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quinta-feira, 31 de maio de 2012

O Futuro da Informação: Em visita ao Brasil, o historiador Robert Darnton fala sobre o futuro do jornal com o avanço da internet. Além disso, anuncia que biblioteca virtual com 2 milhões de livros do acervo de Harvard será inaugurada em 2013


Em visita ao Brasil, o historiador norte-americano Robert Darnton conversou com jornalistas sobre o futuro do jornal e do livro com o avanço da internet. Diretor da biblioteca de Harvard e pesquisador da História Moderna, Darnton declarou que acredita na permanência dos grandes nomes da mídia mundial e que o atual desafio é descobrir formas de se financiar o trabalho do repórter na web.
Além disso, o pesquisador trouxe boas notícias: em 2013, Harvard, em parceria com empresas privadas dos Estados Unidos, vão inaugurar um portal online, que funcionará como uma grande biblioteca gratuita. O banco de dados vai poder ser acessado de todas as partes do mundo, abarcando um universo de 2 milhões de obras publicadas até 1923.
Em 2010, Darnton concedeu uma longa entrevista à Revista de História, na qual falou sobre os temas e ainda mencionou o perigo do monopólio do Google em relação ao controle da informação na rede. Confira a conversa abaixo:
 Robert Darnton não acredita na morte. Ao menos em certas circunstâncias. Na Festa Literária Internacional de Paraty deste ano, no meio de um dos debates dedicados ao mercado das obras virtuais, declarou: “Tivemos a morte dos autores, dos livros e das bibliotecas. Quero dizer aqui: eu não acredito na morte!” Foi assim, como a maré alta que percorre as ruas da velha Paraty, que esse renomado historiador americano, especialista na França do século XVIII e em temas ligados ao Iluminismo, dominou as atenções da Flip, fazendo ferver o debate sobre o Google e a expansão dos livros virtuais. Este é um tema caro a Darnton. Em 2007, ele assumiu a direção da Biblioteca da Universidade de Harvard e tomou para si a missão de digitalizar e tornar acessível a produção intelectual da famosa universidade.

Darnton nasceu em Nova York em 1939. Autor de O Grande Massacre de Gatos e outros livros de títulos estranhos (O Beijo de Lamourette, Os dentes falsos de George Washington), ele vem de uma família de jornalistas sem muito dinheiro. Com uma bolsa de estudo atrás da outra, graduou-se em Harvard, fez o doutorado em Oxford e virou professor em Princeton. “Hoje não me sinto mais à margem; faço parte de uma elite, mas me identifico com figuras intermediárias”, diz Darnton, citando outros pesos pesados que, como ele, transitaram entre esferas culturais diversas, como Rousseau e Diderot.

O escritor recebeu a equipe da RHBN durante a Festa Literária Internacional de Paraty e falou de sua trajetória acadêmica, dos novos desafios à frente da Biblioteca de Harvard, do perigoso monopólio do Google, da visita ao Brasil e do fascínio pelo conceito iluminista de República das Letras. Para ele, a missão do historiador seria informar sobre a condição humana tal como ela foi vivida no passado. E há um lema que o orienta nesse exercício, uma citação de Erving Goffman que pontua toda esta entrevista: “O que está acontecendo aqui”?

Leia entrevista completa: http://www.revistadehistoria.com.br/secao/entrevista/o-futuro-na-rede
 
Fonte: Revista de História da Biblioteca Nacional

Cyberbullying e ‘Stalking’ Podem Virar Crime: O Senado aprovou propostas de lei que tornam crime estas práticas comuns na internet


Após fotos nuas da atriz Carolina Dieckmann terem sido obtidas ilegalmente e espalhadas pela internet, o legislativo brasileiro parece ter voltado sua atenção para o que acontece no meio. Foi aprovado um projeto de lei que criminaliza o cyberbullying e de stalking – e, se você tem contas em redes sociais, sabe o quanto isso é, infelizmente, comum. 
De acordo com a proposta de lei, cyberbullying é “intimidar, constranger, ameaçar, assediar sexualmente, ofender, castigar, agredir ou segregar” crianças e adolescentes, enquanto ‘stalkear’ seria “perseguição obssessiva de uma outra pessoa ameaçando sua integridade física ou psicológica ou ainda invadindo ou perturbando sua privacidade”. No primeiro caso, a pena para condenados pode chegar até a quatro anos de prisão e, no segundo, o culpado pode ficar confinado por até sete anos. 
Na semana passada, já havíamos comentado sobre outro projeto, aprovado pela mesma comissão no Senado, que torna crime o uso de perfis falsos na internet,  com base na ideia de falsidade ideológica. Outro delito previsto pela comissão é o acesso a algum sistema bloqueado, mesmo que não haja cópia de dados – ou seja, você pode ser preso se entrar no e-mail do namorado/a para dar aquela “geral” e ele/a acabar descobrindo. 
 
Fonte: Revista Galileu
 
Disponível em:<http://revistagalileu.globo.com/Revista/Common/0,,EMI307340-17770,00-CYBERBULLYING+E+STALKING+PODEM+VIRAR+CRIME.html>. Acesso em:31 maio 2012.

