
O que é a Psicologia da Emergência?
Márcio Gagliato - Eu não acredito que exista uma definição e um consenso real sobre esse tema. A Psicologia da Emergência é um termo que deve buscar sempre sua construção, principalmente aqui no Brasil. É uma área que tem chamado muito a atenção e despertado a curiosidade das pessoas. Eu, particularmente, tenho uma postura muito crítica à atualidade de toda essa curiosidade, no sentido de que esta é uma área muito importante e que não comporta a popularidade desejada. Acredito que antes de pensarmos em um papel puramente assistencial, devemos pensar, de antemão, em uma postura preventiva. O papel de remediar deveria ser minimizado, a resposta à situação de emergência é importante, mas não deveria ser fundamental.
Haja vista que o fator preponderante, que vai afetar diretamente a resposta à situação de emergência, é a parte de prevenção e desenvolvimento de certa área. Por exemplo, você pode passar a vida inteira respondendo uma emergência de crise de seca no centro-sul da Somália, no Quênia ou no Nordeste do Brasil. Pode distribuir comida para o povo da região o tempo todo, quando, na verdade, a resposta mais eficiente seria uma visão de desenvolvimento daquela área, não uma visão de responder à emergência pontualmente. O nosso gasto de energia e de conhecimento deve ser na construção de algo efetivo, de uma solução que tenha impacto a longo prazo. Existe um efeito midiático muito grande em torno das emergências. O exemplo mais contraditório foi o ocorrido no desastre do Haiti. O que foi investido naquela região depois da emergência não foi investido durante 10, 20 anos de situação de calamidade concreta. Eu não vejo a Psicologia da Emergência como uma nova área de saber. Em minha opinião, é uma Psicologia do que é possível oferecer de ajuda humana naquela situação. Esta é uma Psicologia intersetorial, dentro da própria Psicologia. É uma prática de intervenções e que vai precisar trazer na sua bagagem a Psicologia Organizacional, a Psicologia Sócio-Histórica, a Psicologia Clínica, entre outras. O profissional precisa de todos esses aparatos para pensar e agir.
Leia entrevista completa: http://psiquecienciaevida.uol.com.br/ESPS/Edicoes/67/sos-ao-caos-da-humanidade-o-psicologo-marcio-gagliato-225191-1.asp
Fonte: Revista Psique
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