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quinta-feira, 29 de março de 2012

Culturas da saúde

Toda pessoa tem um calango que mora no meio do peito. Quando ele sai passeando pelo corpo, causa o quebranto. A cura vem de ervas que façam esse lagarto interior voltar para seu lugar. Entender as propriedades das plantas medicinais usadas em cada cultura não é uma tarefa simples, mas o trabalho do etnofarmacólogo vai muito mais longe: ele precisa entender doenças que não se encaixam naquelas tratadas pela medicina convencional, por isso denominadas “síndromes culturais” no sistema oficial de saúde. É essa a missão da bióloga especializada em etnofarmacologia Eliana Rodrigues, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) de Diadema, que há 15 anos investiga o conhecimento medicinal de diferentes culturas brasileiras.
“O índio trata a doença e usa uma planta para cada enfermidade”, exemplifica a pesquisadora, coordenadora do Centro de Estudos Etnobotânicos e Etnofarmacológicos (CEE). “O negro, ao contrário, usa misturas e pode tratar de formas diferentes as dores de cabeça de uma pessoa e de outra – o que conta são as particularidades de cada um.” Outra distinção entre culturas é que cada xamã indígena tem o seu conhecimento particular, a sua coleção de plantas na farmácia da floresta. Já os caboclos, segundo a pesquisadora, cultivam um conhecimento difuso que recolhem de diferentes culturas e diferentes origens geográficas.
Essa farmacopeia variada é o tema do estudo de Eliana em sete comunidades ribeirinhas ao longo do rio Unini, no norte do Amazonas. Para chegar às cidades mais próximas, Barcelos e Novo Airão, é preciso navegar no mínimo 250 quilômetros pelo rio Negro. Os habitantes da região, uma reserva extrativista, têm ascendência indígena, africana e europeia. No século XIX uma onda migratória do Ceará se instalou por ali em busca de trabalho nos grandes seringais, contribuindo para a cultura local com um forte componente desse estado nordestino.
Já faz parte da lista levantada por Juliana Santos, uma das integrantes da equipe do CEE, um total de 122 espécies de plantas e 57 de animais, indicadas para 67 usos terapêuticos. As pesquisas mostram, até agora, uma grande diversidade de produtos psicoativos de vários tipos: estimulantes, ansiolíticos, afrodisíacos, calmantes etc. Até agora, Eliana catalogou 31 espécies de plantas e animais usadas para esses fins. As plantas podem fornecer uma variedade de partes, como caule, folhas, casca, sementes e frutos. Já dos animais se usa a carne, o cérebro, o pênis, ossos ou até o corpo inteiro. O chá de saúva, por exemplo, é usado para eliminar a preguiça, numa referência à reputação de trabalhadeiras que essas formigas têm. “Mas hoje poucos ribeirinhos usam a medicina tradicional, a maioria deles vão ao posto de saúde da comunidade e buscam remédios que usam de maneira indiscriminada”, lamenta. O problema surge porque esse tipo de atendimento é instalado sem o acompanhamento de um profissional qualificado. “São agentes de saúde com pouco treinamento.”
Cicatrizantes das plantas
Também são muitas as substâncias usadas para as chamadas síndromes culturais, que o médico Eduardo Pagani, ao participar do estudo em trabalho de campo na Amazônia, verificou não terem tradução direta na medicina convencional. É o caso do quebranto, do derrame, do espante e da mãe do corpo, entre outras doenças. Alguns dos preparados medicamentosos para esse tipo de enfermidade não vêm das partes tradicionais das plantas, mas de substâncias que elas vertem, os exsudados. Exemplos são o breu-branco e o breu-preto, além do lacre, que libera um líquido laranja.
E os exsudados não se restringem às plantas. A baba do sapo-canuaru, uma perereca malhada de marrom e bege, é usada contra dor de cabeça. O produto forma uma pedra escura, que os ribeirinhos maceram e envolvem num pedaço de pano, que em seguida queimam e inalam. “O uso dos exsudados é geralmente inalatório”, observa Eliana. Mas ela não está convencida de que se trate mesmo da saliva solidificada do anfíbio. Neste mês, a etnofarmacóloga está nas comunidades para aprender a encontrar a substância e verificar a sugestão feita no século XIX pelo naturalista João Barbosa Rodrigues: o sapo-canuaru recolhe breu-branco de troncos podres de árvores do gênero Protium e usa essa resina para revestir seu ninho. Assim, a tal baba de sapo seria o breu-branco enriquecido com secreções da pele do animal.

Fonte: Pesquisa FAPESP

Disponível em: <http://revistapesquisa.fapesp.br/2012/01/18/culturas-da-saude/>. Acesso em: 29 mar. 2012.

A incidência da paralisia do sono

Pouco menos de 8% da população sofre de paralisia do sono, um distúrbio que ocorre pouco antes de dormir ou logo após o despertar, caracterizado por uma total imobilidade do corpo, exceto dos olhos, e que pode ser acompanhado por episódios de alucinação. A afirmação é de um estudo de revisão feito por uma equipe de pesquisadores da Universidade da Pensilvânia, nos Estados Unidos, que constatou ser o distúrbio mais comum entre estudantes e pacientes psiquiátricos (Sleep Medicine Reviews, outubro de 2011). Para chegar a essas conclusões, os cientistas revisaram 35 trabalhos sobre o tema publicados nos últimos 50 anos. Desses estudos, tinham participado 36.533 indivíduos. Cerca de 20% deles declararam ter tido pelo menos uma vez um episódio do distúrbio. Entre os pacientes psiquiátricos, o índice atingiu quase 32%. Os estudantes apresentaram uma taxa um pouco menor do problema, da ordem de 28%. Durante a paralisia do sono, as pessoas estão conscientes, porém imóveis. É comum o relato de alucinações associadas à presença de uma pessoa ou seres estranhos, além de sentir pressão no peito e ter a impressão de flutuar ou de sair do próprio corpo. Tais sensações podem ser confundidas com as experiências oníricas experimentadas durante os sonhos.

Fonte: Pesquisa FAPESP

Fumantes estão mais sujeitos à esquizofrenia

Há muito tempo se considera a esquizofrenia como uma doença hereditária.
No entanto, os pesquisadores nunca conseguiram identificar aquele que poderia ser chamado o "gene da esquizofrenia", o principal desencadeador da doença.
Boris Quednow e Georg Winterer, do Hospital Psiquiátrica de Zurique (Suíça), resolveram então abordar a questão por um ângulo diferente.Eles começaram a analisar a relação entre fatores ambientais e fatores genéticos, na área da chamada epigenética, que tem mostrado, por exemplo, que a herança não-genética pode ser mais frequente que a herança pelo DNA.
Processamento auditivo
Quednow e seus colegas fixaram como alvo um gene específico, chamado TCF4 (Fator de Transcrição 4), uma proteína importante no desenvolvimento inicial do cérebro.
Outras pesquisas sugerem que o TCF4 atua sobre a capacidade de processamento cerebral, sendo um fator de risco para o desenvolvimento da esquizofrenia.
Usando eletroencefalografia, os cientistas estudaram o processamento de sinais acústicos - uma série de cliques regulares - por 1.821 voluntários.
Quando uma pessoa saudável processa um estímulo qualquer - como os cliques pelo sistema auditivo - ela suprime o processamento de outros estímulos que são irrelevantes para a tarefa.
Pacientes com esquizofrenia apresentam deficiências nessa filtragem de estímulos irrelevantes, o que provavelmente faz com seus cérebros sejam inundados com excesso de informações.
Tabagismo e esquizofrenia
A hipótese os pesquisadores é que é possível associar os graus de eficiência nessa filtragem de informações com genes específicos.
Entre os voluntários, foram identificados 21 casos de pessoas que possuem a mutação TCF4, que aumentaria seu risco de desenvolver a esquizofrenia.
Entra em cena então o tabagismo.
Como a maioria dos esquizofrênicos fuma, os cientistas resolveram dar atenção especial a esse comportamento. O resultado não se fez esperar.
As pessoas fumantes que possuem o gene de risco apresentaram a menor capacidade de filtragem dos sinais auditivos, levando à conclusão de que eles estão mais sujeitos à chamada "inundação de informações" no cérebro, característica da esquizofrenia.
A intensidade do efeito é diretamente proporcional à quantidade de cigarros que a pessoa fuma por dia.
Fumar reforçar atuação do gene
"Fumar altera o impacto do gene TCF4 sobre a filtragem de estímulos acústicos," explicou Quednow, ressaltando a importância da interação gene-ambiente.
"Desta forma, fumar também pode aumentar o impacto de genes específicos sobre o risco de [desenvolver] esquizofrenia", concluiu o pesquisador.
A pesquisa vem reforçar a linha de argumentação de que a esquizofrenia é causada por uma combinação de fatores genéticos e fatores ambientais.

