Clara Collins e Trent Holmes ficaram separados por 24 anos. Até que, em novembro de 2008, eles se reencontraram na porta da casa da texana. Dez minutos de um longo e apaixonado beijo foi o primeiro gesto romântico do casal que, na virada do ano, trocou alianças — o anel custou cerca de US$ 3 mil — em uma cerimônia íntima e não oficial. Poderia ser mais uma história de amor ao melhor estilo dos best-sellers de Nicholas Sparks. A não ser pelo fato de Clara ser a mãe biológica de Trent.
O relato do casal, publicado em outubro passado em agências de notícias, não foi uma exceção. Há menos de dois meses, a californiana Mistie Rebecca Atkinson, 32 anos, foi condenada a cinco anos de prisão por fazer sexo com o filho adolescente, de 16, depois de encontrá-lo no Facebook. A defesa de Mistie enviou uma carta à Corte alegando que ela sofreu de um fenômeno desconhecido, pouquíssimo discutido — existe um único estudo acadêmico sobre o assunto — e ainda sem explicação: a atração genética sexual (GSA, sigla em inglês). Tanto Mistie quanto Clara deram seus filhos à adoção logo depois do parto e nunca mais tiveram notícias a respeito, até serem rastreadas ou procurarem por eles.
O termo que descreve essa estranha situação foi cunhado na década de 1980 por uma mulher que se apaixonou pelo filho e escreveu um livro autobiográfico chamado I’m his mother, but he’s not my son (Sou a mãe dele, mas ele não é meu filho, em tradução livre). Devido à falta de estudos sobre o fenômeno, a palavra “genética” foi incorporada por se tratar de relações que ocorrem entre pessoas com um forte grau de parentesco, e não por existir alguma evidência de que o desejo que elas relatam tenham alguma base biológica.
Apaixonada pelo irmão I
"Fui colocada para adoção quando eu tinha apenas alguns dias de vida. Passei minha infância sabendo que fui adotada e, aos 5 anos, me disseram quem era minha mãe biológica. O que fez disso algo muito confuso foi que ela era casada com o filho mais novo da minha mãe adotiva. Ela tinha três filhos com este homem, na época em que me revelaram que era minha mãe biológica. Como a minha mãe adotiva não estava bem de saúde, eu cresci entre as casas de seus filhos adultos.
Acontece que, quando eu tinha 6 anos, ficamos com a minha mãe biológica e seu marido (o filho mais novo da minha mãe adotiva). Essa foi a primeira interação que tive com meus três irmãos. Um deles era dois anos mais novo que eu. Eu o adorava. Ele era uma criança muito doce e engraçado. Comigo, nunca brigou, como fazia com nossos outros irmãos. Quando ele adormecia, eu ia ver seu rosto, e achava que parecia um anjinho. Um tempo depois, me mudei para a casa de outro parente, e meus irmãos ficaram fora da minha vida. A família deles era de militares e eles se mudaram dos Estados Unidos. Vivi minha vida de forma bastante complicada, vivenciando as pessoas à minha volta abusando de ácool e de outra coisas. Quando eu tinha 12 anos, minha mãe adotiva morreu, e um conselheiro me inventivou a buscar um relacionamento com minha mãe biológica.
Nessa época, eles estavam morando em outro estado e viajei para lá com meu avô. Chegamos trade da noite, e minha mãe biológica me mostrou o quarto onde eu iria ficar. No dia seguinte, encontrei meus irmãos, que só tinha viso durante a infância. Eles haviam crescido. Ficamos animados e apreensivos. Passei o verão lá, foi uma experiência agradável. O irmão que eu mais gostava quando era criança ainda era adorável. Nós tínhamos os mesmos gostos, nossos filmes favoritos eram os mesmos, gostávamos de explorar o terreno onde vivíamos e líamos os mesmos livros.
Mas eu ainda me sentia como uma estranha lá e acabei me mudando, ficando com um tutor. Foi muito difícil deixar o meu irmão mais novo. Dois anos depois, eu estava com 14 anos, deprimida, com comportamento suicida e internada em um hospital psiquiátrico. Meu tutor era alcoólatra e estava farto de mim. Fui enviada novamente à casa da minha família biológica. Novamente, fiquei atraída por meu irmão. Nós ainda éramos muito parecidos e nos dávamos muito bem. Começamos a passar tempo em longas caminhadas, falando sobre o que nos incomodava em nossas vidas. Ele, às vezes, ia para o meu quarto e dormia na minha cama, comigo. Foi neste momento que percebi que talvez eu gostasse dele um pouco demais. Mas isso não durou muito tempo. Meu tutor foi me buscar novamente.
Durante um tempo, não tive mais contato com minha família biológica. Mas eles viajaram para minha formatura. Meu irmão estava se tornando um homem jovem e atraente. Ele acabou ficando comigo e com meu namorado para o verão e foi o único membro da família que ficou para assistir o meu casamento. Depois que ele foi embora, minha vida continuou, com coisas boas e ruins. Ele foi para o Exército, passou um tempo em zonas hostis, como o Iraque, e eu sempre preocupada com ele. Hoje, ele está casado e tem um filho. Conversamos muito por telefone e e-mail mas, há pouco tempo, nos encontramos cara a cara. Eu me pego pensando em coisas inadequadas sobre meu irmão e choro muito quando penso nele. Sei que estou apaixonada por ele, e isso não é de hoje. Estou relutante em contar para ele o que sinto, mas me conforta saber que isso não é uma coisa que acontece só comigo, pois tendo lido bastante e sei que outras pessoas passaram pelo mesmo", M.R.N, 36 anos
Apaixonada pelo irmão II
"Tenho seis outros irmãos, mas fui adotada e vivi longe deles desde os 17 meses de vida. Aos 16 anos, eu conheci um dos meus irmãos mais velhos e nós ficamos muito unidos, passsando todos os momentos juntos. Eu me senti atraída por ele e não conseguia me controlar. Eu tinha que estar perto dele, tão perto quanto eu poderia ficar. Nunca tivemos relações sexuais, nem nos beijamos, mas nós dormimos na mesma cama várias vezes. A maioria dos nossos amigos achavam essa situação estranha.
Ele se afastou, arrumou uma namorada e nos vimos de novo e nos reeoncontramos quando eu estava com 23 anos e ele 24. Dormimos juntos de novo, nos tocamos, mas não nos beijamos nem fizemos sexo. Depois daquela noite, vimos que algo maior poderia acontecer e nos afastamos definitivamente. Sofri muito. No começo, eu não sabia o que estava passando e fiquei confusa. Pensei que eu era louca, uma maluca, uma lunática, que teria de ser colocada em um hospício. Comecei a fazer terapia e isso me ajudou bastante. Hoje, sei que foi tudo uma grande confusão e meu sentimento por ele mudou", A.B.N., 28 anos.
Fonte: Correio Brasiliense
Disponível em:<http://www.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.