Pesquisadores descobriram que adolescentes que foram diagnosticados com o problema psicológico na infância são mais propensos a apresentar fatores de risco ao coração, como obesidade, tabagismo e sedentarismo
Um novo estudo da Faculdade de Medicina da Universidade Washington em Saint Louis, nos Estados Unidos, sugere que a depressão infantil pode aumentar o risco de crianças sofrerem de problemas cardíacos ao longo da vida. Isso porque, segundo a pesquisa, o problema psiquiátrico torna os jovens mais propensos a apresentar fatores de risco à saúde do coração, entre eles obesidade, tabagismo e sedentarismo, mesmo se eles não tiverem mais depressão. Esses achados foram apresentados neste final de semana durante o encontro anual da Sociedade Americana Psicossomática, em Miami.
De acordo com Robert Carney, professor de psiquiatria da Universidade de Washington e coordenador do estudo, há anos as pesquisas vêm mostrando que adultos depressivos correm um risco maior de ter problemas cardíacos. “Nós já sabíamos da associação entre a prevalência do transtorno mental e as chances de eventos cardiovasculares. O que nós desconhecíamos era em que estágio da vida é possível começar a perceber essa relação.”
A pesquisa de Carney envolveu 500 crianças, que foram acompanhadas de seus nove aos 16 anos de idade. Esses jovens faziam parte de um entre três grupos: um formado por aqueles que já haviam sido diagnosticados com depressão quando a pesquisa começou; outro, pelos irmãos desses jovens, que por sua vez não sofreram depressão ao longo do estudo; e, por último, um grupo de controle, formado por indivíduos livres do problema e que não tinham laços familiares com os outros voluntários.
Do transtorno mental ao coração — Quando os adolescentes foram avaliados aos 16 anos de idade, os pesquisadores descobriram que 22% entre aqueles que apresentavam depressão aos nove anos eram obesos. Essa prevalência entre os seus irmãos foi de 17%, e de apenas 11% entre o grupo de controle. Além disso, cerca de um terço dos jovens que tinham depressão quando criança se tornou fumante ativo, em comparação com os 13% entre os seus irmãos e 2,5% entre os participantes do grupo de controle.
Ainda segundo os resultados do estudo, os adolescentes que haviam sofrido de depressão na infância foram os mais sedentários entre todos os participantes, e os membros do grupo de controle, que passaram a infância e a adolescência livres do transtorno, os mais fisicamente ativos. De acordo com os autores da pesquisa, embora os resultados mostrem uma associação entre depressão e risco ao coração, ele não estabelece uma relação de causa e efeito — ou seja, não é possível dizer que a depressão provoca diretamente problemas cardíacos, mas sim que aumenta a propensão a fatores de risco cardiovascular.
“Em partes, isso é preocupantes pois estudos recentes mostraram que quando os adolescentes apresentam esses fatores de risco cardíaco, eles são muito mais propensos a desenvolver doenças do coração quando adultos e até mesmo a ter uma vida mais curta. Pesquisas mostram, por exemplo, que jovens que são fumantes ativos têm o dobro de chance de morrer aos 55 anos do que não fumantes, e vemos quadros semelhantes em relação à obesidade nessa faixa-etária. Então, a associação entre depressão infantil e tais fatores de risco sugere que nós precisamos monitorar de perto as crianças diagnosticadas com depressão”, diz Carney.
Leia reportagem completa: http://veja.abril.com.br/noticia/saude/estudo-relaciona-depressao-infantil-e-doencas-cardiacas
Fonte: Revista VEJA
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