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quarta-feira, 15 de junho de 2011

Pesquisadores Veem Pela Primeira Vez Como o Cérebro Perde a Consciência

Cientistas conseguiram pela primeira vez acompanhar o que acontece com o cérebro quando ele perde a consciência. Usando uma nova técnica e um sofisticado sistema de captação e edição de imagens, pesquisadores da Universidade de Manchester puderam montar um vídeo em três dimensões das mudanças na atividade elétrica do cérebro de um paciente enquanto ele recebia uma anestesia. Além de fornecer novos dados sobre a natureza da consciência, a descoberta abre as portas para o monitoramento em tempo real da atividade cerebral de vítimas de derrames e traumas na cabeça.  Segundo Brian Pollard, professor de Anestesiologia da Universidade de Manchester, as imagens sugerem que a perda de consciência está relacionada a uma profunda alteração da atividade elétrica do cérebro, mudando o comportamento de alguns grupos de neurônios e impedindo a comunicação entre algumas áreas do órgão. Ainda de acordo com Pollard, os resultados parecem confirmar a hipótese apresentada por Susan Greenfield, professora de Farmacologia da Universidade de Oxford, de que a consciência é um trabalho conjunto de variados conjuntos de neurônios que interagem de forma mais eficiente ou não dependendo dos estímulos dos sentidos e não constitui um esquema de "tudo ou nada", funcionando mais como um interruptor de regulação de luminosidade de uma lâmpada que muda de posição com o desenvolvimento do cérebro, o humor e o uso de drogas, por exemplo. - Ficamos de queixo caído - admitiu Pollard em entrevista à BBC sobre a primeira visualização que sua equipe teve do processo. - Nossas descobertas sugerem que a inconsciência pode ser resultado de uma maior atividade inibitória entre grupos de neurônios por todo córtex cerebral, dando apoio à hipóteses de Greenfield de que a consciência é fruto da ação de "assembleias" de neurônios. Batizada tomografia funcional de impedância elétrica por resposta provocada (fEITER, na sigla em inglês), a nova técnica usa 32 eletrodos espalhados na cabeça dos pacientes que emitem pequenas correntes elétricas de alta frequência entre eles. Ao analisar a resistência ao fluxo desta corrente (impedância elétrica), os pesquisadores podem determinar alterações na condutividade em diferentes partes do cérebro, o que reflete sua atividade elétrica. Como o aparelho da fEITER faz as medições 100 vezes por segundo, as respostas do cérebro a estímulos externos, como um anestésico, podem ser acompanhadas em uma rápida sucessão. - Pudemos ver em tempo real e pela primeira vez o processo de perda da consciência em regiões anatomicamente distintas do cérebro - conta Pollard. - Agora estamos trabalhando para interpretar as mudanças que observamos. Ainda não sabemos o que acontece com o cérebro quando a inconsciência chega, mas demos mais um passo na compreensão dele e suas funções. Além de permitir uma visualização inédita da atividade cerebral, a fEITER usa equipamentos portáteis e relativamente baratos, enorme vantagem sobre outras tecnologias de diagnóstico por imagem de funções cerebrais, como a ressonância magnética funcional (fMRI). Pollard, no entanto, destaca que ainda serão necessários muitos estudos para que a técnica passe a ser usada amplamente no diagnóstico do estado do cérebro de pacientes com derrames, demência e traumas.

Fonte: Jornal O Globo

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