Políticos Britânicos Querem que Escolas Ensinem Alunos a Gostar do Corpo


Deputados britânicos propuseram a introdução de aulas de imagem e expressão corporal nas escolas para combater o problema da crescente insatisfação com o corpo no país. 
O grupo All Party Parlamentary, que reúne parlamentares de todos as agremiações políticas, fez a recomendação após conduzir estudo no qual constatou que duas em cada três pessoas no Reino Unido não está feliz com seu corpo. 
O estudo, "The Reflections on Body Image" ("Reflexões sobre a Imagem do Corpo", em português), divulgado em conjunto pelos deputados e pelo YMCA (Associação Cristã de Moços), revelou que a imagem corporal é a principal preocupação de um em cada cinco meninos e uma em cada três meninas de 10 anos - que afirmaram ser esta a maior causa de bullying nas escolas. 
Ele indicou também que meninas tão jovens quanto cinco anos de idade já se preocupam com a aparência, enquanto taxas de cirurgias plásticas cosméticas aumentaram quase 20% no país desde 2008. 
Para especialistas, o bombardeamento de imagens de corpos "perfeitos" através da mídia seria um dos principais responsáveis pela falta de autoestima na população. Eles dizem também que o ideal de beleza propagado pela mídia - com ajuda da chamada "cultura das celebridades" - só é correspondido por cerca de 5% da população. 
TODA A SOCIEDADE 
Insatisfação com o corpo, o relatório mostrou, é um problema que afeta toda a sociedade, independentemente da idade, gênero, sexualidade, etnia, tamanho ou forma do corpo. 
O problema foi identificado como fator-chave para a ocorrência de problemas de relacionamento e baixa autoestima, assim como para bloqueios na progressão escolar e no trabalho. 
No entanto, os jovens e as crianças foram consideradas particularmente vulneráveis à ansiedade sobre seus corpos. 
Embora as evidências sugiram que as preocupações sejam inicialmente emanadas pelos pais, no ensino secundário são os colegas de escola a maior influência. 
Dietas para perda de peso são adotadas por cerca de metade das meninas e até um terço dos meninos. 
Em resposta às conclusões, os membros da indústria dos dietéticos admitiram ao grupo parlamentar que as pessoas tinham "expectativas irreais" sobre perda de peso. 
Os transtornos alimentares 
O inquérito --que ouviu acadêmicos, instituições de caridade, peritos públicos e outros-- também revelou que: 
Acabar de vez com dietas pode reduzir em 70% os casos de transtornos alimentares no país Mais de 95% das pessoas que fizeram dieta recuperam o peso perdido 1,6 milhão de pessoas no Reino Unido convivem com transtornos alimentares Até um em cada cinco pacientes de cirurgia plástica poderia sofrer de transtorno dismórfico corporal Um em cada três homens admitiria sacrificar um ano de vida para alcançar o seu corpo ideal Um em cada cinco pessoas foram vítimas (de bullying) por causa de seu peso A presidente do All Party Parlamentary, deputada Jo Swinson, disse que a insatisfação com a imagem corporal no Reino Unido tinha "chegado ao ponto mais alto." 
"A pressão para se adequar a um ideal inatingível corpo está causando estragos na autoestima de muitas pessoas." 
A chefe-executiva da YMCA, Rosi Prescott, também disse que havia algo "muito errado na sociedade quando as crianças de cinco anos de idade estão preocupados com sua aparência, com base nas mensagens que estão vendo redor delas". 
Ela acrescentou que é responsabilidade de toda a sociedade promover uma mudança coletiva quanto a imagem corporal, a fim de "evitar danos às gerações futuras". 
 
Fonte: Folha de São Paulo
 
Disponível em:<http://www1.folha.uol.com.br/bbc/1097677-politicos-britanicos-querem-que-escolas-ensinem-alunos-a-gostar-do-corpo.shtml>. Acesso em: 31 maio 2012.

Mutirão Atenderá Pacientes com Dor de Cabeça Crônica em 11 Estados


As pessoas que sofrem com dor de cabeça crônica podem fazer uma consulta neurológica gratuita, com especialistas, neste fim de semana (1º e 2 de junho). 
Organizado pela Sociedade Brasileira de Cefaleia, o mutirão será realizado em 11 Estados. No ano passado, em um único dia 150 foram atendidos em Fortaleza e outras 200 agendaram consultas posteriores. 
O objetivo do mutirão é garantir atendimento aos portadores da doença, que muitas vezes ficam fora do prestado pelo sistema de saúde pública. 
Recomenda-se agendar antecipadamente o horário. Veja os locais: 

DIA 1º DE JUNHO 
SÃO PAULO/SP
Data: 1/6, das 9h às 16h30
Local: Hospital São Paulo Unifesp, Setor de Cefaleia
Endereço: R. Napoleão de Barros, 771, térreo, balcão 5 da Neurologia
Agendamento: tel. (11) 5084-6339, com Vanessa, entre 10h e 18h 
BELO HORIZONTE/MG
Data: 1/6, início às 13h
Local: Unifenas BH
Endereço: R. Libano, 66
Agendamento: tel. (31) 3201-4577 
 
