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terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Programa da Ana Maria Braga Levanta Polêmica Sobre Transtorno do Déficit de Atenção

Seu filho é agitado, não para quieto um segundo e tem dificuldade em se concentrar? Em um primeiro momento você pode pensar que isso é comum para a idade, mas logo vem a dúvida: e seel tem déficit de atenção?
Desconhecido por muitos anos, o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) é considerado, hoje, um diagnóstico fácil para atitudes antes vistas como normais na infância. O tema sempre causa dúvidas e polêmica, como a deflagrada pelo programa "Mais Você", da TV Globo, no último dia 28.
Em entrevista a Ana Maria Braga, o neurologista Eduardo Mutarelli chegou a colocar em dúvida a existência da doença. O fato fez a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) a divulgar uma carta de repúdio, esclarecendo que
o transtorno é descrito desde o século 18.
"Se o TDAH fosse apenas "um jeito diferente de ser" e não um transtorno mental, por que os portadores, segundo pesquisas científicas, têm maior taxa de abandono escolar, reprovação, desemprego, divórcio e acidentes
automobilísticos", questiona a ABP, após informar que mais de 200 artigos científicos já foram publicados demonstrando alterações no funcionamento cerebral de portadores do transtorno.
Dados do Nationallnstitute of Health (NHI) indicam que o TDAH é o problema psiquiátrico mais comum na infância. Um recente estudo concluiu que 4,5% das crianças e adolescentes brasileiros sofrem desse distúrbio. E não só. Cerca de 58% deles estariam sem diagnóstico, e apenas 13,3% estariam sob tratamento adequado.
É importante destacar que doenças mentais são poucos reconhecidas nesta faixa etária. Segundo o psiquiatra Guilherme Vanoni Polanczyk, professor da Facuidade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), resultados como esses ainda devem ser vistos com critério. "Isso porque a ideia de que uma criança possa ter depressão ou ansiedade é algo recente", diz. "Até a disciplina que estuda esse grupo é nova no Brasil. Além disso, a disponibilidade de serviços é escassa. Todos esses aspectos influenciam o TDAH", completa.
Guris sim, capetas não
Mas como reconhecer o TDAH, se uma de suas características é a extrema agitação que pode ser confundida com traço de caráter, energia ou indisciplina? Juliana Gomes Pereira, coordenadora dos Ambulatórios de Dependência Química e Abuso e Violência na Infância e Adolescência da Unidade da Criança e do Adolescente de São Caetano do Sul, ligada à Facuidade de Medicina do ABC (FMABC), explica que "a gravidade dos efeitos causados por esses sintomas é o indício mais veemente do problema".
Polanczik concorda, e acrescenta que a linha limítrofe entre uma coisa e outra é o prejuizo para a vida da criança: "Quando pais e professores, e estes são os que mais identificam e validam a existência do distúrbio, notam a relevância de determinado prejuízo para a criança, sua família e seus relacionamentos, além do desempenho cognitivo, é hora de procurar ajuda".

O diagnóstico, nesta fase, é considerado complexo", afirma Bruno Nazar, psiquiatra do Instituto de Psiquiatria da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). "Mesmo se não apresentarem prejuízos associados aos sintomas, esses pacientes têm importantes limitações em suas atividades diárias para conseguir um funcionamento nor
e poderiam apresentar melhora naqualidade de vida com tratamento".
De acordo com os especialistas, como se trata de um distúrbio que envolve questões c omportamentais e emocionais o médico treinado para avaliar o proble é o psiquiatra. "Mas muitas vezes o neurologista tem sido
procurado em razão da escassez desse especialista assim como pelo estigma relacionado sua procura, principalmente para crianças", completa Pereira.
Pediatras também podem ser os primeiros a receber a queixa do TDAH, mas o acompanhamento da doença
ex ação conjunta de equipes multidisciplinares, formadas por neurologista, neuropsicólogo, terapeuta comportamental, fonoaudiólogo, psicopedagogo, entre outros.
Desatenção pode indicar outros problemas
Como não existem exames laboratoriais para o diagnóstico, este é clínico, isto é, o médico deve colher histórico familiar e do paciente, observar a dinâmica da família, o comportamento escolar, além de avaliar a criança para identificação dos sintomas típicos, estratégias que pressupõem múltiplas sessões informativas, além de várias formas específicas de avaliação.
O psiquiatra Polanc zyk informa que o diagnóstico diferencial (avaliações complementares para excluir outras situações como dislexia, problemas neurológicos, depressão etc.) é desejável, pois há situações em que o motivo da busca por ajuda médica é a desatenção. "É importante saber qu nem sempre esse sintoma isol ado é TDAH. Ele pode estar relacionado a outros transtornos como depressão, a dislexia, problemas neurológicos, etc", diz o especialista.
O papel da escola
Na escola, posicionar esses alunos mais à frente e conferir-lhes mais tempo para a realização de tarefas (provas, leituras, lições). seriam as estratégias ideais para a perfeita conjunção de esforços na busca por melhor aproveitamento. De acordo com os especialistas, já existe até Projeto de Lei que dispõe sobre a adaptação da grade curricular para quem tem TDAH. "Mas, em geral,as escola não têm esse preparo", observa Polanczyk.
Todo esse empenho pode valer a pena. Embora não se fale em cura, há a chance de que a história natural leve à remissão dos sintomas. Uma parcela significativa de pacientes seguirá com sinais brandos pela idade adulta.

Fonte: Associação Brasileira de Psiquiatria

Disponível em:<http://abp.org.br/2011/medicos/imprensa/clipping-2>. Acesso em: 12 dez. 2011

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