A orientação dos pais pode se tornar uma ferramenta poderosa para o desenvolvimento de comportamentos adaptativos em crianças e trazer um novo olhar aos profissionais da área Cognitivo-Comportamental
A família, por ter influência recíproca, direta, intensa e duradoura entre seus membros, é o principal agente de socialização da criança e influenciará na aquisição de suas habilidades, comportamentos e valores apropriados para cada cultura, constituindo-se em uma dimensão essencial na vida dos indivíduos. É caracterizada como parte essencial na construção da saúde emocional de seus membros, tendo como função básica a proteção e o bem-estar destes (DE ANTONI, 2005, OSÓRIO, 1992; MINUCHIN, 1982, apud OLIVEIRA , et. al., 2008).
Por ser o primeiro ambiente social da criança Cia et. al. (2006) refere-se aos estudos de Gomide (2003), Ingberman e Löhr (2003), Del Prett e e Del Prett e (1999) para afirmar que pais e mães, ao emitirem comportamentos socialmente adequados com os filhos, estão moldando suas características comportamentais. Pais também contribuem para o desenvolvimento saudável da infância, conforme os estilos parentais desenvolvidos.
Nos últimos anos, o desenvolvimento das crianças tem sido relacionado com a importância da qualidade da relação pais-filhos. Alguns estudos, inclusive, correlacionam práticas parentais negativas a problemas no desenvolvimento cognitivo e social e ao baixo desempenho dos filhos. Outros estudos indicam que crianças em idade escolar, com pouca interação com ambos os pais, apresentam menor desenvolvimento cognitivo e mais problemas de comportamento (ANSELMI, et. al., 2004; GOMIDE, 2003; STOCKER et. al., 2003 apud CIA, et. al., 2006).
Será no contato com os pais que a criança aprenderá uma série de habilidades motoras, linguísticas e afetivas
Dessa forma, as práticas parentais educativas estão entre as variáveis que podem influenciar os problemas de comportamento. Práticas positivas podem evitar o surgimento e/ou a manutenção de problemas de comportamento, enquanto as negativas podem aumentar a probabilidade de sua ocorrência (BOLSONI-SILVA, SILVEIRA , MARTURA NO, 2008).
Machado (2008) evidencia a importância dos modelos infantis à luz da teoria da aprendizagem social de Bandura (1960) para explicar a formação e o condicionamento de padrões comportamentais, identificando os pais como agentes de mudança mais efetivos de comportamento em seus filhos.
Será no contato com os pais que a criança aprenderá uma série de habilidades motoras, linguísticas e afetivas, necessárias para a orientação em seu ambiente físico e social. Portanto, o êxito das etapas formativas do indivíduo dependerá primordialmente do processo de socialização. Todo esse repertório passará por contínua transformação e o ingresso em novos grupos sociais reforçará comportamentos adequados e inadequados socialmente (GONÇALVES, MURTA, 2008).
Tendo as relações familiares uma grande influência sobre o bem-estar das crianças Machado (2008) citando Caballo e Simón (2007) conclui que as relações interpessoais deterioradas dentro da família podem constituir-se como fator de risco comum. A falta de uma relação afetiva e positiva com os pais, um apego inseguro, práticas disciplinares de rigidez, inflexíveis ou inconsistentes, uma inadequada supervisão e relação com os filhos, os conflitos e as rupturas do casamento e ainda a psicopatologia dos pais (especialmente depressão da mãe) aumentam o risco de as crianças desenvolverem problemas comportamentais e emocionais.
Fonte: Revista Psique Ciência e Vida
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