quinta-feira, 28 de março de 2013
Psicopatas S.A.Ele vai a todo happy hour, é companheiro de cafezinho e ouve você reclamar do salário. Não confie tanto nesse colega de firma - é 4 vezes mais comum encontrar psicopatas nas empresas do que na população em geral
Luana conseguiu o emprego com que sempre sonhou. Era em uma empresa farmacêutica conhecida por seu ambiente competitivo, mas também por bons salários e chances de crescer profissionalmente. Nova no escritório, logo ficou amiga de Carlos, um sujeito atencioso de quem recebeu até umas cantadas.
Em poucos meses, apareceu a oportunidade de Luana liderar seu grupo na empresa. Parecia bom demais não fosse uma inquietação ética. Ela desconfiava que a companhia garantia a venda de seus produtos graças a subornos a médicos. Isso incomodava tanto Luana que, durante um intervalo para um lanche, ela desabafou com o amigo Carlos. Ele também parecia indignado com a situação. Seria uma conversa normal entre colegas de trabalho - se Carlos não tivesse se aproveitado. Em um momento de distração de Luana, ele pegou o celular da colega e ligou para o chefe de ambos. Caiu na secretária eletrônica, que gravou toda a conversa seguinte entre Carlos e Luana. A moça, grampeada, chegou a questionar se o chefe poderia ter algo a ver com os subornos. Acabou demitida por justa causa. Carlos tomou o lugar de líder que seria dela.
A história é real (os nomes foram trocados). E esse Carlos, um cretino, não? Na verdade é pior: ele age exatamente como um psicopata. Há 69 milhões de psicopatas no mundo, o que dá 1% da população em geral. Então, no fim da história, Carlos faz picadinho de Luana, certo? Errado. Sim, há muitos psicopatas violentos, como Hannibal Lecter de O Silêncio dos Inocentes ou Pedrinho Matador, que afirmava ter assassinado mais de 100 pessoas. Por isso a cadeia é um dos dois lugares em que se encontram muitos psicopatas. Eles são 20% da população carcerária e 86,5% dos serial killers. Mas um psicopata não necessariamente vira assassino. Na verdade, ele vai atrás daquilo que lhe dá prazer. Pode ser dinheiro, status, poder. É por isso que outro lugar fértil em psicopatas, além da cadeia, é a firma.
Pode ser uma empresa pequena, como a loja de sapatos da esquina. Pode ser uma fundação, uma escola. O importante é que o psicopata enxergue ali a chance de controlar um grupo de pessoas para conseguir o que quer. Mas poucos lugares dão tanta oportunidade para isso do que uma grande companhia. "Psicopatas são atraídos por empregos com ritmo acelerado e muitos estímulos, com regras facilmente manipuláveis", diz o psicólogo Paul Babiak, especialista em comportamento no trabalho.
Até 3,9% dos executivos de empresas podem ser psicopatas, segundo uma pesquisa feita em companhias americanas. Uma taxa de psicopatia 4 vezes maior do que na população em geral. Eles não matam os colegas, mas usam o cargo para barbarizar. Cancelam férias dos subordinados, obrigam todo mundo a trabalhar de madrugada, assediam a secretária, demitem sem dó nem piedade. Isso quando não cometem crimes de verdade. Um terço das companhias sofre fraudes significativas a cada ano, de acordo com uma pesquisa de 2009 realizada pela consultoria PriceWaterhouseCoopers, que analisou 3 037 companhias em 54 países. Por causa dessas mutretas, cada uma perde, em média, US$ 1,2 milhão por ano. Muitos desses golpes podem ser obra de psicopatas corporativos.
"Eles são capazes de apunhalar empregados e clientes pelas costas, contar mentiras premeditadas, arruinar colegas poderosos, fraudar a contabilidade e eliminar provas para conseguir o que querem", diz Martha Stout, psiquiatra da Escola Médica de Harvard por 25 anos e autora do livro Meu Vizinho É um Psicopata. E fazem isso na cara dura, como se não estivessem nem aí para o sofrimento alheio. É que, na verdade, eles não estão ligando nem um pouco mesmo.
Como os colegas mais violentos, os psicopatas de colarinho branco não pensam no bem-estar dos outros, nem sentem culpa quando pisam na bola. Por isso passam por cima de regras, estejam elas formalizadas em leis ou somente estabelecidas pela ética e pelo senso comum. Acontece que o cérebro deles é diferente de um cérebro normal. No caso do psicopata, a atividade é maior nas áreas ligadas à razão do que nas ligadas à emoção, o que o faz manter-se impassível diante de tragédias - seja um gatinho em apuros, seja uma chacina em um orfanato. (veja mais no quadro da página 53). Como não consegue se colocar no lugar dos outros, o psicopata usa e abusa dos amigos - puxa o tapete dos colegas sem se preocupar com código de conduta corporativo ou consequência na vida alheia.
Pega na mentira
Graduação em universidade concorrida. Pós-graduação no exterior. Livros publicados. "Empregadores sabem que 15% ou mais dos currículos enviados para cargos executivos contêm distorções ou mentiras deslavadas", afirma Babiak. "Psicopatas fazem isso. Podem fabricar um histórico feito sob medida para as exigências do trabalho e bancá-lo com referências falsas, portfólio plagiado e jargão apropriado." Claro, com algumas perguntas específicas um entrevistador é capaz de desmascarar candidatos mentirosos. O problema é que um psicopata tem tudo para deitar e rolar em uma entrevista de emprego.
Muitas vezes o entrevistador não está tão preocupado com o conhecimento técnico do candidato. Quer mais é saber se ele é capaz de tomar decisões, relacionar-se com pessoas, motivar equipes. "A ‘química’ entre candidato e avaliador tem muita importância", diz o psicólogo. E aí um psicopata conta com um trunfo maior do que qualquer MBA: tranquilidade. Ele não vai passar horas em frente ao espelho decidindo a melhor roupa para a entrevista. Nem vai sentir as mãos suarem por medo da conversa. Um psicopata terá a segurança necessária para engabelar o avaliador, usando alguns termos técnicos, um punhado de histórias de competência no trabalho e um sorriso aberto que dirão em conjunto: "Sou a pessoa certa para a vaga".
O segredo desse charme todo está em saber "ler" as pessoas. Psicopatas podem não ter emoções, mas conseguem analisar muito bem como e por que as outras pessoas se emocionam. São estudiosos da natureza humana, prontos a usar o que aprenderam para o próprio interesse. Descobrem os hábitos e gostos dos colegas, se aproximam, criam um vínculo aparente. Assim conseguem convencer a colega de coração mole a fazer o trabalho por eles no fim de semana. Ou extrair informações sigilosas da secretária do presidente. Ou botar a culpa nos outros pelos problemas que aparecem. Aquela concorrente obstinada e perfeccionista conseguiu se promover trabalhando até as madrugadas? Ela não ia gostar de ouvir que é uma folgada e só conseguiu aumento se engraçando com o chefe. Bingo: basta espalhar essa história por aí para atingi-la. Desequilibrada pelo fuxico, ela poderia se tornar em breve um obstáculo a menos.
Atitudes assim passam despercebidas em empresas que estimulam a competição entre os funcionários. Se a companhia está obcecada pelos resultados que cada empregado gera, é possível que não preste tanta atenção ao cumprimento da ética no ambiente de trabalho. Movida a competitividade, a empresa americana de energia Enron foi do estrelato ao fundo do poço por causa de fraudes cometidas por executivos do mais alto escalão. A empresa começou o ano de 2001 como uma gigante, com faturamento de US$ 100,8 bilhões. Seus empregados sabiam que precisavam trabalhar como loucos. Todo semestre, um ranking interno nomeava os 5% melhores funcionários. Em seguida vinham os 30% excelentes, os 30% fortes, os 20% satisfatórios e, por último, os 15% que "precisavam melhorar". Se não melhorassem até a próxima avaliação, eram mandados para o olho da rua. E quem avaliava as pessoas? Os próprios colegas. O sistema parecia impulsionar a produtividade. Até que descobriram que a competição impulsionava mesmo eram falcatruas para garantir uma boa posição interna. No fim de 2001, fraudes que somavam US$ 13 bilhões engoliram a empresa. A Enron faliu. "Algumas companhias competitivas contratam pessoas tão agressivas e ambiciosas que acabam deixando para trás questões importantes do mundo da moral", afirma Roberto Heloani, psicólogo social e professor de gestão da FGV de São Paulo e da Unicamp.
Ainda que a companhia ofereça um ambiente propício à trairagem, o psicopata precisa procurar a hora certa para agir. Vítima de Carlos, Luana teve seu momento de fraqueza - bobeou, dançou. Empresas também têm seus momentos de fraqueza. Quando uma companhia compra um concorrente, seu caixa fica pobrinho, vazio. Muito dinheiro saiu de lá, e os acionistas estão ansiosos para saber quando o gasto dará retorno. O que algumas fazem, então? Procuram alguém capaz de produzir um milagre e encher o cofre de novo rapidinho. É aí que o psicopata se apresenta como o melhor gestor. Claro que é mentira - ele apenas tem maior capacidade de manipular sua imagem e vender ilusões. "Sem tempo para fazer uma análise minuciosa, as empresas compram essa imagem", diz Heloani.
Outra chance de dar o bote: crise na firma. Essa é a hora, geralmente, em que é preciso cortar gastos. E os chefes são pressionados a ser agressivos. Cortar despesas em 20%, 30% não é fácil. Quer dizer, se você for frio, não tiver medo das consequências nem se importar com os sentimentos alheios, até fica moleza. Coloque comida vencida no refeitório da firma para alimentar os funcionários. Fraude a contabilidade e entregue relatórios que escondam gastos e aumentem a receita - e o problema fica resolvido apenas com uma canetada.
