tema sempre causa dúvidas e polêmica, como a deflagrada pelo programa "Mais Você", da TV Globo, no último dia 28.
Em entrevista a Ana Maria Braga, o neurologista Eduardo Mutarelli chegou a colocar em dúvida a existência da doença. O fato fez a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) a divulgar uma carta de repúdio, esclarecendo que
o transtorno é descrito desde o século 18.
"Se o TDAH fosse apenas "um jeito diferente de ser" e não um transtorno mental, por que os portadores, segundo pesquisas científicas, têm maior taxa de abandono escolar, reprovação, desemprego, divórcio e acidentes
automobilísticos", questiona a ABP, após informar que mais de 200 artigos científicos já foram publicados demonstrando alterações no funcionamento cerebral de portadores do transtorno.
Dados do Nationallnstitute of Health (NHI) indicam que o TDAH é o problema psiquiátrico mais comum na infância. Um recente estudo concluiu que 4,5% das crianças e adolescentes brasileiros sofrem desse distúrbio. E não só. Cerca de 58% deles estariam sem diagnóstico, e apenas 13,3% estariam sob tratamento adequado.
É importante destacar que doenças mentais são poucos reconhecidas nesta faixa etária. Segundo o psiquiatra Guilherme Vanoni Polanczyk, professor da Facuidade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), resultados como esses ainda devem ser vistos com critério. "Isso porque a ideia de que uma criança possa ter depressão ou ansiedade é algo recente", diz. "Até a disciplina que estuda esse grupo é nova no Brasil. Além disso, a disponibilidade de serviços é escassa. Todos esses aspectos influenciam o TDAH", completa.
Guris sim, capetas não
Mas como reconhecer o TDAH, se uma de suas características é a extrema agitação que pode ser confundida com traço de caráter, energia ou indisciplina? Juliana Gomes Pereira, coordenadora dos Ambulatórios de Dependência Química e Abuso e Violência na Infância e Adolescência da Unidade da Criança e do Adolescente de São Caetano do Sul, ligada à Facuidade de Medicina do ABC (FMABC), explica que "a gravidade dos efeitos causados por esses sintomas é o indício mais veemente do problema".
Polanczik concorda, e acrescenta que a linha limítrofe entre uma coisa e outra é o prejuizo para a vida da criança: "Quando pais e professores, e estes são os que mais identificam e validam a existência do distúrbio, notam a relevância de determinado prejuízo para a criança, sua família e seus relacionamentos, além do desempenho cognitivo, é hora de procurar ajuda".

O diagnóstico, nesta fase, é considerado complexo", afirma Bruno Nazar, psiquiatra do Instituto de Psiquiatria da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). "Mesmo se não apresentarem prejuízos associados aos sintomas, esses pacientes têm importantes limitações em suas atividades diárias para conseguir um funcionamento nor
e poderiam apresentar melhora naqualidade de vida com tratamento".
De acordo com os especialistas, como se trata de um distúrbio que envolve questões c omportamentais e emocionais o médico treinado para avaliar o proble é o psiquiatra. "Mas muitas vezes o neurologista tem sido
procurado em razão da escassez desse especialista assim como pelo estigma relacionado sua procura, principalmente para crianças", completa Pereira.
Pediatras também podem ser os primeiros a receber a queixa do TDAH, mas o acompanhamento da doença
ex ação conjunta de equipes multidisciplinares, formadas por neurologista, neuropsicólogo, terapeuta comportamental, fonoaudiólogo, psicopedagogo, entre outros.
Desatenção pode indicar outros problemas
Como não existem exames laboratoriais para o diagnóstico, este é clínico, isto é, o médico deve colher histórico familiar e do paciente, observar a dinâmica da família, o comportamento escolar, além de avaliar a criança para identificação dos sintomas típicos, estratégias que pressupõem múltiplas sessões informativas, além de várias formas específicas de avaliação.
O psiquiatra Polanc zyk informa que o diagnóstico diferencial (avaliações complementares para excluir outras situações como dislexia, problemas neurológicos, depressão etc.) é desejável, pois há situações em que o motivo da busca por ajuda médica é a desatenção. "É importante saber qu nem sempre esse sintoma isol ado é TDAH. Ele pode estar relacionado a outros transtornos como depressão, a dislexia, problemas neurológicos, etc", diz o especialista.
O papel da escola
Na escola, posicionar esses alunos mais à frente e conferir-lhes mais tempo para a realização de tarefas (provas, leituras, lições). seriam as estratégias ideais para a perfeita conjunção de esforços na busca por melhor aproveitamento. De acordo com os especialistas, já existe até Projeto de Lei que dispõe sobre a adaptação da grade curricular para quem tem TDAH. "Mas, em geral,as escola não têm esse preparo", observa Polanczyk.
Todo esse empenho pode valer a pena. Embora não se fale em cura, há a chance de que a história natural leve à remissão dos sintomas. Uma parcela significativa de pacientes seguirá com sinais brandos pela idade adulta.

Fonte: Associação Brasileira de Psiquiatria

Disponível em:<http://abp.org.br/2011/medicos/imprensa/clipping-2>. Acesso em: 12 dez. 2011

Psicanalista Critica Sistema Manicomial em Monólogo: inspirado na obra de Michel Foucault, espetáculo traz questionamentos sobre os métodos classificatórios de doenças mentais

Em História da loucura (1961), o filósofo Michel Foucault analisa o tratamento infligido às pessoas rotuladas como “loucas”, desde cientistas e artistas que questionaram as idéias da Igreja durante o Renascimento até a psiquiatria do século 20, que classifica e prescreve abordagens para as doenças mentais. Inspirada na obra do pensador francês, a psicanalista e atriz Cristina Lüthold passeia pela história do sistema manicomial no espetáculo "A virgem e o anjo azul mais o cordão umbilical da deusa", em cartaz no Espaço dos Satyros, em São Paulo.

Cristina interpreta uma professora de 60 anos, confinada em um manicômio, que dialoga com o que ela chama de “espelho psiquiátrico”. A personagem relembra episódios como a prisão e condenação à morte do pensador italiano Giordano Bruno, em 1600, tachado de louco e morto na fogueira da Inquisição por defender a tese de que o universo era infinito e tinha outros planetas além da Terra. Ao mesmo tempo em que conta histórias que mostram como o conceito e o tratamento da loucura mudaram ao longo do tempo, a protagonista recorre a um diário para exercitar a memória e fugir das perseguições, maus-tratos, aplicação de sedativos e eletrochoques.

“Buscamos questionar a 'psiquiatria mecanicista', que classifica as doenças mentais e sistematiza tratamentos. Quais são as fronteiras entre desatino e razão, e o que leva uma pessoa a ser excluída da sociedade por não compartilhar uma realidade comum?”, pergunta Cristina. A peça é encenada às 15h, para que os pacientes de Centros de Atenção Psicossocial (Caps) possam ser levados em grupo para assistir ao espetáculo.

A virgem e o anjo azul mais o cordão umbilical da deusa. Espaço dos Satyros 2. Praça Franklin Roosevelt, 134, Centro, São Paulo. Quinta às 15h. R$ 30. Informações: (11) 3255-0994. Até 15 de dezembro.
Fonte: Revista Mente e Cérebro

Disponível em: <http://www2.uol.com.br/vivermente/noticias/psicanalista_critica_sistema_manicomial_em_monologo.html>. Acesso em: 12 dez. 2011

As Lições de Shakespeare Sobre a Mente: pesquisa britânica afirma que o dramaturgo inglês já associava em sua obra sintomas físicos ao sofrimento mental


A genialidade do dramaturgo e poeta inglês William Shakespeare (1564-1616) desafia os estudiosos há séculos. Personagens como o atormentado príncipe Hamlet, movido pelo desejo de vingar a morte do pai, têm sido investigados e interpretados pelas mais diversas perspectivas. Na semana passada, foi a vez de um professor de medicina britânico revisitar a obra do escritor por um prisma curioso e instigante: a forma como o autor explorou sintomas como desmaios, palidez, falta de ar e vertigens para ilustrar as aflições da mente dos seus personagens. Profundo conhecedor do universo do dramaturgo, o médico Kenneth Heaton, da Bristol University, na Inglaterra, leu e releu 42 peças do autor comparando-as a 46 textos de outros escritores do século XVI em busca de evidências de sintomas psicossomáticos. “De longe, Shakespeare é o escritor do seu tempo que mais menciona desmaios, calafrios, fadiga e outras sensações”, afirma o pesquisador.
Para exemplificar, ele cita as primeiras linhas da peça “O Mercador de Veneza”, em que o personagem Antonio relata aos amigos sua fadiga imensa e diz que não sabe por que se sente tão triste, que isso o cansa e também aos outros. O mesmo cansaço extremo é também uma característica de Hamlet. “A conexão corpo-mente em suas peças e poemas estava esquecida, mas é um aspecto de grande relevância”, disse Heaton à ISTOÉ. Ao todo, o médico contou pelo menos cinco manifestações de vertigens por personagens masculinos do dramaturgo, inseridas em peças como “Cymbeline”, “Troilus e Cressida” ou “Romeu e Julieta”. Há também 11 casos de falta de ar associados à emoção extrema. A perda temporária de sentidos como o olfato ou audição, amortecimento e calafrios são outras sensações empregadas para elevar a temperatura emo­cional das peças e poemas.