Fonte: Diário da Saúde



'Sofrimento faz parte da vida', diz psicólogo sobre uso de calmantes

Nos últimos anos, o consumo de calmantes disparou no Brasil. Os ansiolíticos lideram o ranking das drogas controladas mais vendidas. Esse tipo de remédio é indicado para conter crises graves de ansiedade. Mas alguns especialistas alertam que o uso indiscriminado pode gerar dependência. “Há momentos em que eles são fundamentais. O que preocupa é a banalização”, afirma Luis Fernando Saraiva, psicólogo do Conselho Regional de Psicologia.
O psicólogo explica que um dos perigos dos remédios é que eles atacam os sintomas, mas dificilmente combatem a causa do problema. Saraiva ressalta que os medicamentos podem minimizar as sensações de experiências. “Me parece que aquilo que sempre fez parte de uma vida normal vem sendo tirado de experiência. Sofrer faz parte da vida. Possibilita a gente se conhecer e se relacionar com o mundo”, diz. Para o psicólogo, a escolha pelo medicamento como tratamento deve ser feita de forma conjunta entre o paciente, o psiquiatra ou psicólogo. “É preciso saber se a pessoa tem recursos para lidar com o sofrimento”, avalia.
A Dra. Analice Gigliotti, chefe do setor de dependência química do Ambulatório De Psiquiatria da Santa Casa da Misericórdia do Rio de Janeiro, afirma que não é ruim se sentir ansioso e que os ansiolíticos só são indicados em casos patológicos. “Quando a ansiedade prejudica a pessoa. Quando ela não consegue trabalhar, sair de casa, prejudica as relações pessoais. Isso é uma doença”, explica. Segundo ela o Brasil precisa de mais treinamento e controle dos profissionais de saúde na hora de receitar estes medicamentos. “Vira uma arma. É gostoso se sentir relaxado. É como qualquer droga. Dão bem-estar, mas são nocivas”, ressalta.
 
Fonte: GloboNews

São Paulo terá atestado médico digital

Os médicos do estado de São Paulo terão uma ferramenta para emitir atestados digitais a partir da próxima segunda-feira, dia 2 de abril. A novidade, lançada pela Associação Paulista de Medicina (APM), permitirá que empregadores verifiquem pela internet a autenticidade dos documentos apresentados por seus funcionários. O recurso, garante a associação, ajudará a combater fraudes no sistema de saúde.
"Não temos uma dimensão exata das fraudes, mas sabemos que é uma coisa muito comum", afirmou o médico Florisval Meinão, presidente da APM. Segundo ele, muitos médicos são chamados às delegacias para prestar esclarecimentos sobre atestados emitidos em seus nomes. O documento digital teria, portanto, a finalidade de provar que se trata de um atestado autêntico.
Para emitir o chamado e-atestado, o médico deverá ter um documento eletrônico de identidade (e-CPF) e registrar as informações do paciente nos campos indicados no site da APM. Cada atestado, que custará R$ 1, terá um número único, que poderá ser usado pelos empregadores para a verificação da autenticidade do documento apresentado. 

Fonte: Revista VEJA

Antidepressivos funcionam? Seriam esses medicamentos uma farsa?: novos estudos mostram falhas nos seus testes, duvidam de sua eficácia e questionam a rapidez de seus tratamentos

As vendas dos antidepressivos nunca estiveram tão em alta. Só no Brasil, no primeiro semestre de 2011, foram comercializados 34,6 milhões desses remédios, um aumento de quase 50% em 4 anos, segundo a consultoria IMS Health. A mesma fonte aponta que, nos EUA, 253 milhões de receitas foram prescritas em 2010 — 22 milhões a mais que 3 anos antes. Na Inglaterra, o serviço de saúde calcula que o consumo cresceu mais de 25% entre 2007 e 2010.
Os números vêm chamando a atenção dos pesquisadores. Nos últimos anos, diversos estudos científicos surgiram para investigar essa epidemia de depressão. Alguns são alarmantes. Para muitos especialistas, antidepressivos não são mágicos. Pelo contrário. Podem ser até menos eficazes que pílulas de farinha — os placebos.
Um dos principais nomes a defender isso é o psicólogo clínico Irving Kirsch, professor da Universidade de Hull e autor do livro The Emperor's New Drugs, exploding the antidepressant myth (“As novas drogas do imperador, explodindo o mito dos antidepressivos”, sem edição brasileira). Ele analisou 38 dos testes clínicos — publicados ou não — que foram enviados para o FDA, a agência de vigilância sanitária dos EUA, para aprovar os remédios Prozac, Effexor, Serzone e Paxil. Esses medicamentos, quando surgiram no mercado, foram vistos como revolucionários para o tratamento da depressão. O Prozac, por exemplo, entrou no mercado dos EUA em 1988 e, com agressiva campanha de marketing, em pouco tempo se tornou o líder do setor. Já o Efexor, lançado em 1993, ficou famoso por ter efeitos colaterais menos agressivos do que os outros antidepressivos, enquanto o Paxil se tornou conhecido por ter sido o primeiro medicamento aprovado nos EUA para tratamento de ataques de pânico — e mais tarde pelo efeito colateral de ganho de peso.
Vendo os testes desses medicamentos, Kirsch notou que só os resultados que envolviam pacientes severamente deprimidos foram publicados — apesar de, hoje, serem comercializados para qualquer intensidade. Nos mesmos documentos, viu que os efeitos desses medicamentos foram mínimos para casos de depressão média e leve (segundo a escala Hamilton de Depressão, a mais usada). E mais: depois de lançados os remédios no mercado, não encontrou mais nenhum estudo dos laboratórios sobre eles. As pesquisas posteriores sobre seus efeitos se resumiriam às feitas em universidades, como a publicada no final de 2010 pelo professor de psicologia da Universidade da Pensilvânia, Robert DeRubeis, que aponta semelhança entre antidepressivos e placebos.
No levantamento, DeRubeis avaliou 6 testes com 728 pacientes deprimidos e descobriu que a taxa de eficiência dos antidepressivos era praticamente igual à das pílulas de farinha no tratamento de depressão. No caso dos pacientes que receberam os placebos, a cura viria porque é comum que as pessoas se sintam melhores quando recebem tratamento, qualquer que seja ele. É o chamado “efeito placebo”, testado em todo medicamento antes de chegar ao mercado. Na conclusão do estudo, sem citar os dados exatos, o acadêmico diz: “a vantagem da medicação de antidepressivos sobre o placebo foi de inexistente a insignificante entre pacientes com sintomas de depressão leve, moderada ou até severa”.
Kirsch reúne dados similares sobre os testes dos 4 antidepressivos que analisou. Em seu livro afirma que “antidepressivos são drogas com pouquíssimo benefício terapêutico, mas com efeitos colaterais muito sérios”. Para ele, antidepressivos são similares aos placebos ativos — pílulas de farinha que provocam efeitos colaterais. Entre as consequências estariam náuseas, perda da libido e até dependência.
 A influência do marketing Muitos psicólogos questionam também o excesso de propaganda na adoção desses medicamentos. Um estudo que saiu no New England Journal of Medicine, assinado pelo professor de psicologia da Universidade da Califórnia Robert Rosenthal, mostra que, em 74 estudos registrados no FDA dos EUA, foram publicados em jornais científicos 37 com resultados positivos para os antidepressivos, enquanto 22 que tinham resultados negativos (ou seja, que não havia diferença significativa entre placebos e antidepressivos) ficaram na gaveta.
O artigo ressalta, ainda, que 11 estudos que tiveram resultados negativos foram publicados de modo que parecessem positivos. Rosenthal conclui que, ao se analisar apenas as pesquisas publicadas, os antidepressivos pareciam ter eficiência de 94% enquanto todos os estudos analisados apontavam para uma taxa bem menos expressiva: 51%.
Junto a isso, vieram críticas em relação à atuação dos psiquiatras. Eles foram acusados de envolvimento excessivo com a indústria farmacêutica, promovendo medicamentos de certas marcas e recebendo benefícios em troca. Desde pequenos presentes entregues pelos representantes da indústria, como ingressos para shows e telefones celulares, até pagamento de estadia em caros congressos. Outra queixa é que prefeririam receitar rapidamente um antidepressivo em vez de ouvir o paciente e tentar entender a sua história de vida. “Há uma motivação econômica: é possível atender muito mais gente receitando antidepressivos do que ouvindo um paciente”, disse Daniel Carlat, psiquiatra e autor do livro Unhinged, The Trouble with Psychiatry (Desarticulado, o problema com a psiquiatria, também sem edição brasileira).