DIA 2 DE JUNHO 
SÃO PAULO
Data: 2/6, das 9h às 17h
Local: Clínica de Cefaleia e Neurologia Endereço: A. Eusébio Matoso, 366
Agendamento: tel. (11) 3812-1267 
RIBEIRÃO PRETO/SP
Data: 2/6, início às 8h
Local: Ambulatório da Santa Casa
Endereço: R. Goias, 635 esquina com a R. São Paulo
Agendamento: tel. (16) 3979-3575 
SALVADOR/BA
Data: 2/6, das 9h às 17h
Local: Instituto do Cérebro
Endereço: R. Deocleciano Barreto, 10
Sem necessidade de agendamento
Informações: tel. (71) 4009-8888 
VALENÇA/BA
Data: 2/6, das 9h às 13h
Local: Centro comunitário Rosas Vermelhas
Endereço: R. Dalmo Dias, s/n 
FORTALEZA/CE
Data: 2/6, das 8h às 17h
Local: Hospital Geral de Fortaleza
Endereço: R. Avila Goulart, 900, 1º andar, Ilha da Neurologia
Atendimento: Serão atendidos os primeiros cem pacientes portando uma solicitação de consulta por cefaleia de um posto de saúde e o documento de identidade com foto 
VITÓRIA/ES
Data: 2/6, das 13h às 17h
Local: Emescam
Endereço: Av. Nossa Senhora da Penha, 2190
Atendimento: Os interessados deverão comparecer com carta de encaminhamento do Posto de Saúde, com identificação legível do médico solicitante, para onde e para quem serão reencaminhados com formulário preenchido e proposta de conduta.
Os interessados não precisam agendar. 
BARBACENA/MG
Data: 2/6, das 8h às 17h
Local: Hospital Escola
Endereço: R. José Francisco Paes, 320 
CAMPINA GRANDE/PB
Data: 2/6, das 8h às 17h
Local: Faculdade de Ciências Médicas de Campina Grande
Endereço: Av. Senador Argemiro de Figueiredo, 1901
Informações: tel. (83) 2101-8885 
RECIFE/PE
Data: 2/6, das 8h às 12h
Local: Hospital Oswaldo Cruz (Santo Amaro)
Endereço: R. Arnóbio Marques, 310, dentro do campo da Universidade Federal de Pernambuco 
Agendamento: tel. (81) 3184-1239 ou
(81) 3184-1318 
TERESÓPOLIS/RJ
Data: 2/6, das 8h às 14h
Local: Clínica Dr. Hélio Pancotti Barreiros
Endereço: R. Francisco Sá, 336 sala 402
Agendamento: tel. (21) 2742-2996 
CURITIBA/PR
Data: 2/6, das 8h às 12h
Local: Centro de Especialidades Santa Felicidade
Enderereço: Av. Toaldo Tulio, 2500
Agendamento: tel. (41) 3370-1575 
 
Fonte: Folha de São Paulo
 
Disponível em:<http://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/1097881-mutirao-atendera-pacientes-com-dor-de-cabeca-cronica-em-11-estados.shtml>. Acesso em: 3

De Brincadeira: Atividades lúdicas estimulam o cérebro a aprender por tentativa e erro e a lidar com os futuros estresses da vida adulta


A maioria das crianças se assemelha àquele coelhinho que bate tambor no comercial da pilha que “duuura”: parecem ter uma energia sem fim, que usam para fazer coisas aparentemente sem muito sentido. Por que passar tanto tempo correndo, pulando uns sobre os outros, ou brincando de morto-vivo ou batatinha-frita? Parecem brincadeiras bobas que servem apenas para divertir as crianças e fazê-las correr. Mas esses jogos fazem muito mais: oferecem um enorme playground para o cérebro aprender por tentativa e erro e ainda são um grande treinamento social para os futuros estresses da vida adulta.

Considere, por exemplo, as brincadeiras tradicionais da infância. Estas são um excelente exercício para o córtex pré-frontal em formação, aquela parte do cérebro que organiza nossas ações, faz planos, elabora estratégias e, sobretudo, diz “não” às respostas impulsivas do cérebro. Crianças pequenas ainda não fazem nada disso muito bem, com seu pré-frontal imaturo, de modo que qualquer “aula” de organização é bem-vinda, a começar pelo bê-á-bá: escolher a resposta certa para cada estímulo. Brincando de lenço atrás, o cérebro aprende que deve responder a um objeto atrás das costas fazendo a criança correr atrás da outra. Enquanto aprende, o cérebro de quebra se diverte com seus erros, o que garante muitas horas de brincadeira – e aprendizado.

Se escolher a resposta certa é importante, não responder quando não se deve também é fundamental, mas já exige um nível de elaboração maior do pré-frontal. Aos 3 anos, meu filho brincava de morto-vivo sem o menor problema, mas o cérebro dele ainda apanhava nas brincadeiras de “nível 2”, que exigem que não se faça alguma coisa ao ouvir um comando. No esconde-esconde, bastava perguntar “Cadê você?” que ele se entregava, lá do seu esconderijo: “Tô aqui!”. Com tempo, prática e muita brincadeira, o córtex pré frontal vai aprendendo que às vezes a ação correta é a não ação.

O passo seguinte é elaborar estratégias que juntam ação e não ação. Quando morto-vivo e batatinha-frita se tornam triviais, brincadeiras como pique-bandeira e depois os esportes organizados dão ao cérebro o desafio de monitorar várias pessoas ao mesmo tempo, decidir quando é o momento de correr e, ainda, driblar o adversário.

O prazer e motivação das brincadeiras da infância vêm da ativação nas alturas do sistema de recompensa, que premia o cérebro que faz algo que dá certo, e assim faz qualquer coisa parecer interessante. Daí vem o “modo de auto-entretenimento” talvez universal em filhotes, capazes de passar horas em seu próprio mundo. Pois é: filhotes de ratos brincam; filhotes de elefante rolam na lama; cachorrinhos e filhotes de leão se amontoam, mordendo-se na nuca ou nas orelhas, em brigas de mentira. 

