Número de afastamentos do trabalho por mais de 15 dias chega a 7.985 em Rio Preto e 37.078 na região
Só de chegar em frente do local onde trabalhou até outubro, o coração de Maria, 55 anos, dispara “Eu não sinto o chão, me visão fica embaçada, tenho tremedeira, suor excessivo, mas o pior é o coração. A impressão é que vou ter um ataque cardíaco”, diz.
Depois de mais de dez anos no cargo de cozinheira, há pouco mais de quatro meses que Maria (os nomes são fictícios para preservar a privacidade dos entrevistados), ela não consegue voltar para o trabalho e está afastada pelo INSS por distúrbio psiquiátrico.
Em janeiro, a Previdência concedeu 680 auxílios-doença para rio-pretenses incapacitados temporariamente para o trabalho. Na região, que compreende 19 cidades, incluindo Rio Preto, foram 3.119 auxílios. É um aumento de 11,43% em comparação com os 2.799 concedidos em janeiro de 2012.
Psiquiátrico/ Os transtornos mentais respondem pela terceira causa de afastamento do trabalho no estado de São Paulo, de acordo com levantamentos realizados pela Previdência Social no final do ano passado.
Perdem apenas para as Dorts, que são síndromes do sistema osteomuscular relacionados ao trabalho, e as lesões traumáticas (membros feridos ou quebrados).
Pesquisa feita pelo Laboratório de Saúde do Trabalho, do Departamento de Psicologia Médica da Unicamp, mostra que 19,6% dos afastamentos por mais de 15 dias, em 2011, tiveram como causas os distúrbios psiquiátricos.
No trabalho/ Muitas vezes as doenças emocionais se desenvolvem a partir do que se chama de estresse ocupacional.
“É causado por vários fatores e obviamente pelo excesso de trabalho”, afirma Duílio Antero de Camargo, psiquiatra, médico do trabalho e coordenador do setor de psiquiatria do trabalho do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas de São Paulo. Entre esses males, o mais comum é a depressão.
Enquanto fala sobre o drama de tentar e não conseguir entrar no local de trabalho, Maria chora. Manifestação clara da depressão, que é agravada por quadro de estresse avançado e síndrome do pânico. “Eu queria trabalhar, mas não consigo. Agora sou motivo de chacota. Dizem que estou afastada porque quero.”
Cíntia, 28, decidiu “encurtar” a dor e resolver o problema rapidamente: pediu demissão. A consultora empresarial desenvolveu síndrome do pânico depois de ter sido alvo de humilhação da chefia. “Minha vida pessoal é ótima, nunca tinha tomado remédio controlado. Mas a perseguição que eu sofria na empresa me deixou maluca”, diz.
Ela buscou ajuda psiquiátrica e pegou atestado médico. Mas o celular não podia tocar que Cíntia entrava em pânico.
“Decidi sair antes de definhar. Foi como tirar com as mãos o pavor que eu sentia de tudo”. Cíntia já não dormia direito, tinha medo do que aconteceria depois que saísse da cama, perdia o controle do carro na hora de estacionar na empresa e antes de começar a trabalhar, vomitava.
Diz que todos os colegas com quem trabalhava tomam remédios tarja preta. “Eu optei por deixar a empresa.”
Depois de instalada a doença é preciso mudar
Uma série de alterações mentais, questões familiares e problemas psicossociais podem desencadear os distúrbios mentais que acometem a população e podem levar à incapacidade temporária ou definitiva para o trabalho.
Segundo o psiquiatra e médico do trabalho da USP São Paulo Duílio Antero de Camargo, identificar e aceitar o problema é o passo mais importante para tratar o distúrbio.
“A pessoa pode não entender direito o que está acontecendo. Não dorme direito e começa a sentir tensão emocional. São os alarmes de que o corpo dá de que as coisas não estão bem.”
O especialista afirma que é possível se adaptar e estabilizar o quadro, mas quando começam a surgir os desequilíbrios físicos é preciso buscar ajuda e mudar.
“Não tem como sair do quadro se o paciente não reconhecer aquilo que está causando o conflito. Sem mudança, e aí pode haver a necessidade de acompanhamento especializado, não é possível retomar o equilíbrio”, diz.
E ele vai mais longe. Aquilo que todos imaginam como a solução para todos os problemas, as férias, são descartadas pelo especialista, como forma de sair dos distúrbios psiquiátricos.
“Férias e folgas de final de semana são positivos antes de a doença se instalar. Depois, só com mudança e o tratamento”, afirma. “Todos devem estar atentos ao estresse do dia a dia e buscar alternativas para ter qualidade de vida”.
