terça-feira, 31 de julho de 2012
Concurseiros Assumem Uso de Tarja Preta
Medicamentos de tarja preta que têm como substância ativa o cloridrato de metilfenidato, estimulante do sistema nervoso central, estão sendo consumidos por estudantes de concursos, conforme relatos de concurseiros e ex-concurseiros ouvidos pelo G1.
O objetivo é contar com a ajuda da substância para passar muitas horas diárias concentrados na preparação para provas. Na medicina, a droga é usada para reduzir impulsividade e hiperatividade de pessoas com transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH), especialmente crianças.
O tema do uso de medicamentos para suportar a pressão da concorrência e estudar por muitas horas é velado entre os candidatos.
Concurseiros e ex-concurseiros de São Paulo, Brasília e Salvador afirmam, sob a condição de não serem identificados na reportagem, que o uso de remédios com esse princípio ativo é comum entre os colegas que estudam em cursinhos preparatórios para concursos. Na opinião de médicos, no entanto, a substância não resulta em um aumento da concentração e dá uma falsa sensação de aproveitamento do tempo de estudo.
Um funcionário público do Distrito Federal ouvido pela reportagem admite ter usado o remédio Ritalina, fabricado pelo laboratório Novartis, que contém o metilfenidato.
Ele afirma que decidiu tomar o medicamento após uma amiga contar que usava a substância para controlar a hiperatividade e se concentrar melhor no que estava fazendo. Um colega do cursinho também havia dito que conseguia passar mais horas estudando graças ao remédio. Mas sua própria experiência, segundo ele, foi negativa.
Um funcionário público do Distrito Federal ouvido pela reportagem admite ter usado o remédio Ritalina, fabricado pelo laboratório Novartis, que contém o metilfenidato.
Ele afirma que decidiu tomar o medicamento após uma amiga contar que usava a substância para controlar a hiperatividade e se concentrar melhor no que estava fazendo. Um colega do cursinho também havia dito que conseguia passar mais horas estudando graças ao remédio. Mas sua própria experiência, segundo ele, foi negativa.
“Eu queria estudar para concurso também, e o médico me falou que eu era hiperativo e receitou o medicamento para eu experimentar”, relembra. “Particularmente não gostei. O resultado não foi bom, a concentração não melhorou, fiquei mais agitado, me deu falta de ar”, conta.
O servidor passou em um concurso público há 3 anos, mas sem a ajuda da Ritalina, que ele parou de tomar depois de apenas duas semanas. Ele afirma ter parentes com síndrome do pânico e já ter presenciado experiências com falta de ar e, por isso, não quis passar pela mesma situação. “Eu já estava estudando para concurso e não aconteceu nada, não senti diferença, só ficava um pouco mais agitado e mais acelerado. Cada um tem sua escolha, não recrimino. Para muitas pessoas, controla mesmo [a hiperatividade], mas para mim não foi legal.”
Uso é comum entre candidatos
Uma advogada de São Paulo, de 30 anos, relata que seu psiquiatra ofereceu a receita de Ritalina, mas que ela recusou porque já tratava outra doença e não queria misturar os remédios. Entre 2007 e 2009, ela passou por quatro cursinhos na capital paulista e afirma que, em todos, é comum ver candidatos que não resistiram à tentação de usar o atalho do anfetamínico para não se distrair.
“Você passa dez horas por dia de segunda a sábado lá. São cinco horas de aula e seis horas em casa. Eu tinha aula de manhã, ia para casa, almoçava, saía para fazer exercício, voltava, dormia e às 16h30 ia para o cursinho estudar de novo”, conta ela, que acabou passando em um concurso em outra cidade e, depois, decidiu trabalhar no setor privado.
Segundo a advogada, a enorme concorrência, os altos salários, a estabilidade laboral e as provas massacrantes mexem com os candidatos. “São 100 questões com cinco alternativas e 20 linhas em cada uma, é uma página por questão, vocês precisa de alguma coisa pra te fazer aguentar. Não se fala disso entre amigos, o professor entra na sala, dá a aula e sai. As pessoas não falam sobre isso abertamente, mas é normal, é muito comum”, afirma.
Quem convive muito tempo nesta situação consegue perceber quando alguém tem o comportamento alterado pelo uso de estimulantes. “Por mais que você esteja acostumado a estudar e tenha a disciplina, em um dia você rende bem, mas é estranho render bem todos os dias. Você cansa, troca a caneta de mão, vai ao banheiro. O remédio te dá a força para ficar sentado sem se cansar durante quatro horas seguidas”, diz.
Comércio ilegal – A tentação acaba fazendo com que as pessoas sem acesso a psiquiatras recorram ao comércio ilegal de medicamentos. De acordo com o Departamento de Polícia de Proteção à Cidadania do governo estadual paulista, neste ano, a Ritalina apareceu, pela primeira vez, entre os remédios apreendidos nas operações policiais.
