João Pessoa, Campina Grande, Patos e Sousa têm hoje pelo menos 25 áreas que concentram o tráfico e o consumo de drogas. Uma delas, localizada na parte baixa do Varadouro, na Capital, já é denominada a ‘Cracolândia paraibana'. O avanço da criminalidade no município se reflete em estatísticas: somente no complexo psiquiátrico particular Casa de Saúde São Pedro, que atende pelo SUS e tem o maior número de leitos no Estado, houve um aumento de 600% no número de internações de usuários de drogas, em 10 anos (de 2001 a 2011). Cerca de 80% dos internos por drogas ilícitas que chegam a esse local são dependentes de crack. A chamada "pedra da morte" rende aos traficantes até 500% em lucros, segundo a Delegacia de Repressão a Entorpecentes de João Pessoa.
Por outro lado, as políticas públicas ainda caminham a passos lentos e oferecem poucas alternativas à população do Estado, onde existe circulação de crack em 81% das cidades pesquisadas pela Confederação Nacional de Municípios (CNM). Porém, para Marcelo Ribeiro de Araújo, especialista em dependência química e pesquisador principal do Instituto Nacional de Políticas Públicas do Álcool e Drogas (INPAD), de nada valerão investimentos em saúde, se não houver um combate ao tráfico de drogas no campo da segurança pública.
"Ambas as perspectivas devem atuar de maneira integrada. O trafico sempre existiu e sempre vai existir. O que deve ser feito é dificultar mais a vida dos traficantes, que está muito fácil, mas também oferecer opções de tratamento aos usuários, com acompanhamento médico e oportunidades de inserção social. Caso contrário, só eles que vão sair prejudicados, porque, com menos oferta, as drogas vão ficar cada vez mais caras, e os dependentes vão fazer tudo para consegui-la", disse.
Nesse sentido, segundo Marcelo Ribeiro, as ações devem ser contínuas para barrar a epidemia do crack. Primeiro, devem começar pela infraestrutura dos locais, como limpeza e iluminação. Depois, menciona ele, deve haver a presença ostensiva da polícia, para que determinados locais não se transformem no que chamou de "terra de ninguém", a exemplo da Cracolândia paulistana, desmontada no começo deste mês, local onde se concentrava o tráfico naquela cidade. Por fim, apontou que é necessário que haja estrutura para atender à demanda, antes de realizar esse tipo de operações.
"Da maneira como as coisas foram feitas aqui, em São Paulo, na invasão à Cracolândia, pouco aconteceu. Os usuários simplesmente se dispersaram. A estimativa era de que havia de 400 a 600 moradores fixos naquele local, fora a população flutuante, que elevava esse número para dois mil, diariamente. Mas, para se ter uma ideia, só se internaram, salvo engano, 60 pessoas. Uma ação que atingiu 10% da população fixa e menos de 5% da geral, isso não foi nada", resumiu.
Pesquisa: 81% das cidades têm crack
Pelo menos 81% dos municípios da Paraíba têm registros de crack. Foi o que revelou um estudo divulgado, em novembro passado, pelo Observatório do Crack, da Confederação Nacional dos Municípios (CNM). A pesquisa mostra que, entre 164 cidades paraibanas pesquisadas, 133 possuíam circulação da droga. Cabedelo, Itabaiana, Pilar, Ingá, Santa Luzia, Patos, Sousa e Itaporanga estão entre os que apresentam alto nível de consumo do entorpecente. Já João Pessoa, Santa Rita, Campina Grande, Soledade, Picuí, Uiraúna e Cajazeiras estão no nível considerado médio.
O que as estatísticas policiais mostram, no entanto, é que as drogas já existem em todos os municípios. Apesar do domínio da droga em cidades de todas as regiões do Estado, não há atendimento especializado para toda a Paraíba. Segundo a Secretaria Estadual de Saúde (SES), existem 71 Centros de Assistência Psicossocial (CAPS), sendo apenas oito com foco em álcool e drogas, nas cidades de Cabedelo, Cajazeiras, Campina Grande, Guarabira, Patos, Piancó, Sapé e Sousa, e somente outros dois com capacidade de internação e atendimento 24h, ambos localizados em João Pessoa.
