"Muitas mortes psicológicas são consequências da psicologia asilar. Mas isso pode ser revertido com técnicas de organização social; com pouca verba, mas com trabalho de autogestão", disse Alfredo Moffatt durante o seminário de encerramento da turma de 2011 do curso de Especialização em Saúde Mental e Atenção Psicossocial, que aconteceu na ENSP. Além disso, ele falou sobre a grande onda de crack que está afetando a Argentina. De acordo com Moffatt, o grande problema é que, para esses meninos, sobreviver é uma estratégia. Isso é uma realidade dolorosa, porém superável. "Na Argentina, a pobreza aumenta a cada dia, e não existem políticas públicas de enfrentamento ao uso dessas substâncias. Os governantes parecem estar surdos, cegos e mudos", assegurou.
Durante o encontro, realizado no dia 29/7, o coordenador do curso, Paulo Amarante, ressaltou que o trabalho de Moffatt marcou a história e a trajetória dos profissionais de saúde mental, e até hoje é uma referência. "No auge da crise da Argentina, quando todos corriam para seus consultórios, Moffatt foi para as ruas atender pessoas em situação de vulnerabilidade", comentou.
Durante a palestra O desenvolvimento das comunidades autogestivas em saúde mental, o psicanalista Alfredo Moffatt, diretor da Escuela de Psicologia Social para la Salud Mental, lembrou que, quando se trabalha com populações vulneráveis, como meninos de rua, é preciso fazer um grande esforço para entrar na realidade deles, criar vínculos, tentar se tornar um deles e ter muita paciência para conseguir alcançá-los. "Você os afasta quando chega no grupo com discurso teórico e muitos questionamentos. Essas pessoas têm culturalmente uma postura fechada, não costumam falar sobre a vida e, em especial, sobre o passado. O uso de droga também influencia todo o processo, ele é um sintoma social. O crack causa profundas transformações, acaba com o usuário em apenas seis meses e, por isso, destrói toda uma organização social", disse Moffatt.
Outra experiência muito relevante trazida pelo psicanalista são as comunidades de autogestão. De acordo com ele, essas instituições marginais, que funcionam sem licença ou autorização por meio de trabalho voluntário, criavam espaços solidários de compartilhamento. "Dentro das comunidades autogestivas, a história de cada um é de todos; um ajuda o outro, e as histórias se cruzam, se perpassam", relembrou.
A palestrante Daniela Azpiazú Bitsikas, que também é da Escuela de Psicologia Social para la Salud Mental, falou sobre a Antropologia dos meninos de rua e destacou as peculiaridades do trabalho com crianças de rua e presidiários. "O tempo todo temos que lidar com muitas dificuldades, como a falta de confiança e principalmente as frequentes mudanças. "Em primeiro lugar, para trabalhar com essa população, é recomendável estar em grupo sempre. Além disso, é necessário tentar estabelecer e fortalecer laços a todo tempo. Temos que nos adaptar a isso, pois as situações mudam constantemente. As crianças estabelecem seus lugares e convivências e mudam de acordo com as circunstâncias. Muitos profissionais se frustram, mas essa falta de continuidade configura a particularidade desse trabalho", considerou.
A palestrante Daniela Azpiazú Bitsikas, que também é da Escuela de Psicologia Social para la Salud Mental, falou sobre a Antropologia dos meninos de rua e destacou as peculiaridades do trabalho com crianças de rua e presidiários. "O tempo todo temos que lidar com muitas dificuldades, como a falta de confiança e principalmente as frequentes mudanças. "Em primeiro lugar, para trabalhar com essa população, é recomendável estar em grupo sempre. Além disso, é necessário tentar estabelecer e fortalecer laços a todo tempo. Temos que nos adaptar a isso, pois as situações mudam constantemente. As crianças estabelecem seus lugares e convivências e mudam de acordo com as circunstâncias. Muitos profissionais se frustram, mas essa falta de continuidade configura a particularidade desse trabalho", considerou.
Daniela completou dizendo que a boa vontade e a paciência são partes fundamentais desse trabalho. "Quando drogados, eles perdem a noção de tempo, o que acarreta a inconstância dos encontros. Além disso, eles não têm referência de lugar e normalmente não têm medo da morte. Esse fato é visto como destino, pois a percepção de risco é diferente", disse Daniela.
Fonte: Informe ENSP
Disponível em: <http://www.ensp.fiocruz.br/portal-ensp/informe/materia/?origem=1&matid=26801>. Acesso em: 05 ago. 2011
Fonte: Informe ENSP
Disponível em: <http://www.ensp.fiocruz.br/portal-ensp/informe/materia/?origem=1&matid=26801>. Acesso em: 05 ago. 2011
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