Além de aprender na prática a controlar a si mesmo, o cérebro de quem brinca aprende formas mais saudáveis de regular suas respostas ao estresse. Ratinhos criados em isolamento ou com irmãos sedados demais para brincar tornam-se adultos ansiosos e estressados: em situações ameaçadoras, os animais que não brincaram na infância são mais dados a arroubos de agressividade ou, ao contrário, a se esconder. O mesmo acontece com primatas, entre eles os humanos. A brincadeira bruta expõe os filhotes a pequenos estresses, com os quais eles vão aprendendo a lidar desde cedo. Assim quem sabe um dia eles possam considerar seus problemas adultos “brincadeira de criança”...
 
Fonte: Revista Mente e Cérebro 
 
Disponível em:http://www2.uol.com.br/vivermente/noticias/de_brincadeira.html>. Acesso em: 31 maio 2012.

Sonolência Favorece Insights: O sono reduz a capacidade de analisar proble­mas e tomar decisões, mas aumenta a percepção e criatividade


A hora de dormir pode ser um bom momento para encontrar soluções originais. Segundo estudo publicado na revista Thinking and Reaso­ning, se por um lado o sono reduz a capacidade de analisar proble­mas e tomar decisões, por outro aumenta a percepção. Pesquisadores da Faculda­de Albion, no Michigan, dividiram voluntários em pessoas “noturnas” e “diurnas”, de acordo com um questionário que avaliou seus hábitos. Em seguida, pediram que tentassem resolver seis de­safios mentais – metade deles exigia habilidade de análise, e os outros, de percepção. O horário do teste não interferiu na solução das questões analíticas, mas influiu nos casos que exigiam criatividade: ela aflorou mais facilmente nos mo­mentos geralmente considerados de menor rendimento.

Para a autora do estudo, Mareike Wieth, quando es­tamos com sono há redu­ção na atividade de me­canismos inibidores da atenção, responsáveis por filtrar informações que parecem irrele­vantes para algumas tarefas. “A falta de con­centração causada pelo sono deixa as pessoas mais suscetíveis a cap­tar dados que normal­mente seriam julgados desimportantes pelo cérebro”, explica.

Fonte: Revista Mente e Cérebro 
 
Disponível em:<http://www2.uol.com.br/vivermente/noticias/sonolencia_favorece_insights.html>. Acesso em: 31 maio 2012.

Vários Jeitos de Ser: Muitos tímidos fogem da socialização,mas podem passar seus dias nos bastidores inventando coisas ou assumindo posições de liderança com uma competência quieta


Introvertidos não são necessariamente tímidos. Timidez é o medo da desaprovação social e da humilhação, enquanto a introversão é a preferência por ambientes que não sejam estimulantes demais. A timidez é inerentemente dolorosa; a introversão, não. Uma das razões pelas quais as pessoas confundem os dois conceitos é que muitas vezes eles se sobrepõem (apesar de psicólogos discutirem até que ponto). Algumas abordagens mapeiam essas duas tendências, definindo quatro quadrantes de tipos de personalidade: extrovertidos calmos, extrovertidos ansiosos (ou impulsivos), introvertidos calmos e introvertidos ansiosos. O que se vê na prática é que muitos tímidos se voltam para dentro, em parte como um refúgio da socialização que tanto os angustia. E muitos introvertidos são tímidos, em parte como resultado do recebimento da mensagem constante de que há algo errado com sua preferência pela reflexão.

Parece inegável que timidez e introversão têm algo profundo em comum. O estado mental de um extrovertido tímido sentado quieto em uma reunião de negócios pode ser muito diferente daquele de um introvertido calmo. A pessoa tímida tem medo de falar, enquanto o introvertido está simplesmente superestimulado, mas para quem os observa os dois parecem iguais. Mas por razões muito distintas tímidos e introvertidos podem escolher passar seus dias nos bastidores, inventando coisas, escrevendo, pesquisando, talvez até segurando a mão de doentes graves – ou assumindo posições de liderança com uma “competência quieta”.

Fonte: Revista Mente e Cérebro
 
Disponível em:<http://www2.uol.com.br/vivermente/noticias/varios_jeitos_de_ser.html>. Acesso em: 31 maio  2012.

Saúde Mental e Prevenção Online

Site com conteúdo selecionado por psiquiatras da Universidade Federal Paulista (Unifesp) discute formas de tratamento de distúrbios psíquicos

Transtornos psíquicos são a segunda causa de faltas e afastamentos do trabalho e estudo no mundo, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), atrás apenas das doenças cardiovasculares. No entanto, menos de 25% das pessoas com o problema recebem cuidados adequados. Com conteúdo selecionado por psiquiatras da Universidade Federal Paulista (Unifesp), o site Saúde da mente discute formas de tratamento de distúrbios mentais, principalmente na adolescência: 75% dos transtornos, como esquizofrenia e bipolaridade, manifestam os primeiros sintomas nessa fase da vida. A página entrou no ar em março com artigos que explicam por exemplo, como fatores ambientais podem desencadear distúrbios psíquicos de origem genética. Acesse em http://saudedamente.com.br/.

