Na Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP, pesquisa com 1.167 adolescentes da cidade de São Paulo verificou que 12,2% apresentam comportamentos de risco para transtornos alimentares e 31,9% apresentaram algum tipo de prática não saudável para controle do peso. As práticas de dieta restritiva aumentaram a chance de apresentar comportamentos de risco para transtornos alimentares 17,26 vezes no sexo masculino, e em 12,82 no sexo feminino. A nutricionista Greisse Viero da Silva Leal, autora do trabalho, recomenda que os pais e os adolescentes saibam reconhecer precocemente as atitudes que podem desencadear transtornos alimentares na busca de sua prevenção.
Foram avaliados adolescentes, com idade média de 16 anos (de 14 a 19 anos), estudantes do ensino médio de 12 Escolas Técnicas do Centro Paula Souza, no município de São Paulo. “Os jovens foram selecionados por meio de sorteio de uma sala de aula de cada ano do ensino médio em cada escola”, diz Greisse. “Para a coleta de dados utilizou-se o Questionário de Atitudes Alimentares de Adolescentes (QAAA), adaptado do questionário utilizado no EAT Project em Minnesota (Estados Unidos) em 2002, coordenado pela pesquisadora americana Dianne Neumark-Sztainer, que avalia atitudes alimentares e seus determinantes em adolescentes, acrescido de quatro questões sobre comportamentos de risco para transtornos alimentares, desenvolvidas pela pesquisadora australiana Phlippa Hay, em 1998, e adaptadas por Julia Elba de Souza Ferreira e Glória Valéria da Veiga, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) em 2008, e a Escala de Silhuetas de Stunkard (1983)”. A pesquisa foi orientada pela professora Sonia Tucunduva Philippi, do Departamento de Nutrição da FSP e faz parte de tese de doutorado defendida no último dia 15 de março.
Entre os adolescentes que apresentaram comportamento de risco para transtornos alimentares, 72,5% são do sexo feminino. “Estes comportamentos são caracterizados por compulsão alimentar (10,3%), prática de dieta restritiva (8,7%), uso de diuréticos com o objetivo de emagrecer (1,4%), uso de laxantes com o objetivo de emagrecer (0,3%) e vômito autoinduzido com o objetivo de emagrecer (0,3%)”, conta a nutricionista.
Dos jovens que apresentavam alguma prática não saudável para controle do peso, 66,8% são do sexo feminino. “Estas práticas são comer muito pouca comida com o objetivo de perder peso (20,4%); omitir refeições com o objetivo de perda de peso (20,6%); usar substitutos de refeições e alimentos com o objetivo de emagrecer (7,4%); usar remédios para emagrecer (2,1%) e fumar mais cigarros com o objetivo de emagrecer (1,6%)”.
Imagem corporal
De acordo com o estudo, a leitura de revistas sobre dieta para emagrecer aumentou em 2,87 vezes a chance de apresentar práticas não saudáveis para controle do peso, enquanto que estar satisfeita com a imagem corporal diminuiu esta chance, ou seja, satisfação corporal foi fator protetor. “O que se observa é que cada vez mais as revistas voltadas para o público feminino apresentam dietas para emagrecer e trazem corpos muito magros como ideais de beleza, as adolescentes podem sentir-se insatisfeitas com seus corpos quando comparados aos das modelos das revistas e procurar métodos não saudáveis para perder peso”, diz Greisse.
De acordo com o estudo, a leitura de revistas sobre dieta para emagrecer aumentou em 2,87 vezes a chance de apresentar práticas não saudáveis para controle do peso, enquanto que estar satisfeita com a imagem corporal diminuiu esta chance, ou seja, satisfação corporal foi fator protetor. “O que se observa é que cada vez mais as revistas voltadas para o público feminino apresentam dietas para emagrecer e trazem corpos muito magros como ideais de beleza, as adolescentes podem sentir-se insatisfeitas com seus corpos quando comparados aos das modelos das revistas e procurar métodos não saudáveis para perder peso”, diz Greisse.
Entre os adolescentes do sexo masculino, o que mais influenciou as práticas não saudáveis para controle de peso foi o estímulo materno à prática de dietas para emagrecer e a mídia (televisão, artistas de TV e modelos), aumentando o desejo de mudar a aparência corporal. Os riscos das dietas restritivas na adolescência estão relacionados ao fato de que tais dietas são hipocalóricas, ou seja, não atendem as necessidades nutricionais e podem comprometer o crescimento e desenvolvimento adequados.
“Além disso, relacionado aos transtornos alimentares, dietas restritivas causam privação física e emocional que podem desencadear frustração, raiva, ou seja, a pessoa sente-se frustrada por não poder comer certos tipos de alimentos, o que, em algum momento, pode levar à compulsão alimentar e esta, por sua vez, ao sentimento de culpa e medo de engordar, podendo desencadear comportamentos purgativos (vômito autoinduzido, uso de laxantes e diuréticos) compensatórios”, ressalta a nutricionista.
Segundo Greisse, é necessário incentivar o consumo de uma alimentação balanceada, com horários regulares e o consumo de alimentos de todos os tipos, de forma variada e prazerosa, a prática de atividade física de acordo com a aptidão de cada um, sem que seja uma obrigação. “Promover a satisfação corporal é primordial, ressaltando para os adolescentes a existência de diversos tipos de corpos e a impossibilidade de padronização de pesos e tamanhos ou medidas corporais”, observa. “Além disso, é necessário educar os adolescentes sobre a mídia, sobre os malefícios e a ineficência das dietas restritivas presentes em revistas e na internet e sobre a utilização de recursos gráficos que mostram corpos irreais, por exemplo”.
Fonte: Agência USP de Noticias
Disponível em: <http://www.usp.br/agen/?p=131914>. Acesso em: 28 mar. 2013.
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