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segunda-feira, 18 de março de 2013

Especialistas da área da saúde mental contestaram resultados de estudo europeu sobre suicídio

Especialistas da área da saúde mental contestaram os resultados de um estudo europeu de prevenção do suicídio, apresentado esta quinta-feira, mas reconheceram que o modelo utilizado, baseado no envolvimento de toda a comunidade, é bom e deve ser replicado, avança a agência Lusa.
Especialistas da área da saúde mental contestaram os resultados de um estudo europeu de prevenção do suicídio, apresentado esta quinta-feira, mas reconheceram que o modelo utilizado, baseado no envolvimento de toda a comunidade, é bom e deve ser replicado, avança a agência Lusa.
Trata-se do projecto OSPI-Europe (“Optimização de Programas de Prevenção do Suicídio e sua Implementação na Europa”), uma estratégia de prevenção do suicídio preconizada pela Aliança Europeia Contra a Depressão (EAAD), coordenado em Portugal pelo psiquiatra Ricardo Gusmão.
Desenvolvido há quase dois anos na Amadora (projecto-piloto), baseou-se na formação de vários agentes da comunidade, desde profissionais de saúde, a escolas, passando por polícias e até padres, com vista a prevenir o suicídio, e resultou numa diminuição de 23%, nas tentativas de suicídio naquele concelho.
O estudo revela que todos os anos se suicidam perto de 2.000 portugueses, que 75% das mortes violentas indeterminadas são suicídios e que cada morte por suicídio tem “custos elevados” para o país, da ordem dos 300 mil euros.
Durante a apresentação deste estudo, Álvaro Carvalho, director do Programa Nacional de Saúde Mental (também coordenador da comissão de peritos para o Plano nacional de Prevenção do Suicídio), lançou dúvidas sobre os números apresentados e a sua fundamentação científica.
“Tenho interesse em conhecer a fundamentação científica. Aguardo o relatório final para tirar dúvidas quanto às metodologias científicas utilizadas, para perceber se são meras crenças ou factos cientificamente alicerçados”, afirmou.
Álvaro Carvalho afirmou mesmo que colegas seus na área da saúde mental desconhecem estudos nacionais que investiguem ou demonstrem com eficácia a ligação entre morte violenta e suicídio.
“Não percebi o racional dessa associação”, afirmou, destacando que o estudo tem “conclusões muito enfáticas”, que considera “contestáveis”.
Os custos também suscitaram dúvidas: “É uma afirmação que gostaria de poder analisar. É difícil apontar um valor desta natureza [300 mil euros] por indivíduo que cometa suicídio”.
No entanto, reconheceu, como “ponto alto” do projecto, o facto de “evidenciar um modelo comunitário”.
A mesma opinião é partilhada por António Leuschner, presidente do Conselho Nacional de Saúde Mental, que considerou “salientar” o envolvimento de toda a comunidade.
Salvaguardando que não se iria debruçar sobre os resultados, porque isso já tinha sido “feito por Álvaro de Carvalho”, o responsável defendeu que o projecto pode ser modelar e inspirador para outros projectos que possam vir a ser desenvolvidos.
O director-geral da Saúde, Francisco George, também deixou recados a Ricardo Gusmão no que se refere à imprecisão dos registos de morte violenta, sublinhando que hoje já é fácil contabilizar as mortes por suicídio, com o Sistema de Informação dos Certificados de Óbito (Sico).
“No registo em papel, há muitas vezes subtracção da causa de morte. Esse tempo acabou. Desde o Outono passado, estamos a implementar o programa que desmaterializou os certificados de óbito”, afirmou, especificando que, agora, os resultados são imediatos e permitem saber se foi ou não suicídio.
O secretário de Estado adjunto do ministro da Saúde, Leal da Costa, vê igualmente “com cautela” os 75% de suicídios calculados a partir de morte violenta, por causa indeterminada.
“É difícil saber isso”, afirmou, considerando contudo mais importante poder olhar para um estudo internacional com um método eficaz de investigação, que permite fazer comparações.


Fonte: RCM Pharma via Associação Brasileira de Psiquiatria

Disponível em:<http://www.abp.org.br/portal/imprensa/clipping-2>. Acesso em: 18 mar. 2013.

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