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segunda-feira, 11 de junho de 2012

Você é Escravo do Celular?: eles roubam nosso tempo, atrapalham os relacionamentos e podem até causar acidentes de trânsito. Quando é a hora de desligar? Faça o teste e descubra se você é viciado em celular


Estamos viciados. Em qualquer lugar, a qualquer momento do dia, não conseguimos deixar de lado o objeto de nossa dependência. Dormimos ao lado dele, acordamos com ele, o levamos para o banheiro e para o café da manhã – e, se, por enorme azar, o esquecemos em casa ao sair, voltamos correndo. Somos incapazes de ficar mais de um minuto sem olhar para ele. É através dele que nos conectamos com o mundo, com os amigos, com o trabalho. Sabemos da vida de todos e informamos a todos o que acontece por meio dele. Os neurocientistas dizem que ele nos fornece pequenos estímulos prazerosos dos quais nos tornamos dependentes. Somos 21 milhões – número de brasileiros com mais de 15 anos que têm smartphones, os celulares que fazem muito mais que falar. Com eles, trocamos e-mails, usamos programas de GPS e navegamos em redes sociais. O tempo todo. Observe a seu redor. Em qualquer situação, as pessoas param, olham a tela do celular, dedilham uma mensagem. Enquanto conversam. Enquanto namoram. Enquanto participam de uma reunião. E – pior de tudo – até mesmo enquanto dirigem.
“É uma dependência difícil de eliminar”, diz o psiquiatra americano David Greenfield, diretor do Centro para Tratamento de Vício em Internet e Tecnologia, na cidade de West Hartford. “Nosso cérebro se acostuma a receber essas novidades constantemente e passa a procurar por elas a todo instante.” O pai de todos os vícios, claro, é o Facebook, maior rede social do mundo, onde publicamos notícias sobre nós mesmos como se alimentássemos um grande jornal coletivo sobre a vida cotidiana. Depois dele, novas redes foram criadas e apertaram o nó da dependência. Programas de troca de fotos como o Instagram conectam milhões de pessoas por meio das imagens feitas pelas câmeras cada vez mais potentes dos celulares. Os aplicativos de trocas de mensagem, como o Whatsapp, promovem bate-papos escritos que se assemelham a uma conversa na mesa do bar. O final dessa história pode ser dramático. Interagir com o aparelho – e com centenas de amigos escondidos sob a tela de cristal – tornou-se para alguns uma compulsão tão violenta que pode colocar a própria vida em risco.
Na reportagem de capa desta edição, ÉPOCA se debruça sobre o onipresente universo dos smartphones. Antes restritos à voz, os celulares inteligentes se transformaram em computadores portáteis que carregamos no bolso, às vezes sem nos dar conta de que dentro deles estão nosso círculo de amigos, nosso trabalho, nossas lembranças e – sobretudo – nossa disposição em responder a qualquer interrupção. Ele toca, vibra ou faz apenas aquele inconfundível ruído de chegada de uma nova mensagem – e pronto! Lá estamos nós digitando no meio da reunião, da aula, do almoço, do encontro amoroso, quando não em situações arriscadíssimas como o volante ou a mesa de cirurgia.
Ninguém defenderá a volta a um mundo antigo, sem os confortos do mundo digital – até porque, de um ponto de vista puramente pragmático, isso é impossível. Mas é inegável que as novas tecnologias despertam novos padrões de comportamento e exigem profundas mudanças de hábito, para que cada indivíduo aprenda a conviver com elas de modo saudável. Os smartphones se tornaram ferramentas essenciais para a agilidade e a presteza, hoje tão necessárias para garantir os níveis de produtividade exigidos na economia moderna. Mas não podemos nos tornar escravos deles. É preciso saber a hora de desligar. E fazê-lo sem medo, sem sentimento de culpa e com a certeza de que somos nós – seres humanos – que devemos comandar as máquinas. E não o contrário.

Teste: você é dependente do celular?

NuncaRara-
mente
Ocasio-
nalmente
Frequen-
temente
Sempre
Com que frequência você fica com o telefone à mão?
Quando está sem o aparelho, você sente uma grande ansiedade ou inquietação?
Você tem certeza de que uma mensagem importante chegará justamente quando se afastar dele?
Você ouve o telefone tocar ou o sente vibrar sem que haja uma mensagem ou ligação?
Você já voltou para pegá-lo em casa mesmo estando longe?
Com que frequência as pessoas reclamam que você está sempre usando o telefone?
Você usa o aparelho mesmo onde isso é proibido?
Você trabalha nos fins de semana ou nas férias por meio do smartphone?
Você tem o hábito de checar seu aparelho várias vezes seguidas, com intervalos de apenas alguns segundos?
Você já perdeu um compromisso ou se atrasou porque ficou usando o aparelho além do tempo necessário (ou num horário inadequado em sua rotina)?


Fonte: Revista Época

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