Segundo Paulo Alberto Mendes Pereira, delegado-assistente da 2ª Delegacia de Saúde Pública da capital, uma operação de 5 meses, que monitorou conversas telefônicas e emails, culminou, em maio passado, com a prisão de 7 pessoas acusadas de vender medicamentos com comércio proibido ou controlado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
“Nós identificamos pessoas que compraram o medicamento de forma clandestina e já ouvimos alguns que disseram que era para o filho. Mas recebemos essa informação com reserva, porque a pessoa que vai comprar um produto controlado, para o filho, faz isso de maneira legal, com receituário”, diz o policial.
Comprar um medicamento que exige receita de forma clandestina pode configurar porte de entorpecente para uso próprio, alerta Pereira.
Rendimento intelectual reduzido
De uso controlado, as substâncias causam dependência e não podem ser utilizadas sem orientação médica. Os efeitos colaterais são graves, segundo Silveira, e incluem crise de pânico, de ansiedade, depressão e até sintomas psicóticos. “O candidato pode ficar paranoico, ouvir vozes e passar a interpretar a realidade de forma errônea. Alguns não conseguem mais dormir.” Estimulantes e anfetaminas são indicados para pacientes com problemas neurológicos, como narcolepsia (sono incontrolável durante o dia), casos de perda de capacidade de concentração ou obesidade mórbida.
Médicos ouvidos pelo G1 garantem que, apesar de as substâncias estimulantes afastarem o sono, o rendimento intelectual é reduzido e a retenção de informação de quem as utiliza também fica prejudicada. “A pessoa fica sem sono para poder estudar mais, por mais tempo. Mas, apesar de ficar acordada, o rendimento intelectual não é o adequado”, diz o psiquiatra Dartiu Xavier da Silveira, coordenador do Programa de Orientação e Atendimento ao Dependente (Proad) da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). “O remédio prejudica a concentração, a memória e sua capacidade de reter informação vão ficar diminuídas.” Segundo ele, há mais de 20 fórmulas, manipuladas ou não, disponíveis no mercado.
Ronaldo Laranjeira, professor de psiquiatria da Unifesp, afirma que o mecanismo de ação das anfetaminas é parecido com o da cocaína, com efeito estimulante intenso. “Na hora que usa, a pessoa se sente mais ativa, mais alerta, mas nem sempre significa concentração melhor. A performance não melhora.” A consequência do uso contínuo das anfetaminas, segundo Laranjeira, é o que os médicos chamam de “efeito rebote”, que, além da dependência, provoca depressão.
Efeitos colaterais
Segundo relatório da Anvisa, o metilfenidato pode apresentar como efeitos colaterais a redução de apetite, insônia, dor abdominal e cefaleia. Em nota, a Novartis esclarece que “o medicamento metilfenidato – comercializado pela Novartis com o nome comercial de Ritalina – somente deve ser utilizado conforme as indicações em bula, devidamente aprovadas pelas autoridades sanitárias, e mediante a prescrição de um médico.
A empresa repudia veementemente o uso indevido do medicamento que, no Brasil, só pode ser vendido mediante a apresentação e retenção de receita do tipo A (amarelo), que é a mais restritiva entre todas, sendo, inclusive, monitorada pela Polícia Federal. O metilfenidato é a terapia mais estudada do mundo para o tratamento do transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) e tem eficácia comprovada em mais de 200 estudos científicos publicados”.
O TDAH é reconhecido majoritariamente em crianças, principalmente por causa do desempenho escolar. A doença não é diagnosticada por meio de exames clínicos, e sim pela observação do comportamento das pessoas, o que faz com que parte da classe médica afirme que ela não exista de fato.
O remédio, no entanto, vem sendo cada vez mais usado por adultos em situações estressantes. Entre 2000 e 2009, o Brasil saltou para a segunda posição no ranking mundial de consumo da substância, atrás apenas dos Estdos Unidos. Nesse período, a venda de caixas subiu de 70 mil para dois milhões.
Segundo a Anvisa, o metilfenidato é um medicamento de uso controlado, e as drogarias precisam registrar no sistema a venda de cada caixa. Ainda de acordo com a Anvisa, em 2009, o Brasil consumiu quase 175 quilos do cloridato de metilfenidato, usado na fabricação da Ritalina, pelo laboratório Novartis, e do Concerta, pelo laboratório Janssen Cilag. Entre 2002 e 2006, a produção da substância no Brasil cresceu 465%.
A agência monitora sites com venda ilegal de produtos controlados e propaganda enganosa, mas a assessoria de imprensa da Anvisa afirma que a agência não mantém estatísticas específicas sobre o mercado irregular de uma substância específica. Os concurseiros afirmam que é comum a compra do medicamento pela internet.
