A qualidade metodológica entre estudos latino-americanos e de outras regiões do mundo na área de psicologia foi avaliada numa pesquisa do Instituto de Psicologia (IP) da USP. Na avaliação da bibliotecária Maria Imaculada Cardoso Sampaio, a qualidade da metodologia de todos os estudos era baixa, não importando a nacionalidade. A pesquisadora usou uma escala para avaliar pesquisas a respeito da prevalência de depressão pós-parto, ou seja, sobre o número de casos da doença. A grande variação da prevalência encontrada em cada um deles, que foi de 0,5% a 62,8%, pode ser uma das consequências, já que os métodos usados não seguiam um padrão.
Estudos sobre a depressão pós-parto foram escolhidos pois Imaculada teve a oportunidade de colaborar em uma outra pesquisa, em que se fez uma revisão sistemática dos artigos a respeito deste tema, que foi a tese de doutorado de Gabriela Andrade da Silva. Além de requerer dois revisores, este tipo de análise exige a seleção de estudos de qualidade alta para que se tire conclusões sobre a prevalência da doença ao redor do mundo. Segundo Imaculada, isso faz com que este tipo de revisão seja considerado “a melhor evidência científica disponível”. Assim, eles também se adequaram a ser objetos da pesquisa de Imaculada, que avaliou suas metodologias. De 337 artigos aptos a serem incluídos na revisão sistemática, a pesquisa da bibliotecária selecionou 34 latino-americanos e 34 de outros países, escolhidos aleatoriamente.
Estas pesquisas foram avaliadas pela escala de Loney, que listava 8 itens que a metodologia e a apresentação dos resultados de um estudo sobre prevalência deveria cumprir. A cada item preenchido, o estudo recebia um ponto. Nenhum deles atingiu 8 pontos e a média de todos os países ficou entre 2 e 3 pontos, conta Imaculada, explicando que considera a escala rigorosa. A bibliotecária ressalta a importância de que “se façam estudos desta natureza em outras áreas do conhecimento”, para descobrir se este padrão de desempenho pode ser aplicado apenas a estudos sobre depressão pós-parto ou também sobre a prevalência de outras doenças.
Além disso, ela sugere que haja mais revisões na área da psicologia, já que esta prática faz com que o conhecimento ganhe novas perspectivas. “Se nós tivessemos estudos de qualidade boa, poderia ser recomendado para um gestor público desenvolver uma política voltada para controle e prevenção de depressão pós-parto, por exemplo”, explica a bibliotecária.
Ela foi motivada principalmente por seu trabalho como chefe da biblioteca do IP, que coordena o PePSIC. Criada em 2005, a ferramenta reúne artigos e revistas científicas na área da psicologia. Desde 2006 ela inclui também trabalhos de autores de outros países da América Latina, já que, segundo a bibliotecária, no meio acadêmico há “um preconceito em relação ao conhecimento dos países em desenvolvimento”. A pesquisa Qualidade de artigos incluídos em revisão sistemática: comparação entre latino-americanos e de outras regiões foi orientada por Sonia Beatriz Meyer e estará, em breve, disponível no banco de teses da USP.
Imagem: Marcos Santos / USP Imagens.
Fonte: Agência USP de notícias
Disponível em: <http://www.usp.br/agen/?p=
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