Fonte: Revista Galileu

Hábito de leitura cai no Brasil, revela pesquisa

O brasileiro está lendo menos. É isso que revela a pesquisa Retrato da Leitura no Brasil, divulgada nesta quarta-feira pelo Instituto Pró-Livro em parceria com o Ibope Inteligência. De acordo com o levantamento nacional, o número de brasileiros considerados leitores – aqueles que haviam lido ao menos uma obra nos três meses que antecederam a pesquisa – caiu de 95,6 milhões (55% da população estimada), em 2007, para 88,2 milhões (50%), em 2011.
A redução da leitura foi medida até entre crianças e adolescentes, que leem por dever escolar. Em 2011, crianças com idades entre 5 e 10 anos leram 5,4 livros, ante 6,9 registrados no levantamento de 2007. O mesmo ocorreu entre os pré-adolescentes de 11 a 13 anos (6,9 ante 8,5) e entre adolescente de 14 a 17 (5,9 ante 6,6 livros).
Para Marina Carvalho, supervisora da Fundação Educar DPaschoal, que trabalha com programas de incentivo à leitura, uma das razões para a queda no hábito de leitura entre o público infanto-juvenil é a falta de estímulos vindos da família. “Se em casa as crianças não encontram pais leitores, reforça-se a ideia de que ler é uma obrigação escolar. Se existe uma queda no número de leitores adultos, isso se reflete no público infantil”, diza especialista. “As crianças precisam estar expostas aos livros antes mesmo de aprender a ler. Assim, elas criam uma relação afetuosa com as publicações e encontram uma atividade que lhes dá prazer.”
O levantamento reforça um traço já conhecido entre os brasileiros: o vínculo entre leitura e escolaridade. Entre os entrevistados que estudam, o percentual de leitores é três vezes superior ao de não leitores (48% vs. 16%). Já entre aqueles que não estão na escola, a parcerla de não leitores é cerca de 50% superior ao de leitores: 84% vs. 52%.
Outro indicador revela a queda do apreço do brasileiro pela leitura como hobby. Em 2007, ler era a quarta atividade mais apreciada no tempo livre; quatro anos depois, o hábito caiu para sétimo lugar. Antes, 36% declaravam enxergar a leitura como forma de lazer, parcela reduzida a 28%.
À frente dos livros, apareceram na sondagem assistir à TV (85% em 2011 vs. 77% em 2007), escutar música ou rádio (52% vs. 54%), descansar (51% vs. 50%), reunir-se com amigos e família (44% vs. 31%), assistir a vídeos/filmes em DVD (38% vs. 29%) e sair com amigos (34% vs. 33%). "No século XXI, o livro disputa o interesse dos cidadãos com uma série de entretenimentos que podem parecer mais sedutores. Ou despertamos o interesse pela leitura, ou perderemos a batalha", diz Christine Castilho Fontelles, diretora de educação e cultura do Instituto Ecofuturo, que há 13 anos promove ações de incentivo a leitura.
Um levantamento recente do Ecofuturo revelou a influência das bibliotecas sobre os potenciais leitores. De acordo com o levantamento, estudantes de escolas próximas a bibliotecas comunitárias obtêm desempenho superior ao de alunos que frequentam regiões sem biblioteca. Nesses casos, o índice de aprovação chega a ser 156% superior, e a taxa de abandono cai até 46%. "Ainda temos uma desafio grande a ser enfrentado, já que grande parte das escolas da rede pública não contam com biblioteca." Uma lei aprovada em 2010 obriga todas as escolas a ter uma biblioteca até 2020. Na época, o movimento independente Todos Pela Educação estimou que, para cumprir com a exigência, o país teria de erguer 24 bibliotecas por dia.
A pesquisa Retrato da Leitura no Brasil foi realizada entre 11 de junho e 3 de julho de 2011 e ouviu 5.012 pessoas, com idade superior a 5 anos de idade, em 315 municípios. A margem de erro é de 1,4 ponto percentual.

Fonte: Revista VEJA

Congresso Brasileiro de Saúde Mental: inscrições de trabalho prorrogadas


III Congresso Brasileiro de Saúde Mental, abordando o tema Aperreios e Doidices: saúde mental como diversidade, subjetividade e luta política, acontecerá de 7 a 9 de junho de 2012 no Centro de Convenções do Ceará. Devido ao grande número de trabalhos enviados, a organização do evento prorrogou o prazo para envio de resumos até o dia 9 de abril.
Organizado pela Associação Brasileira de Saúde Mental (Abrasme), a Universidade Estadual do Ceará (Uece), a Fundação Oswaldo Cruz, o Centro Brasileiro de Estudos de Saúde (Cebes), a Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), entre outros, o evento traz no seu conteúdo o contexto de uma cultura local, regionalizada, mas que se articula e contribui com a diversidade no campo da saúde mental no cenário nacional e internacional.
 Com uma visão sobre a subjetividade dos usuários e o desafio de fomentar a atenção à saúde mental de qualidade, propõe um encontro entre os diversos atores sociais - gestores, trabalhadores e usuários - para maturidade da produção científica na área, além de anunciar uma luta política frente à necessidade de se definirem novos rumos para a saúde mental.


Fonte: Informe ENSP

terça-feira, 27 de março de 2012

Use a ansiedade a seu favor no dia a dia: na dose certa, estado de alerta te ajuda a encarar desafios

Antes de ganhar status de inimiga, a ansiedade é um sistema de proteção que prepara o corpo para os desafios do horizonte. É como um alarme: ao ser disparado, nos convoca a tomar uma atitude. E o segredo para evitar que a ansiedade passe de aliada para inimiga está na definição da atitude a ser tomada.
Você pode sair correndo ou pegar uma lanterna para investigar porque o cachorro não para de latir. Para lidar com a ansiedade, dizem os especialistas, é preciso aprender a ouvir o alarme e interpretar suas mensagens. Afinal, o cachorro pode estar latindo por uma série de razões: porque viu um gato, porque os cães da vizinhança estão latindo ou porque um ladrão invadiu o jardim.
Agir de acordo com o momento pode salvar você dos efeitos nocivos da ansiedade. Confira sugestões de como lidar com situações que costumam nos deixar ansiosos: 

EM PROVAS

Depois de meses de preparação, tudo pode ser decidido em um conjunto de horas em que você terá que lembrar de conteúdos acumulados há anos. Hoje, estudantes encaram o Enem e o vestibular. Trabalhadores fazem testes para novos empregos e testam seus conhecimentos em concursos públicos. Se a ansiedade tomar conta, pode bloquear o pensamento e colocar tudo a perder. Mas a vontade de fazer bonito também pode ser usada ao seu favor – desde que você respeite os limites do seu corpo. 

Como aproveitar o estado de alerta

Antes do vestibular, do Enem ou de um concurso público, não se pensa em outra coisa. Em vez de chatear a família com o tema, procure colegas que estão na mesma situação para estudar. É provável que o companheiro de prova esteja passando pela mesma ansiedade, e vocês podem unir forças para repassar as matérias. O foco na prova pode fazer com que você evite as baladas nos últimos dias e guarde energias para o grande dia. 

Como evitar que ela atrapalhe

Às vezes, diante de um grande desafio, ficamos nervosos e acabamos descontando a tensão em quem está por perto. Discutir com os pais ou com o namorado nesses momentos cria uma situação emocionalmente negativa nas vésperas da prova – e seu ânimo e sua autoestima vão ficar abalados. E de nada adianta virar a noite estudando e dormir pouco. A falta de sono pode provocar distração, aparência cansada e lapsos de memória – inimigos de qualquer candidato. 
EM PÚBLICO

Quem não tem medo de fazer papel de bobo diante da plateia? Além de lidar com a ansiedade que antecede o evento, ainda temos que evitar que as consequências físicas da excitação levem você ao vexame. Dominar o texto da peça, por exemplo é uma medida crucial para lidar com a ansiedade diante do público. Mas os cuidados não podem parar por aí. Agir contra os efeitos da ansiedade podem garantir autoconfiança e ajudam a reforçar a nossa capacidade de realizar as tarefas. 

Como aproveitar o estado de alerta


Aprenda a transferir a excitação para uma boa entonação da voz e para reforçar os gestos. “Interpretar a ansiedade como um fator positivo pode até melhorar a performance. Artistas, por exemplo, canalizam essa ansiedade na tensão do gesto ou da voz para criar um momento mais dramático”, argumenta Ana Maria Rossi, presidente da ISMA (International Stress Management Association no Brasil). 

Como evitar que ela atrapalhe

Exagerar na preparação também pode ser um problema. Lembre-se daquele gerente que, na tentativa de causar uma boa impressão para os chefes, levou papéis demais para a reunião e se perdeu nos números. Carregue só o necessário e faça anotações para evitar confusões. Se você costuma suar muito em apresentações, tome água e use uma roupa que lhe esconda manchas que podem lhe colocar numa situação embaraçosa. 

NAS ANGÚSTIAS PESSOAIS

Às vezes, sofremos em silêncio diante de situações importantes, como às vésperas do casamento, do nascimento do primeiro filho ou durante a doença de alguém querido. Mesmo que você sinta os mesmos sintomas da ansiedade que antecedem uma apresentação em público, as estratégias para encarar estes momentos são diferentes. Fuja dos pensamentos negativos. Falar com amigos, dividir a angústia e se distrair são boas estratégias para evitar que a nossa mente fique repassando as previsões pessimistas em looping. “Quando a pessoa sentir que não tem controle sobre o seu nível de ansiedade é porque ela pode disparar, deixando a pessoa muito assustada e comprometendo o seu desempenho”, alerta Ana Maria. 

Como aproveitar o estado de alerta

Use a energia extra da ansiedade que antecede o seu casamento para participar dos preparativos. Você está esperando a resposta de um novo emprego e não consegue ficar quieto? Aproveite para arrumar o armário ou uma faxina. Está preocupado com os efeitos que uma nova situação vai provocar na família? Canalize a ansiedade para se antecipar aos problemas e conversar com os envolvidos. 

Como evitar que ela atrapalhe

Técnicas de relaxamento e respiração acalmam e ajudam a controlar a ansiedade. Lembre-se de praticá-las regularmente – não é logo antes de uma situação crítica que elas vão te salvar. E conte com os amigos para desabafar. Além de ajudarem dissipar a ansiedade, eles podem oferecer um ponto de vista diferente que pode ajudar a desviar os pensamentos negativos. 

NO ESPORTE

Em um segundo, anos de preparação e sacrifícios podem escorrer pelo ralo. A ansiedade pode colocar tudo a perder nas competições esportivas, mas também pode ajudar a impulsionar a agressividade, por exemplo, uma reação física que pode ser útil na disputa pela medalha. Você pode usar a agressão para dar um gás nos últimos minutos da corrida, ou para derrubar o adversário, que acaba de roubar sua bola. Segundo a vice-presidente da Associação Brasileira de Psicologia do Esporte, Luciana Ferreira Angelo, a agressividade no ambiente esportivo pode ser positiva ou negativa. A agressão está totalmente vinculada à ansiedade, diz Luciana, porque ela é uma expressão do domínio dos instintos. O acompanhamento de um técnico que auxilie no treinamento, em todas suas fases, é crucial para manter um objetivo claro e saber das etapas que serão enfrentadas. 

