Acadêmica de Jornalismo do CEULP/ULBRA
Vivemos em uma sociedade onde o padrão de beleza imposto pela mídia é inatingível, causando assim distúrbios psicológicos e transtornos alimentares, além de tornar as pessoas cada vez mais consumistas. As mulheres são o alvo principal e o fato de não conseguirem atingir os padrões estéticos “estipulados”, pode causar consequências graves na autoestima feminina. O excesso de preocupação com a beleza muitas vezes é desnecessário, uma vez que o conceito de beleza é relativo.
No Brasil a valorização do corpo chega a ser gritante e a imagem de perfeição imposta pela mídia está longe da realidade da maioria das brasileiras, seja por falta de tempo, dinheiro ou até mesmo desejo. Os padrões de beleza vigentes em nossa sociedade são a magreza, o corpo sarado, a pele e os cabelos perfeitos, entre outros. Assim, uma mulher pode sentir sua autoestima despencar caso não tenha o corpo da atriz famosa ou da modelo. Surgem sentimentos como frustração, medo, angústia e insegurança, que levam à depressão.
Os comportamentos típicos da mulher com baixa autoestima são: necessidade de aprovação (reconhecimento e agradar); dependência (financeira e emocional); insegurança (ciúmes); não se permite errar, perfeccionista; sentimento de não ser capaz de realizar nada; não acredita em si e em ninguém; dúvidas constantes, dúvida de seu próprio valor; depressão; ansiedade; inveja; medo; raiva; agressividade; comodismo; vergonha; dificuldade em crescer profissionalmente e sentimento de inferioridade.
Outro problema gerado pela ditadura da beleza são os distúrbios alimentares que ocorrem em função da imagem do corpo perfeito promovida pelos meios de comunicação de massa. É cada vez maior a procura por academias e clínicas de estética. Não há problema algum em querer se manter bonita e saudável, mas muitas mulheres acabam exagerando, seja por exercícios em excesso que podem levar a exaustão, seja pela privação de alimento que pode causar doenças como anorexia, bulimia e vigorexia, ou através de cirurgias estéticas que já levaram à morte tantas moças famosas e anônimas.
Essa busca incessante pelo ideal de perfeição também pode levar ao consumismo exagerado. Ao mesmo tempo em que a mídia mostra corpos considerados perfeitos, a publicidade tenta vender produtos para tratamento estético. Tudo isso é uma jogada comercial para nos tornar cada vez mais consumistas. E aí surge outro problema. Os tratamentos estéticos e os produtos de beleza geralmente requerem uma quantia em dinheiro significativa e a maioria das brasileiras tem um baixo poder aquisitivo. Por isso uma mulher pode se sentir frustrada por não ter uma condição financeira suficiente para bancar os tratamentos e produtos necessários para alcançar o ideal de perfeição estabelecido. E assim nos tornamos vítimas da beleza.
Todos esses sentimentos gerados pela ditadura da beleza podem ainda causar sérios problemas no âmbito pessoal e profissional. No campo amoroso, a mulher tem grande chance de se envolver em relacionamentos instáveis e infrutíferos. Por medo de perder o relacionamento e não conseguir buscar outro, muitas mulheres acabam ficando sempre em posição de submissão. Já no campo profissional, a mulher não consegue confiar em si própria e acaba criando obstáculos para os desafios que surgem. Tem medo de se arriscar por achar que não vai conseguir.
Segundo a psicóloga Andreia Mattiuci, não existem fórmulas mágicas para melhorar a autoestima. A única solução é o autoconhecimento. Podemos comparar nossas vidas a um guarda-roupa bagunçado, onde é muito difícil encontrar uma roupa limpa (qualidades), por isso é preciso ver quais roupas precisam ser lavadas, quais não servem mais (se livrar das mágoas que apenas pesam e ocupam espaço em nossas vidas) e quais estão ali novinhas sem nunca terem sido usadas (potencial). “Apesar de trabalhoso, o autoconhecimento nos permite ver as coisas com mais clareza, encontrando nossas qualidades, muitas vezes abafadas e anuladas por nos e pelos outros. O primeiro passo é querer a mudança”, afirma.
Existem algumas mudanças de postura que contribuem para levantar a autoestima feminina. Faça algo que você gosta; abandone a coitadinha que há dentro de você; aprenda a aceitar críticas construtivas; não afogue as mágoas comendo; faça exercícios físicos; faça terapia e seja feliz. Não devemos querer nos enquadrar em modelos já estabelecidos, pois a beleza está nos olhos de quem vê. Não é uma ciência exata como, por exemplo, a matemática, em que dois mais dois é igual a quatro e não há questionamentos. Ao contrário, o conceito de beleza é subjetivo e são as imperfeições que formam a perfeição relativa.
Fonte: (EN)Cena
Disponível em: <http://ulbra-to.br/encena/ 2013/11/21/A-ditadura-da- beleza-e-a-autoestima-feminina >. Acesso em: 21 nov. 2013
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