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LEITURA
O professor de literatura Frederico Barbosa diz que obras podem ajudar médicos

Nas conclusões do estudo, publicado em novembro da revista científica “Medical Humanities”, Heaton revela que os sintomas associados pelo dramaturgo aos colapsos emocionais estão entre as queixas que mais levam pacientes ao consultório de clínicos gerais. “Muitos médicos relutam em atribuir sintomas físicos a perturbações emocionais, o que resulta em retardo no diagnóstico, excesso de exames e tratamento inadequado”, afirma Heaton.

Concorda com ele a psicóloga Ana Maria Rossi, presidente da ISMA-Br, entidade internacional voltada para o estudo e gerenciamento do estresse. “Tenho visto casos em que o médico indica remédios contra a ansiedade para pacientes com sintomas para os quais ele não encontra causas físicas, como um cansaço extremo. O certo seria encaminhar a um psicólogo”, diz a especialista.

Ana Rossi alerta ainda para o desconhecimento que existe inclusive entre os profissionais de saúde sobre as manifestações físicas associadas a quadros emocionais. “Muitos médicos não sabem que tonturas e desmaios podem ser sintomas de uma ansiedade muito forte”, diz a psicóloga. “Escritores como Shakespeare e Machado de Assis fazem pensar na necessidade de os médicos reavaliarem a tendência à objetividade e examinar os pacientes de forma mais cuidadosa e sensível”, diz o professor de literatura Frederico Barbosa, diretor da Casa das Rosas, em São Paulo, e autor de vários livros de poemas, entre eles “Louco no Oco sem Beiras – Anatomia da Depressão” (Ateliê Ed., 2001).  

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A contribuição de Machado de Assis

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O escritor brasileiro Machado de Assis (1839-1908) está entre os grandes autores da literatura mundial. Menino pobre que vendeu balas nas ruas do Rio de Janeiro, mulato e epilético, ele muniu seus personagens de uma densidade psicológica que até hoje é motivo de estudos. No romance “Dom Casmurro”, publicado em 1900, a maneira de o narrador Bentinho interpretar os fatos guardados em sua memória, as suspeitas de traição e o ciúme doentio que nutre por Capitu revelam a percepção extrema do escritor sobre as perturbações da mente humana, antecipando transtornos que ainda viriam a ser descritos pela medicina. Outro exemplo está no final do livro, quando Bentinho questiona se na menina Capitu que ele conhecera já havia a mulher dissimulada que o teria traído, sugerindo distúrbios de personalidade e genéticos. “Em Bentinho se pode ver mecanismos de projeção que seriam identificados por Freud em seu livro “A Interpretação dos Sonhos”, publicado no mesmo ano, 1900”, diz o poeta e professor de literatura Frederico Barbosa, diretor da Casa das Rosas, em São Paulo. Mas há muitas outras situações em que Machado é precursor, como se pode ver em contos como “O Alienista” ou “O Anjo Gabriel”, no qual descreve um caso em que loucura igual acomete duas pessoas próximas, condição que a psiquiatria só reconheceria anos depois.

 Fonte: Revista Isto é

Injeção Que Pode Tratar Esquizofrenia Chega ao Brasil Neste Mês

Uma injeção que precisa ser tomada apenas uma vez por mês chega ao mercado brasileiro em dezembro e pode ajudar a contornar um dos principais problemas do tratamento da esquizofrenia: o abandono da medicação.
  Muitas vezes o paciente não se dá conta de que está doente e corta a medicação. Uma alternativa que diminua a frequência de remédios ajuda na aderência e no controle da medicação", diz Helio Elkis, coordenador do Programa de Esquizofrenia do Hospital das Clínicas da USP.
Aprovado em junho pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), o palmitato de paliperidona é o que se chama de antipsicótico --um remédio que ajuda a prevenir distúrbios característicos da doença.
Um levantamento feito pelo Instituto de Psiquiatria do HC revelou que cerca de 50% das pessoas com esquizofrenia abandonam a medicação após um ano do início do tratamento.
Essa interrupção pode agravar os sintomas da doença e favorecer o acontecimento de surtos psicóticos.
Além dos fatores psicológicos, os muitos efeitos colaterais da medicação também são apontados como razão para que os pacientes abandonem os remédios.
Os remédios, sobretudo os mais antigos, podem desencadear desde aumento de peso até rigidez muscular e um quadro de tremores parecido com o do mal de Parkinson.
O excesso de saliva e a dificuldade de controlá-la, que deram o apelido pejorativo de "louco babão" aos afetados, derivam, na verdade, da medicação, e não são sintomas naturais do transtorno.
Para controlar esses efeitos indesejáveis, muitos pacientes usam conjuntamente outros medicamentos.
COQUETEL
Como no Brasil a maioria das pessoas com esquizofrenia toma antipsicóticos em forma de comprimidos diários, é comum que haja um verdadeiro "coquetel" de pílulas, facilitando o esquecimento e até o abandono da medicação pelos pacientes.
"Diminuir a quantidade de remédios é algo bom, mas eu diria que a maior vantagem do palmitato de paliperidona é a redução dos efeitos colaterais", diz Rodrigo Bressan, coordenador do Proesq (Programa de Esquizofrenia) da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo).
Embora menores, as reações adversas também acontecem com os usuários.
Um estudo com o remédio publicado na revista especializada "Schizophrenia Research" lista, entre outras coisas, ganho de peso, dores de cabeça e insônia.
Ainda assim, como em boa parte dos remédios recentes, esses efeitos foram menos intensos do que nos da primeira geração de antipsicóticos.
O TRANSTORNO
Os mecanismos que causam a esquizofrenia --transtorno que afeta cerca de 1% da população mundial, segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde)-- ainda não foram totalmente esclarecidos. Sabe-se, no entanto, que existe um componente hereditário forte.
Filhos de esquizofrênicos têm mais chances de desenvolver a doença, embora ela também apareça em pessoas sem histórico familiar.
O transtorno costuma se manifestar entre o fim da adolescência e o início da vida adulta. Em geral, os sintomas aparecem nas mulheres de forma um pouco mais tardia do que nos homens.
Além das manifestações mais conhecidas, como alucinações auditivas e visuais, pessoas com esquizofrenia podem apresentar diminuição da capacidade de raciocínio, abstração, perda de interesse em atividades que antes eram prazerosas e quadros de depressão.

Fonte: Folha de São Paulo

Disponível em:<http://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/1020026-injecao-que-pode-tratar-esquizofrenia-chega-ao-brasil-neste-mes.shtml>. Acesso em: 12 dez. 2011
 

A Praga das Consultas a Jato: atendimentos médicos que não duram mais do que 15 minutos tornam-se frequentes, o que provoca o erro no diagnóstico e na prescrição de remédios. O que você pode fazer se tiver sido vítima dessa prática



A cena é cotidiana nos consultórios médicos: entre o bom-dia e o até logo dados pelo profissional, passam-se apenas 20, 15 e, às vezes, inacreditáveis três minutos. Quando muito, dá tempo apenas para falar dos sintomas mais aparentes, pegar na mão uma lista de exames a ser feitos ou de remédios a ser tomados. Para que servem e quando mesmo devem ser tomados? Difícil lembrar, já que as explicações foram tão rápidas que nem deu para memorizá-las como se deveria. Também é evidente que o médico não teve tempo para avaliar com a precisão necessária o que foi prescrito. Trata-se de uma realidade cada vez mais frequente, tanto no Brasil quanto em outros lugares do mundo. Inclusive em consultórios particulares, essas consultas, que mais se parecem com um drive-thru de lanchonete, são registradas. E isso contribui para as estatísticas judiciais que mostram aumento nos casos de erros médicos.
A banalização das consultas a jato é tão grande que levou a uma distorção. Hoje, ser atendido em 15 minutos é considerado um privilégio. Um estudo da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulo, campus de Ribeirão Preto, em São Paulo, deixou isso claro. Os pesquisadores acompanharam 480 consultas na rede pública e mediram, de cronômetro na mão, o tempo que cada doente passava no consultório. Logo em seguida, perguntaram o nível de satisfação com a consulta. Quem foi atendido entre 11,4 e 15 minutos considerou o atendimento excelente. Os que ficaram de 7,6 a 11,3 minutos acharam a consulta boa. Já os que permaneceram com o médico de 3,8 a 7,5 minutos consideraram-na regular e apenas os que ficaram de 0,1 a 3,7 minutos – ou seja, nem quatro minutos – acharam que foram mal atendidos.