Fonte: Revista Mente e Cérebro 
 
Disponível em:<http://www2.uol.com.br/vivermente/noticias/saude_mental_e_prevencao_online.html>. Acesso em:

quarta-feira, 30 de maio de 2012

Texto Proíbe Submissão a Tratamento

A comissão de juristas que discute a reforma do Código Penal no Senado também aprovou ontem a criminalização do ato de realizar um procedimento médico ou cirúrgico, ainda que necessário para salvar a vida do paciente, contra sua vontade. Além disso, decidiu tornar crime a conduta do flanelinha que exige dinheiro de motoristas. Ambas as ações foram enquadradas pelo grupo em um crime já existente, o de constrangimento ilegal. 
O relator da comissão, o procurador da República Luiz Carlos Gonçalves, afirmou que, ao criminalizar a imposição de tratamentos, o grupo segue um pedido das Testemunhas de Jeová, comunidade religiosa cuja crença proíbe que procedimentos como transfusão de sangue sejam realizados. 
De acordo com a proposta, “será considerado crime de constrangimento ilegal a intervenção médica ou cirúrgica feita em paciente maior de idade e capaz que manifestar sua vontade de não se submeter ao tratamento”. A pena, que vai hoje de três meses a um ano de prisão, passaria a ser de um a quatro anos. 
No atual Código Penal, o crime de constrangimento ilegal é definido como “obrigar uma pessoa – por meio de violência, grave ameaça ou qualquer outro motivo que reduz a capacidade de resistência da vítima – a fazer algo ilegal ou deixar de fazer algo legal”. 
Nesse crime se encaixaria, por exemplo, a conduta do flanelinha que obriga alguém a lhe pagar para que ele não danifique o carro.
 
Fonte: Associação Brasileira de Psiquiatria
 
Disponível em:<http://abp.org.br/2011/medicos/imprensa/clipping-2>. Acesso em: 30 maio 2012.

Boneca “Com Problemas Mentais” Causa Polêmica na Suécia: Brinquedo é parte de uma campanha para destacar esse tipo de deficiência


Um novo brinquedo colocado à venda nas lojas de Gotemburgo, na Suécia, chocou vendedores locais e levantou uma polêmica no país. O objeto à venda é uma boneca que aparenta ter problemas mentais.
Segundo o site de notícias The Local, a Cooperativa para uma Vida Independente de Gotemburgo (GIL, na sigla em inglês) colocou nas lojas da cidade uma boneca que aparenta ter problemas mentais. O brinquedo traz em sua embalagem a frase “Trate-a como uma verdadeira doente mental”.
De acordo com grupo, uma organização sem fins lucrativos que presta assistência a pessoas com deficiência, a intenção é fazer as pessoas pensarem sobre como são tratadas as pessoas com problemas mentais na Suécia.
Segundo Anders Westgerd, membro da GIL, a boneca é para gerar um debate em torno de como as vezes deixamos de nos aproximar de pessoas com deficiência.
— Normalmente, as pessoas que dizem se sentir ofendidas pelas bonecas são aquelas que tratam os deficientes com um cuidado exagerado.
A boneca recebeu o nome de “CP–docken”, que, em sueco, significa "boneca com paralisia cerebral".
De acordo com a GIL, o brinquedo foi feito como se tivesse sinais claros de paralisia, e não para ser "fofo".
“Nós não somos fofos como os outros. Nós somos tão burros, espertos, confiantes e felizes como qualquer pessoa”, disse Westgerd.
— Somos pessoas como qualquer outra. Trate-nos como tal. Se você é como a maioria das pessoas, que precisa ser agradável com um doente metal, ao invés disso, você pode comprar a nossa boneca.
Segundo o The Local, o objetivo do grupo é promover um pequeno debate com pessoas que passaram por Gotemburgo e se incomodaram com a boneca.
 
Fonte: Associação Brasileira de Psiquiatria
 
Disponível em:http://abp.org.br/2011/medicos/imprensa/clipping-2. Acesso em:30 maio 2012.

Adesão ao Pré-Natal é Menor Entre Depressivas Que Não se Tratam


Tratar ou não um transtorno psiquiátrico durante a gravidez não é uma decisão fácil. Se por um lado não há medicações psiquiátricas 100% seguras na gestação, de outro há um risco maior ainda na retirada abrupta dos remédios, sem orientação médica. Nem mesmo o Ministério da Saúde tem diretrizes gerais definidas sobre o assunto, uma vez que as recomendações são diferentes para cada paciente.

O dilema da gestante com transtornos psiquiátricos foi discutido neste mês no 8º Congresso Brasileiro de Cérebro, Comportamento e Emoções, em São Paulo. Mulheres são, justamente, as mais afetadas por doenças desse tipo: correm um risco 50% maior que os homens de ter depressão, por exemplo, o distúrbio psiquiátrico mais comum. O Instituto de Psiquiatria (IPq) do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo (USP) tem até um ambulatório específico para gestantes, comandado pela psiquiatra Vera Tess.

“Por total falta de informação, a maioria para de tomar o remédio por conta própria ou por pressão da família quando se descobre grávida”, diz Vera. A psiquiatra conta que as mulheres não imaginam que a própria doença pode trazer sérios riscos para a gestação. “Quando uma paciente com depressão abandona os remédios sem orientação, ela pode piorar, pois a gravidez já é um momento de maior vulnerabilidade para a eclosão de problemas psiquiátricos”.