Quando não houver mais o que chupinhar, o psicopata simplesmente sai do emprego. "Talvez você não tenha o emprego mais interessante do ponto de vista financeiro, mas pode preferir ficar na empresa por causa das relações afetivas com os colegas e com seu trabalho. Já um psicopata dificilmente cria vínculo", afirma Heloani. E se for pego antes de sair? Simples: ele mente. Culpa os outros, as circunstâncias, o "sistema", o destino, ou a própria empresa. Inventa um sem-número de desculpas que acabam atingindo seus rivais e eventuais "traidores".
Leia matéria completa: http://super.abril.com.br/cotidiano/psicopatas-s-629048.shtml
Fonte: Revista Superinteressante
46 milhões de pessoas no país têm algum tipo de deficiência mental
Eles estão por todo canto. Debaixo dos viadutos, perambulando pelas avenidas, agindo como pedintes, ou até em casos mais extremo, agredindo pessoas. Quase 46 milhões de brasileiros têm algum tipo de deficiência mental, motora, visual ou auditiva.
Esse número corresponde a 24% da população total do país, conforme constatação do Censo Demográfico 2010 – Características Gerais da População, Religião e Pessoas com Deficiência, divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No total, 2,6 milhões de brasileiros declararam ter deficiência mental ou intelectual.
Na Bahia, a situação também é grave. O Censo identificou 211 mil pessoas com deficiência intelectual/mental no estado, o que representa 1,5% da população. Ressalta-se que não estão inclusos nos números perturbações ou doenças mentais, como autismo, neurose, esquizofrenia e psicose. De acordo com dados da Secretaria de Saúde da Bahia (Sesab), na Bahia existem apenas quatro unidades públicas estaduais que oferecem tratamento psiquiátrico. Em apenas oito anos, 54% dos leitos foram eliminados. Atualmente existem 1.016 leitos psiquiátricos, sendo que 919 pacientes foram internados através do sistema Único de Saúde (SUS).
Centros
Segundo a Sesab, há cerca de 10 anos, os deficientes mentais eram imediatamente internados, hoje, a base dos tratamentos são os Centros de Atenção Psicossocial (CAPs). Lá, eles recebem tratamento, sem internação, e participam de grupos de reabilitação, com acompanhamento de assistente social e psiquiatras.
Dos quatro hospitais baianos, o Colônia Lopes Rodrigues, em Feira de Santana, abriga o maior número de pacientes, com 269 internos. Em seguida, vem o hospital Juliano Moreira, Cabula, com 178 leitos, o Hospital Especializado Mário Leal, IAPI, com 30, e por fim a unidade especialidade Afrânio Peixoto, em Vitória da Conquista, com 50 leitos.
Triagens
De acordo com o Rodrigo Sales de Souza, psicólogo do Hospital Juliano Moreira, maior da capital baiana, a unidade estadual atende através de demanda espontânea (sem necessidade de encaminhamento) e os pacientes são submetidos a triagens para receber atendimento adequado. “Temos ambulatório e emergência, esta última é dividida em dois modos.
A primeira é uma triagem, que funciona meio período, na qual recebemos pessoas que ainda têm o Juliano Moreira como referência para tratamento psiquiátrico ou moram em municípios distantes e não têm informações sobre atendimentos deste tipo onde moram.
A segunda triagem é a emergência, propriamente dita, na qual o funcionamento é feito 24 horas e os pacientes estão em quadro de crises e surtos. Geralmente eles são trazidos pela polícia, Samu ou pelos próprios familiares”, explicou.
Segundo informações da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), a rede de Saúde Mental de Salvador é composta por 14 Caps II adultos, dois Caps da infância e adolescência, dois Caps de alcool e outras drogas, sendo que um funciona 24 horas, três ambulatórios (Unidades de saúde com equipe multiprofissional, especializada em saúde mental), um Pronto Atendimento psiquiátrico e dois Consultórios de Rua.
A coordenadora da área técnica de saúde mental da SMS, Célia Rocha, explica que a internação ocorre apenas em última instância. “Inicialmente o paciente é levado ao acolhimento, no qual é ouvido e tem o quadro diagnosticado. A partir daí definimos se o tratamento é normal, semi-intensivo ou intensivo”disse, ressaltando que nos 12 distritos de Salvador há pelo menos um CAPs para atender a população. “O CAPs é um serviço territorial”, garante.
Já Rodrigo de Souza completa que, nos últimos anos, houve aumento no número de CAPs, mas ainda é possível perceber reflexos da precariedade dos serviços. “Temos muitos CAPs na Bahia, porém precisamos de mais profissionais e equipamentos especializados. Além disso, é preciso maior atenção para os ambulatórios e municípios do interior, que muitas vezes têm equipamentos, mas não têm profissional. Sei que a situação já foi bem pior, mas ainda não estamos no ideal”, relatou o psicólogo.
No último dia 20, um homem, aparentando 30 anos, foi capturado correndo nu na avenida ACM, após surto. Contido, ele foi levado para o Hospital Psiquiátrico Juliano Moreira, em Narandiba.
De acordo com informações do hospital, o homem é casado e havia feito tratamento contra esquizofrenia por oito meses no Centro de Atenção Psicossocial (CAP) de Brotas, mas havia abandonado o procedimento. Após avaliação médica, o homem foi levado para casa pela esposa e tia, sob recomendação de retomar o tratamento.
O custo e o modo de locomoção para atendimento médico também é um problema para familiares dos pacientes. “Nem sempre consigo convencê-lo a vim no médico. Às vezes o transtorno é muito grande e ele me bate, sem parar. Sem contar que gasto muito dinheiro com passagens”, contou a dona de casa, Amélia da Silva, 49, mãe de Joaquim Silva de Jesus, 26, que sofre de “problemas de cabeça”, como ela mesma definiu.
De acordo com a SMS, para que um paciente receba atendimento nos CAPs “a pessoa ou familiar deve se encaminhar ao serviço do seu território para fazer o acolhimento”. Além disso, “o internamento só é indicado quando todas as outras formas de tratamento forem esgotadas e o paciente represente real risco para si e/ou a outros”.
Fonte: Jornal Tribuna da Bahia
Disponível em:<http://www.tribunadabahia.com.br/2013/03/27/46-milhoes-de-pessoas-no-pais-tem-algum-tipo-de-deficiencia-mental. Acesso em: 28 mar. 2013.
Pesquisadores brasileiros buscam compreender melhor o TOC
Pesquisa Brasil recebe no estúdio o psiquiatra Eurípedes Constantino Miguel, professor titular e chefe do Departamento de Psiquiatria da Faculdade de medicina da USP, para conversar sobre novos estudos que buscam compreender melhor e tratar de modo mais eficiente o transtorno obsessivo-compulsivo, o TOC. Ao longo da entrevista, Eurípedes apresenta a trilha sonora do filme “Melhor é impossível” (1997), em que Jack Nicholson vive um escritor com sintomas característicos de TOC.
Também nesta edição, Luis Felipe Soares Cherem, prof. adjunto do Laboratório de Geomorfologia, Pedologia e Geografia Física da Universidade Federal de Goiás apresenta estudo que demonstra o avanço dos planaltos mais baixos em direção ao interior do continente.
Programação Musical
Aqui e Agora – Gilberto Gil
Melhor é impossível – Música tema do filme Melhor é Impossível
Riacho do Navio – Luiz Gonzaga
1.2.3.4.5 – Trilha sonora do filme Melhor é impossível
Always look in the bright side of life – Trilha sonora do filme Melhor é impossível.
Aqui e Agora – Gilberto Gil
Melhor é impossível – Música tema do filme Melhor é Impossível
Riacho do Navio – Luiz Gonzaga
1.2.3.4.5 – Trilha sonora do filme Melhor é impossível
Always look in the bright side of life – Trilha sonora do filme Melhor é impossível.
Acesse a página da reportagem e faça download do podcast: http://revistapesquisa.fapesp.br/2013/03/26/pesquisadores-brasileiros-buscam-compreender-melhor-o-toc/
Fonte: Revista Pesquisa FAPESP
Perda de peso inadequada traz risco de transtorno alimentar
Na Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP, pesquisa com 1.167 adolescentes da cidade de São Paulo verificou que 12,2% apresentam comportamentos de risco para transtornos alimentares e 31,9% apresentaram algum tipo de prática não saudável para controle do peso. As práticas de dieta restritiva aumentaram a chance de apresentar comportamentos de risco para transtornos alimentares 17,26 vezes no sexo masculino, e em 12,82 no sexo feminino. A nutricionista Greisse Viero da Silva Leal, autora do trabalho, recomenda que os pais e os adolescentes saibam reconhecer precocemente as atitudes que podem desencadear transtornos alimentares na busca de sua prevenção.
Foram avaliados adolescentes, com idade média de 16 anos (de 14 a 19 anos), estudantes do ensino médio de 12 Escolas Técnicas do Centro Paula Souza, no município de São Paulo. “Os jovens foram selecionados por meio de sorteio de uma sala de aula de cada ano do ensino médio em cada escola”, diz Greisse. “Para a coleta de dados utilizou-se o Questionário de Atitudes Alimentares de Adolescentes (QAAA), adaptado do questionário utilizado no EAT Project em Minnesota (Estados Unidos) em 2002, coordenado pela pesquisadora americana Dianne Neumark-Sztainer, que avalia atitudes alimentares e seus determinantes em adolescentes, acrescido de quatro questões sobre comportamentos de risco para transtornos alimentares, desenvolvidas pela pesquisadora australiana Phlippa Hay, em 1998, e adaptadas por Julia Elba de Souza Ferreira e Glória Valéria da Veiga, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) em 2008, e a Escala de Silhuetas de Stunkard (1983)”. A pesquisa foi orientada pela professora Sonia Tucunduva Philippi, do Departamento de Nutrição da FSP e faz parte de tese de doutorado defendida no último dia 15 de março.
