Modalidade de sociopsicodrama junta psicologia e artes cênicas
Psicologia e artes cênicas se juntam numa modalidade de sociopsicodrama desenvolvida no Brasil e que é descrita em pesquisa da Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP. Chamada de Teatro de Reprise, a metodologia realiza intervenções em que os participantes narram situações vividas individualmente ou por seu grupo (uma empresa ou uma comunidade, por exemplo), as quais são interpretadas por músicos e atores e servem de base para reflexão e discussão de mudanças. A metodologia é descrita na tese de doutorado da psicóloga Rosane Rodrigues, defendida em junho deste ano no Departamento de Artes Cênicas da ECA.
Rosane faz a conceituação e a sistematização da metodologia conhecida como Teatro de Reprise, surgida no Brasil em 1993, inspirada no Playback Theatre dos Estados Unidos, uma modalidade de sociopsicodrama criada por Jacob Levy Moreno, no início do século passado. “O método foi criado para intervenções em grupos e pode ser utilizado de diversas maneiras, como na prevenção da violência em comunidades, treinamento em empresas e avaliação de processos institucionais”, aponta. “A técnica se situa entre o teatro e o psicodrama, dialogando com as áreas de ciências sociais, psicologia, educação e artes cênicas”.
As intervenções duram de duas a três horas. “Por exemplo, se uma empresa quer fazer um trabalho de motivação dos seus funcionários, a equipe que realiza o Teatro de Reprise ouve os responsáveis, normalmente o setor de Recursos Humanos para saber o que querem. No dia da intervenção, é dada voz e possibilidade ao grupo de participantes de confirmar o diagnóstico que foi feito pela empresa”, conta a psicóloga. “Uma vez levantadas as questões que serão discutidas, a intervenção procura recordar e compartilhar situações vividas para criar uma interação inconsciente e uma leitura de si mesmos que leve a uma reflexão que possa indicar transformações. Quando o grupo não se conhece previamente, as recordações individuais adensam a grupalidade e propõem uma experiência coletiva transformadora”.
Etapas da intervenção
Cada intervenção é dividida em três etapas, chamadas de “aquecimento”, “ação dramática” e “compartilhamento”. “Na primeira etapa, são apresentadas ‘esculturas fluídas’ baseadas na emoção da plateia, feitas por uma trupe de atores e músicos, chamados de ‘ego atores’ e ‘egomúsicos’”, diz Rosane. “O diretor da equipe também conduz jogos dramáticos que procuram evocar cenas representativas do grupo que serão relatadas na intervenção”. Depois do aquecimento, os participantes são convidados a fecharem os olhos e recordarem cenas, que serão narradas em seguida, na “ação dramática”.
Cada intervenção é dividida em três etapas, chamadas de “aquecimento”, “ação dramática” e “compartilhamento”. “Na primeira etapa, são apresentadas ‘esculturas fluídas’ baseadas na emoção da plateia, feitas por uma trupe de atores e músicos, chamados de ‘ego atores’ e ‘egomúsicos’”, diz Rosane. “O diretor da equipe também conduz jogos dramáticos que procuram evocar cenas representativas do grupo que serão relatadas na intervenção”. Depois do aquecimento, os participantes são convidados a fecharem os olhos e recordarem cenas, que serão narradas em seguida, na “ação dramática”.
Os relatos são ouvidos pelo grupo e enquanto os ‘egoatores’ preparam uma encenação que interprete a cena de um narrador, o ‘egomúsico’ toca alguma música conhecida que guarde relação com a cena contada. “Esse músico é preparado para ter a sensibilidade de captar intuitivamente o sentido daquela cena. Isso consegue surpreender as pessoas do grupo, que identificam as cenas com as canções, num processo coinconsciente”, afirma a psicóloga. “Os ‘egoatores’ procuram reinterpretar as cenas do modo mais simbólico possível, sem procurar estabelecer juízos de valor”.
Uma intervenção pode comportar de três a quatro cenas, definidas como “ciclos intercênicos”. “Apesar das narrativas serem diferentes, é possível notar que as cenas ‘conversam’ entre si”, observa Rosane. Na etapa de “compartilhamento”, são comentadas as cenas não encenadas, mas que foram recordadas e onde o diretor nessa etapa faz um resumo da trajetória percorrida pelo grupo.”Toda a dinâmica da intervenção permite uma catarse, não no sentido de purificação, mas de transmitir uma emoção que transforma, permitindo o distanciamento crítico que leva a reflexão e às mudanças”.
Em algumas intervenções, pode ser inserida uma espécie de “quarta etapa”, destinada aos profissionais que querem entender o método do Teatro de Reprise ou discutir um tema específico a partir das cenas apresentadas. “A técnica foi desenvolvida no Brasil, que tem uma sólida tradição de realização de intervenções em grupo e possui uma grande federação de psicodrama”, conclui a psicóloga. A realização da pesquisa teve o apoio da Coordenadoria de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). A pesquisa é descrita na tese de doutorado Teatro de Reprise: conceituação e sistematização de uma prática brasileira de sociopsicodrama.
Fonte: Agência USP de Noticias
Disponível em: <http://www.usp.br/agen/?p= 145480o>. Acesso em: 25 jul. 2013.
Disponível em: <http://www.usp.br/agen/?p=
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