Como aproveitar o estado de alerta

A ansiedade coloca mais energia à disposição do corpo. Mesmo que você não seja um atleta, esses momentos de angústia podem servir de incentivo para sair de casa e fazer exercício. No caso dos atletas, reconheça que os dias que antecedem uma grande competição não iguais aos demais. Uma final de Copa do Mundo vale mais do que um amistoso. Nesses momentos, treinadores podem usar o estado emocional aguçado do atleta para reforçar sentimentos positivos relacionados à vitória – clubes de futebol costumam mostrar vídeos motivacionais com imagens de familiares antes da grande final. A atenção extra ajuda a repassar táticas. 

Como evitar que ela atrapalhe

Se você estiver ansioso com algo, você corre o risco de perder a cabeça com os companheiro do futebol semanal. Não é por acaso que técnicos costumam proibir entrevistas antes das grandes partidas. Com os sentimentos à flor da pele, o jogador pode se atrapalhar nas palavras e fornecer munição para o adversário. Também cabe ao preparador físico preparar o atleta para evitar que ele gaste muita energia nos minutos iniciais da competição, vitimado pela ansiedade excessiva, prejudicando o desempenho ao longo da disputa.

Fonte: Revista Galileu

Saúde pública e suicídio: Desemprego, separação conjugal e falta de expectativas são fatores de risco

No Brasil há em média 24 suicídios por dia, o equivalente a 9 mil mortes por ano. Uma estatística alta, já que a aids, por exemplo, é causa de pouco mais de 10 mil óbitos. Ao contrário do que ocorre na maioria dos países, o número de suicídios juvenis supera o de adultos, segundo o relatório Mapa da violência/2011, elaborado pelo Instituto Sangari e pelo Ministério da Justiça; e os índices cresceram 17% nos últimos dez anos. 
Apesar dos dados, o país não investe em estratégias de prevenção. “Não há campanhas veiculadas na televisão, como as que alertam sobre a transmissão de doenças. O assunto é tido como tabu, e quando uma pessoa é encaminhada ao sistema de saúde público por tentativa de suicídio ela é liberada após se recuperar. Um em cada quatro pacientes tenta se matar outra vez em menos de um ano”, diz o psiquiatra Antônio Geraldo da Silva, presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), ressaltando que, entre a população indígena, há 20 suicídios para cada 100 mil mortes, o equivalente a quatro vezes a média nacional. 
Os altos índices de suicídio entre a população economicamente ativa podem ter impactos sociais a longo prazo. Para cada suicídio, cinco a dez pessoas, entre parentes, vizinhos e colegas de trabalho, desenvolvem transtorno de estresse pós-traumático (TEPT), o que gera afastamento do trabalho e gastos com medicamentos e favorece os fatores de risco para o comportamento suicida. Suécia, Estados Unidos, Irlanda e Japão, por exemplo, consideram o comportamento suicida urgência médica. No país escandinavo, as mortes foram reduzidas em 39,5% nas últimas duas décadas graças a estratégias como tratamento de pessoas diagnosticadas com depressão e dependentes de álcool, restrição ao acesso dos métodos mais comuns de suicídio, como pesticidas, e, no caso de tentativa, acompanhamento de psicólogos e assistentes sociais por meio de telefonemas e visitas domiciliares. 
Os sintomas de risco de suicídio se confundem com os de transtornos de humor. A comorbidade é de mais de 90%. Segundo Silva, o principal indício é uma primeira tentativa. “Ela geralmente é precedida de outros comportamentos autolesivos e da expressão de pensamentos suicidas”, diz. Estes costumam ser fatores de risco, que podem tomar maiores proporções em caso de desemprego, separação conjugal e anomia (estado de falta de objetivos e expectativas). Pesquisadores do Laboratório de Saúde Mental e Medicina da Universidade Estadual de Campinas (LSMM-Unicamp), em parceria com o Ministério da Saúde, elaboraram uma cartilha de prevenção direcionada a profissionais da saúde mental, disponível no endereço http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/manual_editoracao.pdf.

Fonte: Revista Mente e Cérebro 

SAÚDE MENTAL EM DADOS 2012



segunda-feira, 26 de março de 2012

O prazer da descoberta das bancas digitais: o iba, a primeira loja on-line a vender livros, jornais e revistas, é porta de entrada de um belo momento — o da convivência saudável e duradoura do eletrônico com o impresso

Iba, ou ibá, em língua tupi-guarani, significa fruto, fruta ou frutífera — iba, em letras minúsculas, é o nome da primeira loja on-line brasileira a vender, em um mesmo espaço, livros, jornais e revistas. O portal (www.iba.com.br) será lançado na próxima terça-feira, 6 de março. A árvore inaugural é frondosa: 6 000 livros eletrônicos de 170 editoras, dezessete dos mais reputados jornais do país e 25 revistas digitais. Os conteúdos baixados poderão ser lidos em tablets — tanto no iPad como nos modelos alimentados pelo sistema operacional Android — e em PCs. Versões para Mac surgirão no segundo semestre. O iba é uma empresa da Abril Mídia, da qual faz parte a Editora Abril, que publica VEJA. "É uma banca digital completa, fácil de usar, com acesso a todas as plataformas", diz Ricardo Garrido, diretor de operações do iba. "Cumpre uma de nossas missões, a de oferecer variedade de conteúdo e a melhor experiência de leitura no meio digital."
Já existem outros bem-sucedidos negócios de venda de publicações eletrônicas no Brasil, como a Gato Sabido (mais de 7 000 títulos) e a Saraiva (6 000) — mas a oferta é restrita a livros. O iba é pioneiro ao negociar revistas e jornais e lidar com toda a cadeia comercial. Do ponto de vista dos leitores, oferece, além da facilidade de reunir tudo em uma única página, de modo amigável, a possibilidade de comprar a assinatura dos periódicos (inclusive os impressos) e um serviço de atendimento por telefone com sessenta pessoas para eventuais problemas. Do ponto de vista dos editores, permite acesso a todo o cadastro do comprador, facilitando futuros contatos. Nesse aspecto, é uma saída para as amarras da Apple. Em seus serviços de venda de publicações, a empresa criada por Steve Jobs cobra uma comissão de 30% dos editores — o iba também cobrará, em proporções diferentes para cada tipo de produto —, mas fica com os dados da transação. O iba, ao contrário, abrirá a carteira de informações dos assinantes de jornais e revistas aos editores. Jobs teve homéricas brigas com executivos da Time Warner, quando lançou o iPad, porque exigiu guardar o e-mail, o telefone e o número do cartão de crédito — e as assinaturas, no final das contas, ficam com a Apple, e não com quem as oferece. O iba rompe essa relação, insatisfatória. 

A ideia do iba surgiu em decorrência de um duplo movimento: o da expansão do parque de tablets no Brasil e o da expectativa de melhora da qualidade e alcance da banda larga. Há no país, hoje, 600 000 tablets — dentro de cinco anos, serão 9 milhões (por enquanto, 95% deles são iPads). A banda larga — embora cara e lenta — tem vasto caminho de crescimento. Hoje, um brasileiro leva pelo menos três horas para baixar um filme com qualidade de DVD — nos Estados Unidos, são necessários menos de quarenta minutos. Por aqui, o custo de 1 megabit por segundo é de 47 dólares — contra 15 dólares nos Estados Unidos. Mas não será sempre assim, por exigência dos consumidores. Esse cenário favorável permitiu o pioneirismo do iba e atrai a Amazon. A empresa americana de Jeff Bezos, criadora do Kindle, chega ao Brasil no início do segundo semestre. Antes, contudo, terá de superar alguns obstáculos. O principal será vencer a queda de braço com as editoras, insatisfeitas com os descontos do preço de capa dos livros, de até 70% nos Estados Unidos. No caso do iba, em vez da imposição, valerão o bom-senso de respeitar os valores indicados pelas editoras e, naturalmente, o cuidado de vender publicações a preços de mercado. Ganham, portanto, as duas pontas — a de quem compra, em primeiro lugar, e a de quem vende.


