William Shakespeare, quem diria, virou mangá. Duas das principais obras do dramaturgo, Hamlet e Romeu e Julieta, foram adaptadas ao estilo dos quadrinhos japoneses. O trabalho audacioso, bem-sucedido na Inglaterra e em países de língua inglesa, quis aproximar os jovens leitores dos clássicos universais. O desafio era realizar a tarefa sem perder o conteúdo complexo e eterno de Shakespeare. O poeta e acadêmico Alexei Bueno traduziu para o português a adaptação de Richard Appignanesi. A íntegra dos clássicos não foi desenhada, mas a história está lá, versificada quando assim produzida no original e em prosa quando o respeito ao formato de início foi exigido.
Que não se espere desses trabalhos gírias ou palavras grosseiras. Os diálogos, em sua forma e beleza, foram preservados. Há capricho gráfico, com traços em preto e branco a evidenciar os dramas. Em Hamlet, os desenhos são de Emma Vieceli, premiada artista gráfica japonesa do Sweatdrop Studios. Para Romeu e Julieta, o traço foi de Sonia Leong, especialista em anime e quadrinista premiada. Com o objetivo de transpor as tragédias shakespearianas para o século XXI, mudaram-se os enredos sem alterar os conflitos das histórias.
Em Hamlet, o príncipe da Dinamarca ainda está às voltas com dramas de consciência e a traição em família, mas o leitor é levado a 2017, quando pairam mudanças climáticas e a ameaça de guerras. Em Romeu e Julieta, a história de amor sai de Verona para Shibuya, bairro de Tóquio, e as famílias dos amantes são rivais da máfia Yakuza. Romeu é um astro de rock, mas nada mudou tanto. Hamlet ainda diz: “Ser ou não ser? Eis a questão”.
Outros clássicos do dramaturgo, como Ricardo III, Sonhos de uma Noite de Verão, Otelo e O Mercador de Veneza, também serão transformados em mangá. Sacrilégio? Pode ser. Mas o próprio Shakespeare adaptou contos saxões e lendas dos primeiros bretãos ao Globe Theatre, por volta de 1600. Conta-se que escreveu As Alegres Comadres de Windsor, em 1602, a pedido da rainha Elisabeth, tão aflita para ver as intrigas amorosas no teatro que obrigou o autor a conceber a peça em 15 dias, tomando como fontes várias histórias conhecidas. Lá se vão 400 anos. Quem sabe a ousadia não possa sacudir a poeira do bardo. Se pelo menos um jovem decidir ler mais, graças a esses gibis, a iniciativa terá valido.
Fonte: Revista Carta Capital
Disponível em: http://www.cartacapital.com.br/cultura/tragicos-mangas. Acesso em: 21 jun. 2011
Que não se espere desses trabalhos gírias ou palavras grosseiras. Os diálogos, em sua forma e beleza, foram preservados. Há capricho gráfico, com traços em preto e branco a evidenciar os dramas. Em Hamlet, os desenhos são de Emma Vieceli, premiada artista gráfica japonesa do Sweatdrop Studios. Para Romeu e Julieta, o traço foi de Sonia Leong, especialista em anime e quadrinista premiada. Com o objetivo de transpor as tragédias shakespearianas para o século XXI, mudaram-se os enredos sem alterar os conflitos das histórias.
Em Hamlet, o príncipe da Dinamarca ainda está às voltas com dramas de consciência e a traição em família, mas o leitor é levado a 2017, quando pairam mudanças climáticas e a ameaça de guerras. Em Romeu e Julieta, a história de amor sai de Verona para Shibuya, bairro de Tóquio, e as famílias dos amantes são rivais da máfia Yakuza. Romeu é um astro de rock, mas nada mudou tanto. Hamlet ainda diz: “Ser ou não ser? Eis a questão”.
Outros clássicos do dramaturgo, como Ricardo III, Sonhos de uma Noite de Verão, Otelo e O Mercador de Veneza, também serão transformados em mangá. Sacrilégio? Pode ser. Mas o próprio Shakespeare adaptou contos saxões e lendas dos primeiros bretãos ao Globe Theatre, por volta de 1600. Conta-se que escreveu As Alegres Comadres de Windsor, em 1602, a pedido da rainha Elisabeth, tão aflita para ver as intrigas amorosas no teatro que obrigou o autor a conceber a peça em 15 dias, tomando como fontes várias histórias conhecidas. Lá se vão 400 anos. Quem sabe a ousadia não possa sacudir a poeira do bardo. Se pelo menos um jovem decidir ler mais, graças a esses gibis, a iniciativa terá valido.
Fonte: Revista Carta Capital
Disponível em: http://www.cartacapital.com.br/cultura/tragicos-mangas. Acesso em: 21 jun. 2011
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