Alice e Aricelma durante uma das dinâmicas de grupo dos Terapeutas Sem Fronteiras: emoções expressas em um círculo de confiança
Quem vê Daniel Mendes interagindo com outras pessoas e conversando tranquilamente com desconhecidos não imagina o quanto o assistente financeiro de 27 anos precisou se esforçar para ser sociável. Muito tímido e com problemas de dicção, desde criança ele contou com apoio psicológico para lidar com o bloqueio. Mas foi apenas quando procurou a terapia em grupo, aconselhado por uma professora da faculdade, há cerca de um ano, que a vida começou a engrenar.
“Sempre convivi com pessoas com ânimo elevado e queria entender por que elas eram tão felizes e eu não”, comenta. A troca de experiências num ambiente seguro e acolhedor o fez refletir sobre suas angústias e medos, e perceber que não estava sozinho. “Uma coisa é você ver uma pessoa questionando a vida, outra é ela explicar por que algo acontece”, avalia. “Você passa a ter uma visão mais geral do que se passa.”
Assim como Daniel, muitos brasilienses buscam conforto em grupos terapêuticos. Em alguns casos, as reuniões são voltadas para problemas específicos — como a dependência química ou algum tipo de compulsão. Em outros, a troca é feita entre pessoas de perfis distintos. Larissa Vitória, psicoterapeuta e coordenadora do grupo frequentado por Daniel, no Instituto de Gestalt-Terapia de Brasília (IGTB), diz que a dinâmica é democrática.
A cada encontro, os participantes expõem suas inquietações e os demais decidem qual deverá ser o tema do dia. “Não existe um público-alvo. A princípio, qualquer indivíduo que tem problemas, está com dificuldades para resolvê-los e tem disponibilidade para compartilhar com o grupo pode buscar o tratamento”, explica.
A terapia faz parte de um curso de especialização em psicologia, por isso, os condutores das dinâmicas são psicólogos formados. Para os “pacientes” mais tímidos, Larissa diz que o processo é gradual e de acordo com o tempo de cada um. “Explicamos que a presença de cada pessoa faz parte do processo de ‘cura’ e que cada um deles é ajudante para a felicidade do outro”, complementa. “À medida que eles vão se constituindo como um grupo, mais avançamos no sentido de todos participarem com confiança e segurança.” O sigilo sobre o que é conversado nos encontros, naturalmente, é uma regra de todas as modalidades de terapia em grupo.
Roberto Vieira, coordenador regional da Federação Amor-Exigente do Distrito Federal, diz que os mais de 800 grupos e 10 mil voluntários espalhados pelo país trabalham para ajudar dependentes químicos. O responsável por coordenar um desses grupos específicos para usuários de drogas é um usuário em abstinência.
“Isso faz com que haja a sensibilização dos outros, para que eles construam uma nova percepção de vida por meio dos conselhos e da troca de conhecimento”, detalha. Vieira reforça que o tratamento também se estende à família, uma vez que “o problema tem raízes tanto na cultura quanto no contexto familiar”. “Quem é dependente químico é imaturo, frágil para relacionar-se com o mundo. Isso tem origem na história de vida, e, principalmente, na família”, analisa.
Fonte: Correio Brasiliense
Disponível em: <http://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/ciencia-e-saude/2012/02/07/interna_ciencia_saude,289042/grupos-de-apoio-terapeutico-sao-uma-opcao-eficaz-para-superar-problemas.shtml.> Acesso em: 09 fev. 2012.
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