Entre os adolescentes que apresentaram comportamento de risco para transtornos alimentares, 72,5% são do sexo feminino. “Estes comportamentos são caracterizados por compulsão alimentar (10,3%), prática de dieta restritiva (8,7%), uso de diuréticos com o objetivo de emagrecer (1,4%), uso de laxantes com o objetivo de emagrecer (0,3%) e vômito autoinduzido com o objetivo de emagrecer (0,3%)”, conta a nutricionista.
Dos jovens que apresentavam alguma prática não saudável para controle do peso, 66,8% são do sexo feminino. “Estas práticas são comer muito pouca comida com o objetivo de perder peso (20,4%); omitir refeições com o objetivo de perda de peso (20,6%); usar substitutos de refeições e alimentos com o objetivo de emagrecer (7,4%); usar remédios para emagrecer (2,1%) e fumar mais cigarros com o objetivo de emagrecer (1,6%)”.
Imagem corporal
De acordo com o estudo, a leitura de revistas sobre dieta para emagrecer aumentou em 2,87 vezes a chance de apresentar práticas não saudáveis para controle do peso, enquanto que estar satisfeita com a imagem corporal diminuiu esta chance, ou seja, satisfação corporal foi fator protetor. “O que se observa é que cada vez mais as revistas voltadas para o público feminino apresentam dietas para emagrecer e trazem corpos muito magros como ideais de beleza, as adolescentes podem sentir-se insatisfeitas com seus corpos quando comparados aos das modelos das revistas e procurar métodos não saudáveis para perder peso”, diz Greisse.
De acordo com o estudo, a leitura de revistas sobre dieta para emagrecer aumentou em 2,87 vezes a chance de apresentar práticas não saudáveis para controle do peso, enquanto que estar satisfeita com a imagem corporal diminuiu esta chance, ou seja, satisfação corporal foi fator protetor. “O que se observa é que cada vez mais as revistas voltadas para o público feminino apresentam dietas para emagrecer e trazem corpos muito magros como ideais de beleza, as adolescentes podem sentir-se insatisfeitas com seus corpos quando comparados aos das modelos das revistas e procurar métodos não saudáveis para perder peso”, diz Greisse.
Entre os adolescentes do sexo masculino, o que mais influenciou as práticas não saudáveis para controle de peso foi o estímulo materno à prática de dietas para emagrecer e a mídia (televisão, artistas de TV e modelos), aumentando o desejo de mudar a aparência corporal. Os riscos das dietas restritivas na adolescência estão relacionados ao fato de que tais dietas são hipocalóricas, ou seja, não atendem as necessidades nutricionais e podem comprometer o crescimento e desenvolvimento adequados.
“Além disso, relacionado aos transtornos alimentares, dietas restritivas causam privação física e emocional que podem desencadear frustração, raiva, ou seja, a pessoa sente-se frustrada por não poder comer certos tipos de alimentos, o que, em algum momento, pode levar à compulsão alimentar e esta, por sua vez, ao sentimento de culpa e medo de engordar, podendo desencadear comportamentos purgativos (vômito autoinduzido, uso de laxantes e diuréticos) compensatórios”, ressalta a nutricionista.
Segundo Greisse, é necessário incentivar o consumo de uma alimentação balanceada, com horários regulares e o consumo de alimentos de todos os tipos, de forma variada e prazerosa, a prática de atividade física de acordo com a aptidão de cada um, sem que seja uma obrigação. “Promover a satisfação corporal é primordial, ressaltando para os adolescentes a existência de diversos tipos de corpos e a impossibilidade de padronização de pesos e tamanhos ou medidas corporais”, observa. “Além disso, é necessário educar os adolescentes sobre a mídia, sobre os malefícios e a ineficência das dietas restritivas presentes em revistas e na internet e sobre a utilização de recursos gráficos que mostram corpos irreais, por exemplo”.
Fonte: Agência USP de Noticias
Disponível em: <http://www.usp.br/agen/?p=131914>. Acesso em: 28 mar. 2013.
Mudanças no perfil de bibliotecas são alvo de estudo
As bibliotecas dos Centros Educacionais Unificados (CEUs) permitiram que a leitura alcançasse locais onde antes não chegava, mas ainda precisam romper algumas barreiras e preconceitos para ampliar seu público. Essas são as principais conclusões da pesquisa desenvolvida por Charlene Kathlen de Lemos, na Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP. Por meio de sua análise foi possível perceber ainda que ocorreu uma reconstrução social a partir das experiências de educação cidadã que os CEUs da cidade de São Paulo oferecem.
A pesquisadora, bibliotecária e moradora da periferia paulistana, sempre pensou que assim que as bibliotecas públicas fizessem parte da paisagem urbana das regiões mais extremas e pobres da cidade, os moradores dessas áreas imediatamente passariam a se apropriar desses equipamentos de forma mais ampla, visto que durante muito tempo essas regiões foram negligenciadas do acesso à biblioteca. Porém, a pesquisadora observou que a apropriação de equipamentos culturais estaria ligada a processos que vão além do simples acesso: dentre tantas coisas, era preciso desenvolver um relacionamento com a comunidade. Isso a estimulou a pensar no papel da biblioteca nas periferias, a partir das experiências das bibliotecas dos CEUs da cidade.
A dissertação de mestrado Bibliotecas dos Centros Educacionais Unificados (CEUs) : a construção de uma cultura comum, orientada por Lucia Maciel Barbosa de Oliveira, analisa as relações entre a biblioteca e a cidade e entre a biblioteca e o público. Por meio das análises foi possível identificar que as bibliotecas dos CEUs em suas linhas de ação têm permitido a construção de uma biblioteca plural, no sentindo de agregar múltiplos saberes, ampliando, portanto, sua esfera de atuação. Foram acompanhadas duas bibliotecas de regiões periféricas de São Paulo.
Foi analisado de que forma as bibliotecas eram utilizadas em áreas de crise urbana como enchentes, desapropriações, mudanças de cenário e por pessoas que passavam intensas dificuldades nas áreas sociais e econômicas. “Por exemplo, em um CEU que estava localizado nas proximidades de uma favela, os pais enviavam as crianças para a biblioteca para protegê-las caso houvessem desabamentos de barracos nas épocas de chuvas”, relata Charlene, apontando relações possíveis entre a biblioteca e a comunidade.
Os bibliotecários, por sua vez tiveram seus papéis ampliados, ou seja, a partir da realidade de sua comunidade, os profissionais se viram obrigados a pensar em atividades de ações culturais que não ignorassem os problemas sociais, mas que a biblioteca servisse de espaço de reflexão e discussão para esses problemas. Se o público de uma determinada biblioteca era formado por crianças ainda não alfabetizadas, trabalhar com multiblocos de brinquedos onde elas reproduzissem a sua casa ou a casa onde gostariam de morar, eram estratégias para que, num primeiro momento, o espaço da biblioteca fosse ocupado e, a partir daí, a leitura, mesmo que ainda em sua forma oral, entrasse no dia-a-dia da população.
Papel social das bibliotecas
É direito do cidadão usufruir dos equipamentos culturais de sua cidade e, por isso, é dever do governo fornecer acesso à eles. A existência de bibliotecas nas periferias aproxima os moradores desses equipamentos, visto que o cidadão não precisará deslocar-se do seu bairro para emprestar livros ou para participar de atividades e práticas culturais. No entanto, o preço a se pagar por isso é a permanência do cidadão nas áreas de periferia. A integração com outros circuitos culturais existentes na cidade é um dos grandes desafios dos CEUs e suas bibliotecas, assim como ajudar o morador da periferia a se ver como um cidadão. É claro que essa integração também esbarra em outros problemas como as deficiências do transporte público, por exemplo.
É direito do cidadão usufruir dos equipamentos culturais de sua cidade e, por isso, é dever do governo fornecer acesso à eles. A existência de bibliotecas nas periferias aproxima os moradores desses equipamentos, visto que o cidadão não precisará deslocar-se do seu bairro para emprestar livros ou para participar de atividades e práticas culturais. No entanto, o preço a se pagar por isso é a permanência do cidadão nas áreas de periferia. A integração com outros circuitos culturais existentes na cidade é um dos grandes desafios dos CEUs e suas bibliotecas, assim como ajudar o morador da periferia a se ver como um cidadão. É claro que essa integração também esbarra em outros problemas como as deficiências do transporte público, por exemplo.
As ações culturais promovidas pelas bibliotecas — oficinas de histórias, feiras do livro, oficinas de artesanato, cursos, debates, clubes de leitura — permitem a ampliação do público contemplado por elas, além de mostrar que a biblioteca pode e deve ser um local democrático. É do imaginário popular que bibliotecas são locais de cultura erudita, de silêncio e estudos, porém esse modelo não cabe na realidade dos CEUs. É preciso haver a troca de ideias e saberes dentro desses espaços. A educação reside na troca de diferentes ideias e culturas, segundo Paulo Freire.
No entanto, o público atingido ainda não é suficiente quando se pensa na totalidade dos moradores de periferias. A possibilidade de expansão de público reforça a ideia de que há ainda diversas barreiras a se quebrar quando se pensa nas possíveis funções sociais de uma biblioteca. É necessário mostrar a face dinâmica das bibliotecas, funcionando até mesmo como lugar de recreação para as crianças. A vivência entre livros estimula a leitura e curiosidade desde a infância. Integrar os circuitos culturais da cidade é uma boa opção para ampliar o alcance do público, respeitando as tradições e individualidades de cada bairro.
