A artesã Francineide Santos é portadora de transtorno bipolar. Para controlar as crises, toma medicamentos todos os dias e precisa ser acompanhada por um médico psiquiatra a cada seis meses. Porém, há oito meses, ela não consegue ser atendida no Centro de Atenção Psicossocial (Caps) Geral Nise da Silveira, da Secretaria Executiva Regional I.
Essa demora no atendimento se deve à falta de psiquiatras em Fortaleza, reconhece a coordenadora de Saúde Mental de Fortaleza, Rane Félix. Segundo ela, o número de psiquiatras ainda é insuficiente para atender à demanda. "Recentemente, fizemos uma seleção pública para contratar psiquiatras. Dos 19 inscritos, apenas 13 passaram e só nove foram entregar os documentos", explica.
A estudante Cláudia Alexandre, que é conselheira entre os usuários do Caps Geral Nise Da Silveira, no bairro Carlito Pamplona, também relata que nem sempre os que precisam passar o dia inteiro em tratamento têm acesso a almoço ou merenda.
Essa realidade começou depois da criação da Lei Estadual Nº 12.151, de 1993, conhecida como Lei da Reforma Psiquiátrica. Essa legislação determina que os pacientes com transtornos mentais devem ser internados em hospitais gerais, e não em unidades exclusivas para a saúde mental. Dessa forma, os Caps se tornaram uma das únicas alternativas para eles.
De acordo com a coordenadora do Fórum Cearense da Luta Antimanicomial, Núbia Caetano, é preciso investir, principalmente em concursos públicos para efetivação dos médicos. Pois, segundo ela, pelo fato de a maioria dos médicos não ser concursada, muitos deles pedem demissão ao passarem em algum outro concurso.
Outro lado
De acordo com a coordenadora de Saúde Mental de Fortaleza, Rane Félix, Fortaleza é uma das cidades que tem melhor estrutura de Saúde Mental e tratamento de dependência química. São 14 Caps, duas residências terapêuticas e quatro ocas de saúde comunitária na Capital.
Com relação à falta de médicos no Caps do Carlito Pamplona, ela afirma que existem dois médicos atendendo. "Tivemos um problema naquele Caps porque um estava de licença e o outro afastado, mas já contratamos mais um psiquiatra para auxiliar o clínico-geral", relata.
Quanto ao fornecimento de merenda e almoço, ela esclarece que esse é um serviço só oferecido aos pacientes em tratamento intensivo.
Rane Felix, ainda anuncia que, na primeira quinzena de julho, a Prefeitura irá inaugurar uma unidade de internamento no Conjunto José Walter com 20 leitos para pacientes dos Centros de Atenção Psicossocial para usuários de Álcool e outras drogas (Caps AD).
Até o fim do ano também deverão estar prontos mais dois Caps, com atendimento 24 horas, que funcionarão nos Caps AD das Secretarias Executivas Regional I e V, na Barra do Ceará e na Maraponga.
Fonte: Associação Brasileira de Psiquiatria
Disponível em:<http://abp.org.br/2011/ medicos/imprensa/clipping-2>. Acesso em: 11 jun. 2012.
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