O clichê "o mal, o bem e mais além" vem de discussões controversas acerca de exemplos dados para aquilo que constituiria os valores considerados de base (o bem e o mal) em nossa formação. Definições à parte, esses valores aprendidos na infância norteiam nossa educação e sentimentos, acabam sendo os pilares do repertório acessado diante de várias situações ao longo da vida. E os livros infantis têm grande importância nesse aprendizado.
"A Psicanálise afirma que os significados simbólicos dos contos maravilhosos [como essencialmente são os contos infantis] estão ligados aos eternos dilemas que o homem enfrenta ao longo de seu amadurecimento emocional", explica a especialista em literatura infantil, Cristiane Mandanêlo.
"Cada vez mais surgem evidências de que os sistemas de crenças produzem efeito decisivo sobre o funcionamento do ser humano, tanto psíquico quanto fisiológico, de modo que crenças que nos infundem esperança de vitória são de grande ajuda na superação de dificuldades, mesmo na vida adulta. Alguns autores vão mais além ao afirmar que se, por qualquer razão, uma criança for incapaz de imaginar seu futuro de modo otimista, ocorrerá uma parada no seu desenvolvimento geral. E trazer mensagens da vitória do bem sobre o mal é o que os contos de fadas fazem com maestria", ressalta, por sua vez, a psicóloga Mariuza Pregnolato.
Incentivar a leitura não seria, então, somente uma questão de formar leitores ou melhorar os índices educacionais, mas um primeiro passo para uma vida emocionalmente saudável, algo que os próprios escritores reconhecem, entre renomados autores de livros infantis.
Em encontros de estudantes e professores de Osasco - SP com a nata brasileira de escritores desse universo, estes últimos têm relembrado à educação pública e às próprias crianças a importância das metáforas contidas nas páginas de clássicos e modernos exemplares da literatura infanto-juvenil.
Eva Furnari, premiada autora de Os problemas da família Gorgonzola, Bruxinha e Frederico (Global), salientou que "a leitura pode ser vista como um jogo a alimentar conquistas e sensações: superação de desafios, curiosidade, surpresa, prazer estético". De sua experiência como ilustradora, divide com educadores e psicólogos um importante aprendizado: "O ilustrador usa códigos como expressões corporais e faciais, que são aprendidos e reconhecidos pelas crianças antes mesmo de elas serem alfabetizadas", explica. A escritora também falou dos aspectos morais e psíquicos que muitas histórias trabalham em nossa mente, à medida que estimulam, por exemplo, para toda uma vida, o domínio das pessoas sobre seus instintos - representados, para ela, na figura do Lobo Mau, entre outras metáforas possíveis em textos de todos os tempos.
Já Marina Colasanti, renomada autora, entre outros, de Uma ideia toda azul, Ofélia, a ovelha e Com certeza tenho amor (Global), foi capaz de destrinchar os significados que obteve (em várias leituras, ao longo de sua vida) das metáforas contidas em histórias como Três Mosqueteiros, Robson Crusoé e Peter Pan. "O inconsciente e o imaginário continuam os mesmos", afirmou Marina, compartilhando suas impressões sobre as obras, destacando seus valores essenciais, séculos depois de publicadas. A ilha de Crusoé lembrou-a várias vezes, em diferentes leituras, de sua individualidade e dos desafios nela contidos. Dos Mosqueteiros pôde compreender as relações de poder que se repetem ao longo da História Mundial e em núcleos sociais diversos. Ao ler Peter Pan, refletiu sobre o desejo humano de imortalidade.
A escritora Fanny Abramovich, também premiada, formada em Pedagogia e autora de Quem manda em mim sou eu (Atual), entre outras obras, falou para crianças, na linguagem delas - o que é sua especialidade -, sobre a lógica infantil. Fez isso por meio das divertidas metáforas encontradas no clássico Alice no país das maravilhas, de Lewis Carroll, mais uma vez mostrando a importância do aprendizado possível contido nos livros infantis. Na opinião de diversos estudiosos de Alice, a visão de mundo da personagem, que parece absurda, deve ser respeitada - comum às crianças pequenas, seria única em traduzir uma forma de apreender a realidade que é essencial ao exercício de observação e reflexão sobre aquilo que circunda os pequenos.
Sobre o projeto - 55 escolas municipais de Osasco vêm desenvolvendo, desde abril, atividades com os livros (152 títulos, 25 mil exemplares no total) e produções de 36 diferentes artistas, entre escritores, atores, cartunistas e cineastas, como parte da proposta do "Literatura: Arte em Palavras - seduzindo corações e mentes". Trata-se de um projeto de estímulo à leitura e letramento, da Secretaria Municipal e do Instituto Ciência Hoje, que pretende contagiar aprox. 20 mil crianças. A iniciativa, que também está levando os artistas para as escolas, para que debatam com alunos e professores as suas obras, distribuiu entre as instituições temas que serão trabalhados em "evoluções" - alas a serem representadas pelos alunos de cada escola no tradicional desfile de 7 de setembro, em Osasco. O evento ocorrerá para um público de 50 mil pessoas. Os encontros com os autores iniciaram em junho e seguem até o próximo dia 17, quando alunos e professores se voltarão exclusivamente ao trabalho em sala de aula e à produção das alas. Será construído "um legado que certamente mudará a forma como estudantes e professores lidam com o livro e a leitura", afirma a professora .