“É ilusório acreditar que a biblioteca do CEU será a grande redentora dos excluídos; não dá para apagar a realidade da rua, da habitação precária, da violência, da exploração pelo trabalho. O direito à educação, à cultura, à informação vem acompanhado de um conjunto amplo de direitos. Contudo, se a biblioteca não for esse espaço público democrático, garantindo a liberdade de informação e de cultura, integrada a realidade da cidade, ela estará fadada ao esvaziamento”, conclui Charlene.
Fonte: Agência USP de Noticias
Disponível em: <http://www.usp.br/agen/?p=131888>. Acesso em: 28 mar. 2013.
terça-feira, 26 de março de 2013
Pesquisadores debatem prevenção a transtornos mentais
Cerca de 100 especialistas, entre brasileiros e estrangeiros, estão reunidos
desde segunda (25) até sexta-feira (29) para debater pesquisas e programas sobre
transtornos mentais.
O encontro, promovido pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), vai
resultar em um relatório sugerindo ao governo ações focadas na prevenção aos
transtornos mentais, emocionais e de comportamento.
Fonte: Jornal Ipanema
Disponível em:<http://jornalipanema.com.br/noticias/saude/35043-pesquisadores-debatem-prevencao-a-transtornos-mentais>. Acesso em: 25 mar. 2013.
CID 2013
Inscrições abertas para o Congresso Internacional sobre Drogas.
Já estão abertas as inscrições para o Congresso Internacional sobre Drogas: Lei, Saúde e Sociedade, que acontece entre os dias 3 e 5 de maio, no Museu Nacional da República, na Esplanada dos Ministérios, em Brasília. O evento pretende fornecer subsídios técnico-científicos para a reformulação de políticas sobre drogas no Brasil, por meio do intercâmbio de experiências internacionais e da análise da realidade brasileira em relação ao tema.
Os cadastros para participar do Congresso podem ser feitos até 4 de abril, no site (http://www.cid2013.com.br/index.php/inscricao). Os valores são, respectivamente, R$ 100, R$ 150 e R$ 250, para alunos de graduação, pós-graduação, professores, pesquisadores e outros profissionais. São 600 vagas que darão acesso ao espaço interno do evento, onde acontecerão debates, palestras e mesas-redondas.
O sistema de inscrição também permite que cada participante envie um trabalho para ser apresentado durante o encontro. Os resumos devem conter, no máximo, 175 palavras e podem ter até seis coautores. Os temas precisam abordar questões relativas às ciências biomédicas, história, ciências sociais e direito.
O congresso é uma iniciativa conjunta entre o Conselho Federal de Psicologia (CFP), a Universidade de Brasília (UnB), o Instituto Brasileiro de Ciências Criminais (IBCCRIM), o Núcleo de Estudos Interdisciplinares de Psicoativos (NEIP) e a Associação Brasileira de Estudos Sociais do Uso de Psicoativos (ABESUP).
O encontro, considerado pela Corporação das Nações Unidas para o Desenvolvimento (UNODC, sigla em inglês) como um dos mais importantes do continente latino-americano neste ano, vai reunir especialistas do Brasil, América Latina, Europa e Estados Unidos. As discussões serão feitas em conjunto com representantes da sociedade civil, sobre segurança pública, política, educação, cultura, medicina e saúde pública. A programação inclui palestras, debates, mesas e atrações culturais.
Mesas
O congresso será composto também por mesas redondas temáticas interdisciplinares. O CFP coordenará duas delas durante o evento. A primeira trará reflexões sobre as políticas públicas para atender usuários de álcool e outras drogas. A outra será conduzida pela Comissão Nacional de Direitos Humanos do CFP em parceria com a Frente Nacional Drogas e Direitos Humanos (FNDH), e terá como tema central o Relatório da 4ª Inspeção Nacional de Direitos Humanos: locais de internação para usuários de drogas.
Para mais informações, acesse o site: http://www.cid2013.com.br.
Uma Clarice acessível
Sobre o amor ou a amizade. Sobre perdas, animais ou o luto. Todos os dias, em páginas na internet e em redes sociais como o Facebook, incontáveis frases sobre esses e diversos outros temas são compartilhadas e atribuídas a Clarice Lispector. Muitas fora de contexto, outras apócrifas, é verdade, mas que ainda assim podem se converter numa oportunidade para atrair para sua obra leitores abertos a isso, afirma Olga de Sá, reconhecida pesquisadora da obra da autora, diretora-geral das Faculdades Integradas Teresa D’Ávila e do Instituto Santa Teresa, de Lorena, São Paulo, e professora-assistente da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.
“Só não podemos ficar nisso. É preciso levar o leitor ao texto, porque é lá que vai encontrar a verdadeira Clarice, a escritora que mudou a literatura brasileira de alguma forma, assim como de outra forma Guimarães Rosa também mudou. O importante é não ficar na redução, mas levar ao texto completo”, afirma.
Na esteira da fama virtual, a Editora Rocco vem nos últimos anos republicando e lançando volumes temáticos, caso de De Bichos e Pessoas – Crônicas para jovens, De Escrita e Vida – Crônicas para jovens e De Amor e Amizade – Crônicas para jovens. Presente há anos em listas de leituras obrigatórias em vestibulares, Clarice Lispector torna-se, assim, ainda mais presente na vida do jovem leitor.
“Os livros de Clarice abrem um universo de diálogo com os jovens e com qualquer pessoa, que é muito amplo e significativo. O professor que conseguir tocar essa tecla, de ser capaz de fazer o texto falar, terá resultados muito gratificantes.”
Carta na Escola: Clarice tem ganhado muita fama na internet, em redes sociais, com trechos retirados de seus textos e frases que, muitas vezes, nem mesmo são dela. Esses são leitores de Clarice em potencial?
Olga de Sá: Alguns jovens gostam de frases de efeito retiradas do contexto. Essas pessoas são movidas por esse tipo de leitura, mas, certamente, quando você tira uma frase do contexto, há de ter cuidado, porque, na verdade, o contexto dá sentido à frase. Eu tenho lido algumas coisas dessas e acho que, às vezes, até se altera o sentido do que ela estava dizendo. Existem sim leitores que gostam disso, contudo, é preciso cuidado, porque, na verdade, quando você lê uma obra, pode levantar muitas significações, o que é próprio da obra. Porém, há significações coerentes e incoerentes. Não é tudo que se pode ler, tem de ter certa coerência de leitura e isso, às vezes, escapa a esse tipo de leitor que faz a leitura subjetiva, que lhe agrada.
CE: Isso de alguma forma reduz o peso da obra da autora?
OS: Ela se defende. Não adianta fazer essa redução, porque você volta ao texto e vê que ele não condiz com o que foi dito. Na verdade, autores menores podem ser mais passíveis de certa redução, mas Clarice não se deixa reduzir.
CE: Um educador, de olho nessa tendência, pode aproveitar essa fama virtual para levar o jovem para a obra?
OS: Tudo é válido, desde que você vá até a obra. Eu mesma tenho vários cartões que mando com frases de Clarice, elas são lindas. Por exemplo: “Todas as manhãs, quando me levanto, vou tirar a poeira da palavra amor”. Então você pode, a partir daí, levar o leitor para a obra de Clarice. O que não se pode é ficar nisso. É preciso levar o leitor à leitura do texto, porque é lá que ele vai encontrar a verdadeira Clarice, vai encontrar aquela escritora que mudou a literatura brasileira de alguma forma, assim como de outra forma Guimarães Rosa também mudou. O importante é não ficar na redução, mas levar ao texto completo.
CE: Que características na obra de Clarice podem ser bem trabalhadas com esse jovem leitor?
OS: Quando o leitor já tem certo conhecimento de literatura, pode-se ir pelas figuras, como os paradoxos, as antíteses, as repetições, que chegam e causam surpresa. Pode ser também pela leitura de contos que ficam realmente em aberto, até contos infantis. Por exemplo, O Mistério do Coelho Pensante fica em aberto. Já trabalhei ele com crianças e elas dão um final para o conto. Alguns procuram um final feliz, mas há aqueles como uma menina que me disse: “O coelhinho fugia da gaiola pelo pensamento”. A criança foi na direção daquilo que a própria Clarice poderia querer dizer. Acho que o importante é apelar para esses tipos de abordagem, de não fechar o texto… Porque o adulto é muito apressadinho. Ele já quer saber o que foi, qual a interpretação, o que o autor quis dizer e, na verdade, a gente não sabe, o texto é aberto.
CE: Que obras a senhora indicaria para um professor que está começando a trabalhar Clarice Lispector em turma, pensando na formação de leitores e não apenas em exames vestibulares?
OS: Acho que os contos são maravilhosos para isso. Não se deve começar nunca pela A Maçã no Escuro, que é uma floresta de signos de difícil abordagem. Começar ou pelo Uma Aprendizagem ou o Livro dos Prazeres ou pelos contos, como eu já disse. Depois de certo tempo, A Paixão Segundo GH, mas esse apenas para certo tipo de leitor. A própria Clarice disse que encontrou um professor no Rio de Janeiro que deixou o livro de lado, não gostou, e que uma mocinha, ainda estudante, fez da obra seu livro de cabeceira. Então você vê que não é questão de idade, mas de afinidade. Perto do Coração Selvagem não é um livro difícil hoje em dia. Então é isso, deve-se começar ou pelos contos, Uma Aprendizagem ou o Livro dos Prazeres e não começar pela A Maçã no Escuro, O Lustre, A Cidade Sitiada… A Hora da Estrela também é ótimo para começar.
CE: Uma separação por temas, como a que vem sendo feita pela Editora Rocco, facilita o trabalho de um formador de leitores dentro da sala de aula?