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Fonte: Revista VEJA

Estresse infantil: agenda cheia, reprovação dos pais, conflitos na escola. Pesquisas na área de neurociência e comportamento mostram como a exposição a fatores estressantes compromete o desenvolvimento das crianças e o que fazer para evitar danos futuros

Natação, inglês, equitação, tênis, futebol. É cada vez mais comum encontrar crianças que mal saíram da pré-escola e já cumprem agendas de “miniexecutivo”, com compromissos que se estendem ao longo do dia. A intenção dos pais ao submeter os filhos a essas rotinas é torná-los adultos superpreparados para o competitivo mundo moderno. O preço que se paga por tanto esforço, porém, pode ser alto. Ainda pequenas, essas crianças passam a apresentar um problema de gente grande, o estresse. “É uma troca que não vale a pena”, afirma o psicoterapeuta João Figueiró, um dos fundadores do Instituto Zero a Seis, instituição especializada na atenção à primeira infância. “Frequentemente essa rotina impõe à criança um sentimento de incompetência, pois lhe são atribuídas tarefas para as quais ela não está neurologicamente capacitada.” Como uma bomba-relógio prestes a explodir, o estresse infantil tem ganhado status de problema de saúde pública. Nos Estados Unidos, por exemplo, a Academia Americana de Pediatria publicou, em dezembro, novas diretrizes para ajudar os médicos a identificar e tratar esse mal. O risco dessa exposição, alertam os cientistas, são danos que vão bem além da infância, como a propensão a doenças coronarianas, diabetes, uso de drogas e depressão. 
Dos poucos estudos brasileiros sobre estresse infantil, se destaca um levantamento realizado pela pesquisadora Ana Maria Rossi, presidente da International Stress Management Association no Brasil (Isma-BR). A pesquisa, feita com 220 crianças entre 7 e 12 anos nas cidades de Porto Alegre e São Paulo, revelou que oito a cada dez casos em que os pais buscam ajuda profissional para seus filhos por causa de alterações de comportamento têm sua origem no estresse. “O estresse é uma reação natural do nosso corpo, o problema é esse estímulo atingir níveis muitos altos ou se prolongar por longos períodos”, diz Ana Maria.
Para ajudar pais e profissionais de saúde a identificar quando há risco, cientistas do Centro de Desenvolvimento da Criança da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, propuseram uma divisão: o estresse positivo, aquele em que há pouca elevação dos hormônios e por pouco tempo; o tolerável, caracterizado pela reação temporária e que pode ser contornada quando a criança recebe ajuda; e o tóxico, o que deve ser combatido, ligado à estimulação prolongada do organismo, sem que a criança tenha alguém que a ajude a lidar com a situação. “A origem pode estar em episódios corriqueiros que gerem frustração ou aflição frequentemente, como brigas na escola ou com familiares, ou em situações únicas, mas com impacto muito grande, como a morte inesperada de alguém próximo, abuso sexual ou acidente”, esclarece Christian Kristensen, coordenador do programa de pós-graduação em psicologia da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS). Quando exposto a quantidades muito grandes dos hormônios do estresse, o organismo sofre uma espécie de intoxicação. Cai a imunidade, deixando a pessoa mais exposta a infecções, há uma interferência nos hormônios do crescimento e até mesmo o amadurecimento de partes essenciais do cérebro, como o córtex pré-frontal, é afetado. “Essa região é responsável pelo controle das funções cognitivas, como a capacidade de moderar a impulsividade e a tomada de decisões”, explica o neurocientista Antônio Pereira, do Instituto do Cérebro da Universidade Federal do Rio Grande do Norte.


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Fonte: Revista Istoé

Pessoas que moram sozinhas sofrem mais de depressão: fatores socioeconômicos e psicossociais, como baixa renda e dificuldades no trabalho, podem elevar ainda mais o risco de desenvolver a doença

Pessoas que moram sozinhas têm até 80% mais chances de sofrer de depressão comparadas a quem vive com uma ou mais pessoas, concluiu um novo estudo publicado nesta sexta-feira no periódico BMC Public Health. A pesquisa, que foi desenvolvida no Instituto Finlandês de Saúde Ocupacional, observou que essa relação vale tanto para homens quanto para mulheres.
Nesse estudo, os pesquisadores selecionaram 3.471 homens e mulheres com idade média de 44 anos que haviam participado de um levantamento nacional de saúde em 2000. A equipe acompanhou os participantes durante oito anos, analisando se eles moravam sozinhos ou não, como era o ambiente profissional e familiar de cada um, além de aspectos socioeconômicos, de saúde e psicológicos. Também foi observado o uso de medicamentos antidepressivos por esses indivíduos durante o período.

Resultados — Homens e mulheres que moravam sozinhos tiveram até 80% mais chances de ter depressão do que aqueles que viviam com uma ou mais pessoas, que poderiam ser tanto familiares quanto amigos ou outros. A incidência do problema foi medida pelos pesquisadores por meio da quantidade de participantes que fizeram uso de antidepressivos.
Entre as mulheres, esse risco aumentou principalmente graças a fatores socioeconômicos. Aquelas que moravam sozinhas tinham ainda mais probabilidade de sofrer de depressão se também tivessem baixa renda ou baixos níveis de escolaridade. No entanto, para os homens, os fatores que mais contribuíram para o aparecimento de sintomas depressivos entre os que viviam sozinhos foram os psicossociais, como stress no trabalho, dificuldades de relacionamento e alcoolismo.
Segundo os autores do estudo, essa pesquisa identificou alguns dos fatores que aumentam o risco de depressão em pessoas que vivem sozinhas, mas ainda não se sabe tudo o que pode causar o problema. Os pesquisadores sugerem que mais estudos devem ser feitos para que o risco em pessoas que vivem sozinhas seja melhor compreendido. Assim, medidas de prevenção poderão ser tomadas com maior precisão.
Brasileiros — O número de pessoas que vivem sozinhas está aumentando no Brasil. De acordo com os Indicadores Sociais Municipais do Censo Demográfico 2010, divulgado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), as residências com apenas um morador aumentaram de 8,6% para 12,1% em dez anos. Essa mudança ocorreu principalmente em grandes cidades onde o envelhecimento da população também cresceu, como no Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul.

Fonte: Revista VEJA


sexta-feira, 23 de março de 2012

Conselho de Psicologia questiona as 'comunidades terapêuticas'

Nos últimos meses, o crack ocupou as páginas dos principais jornais do país, assim como as notícias das ações, algumas bastante polêmicas, realizadas pelos governantes para combater o uso da droga, como a internação compulsória de usuários do crack e as ações policiais nas chamadas ‘cracolândias'. Com os holofotes da imprensa sobre o assunto, no final de 2012, o Ministério da Saúde lançou o Plano Integrado de Enfrentamento ao Crack e Outras Drogas, com o slogan 'Crack, é Possível Vencer'. Bem antes do lançamento do plano, já no discurso de posse, a presidente Dilma prometeu que esta seria uma das prioridades de sua gestão. O 'Crack, é Possível Vencer' prevê medidas em três eixos de atuação - cuidado, autoridade e prevenção - e mantém a possibilidade de convênio com as chamadas comunidades terapêuticas, um dos pontos mais criticados do programa.

Segundo o Ministério da Saúde (MS), o plano investirá R$ 4 bilhões no "enfrentamento" à droga. No eixo cuidado, está prevista a reformulação da 'Rede Conte com a Gente', que inclui estruturas já existentes e outras novas para atender aos usuários, como as enfermarias especializadas dentro de hospitais públicos. Também serão criadas Unidades de Acolhimento, que, segundo o MS, funcionarão como moradias temporárias nas quais os usuários de crack receberão cuidados clínicos. Além disso, serão potencializados os já existentes 'consultórios de rua' - equipes multiprofissionais que abordam usuários de drogas nos locais de consumo - e os Centros de Atenção Psicossocial especializados em usuários de Álcool e Drogas (Caps AD). De acordo com o Ministério da Saúde, as comunidades terapêuticas, coordenadas por entidades sem fins lucrativos, também poderão fazer parte da 'Rede Conte com a Gente'.
O reconhecimento dessas instituições como possíveis espaços de tratamento aos usuários de crack foi o que gerou mais críticas ao plano. O papel de recuperação e cuidado que as chamadas comunidades terapêuticas e outras instituições de internação cumprem para os usuários não apenas de crack, mas também de outras drogas, é bastante controverso. Pouco antes do lançamento oficial do programa, o Conselho Federal de Psicologia (CFP) entregou ao Ministério da Saúde o Relatório da "4ª Inspeção Nacional de Direitos Humanos: locais de internação para usuários de drogas" (leia aqui) contendo várias denúncias de irregularidades encontradas pelo Conselho em alguns desses espaços, como utilização de mão de obra não remunerada, preconceito por orientação sexual e religiosa, violação de privacidade, torturas psicológicas, falta de acesso a atendimento médico e à rede de educação.
Inspeções
A Comissão de Direitos Humanos do CFP inspecionou 68 unidades em 24 estados e no Distrito Federal. O relatório foi entregue ao Ministério da Saúde e ao Ministério Público, e também apresentado na 14ª Conferência Nacional de Saúde, que aprovou uma moção de repúdio ao financiamento do governo federal à comunidades terapêuticas. Por meio de sua assessoria de imprensa, o Ministério da Saúde confirmou que o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, recebeu o relatório em audiência com representantes do CFP. Questionado sobre que providências foram tomadas em relação às denúncias, o Ministério reforçou que as instituições denunciadas no relatório não recebem recursos do Sistema Único de Saúde (SUS) e respondeu apenas que "quem fiscaliza [as comunidades terapêuticas] são as unidades das vigilâncias sanitárias locais, de acordo com os critérios estabelecidos pela Anvisa". Sobre os critérios para que instituições desse tipo sejam conveniadas ao SUS, a assessoria disse que "a partir do novo programa 'Crack, é Possível Vencer', elas terão que aderir ao plano por meio de projetos que precisam atender às exigências técnicas necessárias".
O professor-pesquisador da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio/Fiocruz, Marco Aurélio Soares, explica que as chamadas comunidades terapêuticas que existem atualmente, a maior parte delas criadas por entidades religiosas, não têm nenhuma relação com o conceito original. "O que existe no Brasil nem se aproxima da ideia verdadeira de comunidades terapêuticas, que foram pensadas pelo psiquiatra inglês Maxwell Jones como espaços democráticos, onde as pessoas ficam se quiserem, participam de assembléias, etc", observa Marco Aurélio, que também coordena na EPSJV/Fiocruz o Curso de Atualização Profissional em Atenção ao uso prejudicial de Álcool e outras Drogas, destinado a profissionais de saúde.
Drogas como uma questão de saúde pública
O coordenador de Saúde Mental do Ministério da Saúde, Roberto Tykanori, explica a partir de quais diretrizes a política de enfrentamento ao crack do governo federal está sendo criada. "Como se trata hoje de um tema bastante polêmico, é fundamental, do ponto de vista ético-político, nos atermos àquilo que a Constituição nos garante. O artigo 5º é uma referência fundamental no que tange a qualquer ação na área da educação, da saúde, da justiça ou da polícia. Em situações polêmicas ou extremadas, há uma tendência a querer suprimir ou fazer vista grossa em relação à garantia dos direitos individuais", diz. Tykanori acrescenta que do ponto de vista técnico, o Ministério fez uma projeção do tamanho do problema com o crack, embora existam poucas informações já disponíveis. "As informações que temos não são muito consistentes, então, trabalhamos com números projetados, estatísticas de outros países e dados da Organização Mundial da Saúde (OMS). O princípio orientador da política de crack é que as pessoas vão depender de vários tipos de abordagem dependendo da situação como se encontram, então, adequaremos a oferta à variedade de necessidades. Esse principio é o que organiza hoje a rede de atenção aos usuários de crack e outras drogas", complementa.