Apesar dos efeitos nocivos das consultas-relâmpago, não há no Brasil uma regulamentação que determine o tempo mínimo que uma consulta deve ter. Há apenas um consenso entre os bons médicos de que é impossível fazer uma avaliação correta do paciente em menos de 25 minutos. “Não se coloca o tempo de consulta no contrato porque se supõe que o médico agirá com consciência ética”, afirma Rogério Toledo, diretor do setor de Proteção ao Paciente da Associação Médica Brasileira (AMB). Mas como fazer isso na rede pública, por exemplo, na qual cada médico tem pelo menos 16 pacientes marcados para prestar atendimento em uma jornada de quatro horas? Ou seja, dedicar a cada doente escassos 15 minutos? Esse tempo, aliás, é usado como marcador de produtividade na rede pública, de acordo com o Manual de Auditoria de Atenção Básica do Ministério da Saúde. O documento serve para analisar o atendimento nas Unidades Básicas de Saúde e, segundo uma de suas fórmulas, serviço produtivo é aquele que atende em 15 minutos. Na rede conveniada, o parâmetro é que os profissionais atendam no máximo quatro pacientes por hora – ou seja, os mesmos 15 minutos para cada um.

O problema é que nem sequer a “regra” dos 15 minutos é respeitada. “Na rede pública há médicos que atendem em dois minutos, no corredor mesmo”, relata o médico Fernando Lucchese, diretor da Santa Casa de Porto Alegre. “Já ouvi colegas dizer que eram pressionados a atender em menos de dez minutos”, completa o proctologista aposentado Albino Sorbino, que durante anos trabalhou no Hospital do Servidor Público de São Paulo. A demanda na instituição pública comprometia o atendimento em seu consultório. “Eram, no mínimo, dois casos graves por dia”, lembra. “Não tinha como fazer essa consulta em 15 minutos e eu ficava sempre três horas além do meu horário.”

Pouco a pouco, começam a surgir indicativos dos danos causados pelas consultas rápidas. Um estudo feito pela Universidade de Ghent, na Bélgica, revelou um pouco das diferenças que ocorrem quando uma consulta é rápida demais ou acontece no tempo certo. Os cientistas analisaram 2.801 gravações de consultas realizadas em 183 hospitais da União Europeia e categorizaram as relações estabelecidas durante o encontro com o médico. Nos curtos, o tempo é dividido entre perguntas e instruções. Já nos longos, observou-se mais tempo gasto no levantamento de problemas psicológicos que podem estar relacionados aos sintomas e no fornecimento de orientações gerais ao doente. Este último, é claro, é o modelo mais ideal. “A consulta não é o momento de diagnóstico preciso”, explica o gastroenterologista Rogério Toledo, da AMB. “É o momento de se inteirar dos hábitos do paciente.”

Uma boa consulta envolve também a coleta do histórico do paciente, exame clínico completo, indicação detalhada de exames complementares, se necessários, e orientações terapêuticas baseadas em pelo menos mais de uma hipótese de diagnóstico. “Tarefa difícil para 15 minutos”, diz o infectologista David Uip, diretor do Instituto de Infectologia Emílio Ribas, em São Paulo.

Há outros prejuízos quando esse roteiro não é cumprido. O tempo mínimo compromete a relação com o paciente e pode levar o médico a somente atenuar os sintomas sem tratar a doença. “O profissional vira um grande fazedor de receitas”, diz Lucchese, de Porto Alegre. O atendimento rápido também compromete a interligação de sintomas com situações, já que o paciente apenas responde a perguntas ou é dirigido pelo médico. “E é só deixando o paciente falar que se podem fazer conexões com uma sintomatologia que inicialmente não estaria relacionada à doença”, diz o cardiologista Múcio Oliveira, diretor de emergência do Instituto do Coração, em São Paulo. “O atendimento rápido vai comprometer o diagnóstico”, diz Rogério Toledo.

Outros riscos são sair da consulta sem entender como tomar o remédio – e tomá-lo errado – ou receber uma prescrição incorreta. No Brasil, segundo a Organização Mundial da Saúde, 50% dos remédios comercializados são prescritos, dispensados ou usados de maneira errada. E, segundo especialistas, 49% dos erros são feitos pelo médico, na hora da prescrição. “O profissional faz um diagnóstico apressado, errôneo, e receita o remédio errado”, diz Fernando Lucchese. “O erro nas prescrições é uma consequência inevitável dessa consulta que não privilegia o olho clínico.” Além disso, a pressa eleva a chance de o paciente se submeter a exames desnecessários, sujeitando-se, por exemplo, a receber doses de radiação emitidas por aparelhos de imagem, sem que fosse preciso.

EXPRESSO
Sorbino trabalhou na rede pública de atendimento.
Colegas se queixavam de ser obrigados a atender em menos de dez minutos

A falta de coleta de dados e um histórico mal tirado podem levar inclusive à morte. No ano passado, o Tribunal de Justiça de São Paulo indenizou uma família em R$ 30 mil por causa de um atendimento ruim em um hospital privado. Uma criança de 1 mês e 7 dias de vida, com pneumonia grave, voltou para casa apenas com uma prescrição de Novalgina. “Ela morreu de pneumonia porque o médico não coletou os dados suficientes na hora da consulta”, relata o advogado Vinicius de Abreu, representante da ONG Saúde Legal, entidade de defesa de pacientes.

Uma suposta falta de médicos poderia ser usada para justificar a pressa. Mas isso não é real no Brasil. Em outubro deste ano, os conselhos regionais de medicina registravam a existência de 371.788 médicos em atividade no País, um salto de 530% desde 1970, percentual cinco vezes maior que o crescimento da população. As razões apresentadas por entidades médicas para a disseminação da praga da consulta a jato repousam em outras esferas. Elas argumentam que a baixa remuneração dos profissionais é que provoca a necessidade de atender vários pacientes em um mesmo período. Isso fica mais evidente na rede pública, na qual os baixos salários não atraem muita gente. Como resultado, o número de médicos não seria suficiente para atender à demanda. “Não é novidade que faltam médicos nos serviços de urgência em hospitais públicos”, diz Aloísio Tibiriçá, vice-presidente do Conselho Federal de Medicina.

Na rede conveniada, que hoje já atende 9% da população brasileira, menos médicos se credenciam aos planos de saúde também por causa da baixa remuneração. Há planos que pagam menos de R$ 30 por consulta. A consequência: muitos profissionais atendem mais gente do que deveriam para conseguir um rendimento satisfatório. “O médico precisa manter o consultório, mas com os valores pagos só consegue isso aumentando os pacientes por hora ou cobrando no particular”, afirma Márcia Rosa de Araújo, presidente do Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de Janeiro.

Essa realidade vem merecendo reação dos próprios médicos. Recentemente, verificou-se uma onda de paralisações entre os profissionais vinculados a convênios. Em Campo Grande, em Mato Grosso do Sul, os médicos Marco Leite e João Botelho decidiram fazer o contrário. Para mostrar à população como deve ser um atendimento impecável, reforçaram o time de profissionais em uma das Unidades Básicas de Saúde da cidade em um dia de atendimento. “Tivemos um reforço de oito médicos onde antes havia quatro”, diz João Botelho. E os pacientes finalmente foram atendidos corretamente.
É direito do médico pleitear salários mais altos. Mas os governos, os profissionais e as entidades que os representam devem ficar em alerta para não permitir que a baixa remuneração e a ausência de infraestrutura continuem a ser motivos para justificar a proliferação da prática das consultas expressas e suas consequências danosas aos pacientes. As entidades médicas deveriam também – inclusive para proteger os próprios profissionais – exigir das autoridades de saúde melhorias nos sistemas de saúde público e privado.

No âmbito particular, não há muita explicação para o fato de um médico receber o que quiser por uma consulta e atender seu paciente rapidamente. Uma das argumentações dos profissionais é a de que muitos trabalham em hospitais públicos ou conveniados durante o dia e acabam ficando com pouco tempo para atender à noite no consultório. Mas o paciente não tem culpa disso.

O que também contribui para a armadilha das fast consultas é uma formação médica baseada mais na técnica do que em um atendimento mais humano. Além disso, muitos médicos são oriundos de faculdades de qualidade ruim, de onde saem às vezes sem saber sequer como realizar um exame clínico correto. Atualmente, o Ministério da Educação supervisiona 17 cursos de medicina que obtiveram conceitos 1 e 2, considerados baixos, no Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes. Entre elas estão quatro universidades federais.