Destes, só um (situado no bairro da Torre) tem autorização para receber pacientes de todo o Estado. Entretanto, sua capacidade máxima é de apenas 14 leitos, sendo 12 para homens e dois para mulheres. Na Capital, aliás, é onde está o Complexo Psiquiátrico Juliano Moreira, que possui uma ala com 16 leitos para dependentes químicos.
Patos tem cracolândia ‘Brega'
Em Patos, no Sertão do Estado, os bairros São Sebastião e Jatobá são apontados pela Polícia Civil como as áreas que concentram o maior número de incidências de casos de apreensão e tráfico de drogas. O delegado de entorpecentes, Hugo Pereira Lucena, informou que o local conhecido como ‘Brega', situado entre os bairros Jardim Queiroz e Centro da cidade, funciona como a ‘cracolândia' da cidade. O Centro de Atendimento Psicossocial (CAPS) do município fez o registro de 254 usuários nos últimos seis meses, sendo 185 homens e 69 mulheres. Segundo a direção do local, a maioria das pessoas atendidas são usuárias de crack.
No último dia 16 de janeiro, a polícia realizou uma ação onde foram apreendidos seis quilos de droga, sendo cinco quilos somente de pasta-base para a confecção de crack. O caso foi registrado no dia 16 de janeiro e todo o material estava com duas adolescentes. "Aqui é rota de tráfico, a droga vem de Estados fronteiriços e da própria Paraíba, já que a cidade é cortada pela BR-230, que liga as cidades do Sertão até a Capital. Na cidade, o tráfico está concentrado na periferia", informou o delegado Hugo Pereira Lucena.
O Conselho Tutelar da cidade informou que o atendimento direcionado a crianças e adolescentes envolvidas com drogas, especialmente o crack, também vem aumentando. "Os focos são sempre as periferias. Bairros do ‘Mutirão' e Alto da Tubiba registram a maioria dos casos. Chegamos a ter aqui crianças de 12 anos e já dependente do crack, que chegava a roubar para sustentar o vício", informou a conselheira Janaína Soares da Costa.
Por outro lado, as políticas públicas ainda caminham a passos lentos e oferecem poucas alternativas à população do Estado, onde existe circulação de crack em 81% das cidades pesquisadas pela Confederação Nacional de Municípios (CNM). Porém, para Marcelo Ribeiro de Araújo, especialista em dependência química e pesquisador principal do Instituto Nacional de Políticas Públicas do Álcool e Drogas (INPAD), de nada valerão investimentos em saúde, se não houver um combate ao tráfico de drogas no campo da segurança pública.
"Ambas as perspectivas devem atuar de maneira integrada. O trafico sempre existiu e sempre vai existir. O que deve ser feito é dificultar mais a vida dos traficantes, que está muito fácil, mas também oferecer opções de tratamento aos usuários, com acompanhamento médico e oportunidades de inserção social. Caso contrário, só eles que vão sair prejudicados, porque, com menos oferta, as drogas vão ficar cada vez mais caras, e os dependentes vão fazer tudo para consegui-la", disse.
Nesse sentido, segundo Marcelo Ribeiro, as ações devem ser contínuas para barrar a epidemia do crack. Primeiro, devem começar pela infraestrutura dos locais, como limpeza e iluminação. Depois, menciona ele, deve haver a presença ostensiva da polícia, para que determinados locais não se transformem no que chamou de "terra de ninguém", a exemplo da Cracolândia paulistana, desmontada no começo deste mês, local onde se concentrava o tráfico naquela cidade. Por fim, apontou que é necessário que haja estrutura para atender à demanda, antes de realizar esse tipo de operações.
