As bases neurológicas do fenômeno ainda são pouco conhecidas, mas pesquisadores suspeitam de implicações no sistema límbico, responsável pelo processamento de emoções
A ideia de que pessoas com transtorno dissociativo de identidade (DID, na sigla em inglês) foram vítimas de abuso quando crianças parece bastante plausível. Em primeiro lugar, porque o percentual de pacientes com DID que viveram violência física, sexual ou psicológica quando pequenos é maior que no restante da população. Em segundo, porque é possível pensar que a pessoa se refugiou em sua própria mente, criando um “outro” para escapar da realidade dolorosa e assim sobreviver psiquicamente em um momento da vida em que é impossível lutar ou fugir do que tanto ameaça. Shirley Ardell Mason, que ficou conhecida como Sybil, teria sofrido maus-tratos na infância que a levaram a desenvolver outros egos para fugir da dor.
As bases neurológicas desse fenômeno ainda são pouco conhecidas, mas há algumas hipóteses. O neurobiólogo Guochuan Tsai, pesquisador do Hospital McLean, e o psiquiatra Don Condie, do Hospital Geral de Massachusetts, usaram técnicas de ressonância magnética funcional para detectar mudanças no cérebro de uma mulher com o diagnóstico e notaram que o hipocampo (área responsável pela memória autobiográfica) diminuía sua atividade quando as identidades “mais fracas” da moça se manifestavam. Tsai e Condie também suspeitam de implicações no sistema límbico, responsável pelo processamento de emoções no distúrbio – o que combinaria com a tese do sofrimento intenso nos primeiros anos de vida. Pesquisadores reconhecem, porém, que a ciência ainda tem muito a desvendar sobre esse campo.
Fonte: Revista Mente e Cérebo
Disponível em:http://www2.uol.com.br/
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