Como não há, porém, uma determinação legal sobre o tempo mínimo de uma consulta, o paciente só poderá processar o médico quando houver um dano evidente e ficarem caracterizadas negligência, imprudência ou imperícia. “Não é porque a consulta foi rápida que o serviço foi mal prestado”, diz a advogada Joana Cruz, do Instituto de Defesa do Consumidor. No entanto, a curta duração da consulta pode ser um indício de que o médico agiu com negligência. “Nesse caso, o consumidor pode usar a curta duração como contextualização”, afirma o advogado Alexei Marqui, especializado em direito do consumidor.

Para isso é necessário que o paciente produza uma prova de que o tempo di­minuto resultou em negligência. “Ele pode pedir um comprovante da duração da consulta para o médico”, orienta Marqui. Mesmo na ausência de prova, dependendo do caso, o juiz pode determinar a inversão do ônus da prova. Nessas circunstâncias, como o paciente é considerado leigo, a Justiça entende que seria mais fácil o médico produzir uma prova que o defenda do que o paciente oferecer uma prova que acuse o médico.

Mesmo sem um erro evidente, no entanto, vale registrar a queixa nas operadoras de saúde (para usuários de planos) ou no Ministério Público e secretarias de Saúde (pacientes da rede pública). O doente atendido por médico particular pode resolver na hora. A advogada especializada em saúde Rosana Chiavassa orienta só pagar a consulta depois do atendimento. “Dessa forma, se a pessoa considerar que foi mal atendida ou atendida rapidamente, é só levantar e ir embora sem pagar”, diz. Os indivíduos também têm a opção de recorrer à Justiça quando considerarem que a consulta expressa deixou consequências danosas à saúde.

A denúncia aos órgãos competentes pode ser uma boa opção para detonar um movimento em massa por consultas mais extensas. Foi a partir da pressão popular, por exemplo, que a Agência Nacional Suplementar de Saúde decidiu diminuir o tempo de espera para a marcação de consultas e exames por usuários de planos de saúde.  

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Depressão em Números: transtornos depressivos lideram as causas de internações psiquiátricas em São Paulo, à frente de dependência química e surtos psicóticos

Sintomas de depressão e de transtornos de ansiedade lideram o atendimento de emergências psiquiátricas no maior pronto-socorro psiquiátrico de São Paulo, o Polo de Atenção Intensiva em Saúde Mental (PAI), na zona norte da capital paulista. Segundo levantamento da Secretaria de Estado da Saúde, do total de pacientes atendidos no serviço, 25% têm diagnóstico primário de depressão ou de transtorno de ansiedade. Problemas decorrentes da dependência química correspondem a 13% dos casos, os surtos psicóticos representam 12% e transtornos bipolares correspondem a 7%.

Para a gerente médica do PAI, Célia Gallo, o alto nível de estímulos estressores recebidos em uma metrópole como São Paulo estão diretamente relacionados à alta incidência de quadros de depressão e ansiedade, mas não podem ser tratados como causa principal, pois índices semelhantes são encontrados também no meio rural. Ela também ressalta que os dados do levantamento são apenas preliminares e que o uso de drogas pode ter influência indireta sobre um número muito maior de emergências. “Os números referem-se apenas às causas que levaram os pacientes ao pronto-socorro. Mas é provável que haja comorbidade dos sintomas depressivos e de ansiedade com o uso de substâncias químicas”, diz Célia. Dos 20,7 mil pacientes atendidos pelo PAI em 2010, 51% estavam em idade produtiva e tinham entre 19 e 40 anos.

Fonte: Revista Mente e Cérebro

Disponível em: <http://www2.uol.com.br/vivermente/noticias/depressao_em_numeros.html>. Acesso em: 07 dez. 2011

Personalidade: o idioma influencia o modo como agimos

A língua que falamos é capaz de ressaltar ou obscurecer nossos traços de personalidade. Pelo menos é o que afirmam psicólogos da Universidade Politécnica de Hong Kong, na China, em um trabalho publicado no Personality and Social Psychology Bulletin. Os pesquisadores descobriram que estudantes chineses bilíngues pareciam mais extrovertidos, seguros da própria opinião e abertos a novas experiências – traços geralmente associados a ocidentais – quando participavam de entrevistas feitas em inglês. Os mesmos traços não eram tão enfatizados quando os interlocutores falavam mandarim. Outro ponto curioso é que a etnia do entrevistador teve influência sobre o comportamento dos voluntários: todos eles se mostraram menos comunicativos e dispostos a ajudar ao conversar com um interlocutor oriental, independentemente da língua usada durante o diálogo. Apesar de ainda serem necessários mais trabalhos para comprovar as conclusões, na opinião dos pesquisadores os resultados sugerem que a personalidade não é fixa, ela pode se manifestar de maneiras diversas, dependendo da situação, das pessoas com quem interagimos e até da língua falada. O mais intrigante é que aspectos de determinado perfil associado a um idioma ou a uma pessoa também podem nos levar a pensar – e agir – de determinadas formas, o que em outras circunstâncias não faríamos.

Fonte: Revista Mente e Cérebro

Disponivel em:http://www2.uol.com.br/vivermente/noticias/tracos_de_personalidade.html. Acesso em: 06 dez. 2011

O Paciente Esquizofrênico Tem Recaídas?: para 81% cuidadores é possível prevenir a recaída por meio da adesão ao tratamento

Uma pesquisa inédita realizada pela Associação Brasileira de Familiares, Amigos e Portadores de Esquizofrenia - ABRE - em parceria com o Programa de Esquizofrenia da Unifesp – PROESQ, revelou pela primeira vez o impacto da recaída para pacientes com esquizofrenia e seus cuidadores. Realizada pelo Ibope e apoiada pela Janssen Farmacêutica, a pesquisa contou com duas partes: uma quantitativa (envolvendo 60 cuidadores) e outra qualitativa (mais extensa, de profundidade, envolvendo 12 cuidadores). Todos os entrevistados são associados à ABRE.
Os resultados da pesquisa quantitativa revelaram que para 38% dos entrevistados, o fator mais importante no sucesso no tratamento é ter acesso a um psiquiatra. Já 27% acham que a disponibilidade de medicamentos e tratamentos são primordiais e 25% apontaram que é fundamental ter acesso a um medicamento específico que ajude a evitar as recaídas. Apenas 8% consideram mais importante que o paciente trabalhe ou estude.
Além disso, os cuidadores percebem a correlação direta entre medicamento e a prevenção de recaídas. Para 81% deles é possível prevenir a recaída por meio da adesão ao tratamento. No entanto 60% acham que a atitude principal é evitar situações que causem estresse.
Para o psiquiatra Rodrigo Bressan, coordenador do PROESQ/Unifesp, a pesquisa da ABRE é um grande passo para dar voz às pessoas que sofrem com a esquizofrenia, tanto cuidadores, quanto familiares. "A pesquisa mostrou que evitar a recaída é a principal luta dos cuidadores. Eles estão cada vez mais conscientes de que a prevenção é o melhor caminho para isso e que é preciso medicações cada vez mais eficazes somadas ao tratamento multidisciplinar", afirma.
Na opinião do especialista, a prevenção de recaídas passa por um diagnóstico precoce e bem realizado, melhor entendimento do que é a doença, a compreensão do estigma da doença e o trabalho de forma cooperada entre todos os envolvidos: cuidadores, familiares, os médicos e demais profissionais de saúde e o próprio paciente.
A recaída dos sintomas psicóticos é um grande transtorno para os cuidadores, pois além de ver o paciente em sofrimento, muitas vezes é necessário que mais de uma pessoa da família deixe de trabalhar ou estudar para cuidar do paciente. "A dinâmica da família fica alterada com possíveis consequências nas relações entre os membros e, certamente, com aumento dos custos econômicos para o núcleo familiar", afirma Bressan.
Esse problema também foi apontado pela pesquisa. Praticamente todos os entrevistados afirmaram que a recaída do paciente interfere em suas vidas, principalmente afetando os relacionamentos. Dois terços afirmaram que o convívio com os amigos ou familiares diminuiu de alguma forma, mas que isso não dependia necessariamente dos episódios de recaídas. Boa parte acredita que seja possível prevenir recaídas e quase todos acreditam que a melhor forma seja por meio da medicação. Apesar de a psiquiatria ser uma especialidade médica estigmatizada pela maioria da população, entre os cuidadores o profissional é visto como o fator mais importante no sucesso do tratamento.
Com relação às tarefas diárias e ao tratamento, 30% dos entrevistados apontaram que a maior dificuldade é fazer o paciente tomar o medicamento e 25% acreditam que conseguir um trabalho e/ou estudo seja mais complicado. Já 20% falaram que o mais difícil é a disponibilidade do medicamento e tratamento

 Fonte: Bonde

Disponível em:http://www.bonde.com.br/?id_bonde=1-27--7-20111201&tit=o+paciente+esquizofrenico+tem+recaidas>. Acesso em: 06 dez. 2011

Realidade Virtual Ajuda no Tratamento de Pessoas com Perturbações Mentais

Pedro Gamito, director do LabpsiCom, Laboratório da Universidade Lusófona em Lisboa, sublinha que as tecnologias podem ajudar o serviço clínico e melhorar a vida das pessoas, confrontando os doentes afectados por perturbações mentais com situações semelhantes àquelas que serviram como elementos traumatizantes.
Por meio de uma realidade virtual paralela estas pessoas deparam-se directamente com os seus medos e receios, facilitando o diagnóstico médico e respectivo tratamento.
O uso deste método poderá reduzir os custos e a morosidade associados ao tratamento com determinadas terapêuticas e simultaneamente permitir ao sujeito trabalhar distintas questões do seu foro psíquico.
A OMS (Organização Mundial de Saúde) estima que 450 milhões de pessoas sofram de algum distúrbio mental em todo o mundo. Destas, menos de metade recebe tratamento.
Os preconceitos e estigmas associados à doença mental podem ser a causa do subdiagnóstico deste tipo de doenças, que leva ao reduzido acesso aos cuidados de saúde e tratamentos nesta área.
Pedro Gamito, director do LabpsiCom, Laboratório da Universidade Lusófona em Lisboa, sublinha que as tecnologias podem ajudar o serviço clínico e melhorar a vida das pessoas, confrontando os doentes afectados por perturbações mentais com situações semelhantes àquelas que serviram como elementos traumatizantes.