Fonte: Revista Psique Ciência e Vida
Disponível em: <http://psiquecienciaevida.uol.com.br/ESPS/Edicoes/0/a-eterna-luta-do-bem-e-do-mal-226591-1.asp>. Acesso em: 19 ago. 2011
"A Psicanálise afirma que os significados simbólicos dos contos maravilhosos [como essencialmente são os contos infantis] estão ligados aos eternos dilemas que o homem enfrenta ao longo de seu amadurecimento emocional", explica a especialista em literatura infantil, Cristiane Mandanêlo.
"Cada vez mais surgem evidências de que os sistemas de crenças produzem efeito decisivo sobre o funcionamento do ser humano, tanto psíquico quanto fisiológico, de modo que crenças que nos infundem esperança de vitória são de grande ajuda na superação de dificuldades, mesmo na vida adulta. Alguns autores vão mais além ao afirmar que se, por qualquer razão, uma criança for incapaz de imaginar seu futuro de modo otimista, ocorrerá uma parada no seu desenvolvimento geral. E trazer mensagens da vitória do bem sobre o mal é o que os contos de fadas fazem com maestria", ressalta, por sua vez, a psicóloga Mariuza Pregnolato.
Incentivar a leitura não seria, então, somente uma questão de formar leitores ou melhorar os índices educacionais, mas um primeiro passo para uma vida emocionalmente saudável, algo que os próprios escritores reconhecem, entre renomados autores de livros infantis.
Em encontros de estudantes e professores de Osasco - SP com a nata brasileira de escritores desse universo, estes últimos têm relembrado à educação pública e às próprias crianças a importância das metáforas contidas nas páginas de clássicos e modernos exemplares da literatura infanto-juvenil.
Eva Furnari, premiada autora de Os problemas da família Gorgonzola, Bruxinha e Frederico (Global), salientou que "a leitura pode ser vista como um jogo a alimentar conquistas e sensações: superação de desafios, curiosidade, surpresa, prazer estético". De sua experiência como ilustradora, divide com educadores e psicólogos um importante aprendizado: "O ilustrador usa códigos como expressões corporais e faciais, que são aprendidos e reconhecidos pelas crianças antes mesmo de elas serem alfabetizadas", explica. A escritora também falou dos aspectos morais e psíquicos que muitas histórias trabalham em nossa mente, à medida que estimulam, por exemplo, para toda uma vida, o domínio das pessoas sobre seus instintos - representados, para ela, na figura do Lobo Mau, entre outras metáforas possíveis em textos de todos os tempos.
Já Marina Colasanti, renomada autora, entre outros, de Uma ideia toda azul, Ofélia, a ovelha e Com certeza tenho amor (Global), foi capaz de destrinchar os significados que obteve (em várias leituras, ao longo de sua vida) das metáforas contidas em histórias como Três Mosqueteiros, Robson Crusoé e Peter Pan. "O inconsciente e o imaginário continuam os mesmos", afirmou Marina, compartilhando suas impressões sobre as obras, destacando seus valores essenciais, séculos depois de publicadas. A ilha de Crusoé lembrou-a várias vezes, em diferentes leituras, de sua individualidade e dos desafios nela contidos. Dos Mosqueteiros pôde compreender as relações de poder que se repetem ao longo da História Mundial e em núcleos sociais diversos. Ao ler Peter Pan, refletiu sobre o desejo humano de imortalidade.
A escritora Fanny Abramovich, também premiada, formada em Pedagogia e autora de Quem manda em mim sou eu (Atual), entre outras obras, falou para crianças, na linguagem delas - o que é sua especialidade -, sobre a lógica infantil. Fez isso por meio das divertidas metáforas encontradas no clássico Alice no país das maravilhas, de Lewis Carroll, mais uma vez mostrando a importância do aprendizado possível contido nos livros infantis. Na opinião de diversos estudiosos de Alice, a visão de mundo da personagem, que parece absurda, deve ser respeitada - comum às crianças pequenas, seria única em traduzir uma forma de apreender a realidade que é essencial ao exercício de observação e reflexão sobre aquilo que circunda os pequenos.
Sobre o projeto - 55 escolas municipais de Osasco vêm desenvolvendo, desde abril, atividades com os livros (152 títulos, 25 mil exemplares no total) e produções de 36 diferentes artistas, entre escritores, atores, cartunistas e cineastas, como parte da proposta do "Literatura: Arte em Palavras - seduzindo corações e mentes". Trata-se de um projeto de estímulo à leitura e letramento, da Secretaria Municipal e do Instituto Ciência Hoje, que pretende contagiar aprox. 20 mil crianças. A iniciativa, que também está levando os artistas para as escolas, para que debatam com alunos e professores as suas obras, distribuiu entre as instituições temas que serão trabalhados em "evoluções" - alas a serem representadas pelos alunos de cada escola no tradicional desfile de 7 de setembro, em Osasco. O evento ocorrerá para um público de 50 mil pessoas. Os encontros com os autores iniciaram em junho e seguem até o próximo dia 17, quando alunos e professores se voltarão exclusivamente ao trabalho em sala de aula e à produção das alas. Será construído "um legado que certamente mudará a forma como estudantes e professores lidam com o livro e a leitura", afirma a professora .
Fonte: Revista Psique Ciência e Vida
Disponível em: <http://psiquecienciaevida.uol.com.br/ESPS/Edicoes/0/a-eterna-luta-do-bem-e-do-mal-226591-1.asp>. Acesso em: 19 ago. 2011
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