Nos casos de depressão, a adesão ao pré-natal também é menor entre aquelas que não se tratam, o que leva a um mau prognóstico para o bebê. “Também é frequente que essas mulheres fumem mais, bebam mais e usem drogas”, completa. Ela cita, ainda, o risco de crises após o parto. E observa que a depressão da mãe, nesse período, pode provocar falhas no desenvolvimento cognitivo e emocional do bebê. As informações são do Jornal da Tarde.
 
Fonte: Revista VEJA
 
Disponível em:<http://veja.abril.com.br/noticia/saude/adesao-ao-pre-natal-e-menor-entre-depressivas-que-nao-se-tratam>. Acesso em: 30 maio 2012.

segunda-feira, 28 de maio de 2012

Extinção de Hospitais Psiquiátricos é Diretriz da Luta Antimanicomial


Centro de Referência Técnica em Psicologia e Política Pública (CREPOP) do Conselho Federal de Psicologia (CFP) realizou na manhã desta quarta-feira (23/05) debate online sobre atuação do psicólogo no Centro de Atenção Psicossocial (CAPs). O evento foi moderado pela conselheira do CFP Heloiza Massanaro e contou com a participação da psicóloga Elisa Zaneratto Rosa. A transmissão alcançou mais de dois mil pontos conectados e foram recebidas mais de 50 perguntas de internautas que acompanharam a discussão via internet e também pelo twitter por meio da hashtag #DebateOnlineCFP.
O debate teve como foco o documento de referências técnicas para atuação de psicólogos nos CAPs. O documento está sob consulta pública desde 30 de abril e fica aberto até dia 25 de junho. Acesse-o clicando : http://www2.pol.org.br/pesquisacrepop/consultapublica10/.
A convidada Elisa Zaneratto Rosa é psicóloga, formada pela Pontifícia Universidade Católica (PUC) de São Paulo, tem mestrado em Psicologia Social e é professora assistente na mesma universidade. Atualmente é doutoranda em Psicologia Social. Zaneratto iniciou o debate traçando histórico da luta antimanicomial no Brasil, que em 2012 completa 25 anos. Segundo a psicóloga, a diretriz do movimento social reivindicava transformações no campo das políticas públicas. “Inicia-se no Brasil um processo de redefinição, reforma e transformação de políticas públicas em relação à saúde mental” explica.
Para Zaneratto, o grande desafio desse novo modelo de atenção à saúde é a substituição das formas tradicionais de trabalho e sua relação com a loucura, com o controle dos sujeitos. “Existe a necessidade de substituição, que trabalhe com sujeitos em liberdade e resgate a condição de anulação no qual foram colocados para trazê-los de volta à cidadania” aponta. A psicóloga explica que os CAPs e uma rede de serviços estratégicos devem substituir os hospitais psiquiátricos.
Segundo Zaneratto, nos CAPS são oferecidos cuidados intensivos, acolhimento, projetos terapêuticos ímpares que respondem à singularidade que cada caso requer. “Esses novos projetos representam a possibilidade de exercício de cidadania” explica. Para ela, existe um grande investimento em CAPs no Brasil. De 1987 até 2012 foram abertos 1742 CAPs, conforme a última publicação do Ministério da Saúde.
Desta parte do debate até o final, a conselheira Heloiza Massanaro trouxe as participações dos internautas, lendo perguntas enviadas por email. A primeira questionou “porque não bastava humanizar o manicômio?” Zaneratto apontou que uma das diretrizes da luta antimanicomial é que manicômio não se humaniza, pois o tratamento é baseado na cura de uma doença. Para a psicóloga, a análise e a leitura de toda história da loucura, como doença mental, legitima um tratamento moral. “O que deveria existir e lutamos para que exista é uma perspectiva de cuidado que se comprometa com a possibilidade de produção de novos projetos de vida e de outras trajetórias, nas quais a pessoa possa superar a convicção de sofrimento com seu transtorno mental”, completa.
Outro internauta apontou formas de atuação do psicólogo em novos espaços. Segundo Zaneratto, um grande desafio dos psicólogos é o paradigma da doença e da loucura como doença. “O que existe hoje é a perspectiva de pensar a saúde como ausência de doença. O desafio é superar essa perspectiva e colocar outra no lugar”, aponta.  Para ela, a Psicologia vem fortalecer um campo de conhecimentos que responde às necessidades atuais. “A Psicologia está presente na escola, no campo do trabalho, não só na saúde mental, mas em outros campos e isso exige um reposicionamento”. Zaneratto dá exemplos desse novo posicionamento com a institucionalização do Sistema Único de Saúde (SUS), em 1988, que trouxe uma nova perspectiva de trabalho e sobre o que é saúde. Ela ainda cita como exemplo o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), que também reorienta a perspectiva de atenção a infância e adolescência. “Os novos marcos legais desse momento apontam características de políticas públicas, onde os psicólogos que se inserem no SUS precisam de outras referências que respondam a esse modelo de atenção à saúde. Já não dá mais para fazer a Psicologia do ajustamento, a gente precisa produzir referências que respondam a essa nova perspectiva e isso exige novos marcos teóricos e técnicos” explica Zaneratto.
A conselheira do CFP Heloiza Massanaro aponta, como parte desse processo, a criação do CREPOP, que teve origem no Banco Social de Serviços, por volta de 2003. “Em 2006 surge o CREPOP para saber o que os psicólogos estão fazendo nas políticas públicas e em 2007 já surgem pesquisas”, explica.
Zaneratto aponta que a produção do documento de referência dos CAPS serve também para que o psicólogo atue em outros pontos da rede substitutiva de saúde mental. “Isso que temos nos CAPs dá pra aplicar em outros pontos das redes, Núcleos de Atenção, Centros de Convivência e Cultura, Residências Terapêuticas”, explica. Segundo a psicóloga, o documento pode ser interessante não só para o diálogo entre psicólogos que trabalham nos CAPs, mas com todos os trabalhadores de um CAPs. “Na verdade, uma das prerrogativas orientadoras da perspectiva de atenção psicossocial é a prática multiprofissional, que é mais do que a soma de saberes. O usuário do serviço participa da construção do seu projeto terapêutico e também do serviço onde é atendido. Todos trazem leituras diferentes para pensar e propor estratégias de cuidado”, explica.
A psicóloga Zaneratto aponta a necessidade do movimento social em fazer frente a hegemonia do saber. “A necessidade de pensar e construir estratégias que articulem redes intersetoriais já quebra a hegemonia do saber médico, não derrubada dentro dos serviços de saúde.” Para ela, é necessário quebrar esse paradigma do ponto de vista técnico, científico, cultural e social. A psicóloga aponta como exemplo a Marcha dos Usuários, realizada em 2009, e diz que essa já é uma forma que quebra conceitos ultrapassados.
O internauta Armando questiona “com o advento do CAPs, os hospitais psiquiátricos deixarão de existir?” Eliza é clara em sua opinião e afirma que os hospitais psiquiátricos devem deixar de existir, não só concretamente, mas na cabeça das pessoas. “A meta da reforma psiquiátrica é colocar fim aos hospitais psiquiátricos. Isso não significa que produziremos desassistência. Essa é uma urgência. Pessoas continuam morrendo e sendo maltratadas e isso é um problema no Brasil. Quanto mais a gente avança na desconstrução destas ideias manicomiais, mais temos força para desmontar os manicômios” explica a psicóloga Zaneratto.
O vídeo deste #DebateOnlineCFP será disponibilizado em nosso canal no Youtube em breve. Atualmente existem diversos vídeos, tanto de debates como de seminários, disponíveis para visualização.