Fonte: Associação Brasileira de Psiquiatria

Disponível em: <http://abp.org.br/2011/medicos/imprensa/clipping-2>. Acesso em: 06 dez. 2011

Governo Lança Novo Plano Contra o Crack

Nova iniciativa deve ser lançada amanhã e é um aprimoramento do Plano de Enfrentamento ao Crack, lançado em maio do ano passado, com mais atenção ao usuário
O governo federal deve lançar amanhã a um novo plano de enfrentamento ao crack, de acordo com o diretor de Assuntos Internacionais e Projetos Estratégicos da Secretaria Nacional de Políticas Sobre Drogas (Senad), Vladimir Stempliuk, que participou na semana passada do seminário sobre políticas públicas sobre drogas, na capital paulista.
Ele disse que o novo plano federal de combate ao crack e outras drogas está em fase final de elaboração. Segundo Stempliuk, o anúncio oficial está previsto para amanhã, mas ainda pode ser alterado.
O diretor da Senad explicou que o novo plano é uma atualização do Plano Integrado de Enfrentamento ao Crack e Outras Drogas, criado por decreto em maio de 2010. Pouco mais de um ano após a implantação desse plano, o governo federal já identificou falhas que precisam ser corrigidas e melhorias que devem ser contempladas pela nova ação.
Uma dessas melhorias, segundo Stempliuk, será na área de atenção aos usuários. “O plano passa pela ampliação da rede de atenção: mais leitos, mais equipamentos. A cobertura hoje ainda deixa a desejar”, disse.
Segundo ele, uma alternativa que está em estudo é a inclusão do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) no atendimento aos dependentes. “É uma intenção nossa. Mas não sei se vai ser anunciado agora como uma ação.”
Ele disse ainda que o novo plano dará mais atenção à capacitação de pessoas que trabalham no tratamento de usuários de drogas, sejam elas funcionárias da rede pública de saúde ou colaboradoras de clínicas privadas. Outro ponto incluído no novo plano será o reforço no combate ao tráfico de drogas. “A ideia é também reforçar as ações de repressão ao tráfico”, disse.
O coordenador de Políticas sobre Drogas do Estado de São Paulo, Luiz Alberto Chaves de Oliveira, afirmou que o governo paulista apoia qualquer iniciativa do governo federal para melhorar o atendimento a usuários de drogas. Ele, entretanto, lamentou o fato de representantes de São Paulo não terem sido ouvidos ou chamados para participar da elaboração do novo plano federal. “Nós temos muito especialistas aqui no Estado e também muita gente que precisa de ajuda. Poderíamos colaborar muito”, afirmou.
Oliveira disse ainda que São Paulo está comprometido em combater o problema das drogas. A Coordenadoria de Políticas sobre Drogas do Estado (Coed) tem treinado assistentes sociais e funcionários da rede de saúde, inclusive, em cidades do interior, para o atendimento de usuários.
Nova iniciativa deve ser lançada amanhã e é um aprimoramento do Plano de Enfrentamento ao Crack, lançado em maio do ano passado, com mais atenção ao usuário

 Fonte: Associação Brasileira de Psiquiatria

Disponível em: <http://abp.org.br/2011/medicos/imprensa/clipping-2>. Acesso em: 06 dez. 2011

Moradores de Bairro Tentam Resgatar Biblioteca Bentenária em Londres

Biblioteca centenária Kensel Rise, cuja fundação ocorreu em 1900 pelo escritor Mark Twain, fechou as portas por verbas
Biblioteca centenária Kensel Rise, cuja fundação ocorreu em 1900 pelo escritor Mark Twain, fechou as portas

Como centenas de bibliotecas municipais sacrificadas pelo plano de austeridade britânico, a de Kensal Rise também fechou suas portas. Mas a resistência se organiza e os moradores desse bairro multiétnico de Londres não perdem a esperança de vê-la renascer.
No exterior do grande prédio vitoriano de tijolos, agora proibido ao público, na esquina de duas ruas povoadas de pequenas casas e de algumas lojas comerciais, uma biblioteca alternativa aparece. Livros trazidos pelos moradores estão à disposição das pessoas que passam por ali, podendo até pegá-los emprestado.
"Salvem nossa biblioteca"; "deixem-nos administrá-la", proclamam cartazes colados em suas paredes.
Inaugurada pelo escritor americano Mark Twain, em 1900, Kensal Rise fazia parte das seis "livrarias" de um total de 12 do bairro de Brent (noroeste de Londres) que a prefeitura trabalhista decidiu fechar, há um ano.
Motivos citados: os cortes no orçamento impostos pelo governo e uma frequência considerada insuficiente --uma exigência de economia que ameaça, atualmente, as mais de 400 bibliotecas municipais do país, ou 10% de seu número total, segundo os que se opõem ao fechamento.
Revoltados por uma decisão que penaliza, segundo eles, os mais carentes, os moradores de Kensal Rise se dizem dispostos a reagir.
"Foi um choque, era um lugar de vida no bairro", comenta Paula Gomez, mãe de família, escandalizada com o fato de uma "prefeitura trabalhista ter uma tal mentalidade".
"Pessoas veem ler o jornal, usar os computadores, os desempregados os consultam para procurar trabalho, e as crianças encontram ajuda para fazer seus deveres de escola", enumera ela.
"SALVE NOSSA BIBLIOTECA"
Um blog foi criado, com reuniões se sucedendo, ao lado de cartazes com os dizeres "salve nossa biblioteca", que florescem nas janelas das casas. Os escritores Zadie Smith e Philip Pullman demonstraram seu apoio --o mesmo aconteceu com os grupos musicais Depeche Mode, Goldfrapp, Pet Shop Boys.
O golpe foi dado em outubro: a Justiça considerou legal o fechamento de seis bibliotecas. E a decisão foi tomada de imediato.
Os moradores entraram com um apelo. Em Kensal Rise, organizaram-se, para impedir a Prefeitura de isolar o prédio: durante alguns dias, os voluntários se revezaram dia e noite em frente, até a Prefeitura anunciar que desistira de intervir, antes do final do procedimento judiciário.
Na corte de apelação, defensores das bibliotecas disseram que os fechamentos acarretavam uma discriminação indireta, em detrimento das pessoas de origem asiática, maioria estatística, que as utilizam.
Reprovaram também a prefeitura por não ter feito caso de suas propostas alternativas de retomar as bibliotecas, dizendo-se prontos a administrá-las eles próprios.
A prefeitura respondeu que se comprometia a modernizá-las, estando uma nova em construção, para ser inaugurada no começo de 2013.
Enquanto esperam o veredicto dos tribunais, decisões recentes da justiça dão esperança aos moradores. A Suprema Corte de Londres considerou ilegais, em meados de novembro, as decisões das prefeituras de Somerset e de Gloucestershire (leste da Inglaterra) de retirar seus financiamentos a cerca de um terço de suas bibliotecas.
Ante as campanhas intensas de mobilização, foi aberto um inquérito parlamentar para examinar a legalidade ou não desses fechamentos e suas repercussões nas populações locais.