OS: Sim e não. Na verdade, com isso você começa a dar um sentido à obra, e a obra é mais rica e apela mais ao leitor quando é aberta, com várias significações. Então vai depender muito do tipo de professor e de alunado. Pode, sim, ter uma faixa que seja atingida por esse tipo de leitura, mas a crítica realmente é muito mais aberta do que isso e a leitura também. Assim, um leitor mais inteligente, mais apurado, provavelmente preferirá outro tipo de abordagem. Essa história também de fazer histórias em cima de contos de Clarice é um tipo de leitura que pode agradar a muitos que gostam de histórias com começo, meio e fim, mas certamente não foi avisada dos contos de Clarice, pois ela sempre deixou tudo muito aberto. Então depende do leitor, do professor, da escola e do tipo de cultura.
CE: Em questões temáticas, o que pode ser trabalhado na obra da Clarice?
OS: A morte, o significado do ser, a possibilidade da linguagem de ver o ser, o silêncio. Tenho dois armários só de obras com críticas de Clarice e você vê muitos livros que abordam esses temas, como o Mal também, por exemplo. São temas infinitos. Depende muito da capacidade do leitor em colher o tema. Por exemplo, em A Hora da Estrela, não há dúvida de que a morte, a gente poderia dizer, é a protagonista. Mas muitos não captam isso, não se interessam. Por isso eu acho que a temática na obra da Clarice varia na medida da percepção do leitor.
CE: A propósito, A Hora da Estrela está há anos em listas de vestibular. É uma boa obra para se colocar como leitura obrigatória? Que tipo de leitura essas provas exigem? A senhora concorda com o que costuma se cobrar nesses exames?
OS: Eu não conheço esse mundo de vestibular, o que conheço pelo contato com os jovens, é que a leitura que é feita é um pouco pobre. Por outro lado, o que você vai perguntar no vestibular? São perguntas que têm de ser objetivas, hoje em dias as redações já se abriram mais, mas, de qualquer maneira, você não tem muito por onde andar no vestibular. E A Hora da Estrela é um livro que pode ter uma leitura linear. Aliás, trabalhei um pouco com a (cineasta) Susana Amaral quando ela estava fazendo o filme (em 1986), e ela me disse que iria fazer um filme que o povo entendesse, portanto, com começo, meio e fim, e que não daria para colocar os aspectos metalinguísticos da obra. Nos filmes que têm narrador, ele começa a contar a história, você esquece que tem um narrador, porque você vê a história, e assim vai até o fim. O narrador, no filme, não resolve nada. A Hora da Estrela presta-se a esse tipo de abordagem porque, se você quiser, como acontece no filme, ele fica linear. Todo aspecto metalinguístico não precisa aparecer. É claro que reduz, mas não há outra maneira de fazer para ser objetivo.
CE: Pensando que você vai trabalhar o livro com um jovem para o vestibular, é possível trabalhar essa metalinguagem em outro momento? Como driblar esse viés para que a leitura seja mais completa?
OS: A gente, como professor, quando passa o filme faz a observação: olha, aqui vocês veem a história linear da Macabea. Porém, lendo o livro, vocês vão ver que através ou por trás dessa história linear existe toda uma reflexão sobre a criação, sobre o tempo na narrativa, sobre a morte. São temas significativos que aparecem na obra inteira e que podem não aparecer num resumo. Acho que a questão é só de abordagem.
CE: É necessária alguma formação especial para o professor trabalhar com Clarice?
OS: Penso que o professor, para qualquer leitura de uma obra significativa da literatura, precisa ter sensibilidade, percepção e didática. A formação hoje está prejudicada e ninguém mais quer ser professor. É preciso ter esse gosto para ser professor, é preciso saber ensinar e dialogar, porque o ensino hoje não é só ficar falando e o aluno escutando, é um diálogo. É preciso tirar deles tudo o que for possível e aí construir. Às vezes, eles fazem encenações muito boas, até mesmo as crianças. Isso faz parte da flexibilidade que o professor precisa ter para ir ao encontro do gosto dos alunos sem deixar que a coisa caia no plano.
CE: As traduções recentes para outras línguas mudam o local que Clarice ocupa na literatura?
OS: Acredito que a tradução significa que a leitura está se ampliando, é um esforço de compreender outras culturas. O português é uma língua difícil de ser encarada. Se Machado de Assis tivesse escrito em inglês, ele seria o maior escritor da época. Ele foi, mas não era reconhecido por não escrever em uma língua palatável, coisa que o português não é. Acho que as traduções revelam a influência do autor, como ele está influindo em outras culturas, são um reflexo da influência do autor e do reconhecimento que ele tem.
CE: Entre todos os autores brasileiros, porque Clarice tem ganhado tanto destaque nessa cultura digital?
OS: Penso que é pela significação da sua obra. Uma autora que trata esses temas, que vai ao fundo do que é o ser, que vai a fundo nos problemas de linguagem, que coloca propriamente toda a sua vida em escrever. Tem um livro dela que fala assim: “Agora vou morrer um pouco”. O que é isso de morrer um pouco? É quando ela parava de escrever. Quando ela interrompia para fazer alguma coisa. Por outro lado, ela também se questionava: “Será que escrevendo eu também não perco a vida?” Então esse tipo de interrogação é universal. Os temas de Clarice são universais e por isso interessam a qualquer homem em qualquer lugar do planeta. Os livros de Clarice abrem um universo de diálogo com os jovens, com os alunos ou com qualquer pessoa, que é muito amplo e significativo. O professor que conseguir tocar essa tecla, de ser capaz de fazer o texto falar, terá resultados muito gratificantes. Agora, é claro que aquele professor que fica muito rígido, não tem abertura, esse não vai colher grandes frutos. Há muita margem, como há com outros escritores como Machado de Assis, Guimarães Rosa, Cecília Meireles, que dependem muito da capacidade de diálogo do professor.
Fonte: Revista Carta Capital
Disponível em:<http://www.cartacapital.com.br/carta-na-escola/uma-clarice-acessivel/>. Acesso em: 26 mar. 2013.
Cuiabá se prepara para II Conferência Municipal de Saúde Mental
A Secretaria de Saúde de Cuiabá (SMS) se prepara para a realização da II Conferência Municipal de Saúde Mental Intersetorial de Cuiabá, que acontece nos dias 14 e 15 de abril, com o objetivo de discutir as políticas públicas para portadores de doenças e transtornos mentais e dependência química.
Para isto, serão realizados, a partir do próximo dia 23 de março, os fóruns regionais, onde serão eleitos os delegados com direito a voz e voto durante a conferência. Podem concorrer às vagas representantes de usuários, gestores e trabalhadores do Sistema Único de Saúde (SUS) e de outros setores.
Diferentemente de outras conferências do setor, a Conferência Municipal de Saúde busca a participação dos demais setores no debate. “Os transtornos mentais e a dependência química extrapolam o limite da saúde, por isso precisamos de toda a sociedade discutindo essas políticas públicas”, salientou a coordenadora da Saúde Mental de Cuiabá, Maria Aparecida Silva.
A I conferência municipal foi realizada no ano de 2001. Em sua segunda edição, a conferência ainda elege os delegados que participarão das conferências estadual e nacional, que acontecem, respectivamente, nos meses de maio e junho.
Confira a Programação:
23.03 – Fórum Regional – Sul
24.03 – Fórum Regional – Oeste
25.03 – Fórum Regional – Leste
26.03 – Fórum Regional – Norte
14 e 15.04 – II Conferência Municipal de Saúde Mental Intersetorial Cuiabá
Para isto, serão realizados, a partir do próximo dia 23 de março, os fóruns regionais, onde serão eleitos os delegados com direito a voz e voto durante a conferência. Podem concorrer às vagas representantes de usuários, gestores e trabalhadores do Sistema Único de Saúde (SUS) e de outros setores.
Diferentemente de outras conferências do setor, a Conferência Municipal de Saúde busca a participação dos demais setores no debate. “Os transtornos mentais e a dependência química extrapolam o limite da saúde, por isso precisamos de toda a sociedade discutindo essas políticas públicas”, salientou a coordenadora da Saúde Mental de Cuiabá, Maria Aparecida Silva.
A I conferência municipal foi realizada no ano de 2001. Em sua segunda edição, a conferência ainda elege os delegados que participarão das conferências estadual e nacional, que acontecem, respectivamente, nos meses de maio e junho.
Confira a Programação:
23.03 – Fórum Regional – Sul
24.03 – Fórum Regional – Oeste
25.03 – Fórum Regional – Leste
26.03 – Fórum Regional – Norte
14 e 15.04 – II Conferência Municipal de Saúde Mental Intersetorial Cuiabá
Fonte: Olhar Direto
Disponível em: <http://www.olhardireto.com.br/noticias/exibir.asp?id=89519>. Acesso em: 26 mar. 2013.
Grupo contesta estudos que relacionam o tamanho do crânio ao caráter
Depois de analisar dados de aproximadamente 5 mil indivíduos pertencentes a 94 grupos populacionais modernos distintos, um grupo de geneticistas e antropólogos físicos ibero-americanos, incluindo brasileiros, colheu evidências suficientes para contestar uma das teorias mais estranhas e controversas que ganharam as páginas de importantes revistas científicas nos últimos cinco anos: a de que, ao medir um traço físico permanente do crânio de pessoas do sexo masculino, é possível obter um indicador confiável de seu grau de honestidade e de agressividade. Segundo essa polêmica tese, que flerta com as ideias lombrosianas defendidas no século XIX e há tempos totalmente desacreditadas, a relação entre a largura e a altura do rosto de um homem está associada ao tipo de comportamento exibido pelo indivíduo (o mesmo raciocínio não valeria para as mulheres).
No vídeo produzido pela equipe da revista Pesquisa FAPESP, foram entrevistados os professores Claiton Bau, especialista em genética psiquiátrica, Maria Cátira Bortolini, geneticista da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRG), e Francisco Mauro Salzano, professor titular da federal gaúcha.
