Quando sente que seu marido não está bem, a professora aposentada Elza Custódio Alves Calhado, de 71 anos, coloca alguma das músicas preferidas dele: do Sérgio Reis ou da dupla Chitãozinho e Xororó. Após três acidentes vasculares cerebrais (AVCs), Valdemar Calhado, de 73 anos, ficou acamado, não fala e depende de cuidados em tempo integral.
Desde que o aposentado passou a receber tratamento em casa, Elza usa o recurso da música para despertar os sentidos do marido ou para acalmá-lo, dependendo da situação. A música passou a ser o instrumento, garante a aposentada, que o conecta à realidade quando ele parece não responder ao que acontece ao seu redor. Ela faz parte do grupo de cuidadores treinados em musicoterapia pelo Grupo Hospitalar Santa Celina.
Gerente do Grupo Hospitalar Santa Celina, Lucienne Carvalho Giusti afirma que o grupo organiza reuniões com cuidadores duas vezes por ano. Ela lembra que a musicoterapia, além de beneficiar o paciente, pode ser aplicada com facilidade.
"O gosto pela música é nato ao ser humano. Ela traz calma e tira o foco do paciente da doença, de seu estado de saúde, e faz com que ele possa desenvolver outros pensamentos mais positivos, ter lembranças boas", afirma Lucienne. Por isso, acredita, é indicado que sejam escolhidas músicas que remetam a situações agradáveis que o paciente viveu. O ideal é que o doente participe da escolha do repertório ou que seus cuidadores selecionem músicas que ele costumava gostar de ouvir antes de ficar acamado.
A musicoterapia estuda quais técnicas devem ser aplicadas ao indivíduo, mas não há regras prontas: a investigação, dizem os especialistas, deve ser feita de modo individual, resgatando-se a identidade sonora de cada um. A musicoterapeuta Julia Lazzarini, que treina cuidadores para aplicar a técnica, afirma que o principal objetivo é promover o prazer do paciente e a percepção de emoções a partir das músicas. As informações são doJornal da Tarde.
Fonte: Revista VEJA
Disponível em:<http://veja.abril.com.br/
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