Fonte:
Folha de São Paulo

Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/turismo/1017063-moradores-de-bairro-tentam-resgatar-biblioteca-centenaria-em-londres.shtml>. Acesso em: 06 dez. 2011

É Preciso Diferenciar o Alzheimer de Outras Doenças, Revela Revista

Os sintomas são muito parecidos. Começa-se por esquecer as chaves do carro; depois, nomes de parentes e amigos passam a ser trocados; e, por fim, as fotos no porta-retrato já não dizem nada sobre um passado vivido, mas apagado da memória. Por isso, até mesmo os médicos costumam confundir os diferentes tipos de demência, nome genérico que designa o conjunto de doenças, degenerativas ou não, caracterizadas por transtornos cognitivos. A principal delas é o Alzheimer, mas há outras, menos faladas, que afetam a vida do paciente e da família do mesmo jeito.
Em um artigo publicado na edição mais recente da revista Neurology, da Academia Americana de Neurologia, um grupo de cientistas da Universidade da Califórnia alerta para a necessidade de distinguir o Alzheimer de um outro tipo de demência, responsável por 8% dos casos totais da doença entre a população adulta. A chamada demência frontotemporal é um mal degenerativo, caracterizado pela perda da memória e também pelo desenvolvimento de um comportamento antissocial. Podem-se passar mais de 15 anos até o surgimento de outro sintoma, tempo que, bem aproveitado clinicamente, ajudaria o paciente a conviver melhor com os incômodos da doença.
Segundo os autores do estudo, convencionou-se que qualquer alteração progressiva e degenerativa da memória é doença de Alzheimer. Os próprios médicos deixariam de considerar outros distúrbios da demência, o que afeta o tratamento, pois, embora não exista ainda a cura para o problema, diferentes males requerem terapias diversas. “Coloquialmente, usamos a doença de Alzheimer para nos referir a pessoas dementes, mas há muitos pacientes com Alzheimer que ainda não são dementes”, argumenta Marilyn Albert, pesquisadora do Centro de Estudos de Alzheimer do Hospital Johns Hopkins, nos Estados Unidos. “De fato, um terço de todos os idosos possuem a patologia em seus cérebros, mas não desenvolvem os sintomas. As pessoas não ficam dementes da noite para o dia; ao contrário, levam muitos anos para chegar lá. Por isso, um diagnóstico diferenciado é importante para tratar o paciente.”
Como entender
No estudo publicado na Neurology, os cientistas realizaram o exame de tomografia por emissão de pósitrons, mais conhecido como PET-CT. Uma pesquisa realizada no início deste ano mostrou que o método de diagnóstico por imagem é o mais acurado para identificar as placas de gordura que se acumulam entre os neurônios do paciente, uma característica da doença.
A equipe da Universidade da Califórnia, liderada por Gil D. Rabinovici, analisou os resultados dos exames de 107 pessoas diagnosticadas com Alzheimer ou demência frontotemporal, em seus primeiros estágios. Graças a um biomarcador que identifica os depósitos gordurosos no cérebro, os cientistas conseguiram apontar quais tinham Alzheimer e quais sofriam do outro tipo de demência. No caso da frontotemporal, não há formação de placas de gordura. “Embora não exista um método definitivo de diagnóstico do Alzheimer e dos outros distúrbios da demência, saber diferenciá-los vai ajudar os médicos a um melhor acompanhamento terapêutico”, acredita Rabinovici. “Ainda que uma medicação específica para cada tipo de demência não esteja disponível, tratar corretamente as doenças em seus primeiros estágios pode ajudar a controlar e retardar sintomas.”
No caso da demência frontotemporal, além do esquecimento, o paciente lida com transtornos de personalidade. “A pessoa começa a sofrer alterações na personalidade e momentos de perda da sanidade. É muito comum que se tornem desinibidas, passem a neglicenciar a higiene pessoal e desenvolvam manias”, explica Rodney A. Short, neurologista, em um artigo escrito para a Clínica Mayo, de Jacksonsville. Nos restaurantes, uma das pacientes do médico costumava ir de mesa em mesa para comer os pratos de desconhecidos, um exemplo de desinibição. Outra era capaz de passar o dia todo enchendo garrafas de água, às vezes 20 ao mesmo tempo, em um caso de mania. “Se o médico pode usar uma medicação que afeta o curso da demência, então deverá fazer isso nos primeiros estágios. Daí a necessidade de um diagnóstico correto”, afirma Gil D. Rabinovici.

Descoberta
O primeiro reconhecimento clínico da doença ocorreu em 1892, mas somente em 1987, quando 12,5% das autópsias de pacientes dementes nos Estados Unidos revelaram que eles não sofriam de Alzheimer, mas de degeneração nos lobos frontais ou laterais o cérebro, é que o problema foi reconhecido oficialmente. Em 1998, foi publicado um guia de diagnóstico desse tipo de demência.

Fonte: Correio Brasiliense

Disponível em:<http://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/ciencia-e-saude/2011/12/05/interna_ciencia_saude,281417/e-preciso-diferenciar-o-alzheimer-de-outras-doencas-revela-revista.shtml>. Acesso em:06 dez. 2011

Pesquisa inédita sobre as medidas de segurança em manicômios judiciais mostra que, apesar de exame atestando o fim da periculosidade, 35% dos internos não conseguem voltar à liberdade. Ministério da Justiça reconhece a gravidade da situação.

Glamurizados no senso comum como uma alternativa aos horrores da prisão, os manicômios judiciários, chamados oficialmente de hospitais de custódia e tratamento psiquiátrico, deveriam receber os doentes mentais que cometeram crimes para tratá-los. Mas, uma vez ultrapassadas as portas de entrada desses locais invisíveis aos olhos da sociedade e do governo, retornar à liberdade se torna algo improvável no Brasil. Mesmo com o exame atestando o fim da periculosidade, 35% dos internos continuam trancafiados. Em 14% dos casos, há, inclusive, decisão judicial expressa determinando a liberação. Muitos, porém, perderam qualquer vínculo com o mundo externo. Vinte e cinco por cento estão há mais de 15 anos dentro dos estabelecimentos — tempo que poucos criminosos ficam atrás das grades no país, ainda que sejam autores de barbaridades. Mais grave ainda: 85% deles não tinham qualquer antecedente criminal, que pudesse justificar um rigor maior, quando cometeram o delito.
As constatações sombrias fazem parte de um estudo inédito encomendado pelo Ministério da Justiça (MJ) sobre as medidas de segurança aplicadas no país a doentes mentais considerados incapazes de compreender os próprios atos. Divulgados pelo Correio com exclusividade, os dados dizem respeito aos manicômios judiciários da Bahia e de Minas Gerais, primeiros estados a participarem do estudo, que abrigam, juntos, 228 internos. Para o secretário de Assuntos Legislativos do MJ, Marivaldo de Castro Pereira, os resultados exigem providências rápidas e até alguma modernização legislativa. "Temos urgência de adequar o sistema de medida de segurança aos direitos e garantias constitucionais. Vemos que ele é mais rígido com os inimputáveis do que com os que têm condições mentais de entender o que fizeram", afirma o secretário.
De imediato, ele destaca a necessidade de garantir que o exame de cessação de periculosidade, que dá ao juiz elementos para determinar o fim da internação, seja feito como manda a lei, anualmente. A realidade dos locais, verdadeiras cadeias em vez de hospitais, é outra. "Encontramos 65% sem exames. Alguns podem ter feito e não ficou atestado o fim da periculosidade. Mas grande parte simplesmente não tem o exame realizado há tempos. As políticas públicas são falhas, desde a garantia do direito de passar pelo exame periodicamente às ações de reinserção social, de residências terapêuticas", diz a antropóloga Debora Diniz, que coordenou o estudo, realizado pela organização não governamental Anis — Instituto de Bioética, Direitos Humanos e Gênero. Ela aponta o absurdo das internações tão prolongadas. "Nenhum homicida sem antecedentes fica mais que seis anos na prisão. O que justifica o doente mental permanecer 15, 20, 30 anos ou mais?"
Mito
A marca de 85% dos internos sem vida pregressa criminal, segundo José Geraldo Taborda, psiquiatra forense e professor da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre, derruba outro mito, o do serial killer. "Não temos nenhum Hanibbal dentro de hospitais de custódia. Quem está lá são doentes mentais que não receberam atendimento adequado nos serviços de saúde e, um dia, surtaram em tal nível que acabaram cometendo um crime", destaca Taborda. A pesquisa mostra que o homicídio é o delito mais comum, praticado por quase 60% dos homens e mulheres que cumprem medida de segurança. As vítimas preferenciais, em 41% dos casos, são cônjuges ou familiares — geralmente quem cuida do doente em sofrimento mental. Para 42% dos internos, o diagnóstico é a esquizofrenia.
Analfabetos ou com poucos anos de estudo (82%), pardos e negros (63%), com 40 anos ou mais (63%), solteiros (81%) e sem qualquer profissão (22%), os loucos que cometem crimes no país têm um perfil marcado por vulnerabilidades. "É um indivíduo absolutamente dependente do Estado. Ele não é um perigo permanente, como a fantasia da elite ou dos jornais faz parecer. Representa perigo, se é que essa palavra cabe, aos seus familiares se não estiver em tratamento", afirma Debora. Taborda ressalta outra dificuldade na desinternação dos doentes mentais: o afastamento da família. "Imagine que o seu irmão matou sua mãe. Você tem filhos, tem família, é lógico que há uma resistência em receber essa pessoa. Então, elas simplesmente não têm para onde ir. Não existem políticas para isso", afirma o psiquiatra.
Uma discriminação que atenta contra o objetivo da internação no hospital de custódia, que é o tratamento, é a não inclusão dos pacientes no Sistema Único de Saúde (SUS), segundo Taborda. Ele aponta uma situação peculiar em Porto Alegre, onde atua, como exemplo de "absurdo". "Temos o Hospital São Pedro, onde pacientes psiquiátricos recebem atendimento gratuito pelo SUS. Do outro lado do muro, os internos do Instituto Maurício Cardoso, um hospital de custódia, não são assistidos. Como estão ligados à Secretaria de Justiça, o serviço à saúde depende dessa pasta. E a alegação de falta de recursos, falta de pessoal, em todos os governos, se repete", critica o psiquiatra.
Pesquisa inédita sobre as medidas de segurança em manicômios judiciais mostra que, apesar de exame atestando o fim da periculosidade, 35% dos internos não conseguem voltar à liberdade. Ministério da Justiça reconhece a gravidade da situação.