Fonte: Conselho Federal de Psicologia

Disponível em:<http://www.pol.org.br/pol/cms/pol/noticias/noticia_120525_002.html>. Acesso em: 28 maio 2012.

Conheça os Sintomas dos Principais Transtornos de Comportamento Infantil


Tão importante quanto conhecer o desenvolvimento cognitivo de seu filho para estimulá-lo na hora certa, é estar atento a reações que ele deveria demonstrar em cada idade e não o faz, o que pode indicar a existência de algum distúrbio. O psiquiatra Fábio Barbirato, da Santa Casa da Misericórdia do Rio, no entanto, destaca que há uma diferença entre atraso e transtorno do desenvolvimento. Para ele, os pais e profissionais devem prestar atenção em crianças com problemas de desenvolvimento das linguagens verbal e não verbal. Elas devem ser observadas e, se não tentam compensar suas deficiências de outras formas, não evoluem com o tempo ou também demonstram desinteresse social, podem estar manifestando algum distúrbio.
— A linguagem é a principal característica na qual os pais têm que ficar de olho, a verbal e a não verbal. Desenvolvimento e linguagem andam juntos —afirma o especialista.
Desde os quatro meses de vida, a criança já usa de ferramentas de comunicação que são importantes para indicar se seu desenvolvimento está sendo saudável. Dos quatro aos seis meses, o bebê troca olhares com a mãe durante a amamentação. Aos seis meses, ele manifesta os sorrisos sociais. Aos nove, é comum partilhar sons, tanto emitindo quanto respondendo com o olhar quando o cuidador chama por ele. Entre 1 ano e 1 ano e 4 meses, as crianças falam as primeiras palavras. Com 1 ano e 6 meses, elas fazem brincadeiras de faz de conta. Por exemplo, uma menina finge que alimenta uma boneca e um menino acredita que seu carrinho está apostando corrida com outros veículos de brinquedo.
Se essas evoluções não aparecem, os pais devem buscar a ajuda do pediatra, mas não precisam se desesperar. Há crianças que respondem a mudanças no ambiente familiar que as estimulam e progridem. Ou compensam suas dificuldades de outras formas, como por exemplo apontando para um objeto, mesmo que não consigam pronunciar o nome do que desejam. Mas, se além de não evoluírem, manifestarem indiferença social, elas podem estar dentro do espectro do autismo.
Outro problema que costuma aparecer cedo, já a partir dos 2 anos de idade são os transtornos de adaptação. Trata-se de crianças que apresentam comportamentos inadequados, ansiedade, depressão, dificuldade de adaptação a situações novas. Os principais sintomas surgem em casa, na relação familiar. E, apesar de aparecer cedo, o transtorno de adaptação pode aparecer até na adolescência.
O Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) pode ser observado dos 3 aos 5 anos. São crianças que precisam de estímulo, têm dificuldade para completar tarefas do dia a dia, são muito curiosas, com agitação do sono, brincadeiras destrutivas e com atraso no desenvolvimento motor.
— Mas isso não quer dizer que seu filho tenha TDAH. As características mudam com o tempo. É preciso observar o desenvolvimento e a evolução dele. Mas três sintomas desses com frequência são indicativos de um problema — conclui Fábio.
 