Fonte: Revista Caros Amigos 

Arquivos completos de Albert Einstein estão disponíveis na internet pela primeira vez

Se você sempre quis saber como trabalhava um dos maiores cientistas de todos os tempos, agora ficou fácil: os arquivos completos de Albert Einstein estão disponíveis online pela primeira vez na Universidade Hebraica de Jerusalém. O projeto “The Collected Papers of Albert Einstein” reuniu mais de 80 mil arquivos, que estão divididos em cinco categorias: vida pessoal, ciência, trabalho como co-fundador da Universidade Hebraica, vida pública e relacionamento com o povo judeu.
A galeria online tem recursos interativos e os usuários podem navegar pelos diferentes itens das categorias. Na seção de vida pessoal, por exemplo, é possível visualizar o diploma de Einstein do Ensino Médio, um diário de viagem do cientista pelos Estados Unidos e um cartão postal que ele escreveu para sua mãe. A Universidade Hebraica e o Instituto de Tecnologia da Califórnia (CalTech) começaram a digitalizar os arquivos de Einstein há alguns anos.
De acordo com Dalia Mendelsson, gerente do “The Collected Papers of Albert Einstein”, a interatividade é o coração do projeto. “Com isso, o conteúdo dos arquivos pode ser explorado através de uma interface amigável, feita especialmente para este propósito”, disse. A melhor parte é que você pode usar o zoom para ver detalhes dos documentos históricos e ver bem de perto os traços da personalidade e da carreira de Einstein. Isso se você souber falar alemão, é claro.
O site com os arquivos foi lançado no dia 14 de março deste ano, data em que Einstein comemoraria 133 anos se estivesse vivo.

Fonte: Revista Superinteressante

Cada um envelhece de um jeito: o declínio cognitivo não é uma sentença sobre a terceira idade. A perda da agilidade mental depende da complexa interação entre genética, personalidade e ambiente.

Luísa M., de 70 anos, acabou de comprar uma televisão. Pouco antes do início de seu programa preferido, ela tenta ligar o aparelho. Confunde-se um pouco com a quantidade de botões no controle remoto, e os comandos desaparecem da tela antes que possa lê-los. Recorre ao manual de instruções, mas as informações logo desaparecem de sua mente, e ela não consegue executá-las. Faltam poucos minutos para o programa começar quando ela decide pedir ajuda à sua vizinha, Margarida R., que, apesar de três anos mais velha, compreende rapidamente as orientações do manual e liga a TV. Só então Luísa se dá conta de que tem tido lapsos de memória cada vez mais frequentes. E já não consegue fazer duas coisas ao mesmo tempo, ainda que sejam muito simples – por mais de uma vez colocou a água do café para ferver e esqueceu a panela no fogo. Acredita que seu problema seja “a idade”, mas se pergunta por que Margarida não enfrenta as mesmas dificuldades. Seu questionamento também tem intrigado cientistas. Até o início desta década, as pesquisas sobre as bases psicofisiológicas da memória de trabalho (ou de curto prazo, que é limitada e permite o armazenamento temporário de informações) e outras funções cognitivas compararam a atividade cerebral de jovens e idosos.

Os resultados retratam o desempenho médio grupal do cérebro maduro, sem considerar diferenças individuais, o que não esclarece se eventuais sinais de declínio cognitivo são realmente consequência da idade ou se as pessoas que participaram dos estudos apresentaram baixo rendimento ao longo de toda a vida. Apenas recentemente os estudos passaram a focar variáveis como genética, personalidade e qualidade de vida. E vários deles sugerem que elas são decisivas no processo de envelhecimento neural. Os procedimentos de neuroimagem, realizados por ressonância magnética funcional (IRMf), permitem distinguir quais regiões do cérebro são mais ativadas durante processos de resolução de problemas. Esse método registra as alterações que ocorrem no fluxo sanguíneo neural. Por meio delas é possível reconhecer as redes que entram em funcionamento de acordo com o tipo e o grau de dificuldade do exercício que a pessoa resolve no momento do teste. Em um estudo desenvolvido em 2009, nossa equipe de trabalho, no Instituto Max Planck, em Berlim, conseguiu relacionar, utilizando a IRMf, a capacidade de rendimento individual de pessoas na terceira idade com sinais de ativação cerebral. Em um dos experimentos, os participantes – 30 deles com 20 anos, em média, e outros 30 com mais de 60 – tiveram de solucionar exercícios que os obrigavam a utilizar a memória espacial. Os voluntários deveriam lembrar a posição de pontos que apareciam, por breves momentos, em uma tela, enquanto estavam dentro do tubo de ressonância. Em algumas ocasiões aparecia um ponto isolado; às vezes, três ou até sete pontos dispersos. Quando esses sinais desapareciam, imediatamente surgia uma cruz; logo depois, outros pontos. Os participantes deveriam reconhecer, portanto, se os pontos mostrados na última exibição estavam na mesma posição da imagem anterior.
No cérebro dos mais jovens, a imagem composta de sete pontos ativava, com maior intensidade, o lóbulo frontal do córtex e o córtex parietal posterior (área com função destinada a memórias de longo prazo). Faz sentido, já que geralmente os testes complexos exigem esforço cognitivo mais intenso. No caso de pessoas com mais de 60 anos, porém, esse ajuste de ativação não funcionou. Especialmente os mais idosos com menor rendimento apresentaram pouco aumento de ativação do cérebro durante as tarefas mais complexas; em alguns casos, essa reação diminuiu – foi constatado que o ajuste inadequado do processo de ativação das regiões cerebrais coincidia com o menor rendimento. Algo semelhante ocorre com a estabilidade momentânea do funcionamento neural, como foi demonstrado pelos psicólogos da equipe de Brian Knutsen, da Universidade Stanford, em 2010. Eles pediram que 54 adultos, entre 21 e 85 anos, escolhessem um investimento financeiro – fundo de renda fixa ou ações. Essa decisão traria lucros ou prejuízos, de acordo com probabilidades preestabelecidas. Os cientistas observaram, principalmente, como os avaliados fugiam das decisões típicas de um investidor racional, ou seja, optar por ações de risco somente quando os acontecimentos anteriores asseguravam que valia a pena. Exames de imagem comprovaram que a ativação do cérebro mostrava picos curtos de atividades nos adeptos do risco. Entre outras regiões, aumentava a recompensa do cérebro médio, sobretudo no miolo central. Em pessoas mais velhas, a variação da atividade neural nessa área foi mais ampla e apresentou maiores índices de erro. Os pesquisadores concluíram que os voluntários de maior idade tinham mais propensão a correr riscos desnecessários. A capacidade defasada da memória de trabalho e a dificuldade de avaliar as opções parecem, portanto, associadas a déficits do processamento neural. Ainda assim, alguns idosos – os que detinham maiores recursos intelectuais – obtiveram bons resultados, chegando a um padrão semelhante ao de um indivíduo jovem. Como isso é possível?
A distribuição da atividade neural depende de vários aspectos: a densidade da massa cinzenta e do córtex cerebral, as conexões das áreas cerebrais (massa branca) e a disponibilidade de neurotransmissores. Entretanto, muitas pesquisas indicam que essas características mudam com a idade, o que parece justificar as diferenças na capacidade intelectual. O momento em que os processos de envelhecimento cerebral aparecem e a velocidade com a qual avançam dependem de fatores genéticos, entre outros. Isso foi comprovado no caso da dopamina, neurotransmissor responsável por inúmeras funções cognitivas complexas. Uma enzima de nome complicado, catecoloximetiltransferase (COMT), regula a quantidade de dopamina no cérebro. Ela se encarrega de bloquear transmissores específicos para os receptores que se encontram unidos às células nervosas; isso significa que, quanto maior a quantidade de COMT, maior a inibição de dopamina. Cada gene que contém instruções para a síntese da enzima COMT tem variants (polimorfismos), podendo se expressar na forma Val (mais rápida) ou Met (mais lenta). Quando os pares cromossômicos são combinados, de cada um deles derivam quatro genótipos: existem pessoas com Met/Met, outras que misturam Val/Met ou Met/Val e as que possuem Val/Val. O primeiro grupo dispõe de maior quantidade de dopamina; assim menos neurônios se degradam em razão de menor disponibilidade de dopamina. Na prática, parece que a presença dessa substância mantém o cérebro jovem por mais tempo. Métodos modernos conseguem comprovar o genótipo de diversos grupos de pessoas e relacioná-los aos resultados de sua capacidade cognitiva. Assim aconteceu em 2008: solicitou-se que jovens e idosos resolvessem um exercício semelhante ao de memória espacial, descrito anteriormente. Foi encontrado o genótipo correspondente à enzima COMT em cada participante por meio de testes de DNA, e posteriormente comparados os valores. Os mais velhos alcançaram pontuações diferentes, dependendo da disponibilidade de dopamina identificada: quanto maior a presença da substância, melhor o rendimento. Com os jovens foi diferente. Um fator genético que apenas desempenha função relevante na juventude pode exercer influência na velhice? Na verdade, duas reações simultâneas se misturam nesse caso. Com o passar dos anos, a quantidade de dopamina no cérebro diminui. Aqueles que apresentam menor quantidade.