Fonte: Associação Brasileira de Psiquiatria

Disponível em:<http://abp.org.br/2011/medicos/imprensa/clipping-2>. Acesso em: 06 dez. 2011

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Correndo Contra os Prazos: como a chegada do fim do ano afeta nossa percepção temporal

No fim de todo ano vivemos um período de exceção. Suspende-se a batalha, a luta. O cotidiano de trabalho, as tarefas domésticas e os encargos com a sobrevivência se convertem em trégua. É possível fazer um paralelo com uma situação ocorrida no século passado. Quando terminou a Primeira Guerra Mundial e muitos soldados retornaram para casa, suas famílias e amigos, ou o que restava deles, aguardavam intensamente o reencontro. Contrariando as expectativas, os soldados voltaram profundamente silenciosos. Não havia nada a contar, eles estavam empobrecidos – sem possibilidade de transmitir suas experiências. Sobreviver a uma guerra, ainda mais de tais proporções, deveria ser uma aventura que pudesse ser convertida em uma boa história: triste, sofrida ou heroica, tanto faz, desde que fosse uma narrativa capaz de transmitir e integrar fragmentos de sentido à comunidade de origem da qual a pessoa partiu. Mas não foi isso o que se verificou.

Havia relatos e descrições – mas tais fatos e informações, por si sós, não são suficientes para construir boas histórias. Uma nova forma de miséria tinha sido inventada: o sofrimento moral da guerra fez surgir a miséria narrativa, a morte do desejo ou das condições para compartilhar tais experiências simbolicamente. Se o final do ano pode ser comparado a uma trégua, ele nos convida a enfrentar o mesmo dilema dos soldados que retornavam. Como contar a história do que se passou?

Essa questão levou o pensador alemão Walter Benjamin à importante distinção entre a vivência (Erlebnis) e a experiência (Erfahrung). Ele notou que um conjunto de vivências, intensas ou banais, não constitui, necessariamente, uma experiência. De fato, o progresso da técnica – principalmente da que se instala em nosso cotidiano – torna mais fácil a produção de vivências. Chamemos esta sensação de “efeito internet”, ou seja, a sensação psíquica de que tudo está mais rápido, mais acessível e prático: viajar, comprar, namorar, transar, comunicar, trabalhar, saber. Ao mesmo tempo, como acontece com aquilo que se massifica, tudo parece mais banal, vazio e pobre.

“Conheça a Europa em sete dias, visite dez capitais!” Resultado: muitas vivências, nenhuma experiência. Voltamos da viagem, no máximo, com uma coletânea de fotos e fatos, que tendem a se misturar de forma homogênea e decepcionante. A vivência é a verticalização das sensações, o que as torna efêmeras e individuais. Quem já jogou videogame por mais de cinco horas consecutivas sabe da estranha sensação de solidão que sobrevém ao fim da maratona. A experiência (Erfahrung), ao contrário, é uma horizontalização das sensações, ela nos liga aos outros em uma espécie de dilatação do tempo. Experimente passar as mesmas cinco horas conversando apaixonadamente com sua namorada. Parece que se passou bem menos tempo e, mesmo depois que vocês se separam, a imagem da pessoa amada fica ainda presente em sua memória. A ausência se transforma na presença relembrada das palavras que ficam ressoando e, muitas vezes, nos leva ao impulso de compartilhar o que recebemos. Mesmo sozinha a pessoa não se sente só. Como ocorre quando escutamos uma boa piada ou uma história significativa, somos levados a partilhá-las com os outros, extraindo de seu relato o prazer adicional da transmissão. (Por Christian Ingo Lenz Dunker, psicanalista, professor livre-docente do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo – USP.).

Fonte: Revista Mente e Cérebro

Disponível em:<http://www2.uol.com.br/vivermente/noticias/tempo_para_refletir.html>. Acesso em: 05 dez. 2011

Psiquiatras Entregam Relatório Sobre Sanidade de Breivik

O tribunal de Oslo vai receber nesta terça-feira o relatório psiquiátrico do ultradireitista Anders Behring Breivik, documento que vai determina se o autor confesso dos atentados de 22 de julho estava em plena posse de suas faculdades mentais, e portanto, pode ser julgado.
Caso Breivik seja declarado mentalmente saudável, o processo segue adiante e culmina no julgamento de 16 de abril. Se o relatório concluir que o fundamentalista cristão sofre de alguma doença mental e que não é responsável por seus atos, ele será internado em uma instituição psiquiátrica por tempo indeterminado.
Entre outros elementos, o diagnóstico feito pelos psiquiatras Synne Sorheim e Torgeir Husby é resultado de mais de 35h de interrogatórios com Breivik, revisão dos depoimentos à Polícia, reconstituição do massacre e relatos das testemunhas.
Espera-se que seja incluída uma retrospectiva minuciosa da infância, juventude e do passado de Breivik, fatos que possam ter influenciado a perpetrar o duplo atentado que matou 77 pessoas.
Anders Behring BreivikO relatório terá cerca de 230 páginas, bem mais do que o volume entre 30 e 70 páginas desses casos. Por causa da dimensão da tarefa, os psiquiatras responsáveis tiveram de atrasar a entrega em um mês da data inicial de prevista.
Embora a análise não vá ser divulgada ao público, a Promotoria anunciou que vai comunicar as conclusões nesta terça-feira em entrevista coletiva às 10h (de Brasília).
De acordo com o advogado de Breivik, Geir Lippestad, o fundamentalista cristão não expressou nenhum medo de ser diagnosticado como doente mental e acredita que será julgado como assassino.
Os psiquiatras pretendiam fazer uma ressonância magnética de seu cérebro para detectar eventuais danos e tumores, mas Breivik se negou a passar pelo procedimento, apesar de ter pedido para ser examinado por um especialista estrangeiro, em detrimento dos noruegueses.
Em 22 de julho, o ultradireitista detonou um carro-bomba no complexo governamental de Oslo, matando oito pessoas, e imediatamente depois se dirigiu à ilha de Utoeya, a 45 quilômetros da capital, onde disparou de forma indiscriminada matando outras 69. A maioria das vítimas de Utoeya estava no acampamento da Juventude Trabalhista.

 Fonte: Site Terra

Disponível em:<http://noticias.terra.com.br/mundo/noticias/0,,OI5493789-EI8142,00-Psiquiatras+entregam+relatorio+sobre+sanidade+de+Breivik.html>. Acesso em: 02 dez. 2011

O Que é Histeria?: Sigmund Freud se concentrou nesse desafiador conjunto de sintomas, que envolvia desde alucinações até paralisia de algumas partes do corpo

Em 1676, na França, uma mulher de 46 anos foi queimada em praça pública, acusada de bruxaria. No entanto, ela se assemelhava muito pouco à imagem da feiticeira libertina que chegava aos sabás montada em um cabo de vassoura. Segundo os depoimentos de testemunhas, Marie d'Aubray, marquesa de Brinvilliers, apresentava contrações nervosas frequentes na face e, não raro, convulsões. Tinha um histórico de violência sexual e confessou que planejou envenenar o pai, pois ele era contra seu relacionamento com um jovem oficial.

Condenada à fogueira, a marquesa de Brinvilliers, se fosse examinada dois séculos depois pelo médico Jean-Martin Charcot (1825-1893), no hospital francês La Salpêtrière, teria seus sintomas exibidos em uma aula para médicos recém--formados, entre eles Sigmund Freud (1856-1939). No século 19, os casos de bruxaria e possessões demoníacas migraram dos domínios da religião e da lei para o da medicina. As visões de Satanás e os sintomas físicos de uma atuação maligna passaram a ser, aos poucos, cogitados como alucinações e sintomas de patologias que mal começavam a ser identificadas, como epilepsia e histeria. Charcot, aliás, analisava registros de antigos processos de bruxaria em suas aulas sobre doenças do sistema nervoso, apontando sinais de possíveis distúrbios nas acusadas.