Leia mais sobre o tema acessando a reportagem O crânio subvertido /http://revistapesquisa.fapesp.br/2013/01/11/o-cranio-subvertido/ da revista Pesquisa FAPESP número 203, edição publicada em janeiro de 2013.
Confira entrevistas em vídeo com especialistas em genética falando sobre o trabalho científico : http://www.youtube.com/embed/_9SYSGQT9tk
Fonte: Revista Pesquisa FAPESP
Disponível em:<http://revistapesquisa.fapesp.br/2013/03/20/grupo-contesta-tese-que-relaciona-o-tamanho-do-cranio-ao-carater/>. Acesso em: 26 mar. 2013.
Aumento de fraudes em pesquisas preocupa cientistas no mundo todo
Número de casos e denúncias de má conduta envolvendo plágio, falsificação e fabricação de dados em trabalhos científicos cresceu significativamente nos últimos dez anos; autoridades brasileiras começam a criar regras e comissões para lidar com o problema
“É uma coisa tão horrorosa e tão incômoda que, por muito tempo, preferimos acreditar que o problema não existia. Mas ele existe, e estamos lidando de frente com ele agora.” A afirmação, do biofísico Paulo Sérgio Beirão, reflete bem o momento de enfrentamento vivido entre cientistas e aquele que provavelmente é o maior fantasma de sua comunidade: a prática de fraudes na ciência.
O número de casos relatados de plágio, falsificação e até fabricação (invenção) de resultados em trabalhos científicos vem aumentando significativamente nos últimos anos, deixando no ar a sensação de que uma “epidemia de fraudes”está se espalhando pelo outrora inabalável universo da integridade científica. Uma das causas seria o maior acesso à internet e a softwares, que facilitam tanto a prática quanto a detecção de fraudes.
As estatísticas mais alarmantes vêm dos Estados Unidos. Segundo dados divulgados em dezembro pelo Escritório de Integridade em Pesquisa (ORI, em inglês) do Departamento de Saúde do governo americano, o número de trabalhos retratados nos últimos dez anos só nas ciências biomédicas aumentou 435% – levando em conta artigos listados na base PubMed, referência bibliográfica internacional para pesquisas nessa área. No ano passado, 375 artigos da base foram retratados, comparado a 271 em 2011 e a 70, em 2003.
Criado há 20 anos, o ORI é encarregado de investigar denúncias de fraudes cometidas por cientistas que recebem recursos dos Institutos Nacionais de Saúde dos EUA. O escritório recebe uma média de 198 denúncias por ano, das quais 36% resultam em condenação. Em 2011, segundo o relatório anual mais recente, foram recebidas 240 denúncias, e dentre as 29 investigações concluídas, 13 (44%) resultaram em um veredicto de culpa. Números da Webof Science, a biblioteca digital que cataloga artigos das melhores revistas científicas do mundo, contam uma história semelhante, com um aumento significativo no número de retratações ao longo da última década.
Só nos últimos dois anos, cerca de 800 trabalhos relacionados na base foram retratados, segundo estimativas divulgadas pelo site Retraction Watch , que publica diariamente notificações sobre pesquisas retratadas no mundo todo. Trabalhos retratados são removidos da literatura e deixam de ter validade científica. A retratacão não significa que tenha havido má fé por parte dos autores, mas é frequentemente relacionada a casos de má conduta.
No Brasil
Os sintomas dessa “epidemia” ainda são amenos no Brasil, mas as agências reguladoras e de financiamento estão atentas ao problema e já se preparam para um agravamento no quadro local de denúncias. Beirão está na linha de frente desse movimento. Ele é o presidente da Comissão de Integridade na Atividade Científica (Ciac) do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), criada há um ano para lidar especificamente com esse assunto. Cabe à Ciac estabelecer regras de boas práticas e de conduta ética na atividade científica, assim como analisar denúncias de possíveis violações dessas regras, quando elas envolvem pesquisadores ou projetos financiados pelo CNPq.
“O número de denúncias não é muito grande, mas já aumentou desde a criação da comissão”, relata Beirão, que também é professor da Universidade Federal de Minas Gerais(UFMG)e diretor de Ciências Agrárias, Biológicas e da Saúde do CNPq.“To- da denúncia que chega é investigada, além de casos que nós detectamos por conta própria.” Na primeira reunião da Ciac, em julho de 2012, foram analisa- dos quatro casos, incluindo três acusações de plágio e uma, de má conduta ética. “Em todos os casos, medidas prévias de punição já haviam sido tomadas e a Ciac decidiu por enviar notas derepreensão aos denunciados”, informou a comissão.
Sete meses depois, na segunda reunião, realizada no início deste mês, foram dez casos, incluindo quatro acusações de plágio, uma de falsificação de resultados e cinco, de má conduta ética. A Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) trilha um caminho similar, iniciado em setembro de 2011 com a publicação de um Código de Boas Práticas Científicas , que estipula princípios fundamentais de integridade na ciência e determina regras e prazos para investigação de possíveis casos de má conduta.
O código tem implicações diretas para todos os pesquisadores e instituições que recebem recursos da Fapesp. “Em toda entidade de pesquisa deve haver um órgão exclusivamente encarregado de rece-ber alegações de más condutas científicas relacionadas a pesquisas nela realizadas, avaliar seu grau de fidedignidade e especificidade e, se for o caso, iniciar e coordenar a investigação de fatos alegados”, diz o código. “A responsabilidade principal é das instituições; a Fapesp só intervém quando considera absolutamente necessário”, complementa o filósofo Luiz Henri- que Lopes dos Santos, professor da Universidade de São Paulo (USP) e membro da Coordenacão Adjunta da Diretoria Científica da Fapesp.
Desde o lançamento do código, a Fapesp já abriu 14 processos administrativos por má conduta científica, incluindo 8 por plágio, 3 por falsificação de da- dos de pesquisa, 1 por plágio e falsificação de dados, 1 por falsificação de dados curriculares e 1 por quebra de sigilo de assessoria ad hoc. Desse total, sete processos continuam em andamento e sete foram finalizados – dos quais quatro resultaram em declaração de culpa e punição.
Gravidade.
“A situação é mesmo preocupante”, reconhece Santos. “Todas as instituições e todas as agências estão atentas a isso.” Segundo ele, é importante que todas as denúncias sejam investigadas, mesmo que sejam anônimas. “Não importa quem fez a denúncia ou porquê. Se encontrarmos um bilhete debaixo da porta dizendo que há fraude numa pesquisa, vamos investigar. Não dá para ignorar nada.
” Tanto Santos quanto Beirão, porém, enfatizam que as investigações devem ser conduzidas com respeito aos acusados e garantindo a eles amplo direito de defesa. A apuração dos fatos, segundo eles, é essencial para proteger a reputação dos pesquisadores, caso eles tenham sido acusados injustamente. Mesmo nos casos em que o pesquisador for considerado culpado, as consequências devem ser avaliadas com cuidado.
“As punições precisam ser dosadas muito bem, para não cometer injustiças”, afirma Beirão.“Se a punição for muito leve, torna-se inócua; se for pesada demais, pode destruir para sempre a carreira do pesquisador.” Ambas as agências estão avaliando o que fazer com relação à divulgação – ou não – dos nomes dos pesquisadores culpados de má conduta. As punições podem variar desde uma nota de repreensão até o cancelamento de bolsas e exigência de ressarcimento dos recursos públicos empenhados na pesquisa.
O número de casos relatados de plágio, falsificação e até fabricação (invenção) de resultados em trabalhos científicos vem aumentando significativamente nos últimos anos, deixando no ar a sensação de que uma “epidemia de fraudes”está se espalhando pelo outrora inabalável universo da integridade científica. Uma das causas seria o maior acesso à internet e a softwares, que facilitam tanto a prática quanto a detecção de fraudes.
As estatísticas mais alarmantes vêm dos Estados Unidos. Segundo dados divulgados em dezembro pelo Escritório de Integridade em Pesquisa (ORI, em inglês) do Departamento de Saúde do governo americano, o número de trabalhos retratados nos últimos dez anos só nas ciências biomédicas aumentou 435% – levando em conta artigos listados na base PubMed, referência bibliográfica internacional para pesquisas nessa área. No ano passado, 375 artigos da base foram retratados, comparado a 271 em 2011 e a 70, em 2003.
Criado há 20 anos, o ORI é encarregado de investigar denúncias de fraudes cometidas por cientistas que recebem recursos dos Institutos Nacionais de Saúde dos EUA. O escritório recebe uma média de 198 denúncias por ano, das quais 36% resultam em condenação. Em 2011, segundo o relatório anual mais recente, foram recebidas 240 denúncias, e dentre as 29 investigações concluídas, 13 (44%) resultaram em um veredicto de culpa. Números da Webof Science, a biblioteca digital que cataloga artigos das melhores revistas científicas do mundo, contam uma história semelhante, com um aumento significativo no número de retratações ao longo da última década.
Só nos últimos dois anos, cerca de 800 trabalhos relacionados na base foram retratados, segundo estimativas divulgadas pelo site Retraction Watch , que publica diariamente notificações sobre pesquisas retratadas no mundo todo. Trabalhos retratados são removidos da literatura e deixam de ter validade científica. A retratacão não significa que tenha havido má fé por parte dos autores, mas é frequentemente relacionada a casos de má conduta.
No Brasil
Os sintomas dessa “epidemia” ainda são amenos no Brasil, mas as agências reguladoras e de financiamento estão atentas ao problema e já se preparam para um agravamento no quadro local de denúncias. Beirão está na linha de frente desse movimento. Ele é o presidente da Comissão de Integridade na Atividade Científica (Ciac) do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), criada há um ano para lidar especificamente com esse assunto. Cabe à Ciac estabelecer regras de boas práticas e de conduta ética na atividade científica, assim como analisar denúncias de possíveis violações dessas regras, quando elas envolvem pesquisadores ou projetos financiados pelo CNPq.