Com o passar do tempo, a influência genética é decisiva apenas em certa medida; escolhas e estilo de vida também são fundamentais da substância (por causa do genótipo COMT) podem mostrar, como consequência, deficits cognitivos. Não significa que a quantidade de genes varie ao longo dos anos, e sim que as diferenças genéticas ganham peso com as mudanças proporcionadas pela idade. Foram encontrados fenômenos semelhantes em outros genes que influenciam a capacidade mental. Assim, o fator neurotrófico derivado do cérebro (BDNF, na sigla em inglês) está envolvido na aprendizagem e na formação da memória. Destaca-se aí a extraordinária dinâmica da influência genética, que parece desvendar, cada vez mais, a diferença de desempenho cognitivo com o avanço da idade.
Por outro lado, sabe-se que o estresse é um dos grandes responsáveis pelo envelhecimento crônico. Ainda assim, vale lembrar que muitas vezes aquilo que um indivíduo considera um fardo pode não ser um problema para os outros. Um fator que aumenta a propensão ao estresse é a instabilidade emocional. Segundo constatações de pesquisadores da Universidade Rush, de Chicago, pessoas com alta pontuação nesse traço de personalidade sofreram maior declínio cognitivo na velhice. Já os mais equilibrados, que se abatem menos por circunstâncias externas e conseguem manter a lucidez e o otimismo mesmo em situações difíceis, costumam ter mais chances de envelhecer com saúde. Reconhecer características individuais é importante, tanto no aspecto intellectual quanto no que diz respeito a emoções e motivação dos idosos. Entretanto, os fatores que realmente podemos controlar no caminho do amadurecimento ainda são uma incógnita. De qualquer forma, já sabemos que é possível interferir positivamente no processo de envelhecimento: um estilo de vida saudável e estimulante – que combine atividades físicas e cognitivas – é uma boa garantia para a manutenção do intelecto. O melhor de tudo é que muitos ainda descobrem que participar de aulas de dança ou fazer trabalho voluntário, por exemplo, pode ser muito divertido.

Fonte: Revista Mente e Cérebro 

quarta-feira, 21 de março de 2012

A Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão em parceria com o Conselho Federal de Psicologia lança a cartilha “Direito a Saúde Mental”

Para que se cumpra o direito a saúde mental é indispensável que os gestores públicos, em seus programas e planos de governo, contemplem as ações, equipamentos e serviços necessários à prestação de assistência às pessoas com transtornos mentais.
O atendimento a esse grupo – e também aos dependentes de álcool e outras drogas – deve ocorrer na rede do Sistema Único de Saúde, em regime de cooperação e descentralização com as secretarias de saúde dos estados e municípios.
A Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão (PFDC) em parceria com o Conselho Federal de Psicologia (CFP) produziu a cartilha “Direito a Saúde Mental”, destinada aos usuários, a seus familiares e a toda comunidade em geral.


Fonte: Observatório de Saúde Mental e Direitos Humanos 

Planos de saúde viram novo SUS

Aproximadamente 2,4 milhões de pessoas vivem em Belo Horizonte e mais da metade dessa população, 54%, leva no bolso a carteirinha colorida do plano de saúde, senha para ter acesso ao atendimento em hospitais e consultórios médicos particulares. Desde a regulamentação dos planos em 1998, é a primeira vez que na capital mineira o número de usuários dos convênios é maior que o percentual daqueles que só contam com o Sistema Único de Saúde (SUS). O sistema privado avançou com a precariedade do serviço público e cobre cerca de 25% da população brasileira, mas nas capitais esse percentual chega a ser três vezes maior. Os desafios cresceram junto com a corrida rumo ao novo sonho de consumo: o plano de saúde.
No Sudeste, mais de 50% da população do Rio de Janeiro e Vitória também são atendidos pelos convênios. Em Porto Alegre, a cobertura SUS versus planos privados já é quase meio a meio. O crescimento da classe C, acompanhado de planos que ofertam produtos com prestações de baixo valor, é uma das alavancas do sistema. Mas o avanço foi empurrado sobretudo pelo mercado de trabalho. Com uma das menores taxas de desemprego, 5,1% em janeiro, contra 9,5% do país no mesmo período, o número de usuários nos planos de Belo Horizonte cresceu 72% desde 2003, segunda maior taxa de crescimento do Sudeste, depois de Vitória.
O surpreendente crescimento da saúde privada que especialmente nas capitais do Sul e do Sudeste fazem com que os planos se tornem maior que o sistema público trouxe também gargalos. Os hospitais não são capazes de atender a demanda e foi preciso a agência reguladora (ANS) publicar resolução obrigando os planos a atender em sete dias. Na Região Metropolitana de Belo Horizonte os usuários do sistema privado também cresceram, já somam 45% da população. A carência de atendimento do sistema é estimado em 1,5 mil leitos.
Mariana Laktin, designer de moda, conta que contratou um plano de saúde, modelo mais barato onde ela paga R$ 75 ao mês. Mas quando precisa de procedimentos médicos como exames ou de consultas, esse valor sobe. "Já paguei R$ 500 num só mês porque fiquei num hospital de um dia para o outro para fazer uma cirurgia exploratória. Não conheço o SUS, mas mesmo pagando plano de saúde, já fiquei horas esperando um atendimento médico que durou cinco minutos", comenta ela que tem críticas ao sistema brasileiro.
Só a Unimed-BH, maior plano de saúde de Belo Horizonte tem um milhão de usuários. No ano passado 80% das vendas foram de planos empresariais e coletivos (de associações de classe, por exemplo). Esse ano o plano cresceu 4% enquanto a média nacional do setor é de 2,2%. O diretor-presidente Helton de Freitas diz que agora a intenção é ampliar a rede credenciada para resolver o principal desafio dos planos que muito parecido com o SUS, é o atendimento. Para isso, segundo Freitas, a cooperativa médica vai investir R$ 500 milhões em cinco anos e expandir sua rede em toda área de atuação, contribuindo especialmente para crescer a oferta de leitos na RMBH. "Mais que crescer a venda de planos queremos garantir que o cliente será atendido", afirmou.
Expansão pressiona
a rede hospitalar
A rede hospitalar de prestadores de serviços que recebeu nos últimos anos milhares de novos usuários está sufocada pela demanda. Nos hospitais salas de observação são transformadas em quartos de internação para fazer frente aos pacientes que chegam sem parar. Para atender o crescimento dos planos, Virgílio Carneiro, presidente do Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Hospitalar (Ibdess), explica que o setor privado, que não estava preparado para o boom de crescimento, pretende abrir 2 mil leitos em Belo Horizonte nos próximos três anos. "São ao todo 20 projetos para a cidade", aponta Carneiro. Segundo ele, caso todos os planos de investimento saiam do papel serão injetados cerca de R$ 800 milhões na construção de novos hospitais e ampliação de leitos.
O especialista em políticas de planejamento da saúde, César Vieira, acredita que o inchaço das cidades e o sufoco de ações de consumidores dos planos no Judiciário é o alerta de que o país pode estar perdendo a hora de redesenhar seu sistema de saúde. "Um país que tem superposição de sistemas cria iniquidades. Injustiças com quem tem menor renda." Ele defende para o país modelo parecido com o holandês, onde o usuário é chamado a optar por um dos dois sistemas, devendo dizer onde quer ficar: no público ou privado. "O país precisa estabelecer essas regras. A função de cada um tem de ser melhor definida. Isso já ocorre também em países como Chile e Colômbia."
Para o especialista, que durante 29 anos fez parte da Organização Pan Americana de Saúde, em Washington, a existência sem regras claras dos dois modelos responde aos conflitos do sistema. "Não existe país sério que não tenha definição clara de seus modelos." Segundo ele, a separação resolve questões polêmicas como a devolução de recursos ao SUS.
Remédios ão subir té 5,85%
Brasília – Os preços dos medicamentos mais vendidos no país poderão subir até 5,85% a partir de 1º de abril. Ao todo, 13.782 remédios vão sofrer reajustes. Desses, segundo o Ministério da Saúde, 12.499 poderão ter o aumento maior. E para 1.283 está prevista alta de até 2,8%. O percentual máximo, permitido pela Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED), tem como base a inflação oficial entre fevereiro de 2011 e este mês.
Quanto maior a presença dos genéricos na rentabilidade das empresas, maior será o reajuste. Se a participação dos genéricos no faturamento for igual ou superior a 20%, caso dos medicamentos chamados de nível 1 (para gastrite, úlcera e antibióticos), o reajuste é de 5,85%. Se o ganho estiver entre 15% e 19%, nível 2, a droga não poderá subir mais de 2,8% (anestésico local e antipsicótico). E categorias com participação de genéricos abaixo de 15% (déficit de atenção, psoríase e antirretrovial), nível 3, poderão ter o preço reduzido em 0,25%. Mais de 8.400 remédios estão nesse caso.
A resolução, publicada ontem no Diário Oficial da União, causou polêmica. Ivo Bucaresky, secretário-executivo da CMED, afirmou que o impacto no bolso do consumidor vai depender da indústria e do varejo. "Este é um valor de referência (limite máximo para laboratórios, farmácias e drogarias), não precisa ser efetivamente praticado", garantiu. Bucaresky ressaltou também que a medida vai representar significativa economia para os cofres públicos. A maioria dos produtos comprados pelo governo está enquadrada na queda de 0,25%. Atualmente são gastos cerca de R$ 10 bilhões na compra de vacinas e medicamentos (incluindo oncológicos e antirretrovirais).
Apenas 48% dos medicamentos de baixa concorrência, e não os mais vendidos, terão o preço reduzido, segundo o Sindicato da Indústria de Produtos Farmacêuticos no Estado de São Paulo (Sindusfarma). Apesar do crescimento de 14% da indústria farmacêutica em 2011, com receita anual de R$ 43 bilhões, Nelson Mussolini, vice-presidente-executivo do Sindusfarma, explicou que o governo confunde rentabilidade com aumento de vendas. Ele reclamou da pesada carga tributária, a maior do mundo, que onera o produto. Em cada remédio, o cidadão paga 33,9% em impostos, enquanto a média mundial é de 6%.