Fonte: Jornal Tribuna da Bahia
Meditação da Ioga Reduz Estresse Severo em 12 Minutos
Meditação Kirtan Kriya
Seis meses atrás, pesquisadores da Universidade da Califórnia, em Los Angeles, publicaram um estudo mostrando que uma técnica simples de ioga reduz os níveis de estresse de pessoas envolvidas com tipos de demência, incluindo o Alzheimer.
A prática consiste em uma técnica meditativa baseada na recitação de um mantra simples, praticada durante 12 minutos por dia, ao longo de oito semanas - a técnica chama-se Meditação Kirtan Kriya.
Os resultados mostraram efeitos fisiológicos claros - e não apenas psicológicos - incluindo um reforço na resposta do sistema imunológico às inflamações.
Se ativada constantemente, a inflamação pode contribuir para uma multiplicidade de problemas crônicos de saúde.
Heróis desconhecidos
Mas a Dra. Helen Lavretsky e seus colegas não se deram por satisfeitos com a explicação, e queriam saber mais sobre os efeitos moleculares de uma prática tão simples sobre o organismo.
O trabalho da equipe é voltado não propriamente para os doentes, mas para os cuidadores, chamados por eles de "heróis desconhecidos".
"Em média, a incidência e prevalência de depressão em familiares que cuidam de portadores de demência chega a 50%," disse a pesquisadora. Além disso, os próprios cuidadores tendem a ser igualmente idosos, o que os deixa mais suscetíveis ao risco do estresse e da ansiedade.
Práticas psico-espirituais
Há muito se sabe que intervenções psicossociais, como a meditação, reduzem os efeitos adversos que a doença causa nos cuidadores.
Mas só mais recentemente os cientistas têm-se preocupado em associar os benefícios das práticas psico-espirituais com efeitos fisiológicos no corpo.
"O objetivo do nosso estudo era determinar se a meditação pode alterar a atividade de proteínas inflamatórias e antivirais que moldam a expressão genética das células imunológicas," resume a Dra. Lavretsky.
O resultado foi positivo, mostrando que essas proteínas apresentam uma redução em sua atividade, diminuindo a resposta inflamatória, conforme as pessoas se engajam na prática da meditação.
Eles descobriram que a prática da meditação Kirtan Kriya altera a resposta de 68 genes no corpo, todos associados com a resposta inflamatória.
"Esta é uma notícia muito encorajadora. Os cuidadores geralmente não têm tempo, energia ou contatos pessoais que possam trazer-lhes um pouco de alívio do estresse de cuidar de um ente querido com demência. Assim, praticar uma forma rápida de meditação de ioga, que é fácil de aprender, é muito útil," conclui a cientista.
Como praticar a Meditação Kirtan Kriya
Existem CDs à venda que auxiliam e guiam a prática da técnica Kirtan Kriya de ioga. Contudo, nem eles são necessários.
Escolha um lugar calmo e silencioso, onde você possa ficar só, e sente-se de uma maneira que se sinta confortável. Pode ser sobre uma almofada no chão, ou em uma cadeira - não é necessário fazer qualquer exercício de contorcionismo dolorido.
Estenda sobre as pernas as mãos abertas - naturalmente, sem forçar - com as palmas viradas para cima.
Cante as sílabas Sa, Ta, Na, Ma, espichando o "a": Saaaaaaaa.....
Quando cantar Sa, toque a ponta do indicador na ponta do polegar. Quando cantar Ta, toque a ponta do dedo médio na ponta do polegar, e assim por diante.
- Cante de forma audível por 2 minutos
- Cante apenas sussurrando durante 2 minutos
- Apenas vocalize mentalmente durante 4 minutos, sem emitir sons, mas movimentando os dedos
- Cante apenas sussurrando durante 2 minutos
- Cante de forma audível por 2 minutos
Marque um horário e procure respeitá-lo todos os dias. E tenha persistência.
As sílabas são palavras em sânscrito, que significam, respectivamente, nascimento, vida, desligamento e renascimento.
Fonte: Diário da Saúde
Disponível em:<http://www.diariodasaude.
A Polêmica do Déficit de Atenção: psicólogos contestam a existência do transtorno do déficit de atenção e hiperatividade e o uso de medicamentos para tratá-lo. Sociedades médicas discordam do movimento
Matheus Luppi toma medicação contra o TDAH desde os 7 anos.