“O número de denúncias não é muito grande, mas já aumentou desde a criação da comissão”, relata Beirão, que também é professor da Universidade Federal de Minas Gerais(UFMG)e diretor de Ciências Agrárias, Biológicas e da Saúde do CNPq.“To- da denúncia que chega é investigada, além de casos que nós detectamos por conta própria.” Na primeira reunião da Ciac, em julho de 2012, foram analisa- dos quatro casos, incluindo três acusações de plágio e uma, de má conduta ética. “Em todos os casos, medidas prévias de punição já haviam sido tomadas e a Ciac decidiu por enviar notas derepreensão aos denunciados”, informou a comissão.
Sete meses depois, na segunda reunião, realizada no início deste mês, foram dez casos, incluindo quatro acusações de plágio, uma de falsificação de resultados e cinco, de má conduta ética. A Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) trilha um caminho similar, iniciado em setembro de 2011 com a publicação de um Código de Boas Práticas Científicas , que estipula princípios fundamentais de integridade na ciência e determina regras e prazos para investigação de possíveis casos de má conduta.
O código tem implicações diretas para todos os pesquisadores e instituições que recebem recursos da Fapesp. “Em toda entidade de pesquisa deve haver um órgão exclusivamente encarregado de rece-ber alegações de más condutas científicas relacionadas a pesquisas nela realizadas, avaliar seu grau de fidedignidade e especificidade e, se for o caso, iniciar e coordenar a investigação de fatos alegados”, diz o código. “A responsabilidade principal é das instituições; a Fapesp só intervém quando considera absolutamente necessário”, complementa o filósofo Luiz Henri- que Lopes dos Santos, professor da Universidade de São Paulo (USP) e membro da Coordenacão Adjunta da Diretoria Científica da Fapesp.
Desde o lançamento do código, a Fapesp já abriu 14 processos administrativos por má conduta científica, incluindo 8 por plágio, 3 por falsificação de da- dos de pesquisa, 1 por plágio e falsificação de dados, 1 por falsificação de dados curriculares e 1 por quebra de sigilo de assessoria ad hoc. Desse total, sete processos continuam em andamento e sete foram finalizados – dos quais quatro resultaram em declaração de culpa e punição.
Gravidade.
“A situação é mesmo preocupante”, reconhece Santos. “Todas as instituições e todas as agências estão atentas a isso.” Segundo ele, é importante que todas as denúncias sejam investigadas, mesmo que sejam anônimas. “Não importa quem fez a denúncia ou porquê. Se encontrarmos um bilhete debaixo da porta dizendo que há fraude numa pesquisa, vamos investigar. Não dá para ignorar nada.
” Tanto Santos quanto Beirão, porém, enfatizam que as investigações devem ser conduzidas com respeito aos acusados e garantindo a eles amplo direito de defesa. A apuração dos fatos, segundo eles, é essencial para proteger a reputação dos pesquisadores, caso eles tenham sido acusados injustamente. Mesmo nos casos em que o pesquisador for considerado culpado, as consequências devem ser avaliadas com cuidado.
“As punições precisam ser dosadas muito bem, para não cometer injustiças”, afirma Beirão.“Se a punição for muito leve, torna-se inócua; se for pesada demais, pode destruir para sempre a carreira do pesquisador.” Ambas as agências estão avaliando o que fazer com relação à divulgação – ou não – dos nomes dos pesquisadores culpados de má conduta. As punições podem variar desde uma nota de repreensão até o cancelamento de bolsas e exigência de ressarcimento dos recursos públicos empenhados na pesquisa.
Fonte: O Estado de São Paulo Via Associação Brasileira de Psiquiatria
Disponível em: <http://www.abp.org.br/portal/imprensa/clipping-2>. Acesso em: 26 mar. 2013.
Livros falam cada vez menos de emoções
Com exceção do medo, as emoções foram sendo continuamente varridas dos livros ao longo do último século.
Pesquisadores britânicos fizeram uma varredura em mais de 5 milhões de livros digitalizados em busca das palavras que nomeiam as emoções.
A lista de palavras procuradas foi dividida em seis categorias, incluindo raiva, nojo, medo, alegria, tristeza e surpresa, normalmente catalogadas como "emoções básicas", ou instintivas, do ser humano.
"Ficamos surpresos ao ver como períodos de humores positivos e negativos são bem correlacionados com eventos históricos. A Segunda Guerra Mundial, por exemplo, é marcada por um aumento marcante de palavras relacionadas à tristeza, e uma diminuição correspondente de palavras relacionadas com alegria," conta Alberto Acerbi, da Universidade de Sheffield.
Mas o estudo publicado na revista científica PLOS One mostra outras surpresas.
A mais marcante é uma queda contínua do conteúdo emocional nos livros publicados nos últimos 100 anos, com exceção da palavra medo, uma emoção que ressurgiu com força na literatura nas últimas décadas.
Contudo, os cientistas alertam que não é possível concluir que as emoções tenham estado menos presentes na população.
"Uma questão que ainda precisa ser respondida", escrevem os autores, "é saber se o uso das palavras representa um comportamento real de uma população, ou possivelmente uma ausência desse comportamento, que é cada vez mais descartado da ficção literária. Os livros podem não refletir a população real assim como as modelos da passarela não refletem o corpo médio. "
Fonte: Diário da Saúde
Disponível em: <http://www.diariodasaude.com.br/news.php?article=livros-falam-cada-vez-menos-emocoes&id=8682>. Acesso em: 26 mar. 2013.
Como o cérebro age na ansiedade
Nova pesquisa mostra como duas regiões cerebrais interagem para gerar comportamentos associados com ansiedade e compensação
Um estudo feito pela Universidade da Carolina do Norte explica como duas regiões do cérebro interagem para produzir comportamentos relacionados à sentimentos - como ansiedade. As descobertas podem levar ao desenvolvimento de melhores tratamentos para distúrbios como depressão e ansiedade.
A interação acontece quando neurônios de uma parte do cêrebro, conhecida como amídala, ficam hiperativos, estimulados por situações estressantes. Estes neurônios, que controlam emoções como o medo, estimulam a ação de uma outra área do cérebro, a Área Tegumentar Ventral, associada à compensação. Ou seja, uma área associada à ansiedade está diretamente ligada a outra associada a recompensas.
Se cientistas conseguirem entender corretamente a dinâmica dessa interação, será possível fazer com que pessoas não se sintam motivadas pelo seu próprio cérebro a ter atitudes que não lhe fazem bem, como vícios em drogas e o comportamento depressivo por exemplo.
Fonte: Revista Galileu Galilei
Disponível em: < http://revistagalileu.globo.com/Revista/Common/0,,EMI333987-17770,00-COMO+O+CEREBRO+AGE+NA+ANSIEDADE.html>. Acesso em: 26 mar. 2013.
JORNADA INTERNACIONAL "PRÉ-ALAS NA SAÚDE" - BRASIL / CHILE
Nos dias 25 e 26 de abril de 2013 será realizada a Jornada Internacional Pré ALAS na Saúde sob o tema “Democratização e Novas Formas de Sociabilidades em Saúde no Contexto Latino-Americano”. Trata-se de uma atividade Pré-ALAS, organizada pela Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV), por meio do Núcleo de Estudos em Democratização e Sociabilidades na Saúde (NEDSS - Fiocruz), em parceria com o Laboratório de Pesquisas sobre Práticas de Integralidade em Saúde (LAPPIS) - IMS/Uerj. Esta atividade se constitui como um evento temático preparatório para o Congresso Internacional de 2013 da Associação Latino-Americana.
O objetivo da Jornada é aprofundar e sistematizar conhecimentos sobre as relações sociais e institucionais estabelecidas no contexto de democratização da América Latina, promovendo diálogo com as diversas experiências sobre a formulação e execução das políticas públicas de saúde. Essa temática é relevante diante do cenário de desigualdades sociais que se encontram os países da América Latina e das formas hegemônicas de subordinação dos sujeitos no contexto de globalização.
São definidos como eixos estruturantes da Jornada os temas do Direito, da Participação Política, das Redes de Apoio Social, da Integralidade e da Educação, Trabalho e Saúde, compreendidos como estratégicos para a análise de experiências e processos de democratização do Estado na América Latina. Dentro desta perspectiva, enfatizamos as temáticas que versam sobre questões relativas à construção de novas sociabilidades e à permanência de modos de sociabilidade conservadores, tendo em vista a modernização excludente e os processos de colonização que têm caracterizado historicamente a América Latina.
A sistematização de conhecimentos sobre as relações entre democratização e sociabilidades no contexto das políticas de saúde pode contribuir para a formação de trabalhadores qualificados e comprometidos com a garantia do direito à saúde. Nesse sentido, cabe ressaltar a relevância científica da Jornada Internacional Pré-Alas para o campo da Saúde Coletiva e o seu potencial de trazer subsídios para se (re)pensar novas formas de gestão social e de saúde no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS), além de fortalecer as ações de Cooperação Nacional e de Cooperação Internacional no contexto do Mercosul.
Mais informações: http://www.epsjv.fiocruz.br/prealas/index.php
Crack, desinformação e sensacionalismo
Escassez de dados sobre o consumo de chack no território nacional coloca em xeque estratégias de enfretamento do problema. Matéria publicada na Revista Poli- saúde, educação e trabalho, ano 5, n.27, p.17-21, mar./abr. 2013.
