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terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

1,2 Milhão de Downloads Por Dia: programa SciELO, da FAPESP, criou novo patamar de qualidade e difusão para publicações científicas


Um programa especial da FAPESP que elevou a qualidade de centenas de publicações científicas do país teve um impacto notável no aumento da visibilidade internacional da pesquisa brasileira nos últimos 14 anos. Lançado em 1997 com um conjunto de 10 revistas brasileiras, o programa Scientific Electronic Library Online (SciELO) alcançou, no final de 2011, 239 publicações de todos os campos do conhecimento que geraram uma média mensal de 36 milhões de artigos baixados da internet de forma livre e gratuita – 1,2 milhão por dia. Os periódicos só são admitidos na coleção depois de passarem por crivos que atestam sua qualidade, como a existência de um corpo editorial qualificado, a relevância em seu campo do conhecimento, a assiduidade da publicação e o cumprimento de uma série de normas técnicas que regem a comunicação científica internacional. “O programa criou um círculo virtuoso, no qual as revistas ganharam reconhecimento e passaram a se preocupar continuamente com sua qualidade”, diz Rogério Meneghini, coordenador científico da biblioteca. 

O sucesso desse modelo pode ser medido por dois de seus resultados. O primeiro está relacionado ao aumento da participação de revistas brasileiras em bases de dados internacionais. Ao estimular as publicações a seguir normas de qualidade, o programa SciELO ajudou muitas delas a se qualificar para integrar bases como a Web of Science (WoS), da empresa Thomson Reuters, e a Scopus, da editora Elsevier, utilizadas como parâmetro internacional sobre a produção científica dos países e seu impacto. O número de periódicos brasileiros na base WoS aumentou de 30 títulos em 2007 para 134 em 2011. Tal inclusão fez com que o Brasil saltasse da 15ª para a 13ª posição no ranking de produção científica mundial dos países em razão dos artigos indexados, que aumentarem nesse período. É certo que também teve um papel nesse salto o interesse das bases de dados em vender seus produtos a países emergentes como o nosso. A biblioteca SciELO compartilha, hoje, 94 de seus títulos com o WoS e 173 com a Scopus. 

O segundo resultado tem a ver com a propagação internacional do conceito da biblioteca, difundida em acesso aberto e gratuito, na contramão do mercado editorial científico dos países desenvolvidos, que cobra pela consulta aos artigos que publicam. Depois do Brasil, 12 países da América Latina e Caribe, além de Portugal, Espanha e África do Sul, criaram suas bibliotecas SciELO. A rede conta com duas coleções temáticas, em  saúde pública e ciências sociais, e prepara outra sobre biodiversidade. “O SciELO consolidou-se como o mais importante programa de publicação científica dos países em desenvolvimento e emergentes e é reconhecido internacionalmente como um dos mais destacados no movimento de acesso aberto”, diz Abel Packer, coordenador operacional do programa.

Ciência não indexada
A biblioteca surgiu em 1997 com o duplo objetivo de aperfeiçoar as revistas brasileiras e criar métodos de mensurar a importância e impacto dos artigos publicados por pesquisadores do país. Um dos desafios discutidos na época era resgatar a chamada “ciência perdida do Terceiro Mundo”, conceito proposto num artigo na revista Scientific American de 1995 de W. Wayt Gibbs. Ele se referia à ciência não indexada em bases de dados internacionais, mas de grande interesse regional, sobretudo em áreas como saúde pública, agricultura e educação.

O coordenador científico do SciELO Brasil, Rogério Meneghini, à época coordenador adjunto da Diretoria Científica da FAPESP, procurava um modo de criar um sistema de indicadores que ajudasse a Fundação a avaliar as publicações científicas brasileiras, que em sua maioria não eram indexadas em bases internacionais. Abel Packer, especialista em ciência da informação e executivo do Centro Latino-Americano e do Caribe de Informação em Ciências da Saúde (Bireme), discutia, na mesma época, meios para publicar periódicos científicos on-line e em acesso aberto. “Me lembro que fomos conversar sobre as nossas propostas num almoço intermediado pelo professor Lewis Greene, que era presidente da Associação Brasileira dos Editores Científicos (Abec). Vimos que as ideias se complementavam e preparamos um pré-projeto, que foi aprovado pela FAPESP”, lembra Packer. Meneghini diz que alguns editores de revistas que participaram do projeto piloto temiam perder a autonomia sobre as publicações, ante as exigências de qualidade e de metologia estabelecidas. “Mas isso logo se dissipou, pois eles entenderam o impacto positivo sobre as publicações.”


Fonte: Pesquisa FAPESP Online

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