"Da maneira como as coisas foram feitas aqui, em São Paulo, na invasão à Cracolândia, pouco aconteceu. Os usuários simplesmente se dispersaram. A estimativa era de que havia de 400 a 600 moradores fixos naquele local, fora a população flutuante, que elevava esse número para dois mil, diariamente. Mas, para se ter uma ideia, só se internaram, salvo engano, 60 pessoas. Uma ação que atingiu 10% da população fixa e menos de 5% da geral, isso não foi nada", resumiu.
Pesquisa: 81% das cidades têm crack
Pelo menos 81% dos municípios da Paraíba têm registros de crack. Foi o que revelou um estudo divulgado, em novembro passado, pelo Observatório do Crack, da Confederação Nacional dos Municípios (CNM). A pesquisa mostra que, entre 164 cidades paraibanas pesquisadas, 133 possuíam circulação da droga. Cabedelo, Itabaiana, Pilar, Ingá, Santa Luzia, Patos, Sousa e Itaporanga estão entre os que apresentam alto nível de consumo do entorpecente. Já João Pessoa, Santa Rita, Campina Grande, Soledade, Picuí, Uiraúna e Cajazeiras estão no nível considerado médio.
O que as estatísticas policiais mostram, no entanto, é que as drogas já existem em todos os municípios. Apesar do domínio da droga em cidades de todas as regiões do Estado, não há atendimento especializado para toda a Paraíba. Segundo a Secretaria Estadual de Saúde (SES), existem 71 Centros de Assistência Psicossocial (CAPS), sendo apenas oito com foco em álcool e drogas, nas cidades de Cabedelo, Cajazeiras, Campina Grande, Guarabira, Patos, Piancó, Sapé e Sousa, e somente outros dois com capacidade de internação e atendimento 24h, ambos localizados em João Pessoa.
Destes, só um (situado no bairro da Torre) tem autorização para receber pacientes de todo o Estado. Entretanto, sua capacidade máxima é de apenas 14 leitos, sendo 12 para homens e dois para mulheres. Na Capital, aliás, é onde está o Complexo Psiquiátrico Juliano Moreira, que possui uma ala com 16 leitos para dependentes químicos.
Patos tem cracolândia ‘Brega'
Em Patos, no Sertão do Estado, os bairros São Sebastião e Jatobá são apontados pela Polícia Civil como as áreas que concentram o maior número de incidências de casos de apreensão e tráfico de drogas. O delegado de entorpecentes, Hugo Pereira Lucena, informou que o local conhecido como ‘Brega', situado entre os bairros Jardim Queiroz e Centro da cidade, funciona como a ‘cracolândia' da cidade. O Centro de Atendimento Psicossocial (CAPS) do município fez o registro de 254 usuários nos últimos seis meses, sendo 185 homens e 69 mulheres. Segundo a direção do local, a maioria das pessoas atendidas são usuárias de crack.
No último dia 16 de janeiro, a polícia realizou uma ação onde foram apreendidos seis quilos de droga, sendo cinco quilos somente de pasta-base para a confecção de crack. O caso foi registrado no dia 16 de janeiro e todo o material estava com duas adolescentes. "Aqui é rota de tráfico, a droga vem de Estados fronteiriços e da própria Paraíba, já que a cidade é cortada pela BR-230, que liga as cidades do Sertão até a Capital. Na cidade, o tráfico está concentrado na periferia", informou o delegado Hugo Pereira Lucena.
O Conselho Tutelar da cidade informou que o atendimento direcionado a crianças e adolescentes envolvidas com drogas, especialmente o crack, também vem aumentando. "Os focos são sempre as periferias. Bairros do ‘Mutirão' e Alto da Tubiba registram a maioria dos casos. Chegamos a ter aqui crianças de 12 anos e já dependente do crack, que chegava a roubar para sustentar o vício", informou a conselheira Janaína Soares da Costa.
Fonte: Jornal Paraíba
Disponível em:<http://www.paraiba.com.br/2012/01/30/98603-internacoes-por-uso-de-drogas-crescem-600-na-pb-quatro-cidades-lideram-trafico-no-estado>. Acesso em: 01 fev. 2012.
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