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quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Transtornos mentais são cada vez mais frequentes em idosos

Por Odenice Rocha 
Acadêmica de Jornalismo do CEULP/ULBRA 

Publicado em: 06/11/2013
 
A idade chegou, e junto com ela, alguns anseios são aflorados, como a solidão, o medo das mudanças físicas, a sobreposição de doenças crônicas, limitações da capacidade funcional, dificuldades econômicas, isolamento e desmerecimento social, maior ocorrência de perdas e eventos causadores de estresse. O que era para ser um período de descanso e sem preocupações, pode ser marcado e conturbado por doenças mentais, físicas e psicológicas.
No entanto, a velhice é um período normal do ciclo vital, caracterizado por algumas mudanças físicas, mentais e psicológicas, mas para alguns a velhice pode ser um tanto quanto conturbada.
Algumas alterações nesses aspectos não caracterizam necessariamente uma doença. Em contrapartida, há alguns transtornos que são mais comuns em idosos como transtornos depressivos, transtornos cognitivos, fobias e transtornos por uso de álcool. Além disso, os idosos apresentam risco de suicídio e risco de desenvolver sintomas psiquiátricos induzidos por medicamentos.
Calcula-se que o Brasil será o sexto país do mundo em número de idosos em 2020, com um contingente superior a 30 milhões de pessoas. Uma das consequências do envelhecimento populacional é o aumento dos problemas de saúde característicos da terceira idade. 
Muitos transtornos mentais em idosos podem ser evitados, aliviados ou mesmo revertidos. Conseqüentemente, uma avaliação médica se faz necessária para o esclarecimento do quadro apresentado pelo idoso. Diversos fatores psicossociais de risco também predispõem os idosos a transtornos mentais. Alguns dos Transtornos psiquiátricos mais comuns em idosos é a demência, que comete 5 a 15% das pessoas com mais de 65 anos e aumenta para 20% nas pessoas com mais de 80 anos.
Esse transtorno é um comprometimento cognitivo geralmente progressivo e irreversível. As funções mentais anteriormente adquiridas são gradualmente perdidas. Com o aumento da idade a demência torna-se mais freqüente. Os fatores de risco conhecidos para a demência é a idade avançada.
Os sintomas incluem alterações na memória, na linguagem, na capacidade de orientar-se. Há perturbações comportamentais como agitação, inquietação, andar a esmo, raiva, violência, gritos, desinibição sexual e social, impulsividade, alterações do sono, pensamento ilógico e alucinações.
"Recebi uma ligação, era meu irmão dizendo que a mãe tinha tentado se matar, saí correndo de casa, pegamos o carro e fomos para a cidade da minha mãe. Graças a Deus já estava hospitalizada. Minha mãe tinha 62 anos quando isso aconteceu, ela andava muito deprimida, meu pai conta que de madrugada não a viu na cama, foi procurá-la, encontrou-a na cozinha, sentada no chão, com  três facas em cima da pia, ela tinha perfurado em baixo do peito, no abdômem e no pescoço. Meu pai a levou diretamente para o hospital, graças a Deus ela ficou bem, mas os médicos pediram cuidados dobrados, pois ela estava em um quadro de depressão e demência"
"Foi muito difícil pra nós, entendermos o que a minha mãe queria fazer, acabar com a própria vida, para entendermos que ela estava em quadro de depressão muito profundo e que ela precisava de ajuda foi complicado. Segundo Salete Maria, dona de casa, 56 anos, a mãe Lúcia, precisou de acompanhamento dos filhos, e muitas conversas, pois sua mãe se sentia só, e essa solidão poderia ter acabado em morte.

