Na década de 40, um jovem casal orgulha-se do nascimento de seu primeiro filho. Um menino saudável que, pouco depois de completar 1 ano, é acometido por uma forte febre. Ele sobrevive, porém fica com sequela: uma deficiência mental desconhecida. O casal tem mais três bebês, que desenvolvem o mesmo problema. Por fim, nasce uma quinta filha, Bertita, surpreendentemente normal. Essa é a temática de A galinha degolada, montagem com base no conto do escritor uruguaio Horácio Quiroga. Além da questão explícita da deficiência, a história discute assuntos como culpa e dificuldade de lidar com o que nos parece diferente.
Pai e mãe vangloriam-se em segredo da aparente saúde mental de Bertita, considerada a prova de que “seu sangue e amor não são malditos”. Os filhos mais velhos, no entanto, são cuidados pela empregada, que os alimenta e banha de forma negligente. Têm dificuldade para se locomover e comunicam-se por meio de grunhidos. Passam os dias sentados de frente para um muro ladrilhado, apáticos, acompanhando a mudança de cores dos azulejos sob o sol. Na peça, eles são representados por bonecos de pano sem rosto, arrastados pelo palco para que sua visão não incomode os integrantes “normais” da família. Um dia, as crianças assistem à criada matar uma galinha. Ficam fascinadas pelo líquido vermelho que escorre do pescoço do animal e pela festividade dos pais em torno do alimento. Mas logo são enxotadas da cozinha e se acomodam diante do muro, porém o suplício da ave deixa impressões em sua mente. O impulso de repetir a cena resultará em um desfecho trágico.
Fonte: Revista Mente e Cérebro
Disponível em:<http://www2.uol.com.br/vivermente/noticias/incomoda_presenca_dos_-idiotas-.html>. Acesso em: 09 ago. 2011
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