Leia matéria completa na versão digital da Revista: http://www.epsjv.fiocruz.br/upload/EdicoesRevistaPoli/R34.pdf
segunda-feira, 25 de março de 2013
LISTA COM TRABALHOS ESCRITOS POR JULIANO MOREIRA
Nasceu em Salvador. Aos 13 anos de idade, matriculou-se como interno na Faculdade de Medicina da Bahia, adquirindo o grau de doutor em 1891, com a tese Sífilis maligna precoce. Em 1896, ingressou na mesma faculdade como professor substituto da Seção de Doenças Nervosas, após defender a dissertação Disquinesias arsenicais. Nesse período, dedicou-se à dermatologia e à neuropsiquiatria, colaborou nos periódicos Gazeta Médica da Bahia, Revista Médico-Legal e ajudou na fundação da Sociedade de Medicina Legal da Bahia. Em 1899, como catedrático da Faculdade de Medicina da Bahia, realizou conferência em que divulgava as idéias de Freud, sendo considerado por vários estudiosos como o precursor da psicanálise no Brasil, ao mesmo tempo que adepto e difusor da psiquiatria alemã.
A rotina desregrada pela dedicação intensiva aos estudos fez com que contraísse tuberculose, o que o levou a buscar tratamento na Europa. Até 1902, freqüentou diversos cursos de doenças mentais, fez estágio de anatomia patológica e conheceu as principais clínicas psiquiátricas e manicômios da Alemanha, Inglaterra, Escócia, Bélgica, França, Itália, Áustria e Suíça. Voltando ao Brasil, instalou-se no Rio de Janeiro e, por influência de Afrânio Peixoto e J.J. Seabra, foi nomeado diretor do Hospital Nacional de Alienados, em 1903. No período em que esteve na direção desse hospital (1903-1930), Juliano Moreira defendeu a reformulação da assistência psiquiátrica pública, tanto no âmbito legislativo quanto assistencial. Incentivou a promulgação da primeira lei federal de assistência aos alienados (1903), ao mesmo tempo em que sugeriu novos formatos institucionais e de tratamento para a doença mental, a exemplo do que conhecera na Europa, como os hospitais-colônias e a assistência hetero-familiar. Em 1911, foi nomeado diretor da Assistência a Psicopatas, decorrendo de sua gestão a criação do Manicômio Judiciário e a aquisição do terreno para construção da futura Colônia Juliano Moreira.
Como divulgador de uma psiquiatria científica brasileira, fundou, em 1905, os Archivos Brasileiros de Medicina, juntamente com Antônio Austregésilo e E. Lopes e, no mesmo ano, com Afrânio Peixoto, criou a Sociedade Brasileira de Psychiatria, Neurologia e Sciencias Affins. Participou, entre 1908 e 1910, juntamente com Carlos Eiras, Henrique Roxo e Afrânio Peixoto, de comissão da Sociedade Brasileira de Psiquiatria, Neurologia e Medicina Legal encarregada de estabelecer uma classificação psiquiátrica. O trabalho dessa comissão foi oficializado no relato que Juliano Moreira fez atendendo às solicitações da Repartição Geral de Estatística em 1910, no qual se evidenciavam as influências da classificação psiquiátrica de Kraepelin. Foi também presidente de honra, entre outros, da Liga Brasileira de Higiene Mental quando de sua fundação em 1923. Em 1928 é criada a seção Rio da Sociedade Brasileira de Psicanálise, com Juliano Moreira como presidente e Júlio Porto-Carrero como secretário geral.
No contexto internacional, participou de diversos congressos médicos, como o de Lisboa (1906), Amsterdã e Milão (1907), Londres e Bruxelas (1913), e foi membro de várias sociedades científicas européias. Em 1928 foi conferencista convidado das Universidades japonesas de Tokyo, Kyoto, Sendai e Osaka, sendo condecorado com a Ordem do Tesouro Sagrado pelo Imperador Hirohito (1901-1992).
TRABALHOS ESCRITOS POR JULIANO MOREIRA:
TRABALHOS E NOTICIAS PUBLICADAS SOBRE JULIANO MOREIRA:
Inscrições abertas para cursos em educação infantil e saúde mental
A Escola Politécnica da Fiocruz (EPSJV) abriu inscrições para os cursos de desenvolvimento profisisonal em educação infantil, até 26/3, e especialização técnica de nível médio em saúde mental, até 25/3. Interessados devem acessar a Plataforma Siga para se candidatar.
O curso de desenvenvolvimento profissional em educação infantil integra as atividades dos cursos de formação continuada, oferecidos pela Escola Politécnica a profissionais de nível médio completo que trabalhem com educação infantil. O objetivo é capacitar recursos humanos para o exercício profissional no campo da educação e saúde com crianças de zero a seis anos.
A especialização técnica de em saúde mental busca formar especialistas técnicos de nível médio em saúde mental capazes de compreender e refletir criticamente sobre redes e instituições de saúde mental e atuar nas equipes de saúde junto ao paciente, à família e na comunidade.
Acesse a Plataforma SIGA - Educação Profisional em Saúde: http://www.sigaeps.fiocruz.br/publico.do
Fonte: Jornal Brasil Online
Curso: Teoria de Psicanálise de Orientação Lacaniana
Fonte: Instituto de Psicanálise da Bahia
Disponível em:http://www.institutopsicanalisebahia.com.br/curso-teoria-de-psicanalise-de-orientacao-lacaniana. Acesso em: 25 mar. 2013
Carga genética do autismo pode ser acumulada através das gerações
Homens que são pais com mais de 50 anos aumentam os riscos de ter netos autistas. A conclusão é de um estudo do Instituto de Psiquiatria do King´s College de Londres, do Instituto Karolinska, na Suécia e do Instituto do Cérebro Queensland, na Austrália, que pela primeira vez mostra que os fatores de risco do autismo podem se acumular ao longo de gerações.
O estudo foi publicado na revista “JAMA Psychiatry” e usou registros nacionais para identificar 5.936 indivíduos com autismo e 30.923 saudáveis controles nascidos na Suécia desde 1932, com dados completos sobre os avós paternos e maternos, com idade na época da reprodução e detalhes de diagnóstico psiquiátrico.
Os pesquisadores descobriram que os riscos de autismo nos netos aumentava quanto maior a idade dos avós quando se tornaram pais. Homens que tiveram filhas aos 50 anos ou mais aumentavam os riscos de netos autistas em 1,79 vezes em relação aos que tiveram filhos entre 20 e 24 anos. Homens que tiveram filhos com 50 anos ou mais aumentavam esse mesmo risco em 1,67 vezes.
- Nós tendemos a pensar no aqui e agora quando falamos dos efeitos do ambiente no nosso genoma, mas pela primeira vez na psiquiatria mostramos que o estilo de vida de nossos avós pode nos afetar. É uma descoberta importante para entender a maneira complexa como o autismo se desenvolve - acredita o pesquisador Avi Reichenberg, do King's College e coautor do estudo.
- Já sabíamos que pais mais velhos eram um fator de risco para o autismo, mas o estudo vai além disso e sugere que os riscos para a condição podem ser acumulados por gerações - diz Emma Frans, a líder do estudo pelo Instituto Karolinska.
As causas do autismo são uma combinação de fatores genéticos e ambientais. O mecanismo por trás disso é desconhecido, mas pode ser explicado por mutações que ocorrem nas células do esperma, que se dividem ao longo do tempo e cada divisão é encarada como a possibilidade de uma nova mutação.
Fonte: Jornal O Globo.
Disponível em: http://oglobo.globo.com/saude/carga-genetica-do-autismo-pode-ser-acumulada-atraves-das-geracoes-7895453. Acesso em:25 mar.2013.
Proteína que contamina neurônios pode causar Alzheimer
Composto recriado em laboratório foi capaz de se multiplicar e infectar células vizinhas
O Alzheimer é o tipo de demência mais comum em idosos. Somente no Brasil, estima-se que há 1,2 milhão de pessoas com a doença neurodegenerativa, que causa a deterioração da memória e da capacidade cognitiva. Ainda não há cura e não se sabe exatamente sua origem. Estudos recentes, no entanto, conseguiram distinguir alguns eventos neurológicos relacionados à patologia, como a presença de placas de proteína beta-amiloide no cérebro. Agora, duas novas pesquisas, da Universidade Linköping, na Suécia, e da Universidade da Califórnia, sugerem que a doença pode ser causada por alterações dessa proteína. Segundo essa hipótese, as moléculas modificadas “contaminam” células neurais saudáveis progressivamente.
“A estrutura de uma proteína – a maneira como as suascadeias de aminoácidos se desdobram – determina sua função. Se uma proteína se desdobra de forma alterada, isso muda sua função”, explica o biofísico Jan Stöhr, da Universidade da Califórnia. Ele e sua equipe injetaram proteínas beta-amiloide sintéticas no cérebro de ratos e constataram que as placas características do Alzheimer começaram a se formar em menos de seis meses. “Mesmo quando a proteína alterada foi injetada em apenas um lado do cérebro, as placas surgiram no órgão todo. As beta-amiloides deformadas parecem se propagar e se agregar”, explica o biofísico, que publicou sua pesquisa no Proceedings of the National Academy of Sciences USA.
No estudo sueco, Martim Hallbeck, da Universidade Linköping, rastreou a transmissão de beta-amiloide neurônio a neurônio pela primeira vez. Os resultados, divulgados no Journal of Neuroscience, também mostram que células neurais que contêm moléculas alteradas podem infectar os neurônios vizinhos, bem como toda a cultura de células. O próximo passo é identificar outras proteínas e mecanismos celulares envolvidos no processo inflamatório. “Futuramente poderemos criar medicamentos que tenham essas estruturas como alvo. Elas são esperança para terapias mais eficientes contra o Alzheimer”, observa Stöhr.
Fonte: Revista Mente e Cérebro
Disponível em:<ttp://www2.uol.com.br/vivermente/noticias/proteina_alterada_contamina_neuronios_e_pode_ser_causa_do_alzheimer.html> Acesso em: 25 mar. 2013.
Assinar:
Postagens (Atom)