Depois de mais de dez anos no cargo de cozinheira, há pouco mais de quatro meses que Maria (os nomes são fictícios para preservar a privacidade dos entrevistados), ela não consegue voltar para o trabalho e está afastada pelo INSS por distúrbio psiquiátrico.
Em janeiro, a Previdência concedeu 680 auxílios-doença para rio-pretenses incapacitados temporariamente para o trabalho. Na região, que compreende 19 cidades, incluindo Rio Preto, foram 3.119 auxílios. É um aumento de 11,43% em comparação com os 2.799 concedidos em janeiro de 2012.
Psiquiátrico/ Os transtornos mentais respondem pela terceira causa de afastamento do trabalho no estado de São Paulo, de acordo com levantamentos realizados pela Previdência Social no final do ano passado.
Perdem apenas para as Dorts, que são síndromes do sistema osteomuscular relacionados ao trabalho, e as lesões traumáticas (membros feridos ou quebrados).
Pesquisa feita pelo Laboratório de Saúde do Trabalho, do Departamento de Psicologia Médica da Unicamp, mostra que 19,6% dos afastamentos por mais de 15 dias, em 2011, tiveram como causas os distúrbios psiquiátricos.
No trabalho/ Muitas vezes as doenças emocionais se desenvolvem a partir do que se chama de estresse ocupacional.
“É causado por vários fatores e obviamente pelo excesso de trabalho”, afirma Duílio Antero de Camargo, psiquiatra, médico do trabalho e coordenador do setor de psiquiatria do trabalho do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas de São Paulo. Entre esses males, o mais comum é a depressão.
Enquanto fala sobre o drama de tentar e não conseguir entrar no local de trabalho, Maria chora. Manifestação clara da depressão, que é agravada por quadro de estresse avançado e síndrome do pânico. “Eu queria trabalhar, mas não consigo. Agora sou motivo de chacota. Dizem que estou afastada porque quero.”
Cíntia, 28, decidiu “encurtar” a dor e resolver o problema rapidamente: pediu demissão. A consultora empresarial desenvolveu síndrome do pânico depois de ter sido alvo de humilhação da chefia. “Minha vida pessoal é ótima, nunca tinha tomado remédio controlado. Mas a perseguição que eu sofria na empresa me deixou maluca”, diz.
Ela buscou ajuda psiquiátrica e pegou atestado médico. Mas o celular não podia tocar que Cíntia entrava em pânico.
“Decidi sair antes de definhar. Foi como tirar com as mãos o pavor que eu sentia de tudo”. Cíntia já não dormia direito, tinha medo do que aconteceria depois que saísse da cama, perdia o controle do carro na hora de estacionar na empresa e antes de começar a trabalhar, vomitava.
Diz que todos os colegas com quem trabalhava tomam remédios tarja preta. “Eu optei por deixar a empresa.”
Depois de instalada a doença é preciso mudar
Uma série de alterações mentais, questões familiares e problemas psicossociais podem desencadear os distúrbios mentais que acometem a população e podem levar à incapacidade temporária ou definitiva para o trabalho.
Segundo o psiquiatra e médico do trabalho da USP São Paulo Duílio Antero de Camargo, identificar e aceitar o problema é o passo mais importante para tratar o distúrbio.
“A pessoa pode não entender direito o que está acontecendo. Não dorme direito e começa a sentir tensão emocional. São os alarmes de que o corpo dá de que as coisas não estão bem.”
O especialista afirma que é possível se adaptar e estabilizar o quadro, mas quando começam a surgir os desequilíbrios físicos é preciso buscar ajuda e mudar.
“Não tem como sair do quadro se o paciente não reconhecer aquilo que está causando o conflito. Sem mudança, e aí pode haver a necessidade de acompanhamento especializado, não é possível retomar o equilíbrio”, diz.
E ele vai mais longe. Aquilo que todos imaginam como a solução para todos os problemas, as férias, são descartadas pelo especialista, como forma de sair dos distúrbios psiquiátricos.
“Férias e folgas de final de semana são positivos antes de a doença se instalar. Depois, só com mudança e o tratamento”, afirma. “Todos devem estar atentos ao estresse do dia a dia e buscar alternativas para ter qualidade de vida”.
Fonte: Rede Bom Dia via Associação Brasileira de Psiquiatria
Disponível em: <http://www.abp.org.br/portal/imprensa/clipping-2>. Acesso em: 07 mar. 2013.
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