Pacientes que possuem doenças mentais são mais suscetíveis aos efeitos negativos de temperaturas extremas, alertam pesquisadores do Reino Unido. Estudo conduzido em parceria entre o King s College London Institute of Psychiatry (IoP) e a Sussex Partnership NHS Foundation Trust reúne evidências de que pessoas com doença mental grave têm um risco aumentado de morte durante ondas de calor.
"Portanto, usuários de serviços de saúde mental devem tomar medidas para se proteger durante as estações quentes. Estes pacientes devem ficar em locais frescos, vestir roupas frescas e buscar tomar bastante líquido" , aconselha a psiquiatra e líder da pesquisa, Lisa Page.
Descobertas forma publicadas na British Journal of Psychiatry.
Os achados vão ao encontro da crescente evidência de que pessoas com doença mental são mais vulneráveis às estações quentes e têm implicações para estratégias de saúde pública durante as ondas de calor.
O estudo
O estudo se baseou em dados do General Practice Research Database para identificar as pessoas com diagnóstico de psicose, demência, uso indevido de álcool e uso indevido de drogas que tinham morrido na Inglaterra durante um período de dez anos - de 1998-2007. No total, houve 22.562 mortes, média de 6,18 mortes por dia. Dados de temperatura diária através do mesmo período para todas as estações de monitoramento na Inglaterra foram transferidos do British Atmospheric Data Centre.
Os pesquisadores descobriram que pacientes com doença mental enfrentaram aumento do risco de morte de cerca de 5% por aumento de 1 grau Celsius em temperaturas acima de 18 graus Celsius. Isto é maior do que o risco para a população em geral, que tem um risco aumentado de cerca de 3% por aumento 1oC na temperatura.
O aumento do risco de morte foi mais acentuado entre os pacientes mais jovens, aqueles que vivem em partes do sul e do leste da Inglaterra, aqueles que tinham sido diagnosticados com problemas de droga ou álcool e aqueles que estavam em uso de antipsicóticos.
Os pesquisadores acreditam que há vários fatores biológicos e sociais que podem aumentar a mortalidade entre pessoas com doença mental durante o tempo quente. Pessoas com doença mental são mais propensas ao isolamento social ou a viverem em instituições - sendo ambos fatores relacionados a risco aumentado de morte por calor. Medicação antipsicótica também pode afetar a capacidade de regular a temperatura corporal pela redução da transpiração.
Pessoas com problemas de toxicodependência podem ser vulneráveis durante as estações quentes porque o álcool deprime o sistema nervoso central, causando desidratação e opiáceos podem afetar a resposta fisiológica do corpo ao calor.
"Dado que as temperaturas globais continuarão a aumentar e a frequência das ondas de calor deverá aumentar nos próximos anos, estes resultados sugerem que as consequências das alterações climáticas podem ser sentidas desproporcionalmente pelos doentes mentais", conclui Louise Howard.
Fonte: Associação Brasileira de Psiquiatria
Disponível em:<http://abp.org.br/2011/ medicos/imprensa/clipping-2>. Acesso em: 19 jun. 2012.
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