Imagine ter no smartphone, ao lado de jogos conhecidos como Angry Birds ou Fruit Ninja, um aplicativo que facilite o tratamento de transtornos como fobia social.
Essa é a ideia de cientistas que têm pesquisado terapias portáteis para celular como uma maneira de auxiliar os tratamentos convencionais.
A lógica desses pesquisadores é simples. Assim como alguns aplicativos para celular podem desenvolver processos cognitivos e melhorar o aprendizado, eles também podem trabalhar áreas cerebrais ligadas a transtornos.
O melhor é que a terapia cabe no bolso e pode ser levado para qualquer lugar.
A discussão veio à tona quando um grupo de cientistas da Universidade da Austrália Ocidental apresentou recentemente um aplicativo para tratar fobia social.
Pessoas com esse tipo de transtorno sentem uma ansiedade extrema ao serem "avaliadas" pelas outras. Além disso, quem tem fobia social relata sentir medo diante de expressões hostis (como ar de reprovação).
Os cientistas australianos criaram um game em que o paciente fica diante de expressões faciais dispostas como cartas de baralho. Uma delas é hostil e outra neutra.
Depois de aparecerem brevemente na tela, elas somem, e o usuário tem de identificar uma letra do alfabeto. Essa tarefa leva a pessoa a desviar sua atenção da área da tela na qual estava o rosto hostil e, em tese, minimiza sua reação a esse tipo de imagem.
De acordo com os pesquisadores a favor dos aplicativos (apps), a proposta é trabalhar os jogos junto com tratamentos em consultório. Os apps podem até estimular o paciente a fazer a terapia convencional.
Como os smartphones estão cada vez mais populares --jogos como o Angry Birds beiram os 30 milhões de usuários--, a expectativa é que os games terapêuticos também sejam bem aceitos.
"Isso é o que torna a ideia tão promissora", explica o psicólogo Richard McNally, da Universidade Harvard.
O laboratório dele concluiu recentemente um estudo com 338 pessoas que usaram um programa em smartphone para tratar fobias sociais.
Os usuários acharam o jogo repetitivo. Mas a facilidade de poder usá-lo "até no metrô" foi um ponto positivo.
A proposta da terapia portátil não é unanimidade entre os cientistas. "Sou cauteloso com esse tipo de tratamento", pondera Andrew Gerber, psiquiatra da Universidade Columbia, nos EUA
Na Europa, há testes de apps até para usuários que bebem demais. A ideia é que eles afastem imagens de bebidas alcoólicas e deem zoom nos líquidos sem álcool.
Ainda não se sabe quando --e se-- os apps estarão disponíveis para usuários. Mas há negociações em curso.
O psicólogo Nader Amir, da Universidade Estadual de San Diego, por exemplo, está se encarregando de comercializar um app que ele criou para tratar ansiedade.
Fonte: Folha de São Paulo
Disponível em:<http://www1.folha.uol.com.
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