O Mal de Alzheimer
Outro mal que acomete os idosos, é o Alzheimer. De acordo com a Organização Mundial de Saúde, atualmente cerca de 24 milhões de pessoas convivem com a doença em todo mundo. A expectativa é que este número chegue a 80 milhões em 2040, crescimento atribuído ao envelhecimento da população.Os estágios clínicos são quatro. No inicial, há perda de memória, mudanças na personalidade, no humor e nas habilidades visuais e espaciais, como aumento de quedas. Na fase moderada, vem a dificuldade para falar, realizar atividades rotineiras e coordenar movimentos, além de agitação e insônia.
A demência vascular, é o segundo tipo mais comum de demência. Apresenta as mesmas características da demência tipo Alzheimer mas com um início abrupto e um curso gradualmente deteriorante. Pode ser prevenida através da redução de fatores de risco como hipertensão, diabete, tabagismo e arritmias. O diagnóstico pode ser confirmado por técnicas de imagem cerebral e fluxo sanguíneo cerebral.
A esquizofrenia também acomete os idosos, cerca de 20% das pessoas com esquizofrenia não apresentam sintomas ativos aos 65 anos; 80% mostram graus variados de comprometimento. A doença torna-se menos acentuada à medida que o paciente envelhece. Os sintomas incluem retraimento social, comportamento excêntrico, pensamento ilógico, alucinações e afeto rígido. Os idosos com esquizofrenia respondem bem ao tratamento com drogas antipsicóticas que devem ser administradas pelo médico com cautela.
A idade avançada não é um fator de risco para o desenvolvimento de depressão, mas ser viúvo ou viúva e ter uma doença crônica estão associados com vulnerabilidade aos transtornos depressivos. A depressão que inicia nessa faixa etária é caracterizada por vários episódios repetidos.Aproximadamente 10 milhões de brasileiros sofrem de depressão. Embora a doença possa afetar as pessoas em qualquer fase da vida, alguns estudos indicam que os sintomas são altamente prevalentes nas fases tardias da vida no Brasil e no mundo.
Um artigo publicado em abril de 2012 na Revista Brasileira de Psiquiatria concluiu que cerca de 10% da população mundial de idosos apresentam quadros depressivos que necessitam de atenção médica.O indivíduo deprimido perde o interesse pelas atividades que normalmente desfrutaria e, com isso, podem surgir outros problemas de saúde, como energia diminuída, dificuldade para dormir ou se alimentar e sentimentos de baixa autoestima. 
Os idosos também podem sofrer com o transtorno bipolar, também. Os sintomas são semelhantes àqueles de adultos mais jovens e incluem euforia, humor expansivo e irritável, necessidade de sono diminuída, fácil distração, impulsividade e, freqüentemente, consumo excessivo de álcool. Pode haver um comportamento hostil e desconfiado. Quando um primeiro episódio de comportamento maníaco ocorre após os 65 anos, deve-se alertar para uma causa orgânica associada. O tratamento deve ser feito com medicação cuidadosamente controlada pelo médico.
Dentre esses transtornos, estão entre os mais frequentes o transtorno delirante, onde os pacientes creem que estão sendo espionados, seguidos, envenenados ou de algum modo assediados.Ocorre sob estresse físico ou psicológico em indivíduos vulneráveis e pode ser precipitado pela morte do cônjuge, perda do emprego, aposentadoria, isolamento social, circunstâncias financeiras adversas, doenças médicas que debilitam ou por cirurgia, comprometimento visual e surdez e os transtornos de pânico, fobias, TOC, ansiedade generalizada, de estresse agudo e de estresse pós-traumático. Desses, os mais comuns são as fobias, caracterizado por transtornos de ansiedade, que começam no início ou no período intermediário da idade adulta, mas alguns aparecem pela primeira vez após os 60 anos.
Em idosos a fragilidade do sistema nervoso autônomo pode explicar o desenvolvimento de ansiedade após um estresse importante. O transtorno de estresse pós-traumático freqüentemente é mais severo nos idosos que em indivíduos mais jovens em vista da debilidade física concomitante nos idosos.
O importante é que se de a atenção que eles mereçam, pois é muito mais fácil, ou pode-se dizer, muito menos complicado se a família estiver perto. Os idosos não podem se sentir sozinhos, de forma nenhuma. Eles precisam de amor e cuidados, pois se sentem seguros e amparados.

Fonte: (EN)Cena

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