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terça-feira, 12 de novembro de 2013

Pura maldade, crianças com transtorno de conduta

Por Paulo Carneiro 
Acadêmico de Jornalismo do CEULP/ULBRA

Quem nunca na infância fez algo que hoje julga cruel? De certa forma isso é natural, afinal de contas com caráter em formação e com tamanha curiosidade característica da pouca idade muitas coisas podem acontecer até mesmo pra definirmos que aquilo não é bom.

               

Mas existem fatos que chamam atenção por tamanha crueldade mesmo feita por uma inofensiva criança.
Na Inglaterra uma criança de apenas quatro anos, achando que o seu cachorrinho estava muito sujo, jogou o bicho dentro do vaso sanitário e depois deu descarga. Por sorte a mãe do garoto viu a ação do filho e retirou o cachorro ainda com vida de dentro do vaso.
Neste caso, talvez a criança não tivesse noção de que o bichinho poderia morrer por causa da ação que ele teve. Segundo a Associação Americana de Psiquiatria, nenhum jovem menor de 18 anos pode ser considerado psicopata, porque não tem domínio sobre suas ações.
Mas e quando as ações são repetitivas e associadas a um comportamento agressivo, mentiras e roubos? Nesse caso o que pode estar acontecendo é o chamado transtorno de conduta, um padrão persistente que viola as regras sociais básicas. Segundo alguns especialistas esse comportamento pode caminhar para um transtorno de personalidade antissocial ou a psicopatia.
No entanto isso não é motivo para sair por ai condenando as atitudes impensadas das crianças a as taxando como pequenos monstros.
Um dado da Associação Brasileira de Psiquiatria mostra que 3,4% das crianças possuem algum tipo de transtorno de conduta, o que é bem difícil de ser diagnosticado uma vez que a pouca idade pode levar qualquer criança a cometer algo estranho para um adulto.
E se a história de garoto e do cachorro causou espanto em muita gente, uma garotinha inglesa chamada Mary Bell, de apenas 2 anos,  parou uma pequena cidade do Reino Unido.

          
                                       Foto de Mary Flora Bell

A mãe de Bell conta que ela sempre foi diferente, nunca chorava quando se machucava e adorava surrar os seus brinquedos. Com quatro anos de idade ela precisou ser contida porque tentou estrangular um coleguinha da escola e afirmou às professoras que sabia que aquela atitude poderia matar a criança.
Aos 5 anos, Mary Bell presenciou a morte de um amiguinho, que foi atropelado na porta da escola, e não esboçar qualquer reação de espanto. Ainda quando criança, após ser alfabetizada, a garota ficou incontrolável, pichava muros, colocava fogo em casa, maltratava todos os animais e o pior ainda estava por vir.
Aos 11 anos ela matou duas crianças: uma de 3 e outra de 4 anos por estrangulamento. O caso aconteceu em 1968 e antes de ir a julgamento, os médicos avaliaram a garota e descobriram que ela tinha um transtorno de conduta.
O laudo que apontou o transtorno trazia detalhes de crueldade sem o menor arrependimento ou remorso. Oque os médicos dizem é que por trás de casos assim existem sempre históricos de agressão, abuso sexual ou um trauma muito grande. No caso da garota era um misto de tudo.
Mary foi abusada pela própria mãe, que era prostituta e forçava Bell a participar dos programas que ela fazia. Viciada em heroína, a mãe entregou a menina para diversas famílias e abrigos, que recusaram ficar com ela. Segundo especialistas, em um ambiente assim é praticamente impossível que alguém possa moldar sua personalidade conforme os padrões exigidos pela sociedade.
Os estudiosos acreditam que em um ambiente familiar bom, a chance de uma criança desenvolver transtorno de conduta é quase zero e, diferente dos adultos psicopatas que não podem ser curados, crianças com transtorno de conduta, podem sim se recuperar totalmente.
Assim foi com Mary Bell. Depois de um longo tratamento, com regras e acompanhamento médico, ela ganhou a liberdade em 1980, casou-se e teve uma filha.  Segundo relatos Bell tem uma vida normal até os dias atuais.


Fonte: (EN)Cena
 
Disponível em: http://ulbra-to.br/encena/2013/11/12/Pura-maldade-criancas-com-transtorno-de-conduta. Acesso em: 12 nov. 2013 

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