Freud se interessou especialmente pelos casos de histeria – um desafiador conjunto de sintomas, sem causa orgânica aparente, que envolvia desde alucinações até a paralisia de algumas partes do corpo, mais frequente em mulheres. Sob a influência de Charcot, o médico aus-tríaco usou a hipnose para tentar descobrir vivências dolorosas do passado de suas pacientes, muitas vezes esquecidas, o que ele chamava de “trauma”. Segundo Freud, ao se lembrarem do evento, elas reviveriam as emoções que não puderam expressar de forma adequada no passado. Surgiam assim a noção de recalque e o tratamento centrado na fala, fundamentais na psicanálise. Diante de desejos intensos e repressões igualmente fortes, a organização psíquica da histérica elabora fantasias e se manifesta em somatizações. Uma “teatralização” que, segundo sugerem documentos históricos sobre os grandes julgamentos de feitiçaria, encontrou um público sedento pelo bizarro e o espetacular. E, nesse sentido, nada mais sedutor que a bruxaria.

“A histeria é uma forma específica de se relacionar com o outro. O sintoma explicitado no corpo pode ser considerado como instrumento a mais para tentar estabelecer vínculos”, define o psicólogo Fábio Riemenschneider, da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), autor de Histeria, para além dos sonhos (Casa do Psicólogo, 2004). Segundo o psicólogo, essa complexa engrenagem tem uma peça fundamental: o intenso – e recalcado – desejo pela figura parental do sexo oposto durante a infância, o que Freud definiu como “complexo de Édipo”. Esse conflito psíquico se manifesta principalmente na sexualidade. É uma queixa pela falta do objeto amado e desejado, que se reflete na criação de fantasias, nos atos (falhos ou não) e na busca por formas alternativas de satisfação da fantasia edípica. “Certamente, muitas das 'bruxas' foram queimadas por seus sintomas e não por seus supostos poderes mágicos”, diz Riemenschneider.

Fonte: Revista Mente e Cérebro

Disponível em:<http://www2.uol.com.br/vivermente/artigos/histeria_os_demonios_repensados.html>. Acesso em: 02 dez. 2011

14ª Conferência Nacional de Saúde Discute Melhorias Para o SUS

Tem início nesta quinta-feira (01/12) a 14ª. Conferência Nacional de Saúde, no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, em Brasília. A 14ª CNS é considerada o maior evento brasileiro na área da saúde com mais de quatro mil pessoas, entre delegados e convidados. Os delegados foram eleitos em conferências estaduais e municipais, nas quais foram retiradas propostas.

Os participantes vão debater os desafios e as perspectivas do Sistema Único de Saúde (SUS) e aprovar propostas de melhorias. Embora, a abertura ocorra somente amanhã, as atividades começaram hoje (30/11), com um ato de Defesa do SUS, promovido pelos Movimentos Sociais e Mesa sobre documentário O veneno está na Mesa do cineasta Silvio Tendler, a partir das 20 horas.

Depois da abertura, na quinta-feira (dia 1/12), o presidente da 14ª. CNS, Alexandre Padilha, coordenará a Mesa Central Acesso e Acolhimento com qualidade: um desafio para o SUS. Logo depois, serão realizados ainda 11 diálogos temáticos, em que serão discutidos os desafios para efetivar a participação social, a seguridade social, o acesso universal e as políticas públicas, a relação público x privado, entre outros temas.

Durante o último dia da 14ª CNS (04/12) acontece a Plenária Final com a votação de diretrizes e propostas que devem nortear as políticas públicas para o Sistema Único de Saúde nos próximos anos.

Conferências mobilizaram gestores em todo o país

Durante sete meses municípios e estados de todo o Brasil se mobilizaram e debateram propostas para a melhoria do SUS. Ao todo 4.347 conferências municipais e 27 estaduais foram realizadas, com envolvimento de mais de 26 mil pessoas na etapa estadual.

Dentre as cinco regiões do país, a Nordeste saiu na frente em número de conferências realizadas com 92% dos municípios atingidos, sendo que Alagoas, Bahia, Ceará e Rio Grande do Norte alcançaram todos os municípios de seus estados. Em segundo lugar, ficou a região Sul com 90% de conferências registradas. Já a região Norte ganhou a terceira posição por ter conseguido atingir nos estados do Acre, Amapá e Tocantins 100% dos municípios. No geral, os sete estados da região totalizaram um percentual de 86% de eventos efetivados.

No caso dos 466 municípios de toda a região Centro-Oeste, 367 contaram com conferências de saúde, o que representa 79% desse total. O número garantiu o quarto lugar para a região, sendo que Distrito Federal, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul registraram o resultado de 100% de cidades satélites e municípios atingidos.

A região Sudeste, no entanto, contou com percentuais divididos. No Espírito Santo e Rio de Janeiro, os dados são de 100% e 99%, respectivamente. Já em Minas Gerais, esse valor caiu pela metade com um registro de 50% das conferências de saúde realizadas. Em São Paulo, o resultado foi de 44%. Dos 1668 municípios de todo o Sudeste, 878 contaram com a efetivação dos eventos representando um percentual de 53% das conferências programadas.


Fonte: Jornal Tribuna da Bahia

Disponível em: <http://www.tribunadabahia.com.br/news.php?idAtual=99693>. Acesso em: 01 dez. 2011

Oferta de Médicos na Rede Privada é 4 Vezes Maior Que a do SUS

Estados da região Norte e Nordeste têm maior presença de médicos por usuário na rede privada que na pública em comparação com as demais regiões do país.
O diagnóstico é do levantamento feito pelo CFM (Conselho Federal de Medicina) e pelo Cremesp (Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo), divulgado nesta quarta-feira.
O estudo propõe a criação de um índice para medir as disparidades de abastecimento do SUS e da rede particular. Chamado de IDPP (Indicador de Desigualdade Público/Privado), o índice é a razão entre o número de postos de trabalho médico ocupado na rede privada por 1.000 habitantes, sobre o número de postos ocupados na rede pública por 1.000 habitantes.
No Brasil, essa razão é 3,9, o que significa que a presença médica na rede privada é 3,9 vezes a presença na rede pública, sempre considerando a população atendida por cada rede.
Nessa conta, aparecem as disparidades regionais. Apenas o Sudeste fica abaixo da média, indicando uma igualdade maior de abastecimento de médicos no SUS e na rede particular (2,31).
O Nordeste é o campeão do índice, chegando a 6,77. É seguido pelo Centro-Oeste (6,26), pelo Sul (5,9) e pelo Norte (5,26).
Entre os Estados, a diferença sobe. Na Bahia, o índice atinge 12,09. O Estado do Rio é o menor, ficando em 1,63.
"O resultado não mostra se há sobra ou falta de médicos nesses Estados, mas aponta que os cariocas que utilizam o serviço público contam com um número de médicos bastante próximo daqueles que se valem de planos privados de saúde. Já entre os baianos, há uma enorme diferença entre essas duas populações, com grande desvantagem para os usuários do SUS", argumentam as entidades no levantamento.
O IDPP só é abaixo de zero, o que mostra maior abastecimento proporcional de médicos no SUS, nas cidades de São Paulo (0,93), Vitória (0,62) e Rio de Janeiro (0,59).
Manaus aparece com 0,94, mas o estudo alerta para distorções nesse valor pelo número reduzido de postos para médicos no Estado.
O número de médicos na rede privada tende a crescer, de acordo com o levantamento, já que a oferta de postos de trabalho na rede privada subiu nos últimos anos --o levantamento não leva em conta os consultórios particulares.
MAIS MULHERES
O censo contabilizou 371.788 médicos em atividade em outubro deste ano, chegando a uma razão de 1,95 médico para cara 1.000 habitantes no país.
O número de mulheres entre os médicos vem crescendo, como adiantado nesta quarta a coluna da Mônica Bergamo.
Em 2009, pela primeira vez, as mulheres superaram os homens na entrada no mercado de trabalho --em 2010, a proporção na entrada ficou em 52,46% mulheres e 47,54% homens.
As mulheres são maioria apenas na faixa até 29 anos. Acima dos 30, os homens têm presença maior, chegando a 81,9% na faixa acima dos 70 anos.
O estudo ainda apontou certo equilíbrio na entrada de profissionais médicos no mercado de trabalho desde 2002, mas disse que o salto no número de médicos nos últimos anos se deve à "abertura desenfreada de escolas médicas".

Fonte: Folha de São Paulo

Disponível em:<http://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/1014391-oferta-de-medicos-na-rede-privada-e-4-vezes-maior-que-a-do-sus.shtml>. Acesso em: 01 dez. 2011