Fonte: Associação Brasileira de Psiquiatria

Disponível em:<http://abp.org.br/2011/medicos/imprensa/clipping-2>. Acesso em: 21 mar. 2012.




Número de crianças diagnosticadas com TDAH aumentou 66% em dez anos: de acordo com levantamento, 10,4 milhões de jovens até 18 anos receberam o diagnóstico em 2010 no país

Um novo estudo sobre o transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) feito nos Estados Unidos mostrou que, no país, o número de crianças diagnosticadas com o problema aumentou 66% em dez anos. O levantamento, que foi feito pela Faculdade de Medicina Feiberg, da Universidade de Northwestern, nos Estados Unidos, também analisou outras mudanças que ocorreram entre os anos de 2000 e 2010 em relação ao diagnóstico e tratamento de TDAH. As conclusões da pesquisa foram publicadas na edição deste mês do periódico American Pediatrics.
Segundo o professor de pediatria e coordenador do estudo, Craig Garfield, o TDAH vem se tornando um diagnóstico cada vez mais comum entre crianças e adolescentes. “A magnitude da velocidade dessa mudança em uma década se deve, provavelmente, a uma maior consciência das pessoas em relação ao transtorno, o que pode ter levado os médicos a reconhecer mais facilmente os sintomas do problema”, diz.
No entanto, os pesquisadores afirmam que ainda não é possível definir como as várias e importantes mudanças que ocorreram em relação ao TDAH na última década - em relação a diagnóstico e tratamento - contribuíram para a melhor condução de soluções ao problema.
A pesquisa — O estudo americano, com base em dados do Índice de Saúde Nacional de Doença e Tratamento, um grande levantamento feito com médicos em 2010, buscou quantificar todos os diagnósticos de TDAH e os padrões de tratamento feitos em jovens menores de 18 anos. Ao todo, 10,4 milhões de crianças e adolescentes dessa faixa etária foram diagnosticadas com TDAH em atendimento médico ambulatorial nos Estados Unidos em 2010. Em 2000, esse número foi de 6,2 milhões.
Os pesquisadores também observaram que as drogas psicoestimulantes foram os medicamentos mais prescritos para os jovens com TDAH, embora seu uso tenha diminuído de dez anos para cá. A substância foi utilizada em 96% dos tratamentos para o transtorno em 2000, e em 87% em 2010. Segundo Garfield, não está claro o motivo que explique essa redução, já que não houve aumento do uso de outros medicamentos que podem substituir os psicoestimulantes.
Outra mudança em relação ao TDAH observada pelo estudo foi a de que, embora a maioria dos jovens nos Estados Unidos seja diagnosticada com o transtorno por médicos de cuidados primários, ou por clínicos gerais, houve um claro aumento de diagnósticos feitos por médicos especialistas, como psiquiatras. Em 2000, esses profissionais atenderam 24% dos pacientes com o transtorno e, em 2010, esse índice foi de 36%. “Recentemente, diversos avisos de saúde pública têm alertado sobre os possíveis efeitos colaterais dos medicamentos utilizados para tratar TDAH. Talvez por isso os clínicos gerais estejam deixando de tratar pacientes com o transtorno e encaminhando-os a especialistas”, afirma Garfield. 

Fonte: Revista VEJA

Pacientes esperam por leito psiquiátrico há dias em UBDS: quatro pessoas estão na unidade da Vila Virgínia e demora chega a 11 dias; banho e comida são principais dificuldades

Quatro pacientes, entre eles um adolescente de 15 anos, aguardam há pelo menos quatro dias por um leito psiquiátrico. Eles estão "internados" na UBDS da Vila Virgínia. Um deles estaria no local há 11 dias.
A operadora de caixa aposentada, Patrícia Aparecida Jesus Siane diz que faz tratamento no CAPs (Centro de Atenção Psicossocial) 2 e há uma semana começou a apresentar quadros de desmaio. Ela sofre de depressão. "Eu cheguei num ponto que preciso esperar. Mas não me disseram nem em qual lugar eu estou na lista de espera e nem quando vão me chamar", conta a paciente.
Segundo ela, a principal dificuldade em aguardar a vaga na UBDS é ficar sem comer e sem tomar banho. "O banheiro só tem água gelada, e a comida, teve dias que deram lanche. Hoje disseram que não vai ter nada, minha família mora longe e não pode vir trazer comida para mim", diz Patrícia.
A reportagem encontrou ela e o paciente Dinílio Petti Neto, 34 anos, comprando um salgado, em frente à UBDS. "Tem um colega lá na enfermaria que está esperando 11 dias por uma vaga", narra Dinílio.
O paciente diz que já tentou matar a esposa duas vezes. Em uma das crises, ele atacou um vizinho "Eu sou uma pessoa decente, mas preciso de ajuda", diz. O pedreiro diz que não faz uso de drogas, mas que ouve e vê coisas e fica agressivo. Por isso ele foi encaminhado para internação.
Ambos os pacientes já estavam com reavaliação com psiquiatras marcadas.
Espera pela UPA
O secretário da Saúde, Stênio Miranda, diz que a UPA (Unidade de Pronto Atendimento) da avenida 13 de Maio vai ajudar a minimizar este problema. "A unidade vai estar preparada para receber pacientes que vão poder ficar ali por um tempo mais prolongado e vamos ter condições de oferecer refeições", explica.
Segundo o secretário o objetivo é conseguir implantar ainda este ano um prontoatendimento para os casos de psiquiatria.
"Ainda não há um local definido, mas acredito que a UPA vá absorver grande parte dos atendimentos que superlotam as unidades e dessa forma vamos conseguir atender essa demanda", afirma o secretário.

Fonte: Associação Brasileira de Psiquiatria

Disponível em:<http://abp.org.br/2011/medicos/imprensa/clipping-2>. Acesso em: 21 mar. 2012.



Más condições de vida favorecem transtornos mentais, alerta pesquisa

A violência urbana e a falta de qualidade de vida favorecem o desenvolvimento de transtornos mentais na população, segundo a coordenadora do Núcleo Epidemiológico da Faculdade de Medicina da USP (Universidade de São Paulo), Laura Helena Andrade.
 Para a pesquisadora, esses fatores são responsáveis pela prevalência de problemas como a ansiedade, depressão e uso de drogas em cerca de 30% dos paulistanos.
O dado faz parte de uma pesquisa feita em consórcio com a OMS (Organização Mundial da Saúde) e a Universidade de Harvard, publicada em fevereiro.
REGIÕES POBRES
O estudo conseguiu identificar grupos mais vulneráveis a esses transtornos, como os migrantes que moram nas regiões pobres da cidade. "A gente vê que os homens migrantes que vão para essas regiões têm mais risco de desenvolver quadros ansiosos, do que os que migram para as regiões com melhor condição", ressaltou.
"As mulheres que vivem nessas regiões mais remotas, que são chefes de família, têm mais risco de quadros ansiosos e quadros de controle de impulso", completou.
As condições de vida dessa população fazem com que o Brasil tenha um número maior de afetados, cerca de 10%, do que outros países que participaram do estudo, além de uma ocorrência maior de casos moderados e graves.
"Em segundo lugar vem os Estados Unidos, com menos de 7%, e em outros países é menos de 5%", disse a pesquisadora.
Para Andrade, as doenças são indicativos dos problemas sociais enfrentados pela população da periferia da capital paulista.
"Essas pessoas que estão vindo para São Paulo, estão vindo para regiões mais violentas, estão mais expostas à violência. Então, acho que [elas] precisariam realmente ter políticas habitacionais. Tem que melhorar a qualidade de vida das pessoas. Melhorar a escolaridade, o ambiente onde elas vivem", declarou. 

Fonte: Folha de São Paulo