Fonte: Jornal O  Globo
 

Terapia Polêmica Usa Vitamina D em Doses Altas Contra Esclerose Múltipla


Há quase três anos o paulistano Daniel Cunha, 26, acordou com metade de seu rosto dormente. Foi trabalhar, voltou para casa e achou que a sensação ia passar. Não só não passou como piorou. 
Foi ao hospital, fez exames e, depois de algumas consultas, recebeu o diagnóstico de esclerose múltipla. O mal é autoimune, causado pelo ataque ao revestimento dos neurônios pelo sistema imunológico da própria pessoa. 
Desde 2010, Cunha abandonou o tratamento convencional, com injeções de interferon, remédio que controla a ação inflamatória da esclerose, mas causa efeitos colaterais como febre e mal-estar. 
Ele passou a tomar todo dia uma dose alta de vitamina D, prescrita pelo neurologista Cícero Galli Coimbra, da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo). O tratamento não é reconhecido pela maioria dos especialistas, que o consideram experimental. 
Isso não impediu Cunha de usar a vitamina. Ele ficou tão satisfeito que realizou, com meios próprios e ajuda de amigos, um documentário de 30 minutos, disponível desde abril no YouTube (youtube.com/watch?v=erAgu1XcY-U), sobre a terapia. 
No vídeo, com 18 mil acessos, pacientes de Coimbra falam sobre a vida antes e depois do novo tratamento, e o médico explica a relação entre a vitamina D e a doença. 

Daniel Cunha, 26, autor de documentário sobre escleroseHORMÔNIO
Produzida pelo corpo quando a pele fica exposta ao sol, a vitamina D na verdade é um hormônio, apesar de manter o nome consagrado. 
É consenso há muito tempo que ela tem papel importante na mineralização dos ossos. "Experimentos vêm mostrando que ele age em vários outros tecidos, especialmente no sistema imunológico", afirma a endocrinologista Marise Castro. 
No caso da esclerose múltipla, pesquisas mostram que a prevalência da doença é mais alta em países distantes da linha do Equador, com incidência solar mais baixa, onde a população produz menos vitamina D. 
Segundo Coimbra, a suplementação com o hormônio vem sendo testada desde os anos 1980 para reduzir os surtos de esclerose, períodos em que a doença pode deixar sequelas. Para ele, já há evidência suficiente de que as pessoas com a moléstia têm deficiência da vitamina. 
"Desde 2003 venho cumprindo o dever ético de corrigir o problema metabólico desses pacientes. Todo médico tem a obrigação de fazer isso", afirma o neurologista. 
Até hoje, diz Coimbra, quase 900 pacientes com esclerose múltipla foram tratados. A maioria usa de 30 mil a 70 mil UI de vitamina D ao dia, mas alguns tomam 200 mil. 
A dose ideal para a suplementação ainda é motivo de debate. Segundo Marise Castro, a quantidade usual é de 400 a 2.000 UI. 
Mas, segundo Coimbra, essas doses não são realistas. "As pessoas com esclerose têm uma resistência genética à vitamina e precisam de doses mais altas." 
Os pacientes dele seguem uma dieta sem laticínios e fazem exames periódicos para controlar os níveis de cálcio na urina e no sangue. A vitamina D tem relação com o cálcio, e as doses altas podem causar cálculos renais. 
"A intoxicação por vitamina D pode ser grave e leva meses para curar, porque ela se deposita no tecido adiposo", diz a endocrinologista.
Coimbra rebate, citando um estudo que acompanhou pacientes com esclerose tomando vitamina D por sete meses, em doses crescentes, até chegar a 40 mil UI por dia. 

Para Maria Fernanda Mendes, membro-titular da Academia Brasileira de Neurologia, não há provas suficientes para receitar a terapia. 
"Temos feito exames para dosar a vitamina e repô-la em caso de deficiência, até por conta da demanda dos pacientes, mas não é a recomendação oficial. Como há um tratamento comprovadamente melhor, esse só pode ser usado em pesquisas." 
Coimbra diz que não concorda com a realização de estudos controlados em que parte dos pacientes recebam a vitamina e parte, placebo. 
"Alguém já fez estudo controlado sobre usar insulina para crianças diabéticas? Não, porque elas iam morrer. Se você tivesse uma filha com esclerose múltipla, que poderia ficar cega em um surto, correria o risco do placebo?" 
Coimbra afirma que a relutância dos médicos em aceitar o tratamento vem dos conflitos de interesse com as farmacêuticas. "Há um interesse fabuloso no tratamento tradicional, que custa até R$ 11 mil por paciente por mês." 
O conflito de interesses foi um dos motivos que levou Daniel Cunha a fazer o documentário. "O tratamento com vitamina D me custa R$ 50 por mês. É a minha saúde, não é um leilão. Não me interessa se alguém vai ganhar dinheiro com isso. As pesquisas que todo mundo pede nunca vão sair, quem pagaria isso se não as farmacêuticas? Mas as pessoas não precisam ser reféns. A internet é nossa arma."
 
Fonte: Folha de São Paulo
 
Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/1096497-terapia-polemica-usa-vitamina-d-em-doses-altas-contra-esclerose-multipla.shtml>. Acesso em:28 maio 2012.