Muitas pessoas consideram a dislexia apenas um problema de leitura, no qual as crianças misturam as letras e interpretam erroneamente palavras escritas. Mas cientistas cada vez mais estão acreditando que as dificuldades de leitura da dislexia sejam parte de um quebra-cabeça maior: um problema na maneira como o cérebro processa o discurso e junta palavras de unidades sonoras menores.
Um estudo publicado na semana passada no periódico "Science" sugere que a maneira como os disléxicos escutam a linguagem pode ter mais importância do que se pensava. Pesquisadores do MIT descobriram que pessoas disléxicas têm mais problemas para reconhecer vozes do que pessoas que não sofrem da condição.
John Gabrieli, professor de neurociência cognitiva, e o estudante de pós-graduação Tyler Perrachione pediram a pessoas com e sem dislexia que escutassem gravações de vozes combinadas a personagens que apareciam nas telas dos computadores. As pessoas tentaram associar as vozes aos personagens corretos, primeiro com áudio em inglês e depois numa linguagem não familiar, o mandarim.
Os não-disléxicos associaram corretamente as vozes aos personagens em quase 70% das vezes quando a linguagem era o inglês e metade das vezes quando era o mandarim. Mas as pessoas com dislexia eram capazes de fazer a mesma coisa apenas em metade das vezes, independente da linguagem apresentada nas gravações. Especialistas não envolvidos no estudo disseram que essa foi uma notável disparidade.
"Normalmente, você enxerga enormes diferenças na leitura, mas existem diferenças sutis, no âmbito geral, entre indivíduos que sejam ou não afetados pela dislexia quando a gama de testes é ampla", diz Richard Wagner, professor de psicologia na Universidade Estadual da Flórida. "Esse efeito foi realmente enorme".
Sally Shaywitz, diretora do Centro para Dislexia e Criatividade da Universidade Yale, diz que o estudo "demonstra a centralidade do discurso falado na dislexia --que o problema não está no significado, mas sim na captação dos sons do discurso".
A pesquisa mostra que as deficiências na linguagem falada persistem até mesmo quando os disléxicos aprendem a ler bem. Os sujeitos do estudo eram, na maioria, "jovens adultos altamente funcionais, de QI alto e que haviam superado suas dificuldades de leitura", segundo Gabrieli.
Os especialistas dizem que o novo estudo também mostra a interconectividade dos processos cerebrais envolvidos no ato da leitura. Muitos cientistas consideravam que o reconhecimento vocal era "como reconhecer-se melodias ou coisas primariamente não verbais", disse Gabrieli.
Antes, pensava-se que o reconhecimento vocal era, no cérebro, uma tarefa separada do entendimento da linguagem. Mas essa pesquisa mostra que a leitura normal envolve um "circuito, a habilidade de ter todos esses componentes integrados de maneira absolutamente automática", de acordo com Maryanne Wolf, especialista em dislexia da Universidade Tufts.
"Uma das grandes fraquezas na dislexia é que o sistema não é capaz de integrar esses sistemas guiados por fonemas a outros aspectos da compreensão da linguagem."
Um estudo publicado na semana passada no periódico "Science" sugere que a maneira como os disléxicos escutam a linguagem pode ter mais importância do que se pensava. Pesquisadores do MIT descobriram que pessoas disléxicas têm mais problemas para reconhecer vozes do que pessoas que não sofrem da condição.
John Gabrieli, professor de neurociência cognitiva, e o estudante de pós-graduação Tyler Perrachione pediram a pessoas com e sem dislexia que escutassem gravações de vozes combinadas a personagens que apareciam nas telas dos computadores. As pessoas tentaram associar as vozes aos personagens corretos, primeiro com áudio em inglês e depois numa linguagem não familiar, o mandarim.
Os não-disléxicos associaram corretamente as vozes aos personagens em quase 70% das vezes quando a linguagem era o inglês e metade das vezes quando era o mandarim. Mas as pessoas com dislexia eram capazes de fazer a mesma coisa apenas em metade das vezes, independente da linguagem apresentada nas gravações. Especialistas não envolvidos no estudo disseram que essa foi uma notável disparidade.
"Normalmente, você enxerga enormes diferenças na leitura, mas existem diferenças sutis, no âmbito geral, entre indivíduos que sejam ou não afetados pela dislexia quando a gama de testes é ampla", diz Richard Wagner, professor de psicologia na Universidade Estadual da Flórida. "Esse efeito foi realmente enorme".
Sally Shaywitz, diretora do Centro para Dislexia e Criatividade da Universidade Yale, diz que o estudo "demonstra a centralidade do discurso falado na dislexia --que o problema não está no significado, mas sim na captação dos sons do discurso".
A pesquisa mostra que as deficiências na linguagem falada persistem até mesmo quando os disléxicos aprendem a ler bem. Os sujeitos do estudo eram, na maioria, "jovens adultos altamente funcionais, de QI alto e que haviam superado suas dificuldades de leitura", segundo Gabrieli.
Os especialistas dizem que o novo estudo também mostra a interconectividade dos processos cerebrais envolvidos no ato da leitura. Muitos cientistas consideravam que o reconhecimento vocal era "como reconhecer-se melodias ou coisas primariamente não verbais", disse Gabrieli.
Antes, pensava-se que o reconhecimento vocal era, no cérebro, uma tarefa separada do entendimento da linguagem. Mas essa pesquisa mostra que a leitura normal envolve um "circuito, a habilidade de ter todos esses componentes integrados de maneira absolutamente automática", de acordo com Maryanne Wolf, especialista em dislexia da Universidade Tufts.
"Uma das grandes fraquezas na dislexia é que o sistema não é capaz de integrar esses sistemas guiados por fonemas a outros aspectos da compreensão da linguagem."
Fonte: Folha de São Paulo
Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/955205-estudo-diz-que-dislexia-pode-ter-ligacao-com-audicao.shtml>. Acesso em: 08 ago. 2011
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.