Para a mãe, Marta, dizer que a doença não existe só aumenta o preconceito
Uma das doenças psiquiátricas mais diagnosticadas em crianças e adolescentes na atualidade, com prevalência calculada em 5% da população infanto-juvenil, o transtorno do déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) ganhou, recentemente, um inimigo: a campanha “Não à medicalização da vida”. Por trás do nome genérico, o movimento, encabeçado pelo Conselho Federal de Psicologia (CFP), faz menções diretas ao transtorno em seu material – contestando sua existência e o uso do metilfenidato, medicamento mais conhecido pelo seu nome comercial Ritalina, usado para tratá-lo. “É muito difícil comprovar que isso é uma doença neurológica, como hoje se afirma. O que temos visto é a medicação de crianças que têm alguma dispersão que incomoda os adultos”, acusa Marilene Proença, presidente do CFP.
A iniciativa repercutiu entre pacientes e familiares. “Começamos a receber muitos e-mails”, diz Iane Kestelman, presidente da Associação de Pacientes de TDAH. Eram pessoas sem saber se suspendiam a medicação e pais revoltados com a acusação de que estavam drogando seus filhos sem necessidade. Tanta balbúrdia originou outra carta, escrita pela Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) e publicada dois dias depois do manifesto do CFP. Nela, a entidade faz a defesa do direito dos pacientes de receber a droga. “Dizer que é um crime medicar as crianças é terrorismo”, defende Eduardo Vaz, presidente da Sociedade Brasileira de Pediatria, uma das instituições que assinaram o texto da ABP. “Podemos discutir se estamos medicando demais, mas dizer que o TDAH não existe ou que a medicação é desnecessária não é o caminho para que isso aconteça”, considera. “E não é comum as pessoas terem TDAH. Se olharmos as estatísticas, 95% das crianças não têm a doença, e não o contrário”, ressalta Antônio Geraldo da Silva, presidente da ABP.
Desde sua catalogação, o TDAH nunca foi ponto pacífico, em especial entre psiquiatras e psicólogos. Na campanha “Não à medicalização da vida”, defende-se que o TDAH não passa de resultado do estilo de vida contemporâneo. “Estamos contestando que se afirme tranquilamente que é uma doença, ignorando que ela ainda não foi cientificamente comprovada”, diz a médica Maria Aparecida Moyses, do Departamento de Pediatria da Universidade Estadual de Campinas e uma das criadoras do manifesto do CFP.
Nos referenciais científicos mais importantes na área de saúde, porém, o transtorno aparece descrito. A doença está registrada no manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais, livro-referência para diagnósticos de saúde mental, e é reconhecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS). “O transtorno também aparece na classificação internacional das doenças, o que significa que há um consenso mínimo da comunidade científica mundial”, disse à ISTOÉ Jorge Rodriguez, especialista em saúde mental da Organização Pan-Americana da Saúde, órgão da OMS nas Américas. “Dizer que o TDAH não existe é errado”, afirmou à ISTOÉ Sergi Ferré, do Instituto Nacional de Saúde americano. “É uma posição embasada no passado, quando tínhamos critérios imprecisos para o diagnóstico".
Os bons resultados da terapia se fortaleceram depois que o psicólogo
Ronaldo Ramos começou a tomar remédio. Ele e a filha Gabriela têm o transtorno
Ronaldo Ramos começou a tomar remédio. Ele e a filha Gabriela têm o transtorno
Para a médica veterinária Marta Luppi, 42 anos, o modo como se levantou a bandeira contra o TDAH foi inadequado. Na casa dela, o marido Márcio Luppi, 52 anos, e o filho Matheus, 12 anos, são diagnosticados com o transtorno e usam o fármaco. “Quando o médico disse que eles precisariam tomá-lo, li as pesquisas científicas sobre o assunto”, diz Marta. “Ninguém dá remédio para o filho sem motivo.”
Hoje, o metilfenidato é a principal droga usada contra o TDAH. “Ele é eficaz em 70% dos casos”, diz o psiquiatra pediátrico Guilherme Polanczyk, da Universidade de São Paulo. A droga age sobre a dopamina, substância cerebral que aparece desregulada em pacientes com o distúrbio. “O remédio é válido em vários casos, mas a dosagem precisa ser criteriosamente calculada para cada indivíduo”, disse à ISTOÉ Abigail Zdrale Rajala, da Universidade de Wiscosin (EUA), coautora de um estudo sobre os efeitos de diferentes doses da droga.
Em quantidade inadequada, observou-se o efeito contrário ao desejado, com a perda da capacidade criativa e comprometimento do aprendizado. Quando bem usado, porém, os pacientes relatam benefícios. É o caso do psicólogo Ronaldo Ramos, 55 anos. Para ele, que tentava melhorar apenas com psicoterapia, o remédio foi um tiro certeiro. “Melhorei muito aliando a terapia com o medicamento”, declara Ramos, cuja filha Gabriela, 19 anos, também foi diagnosticada com TDAH.
No Brasil, apesar do grande aumento no consumo de metilfenidato nos últimos anos, não há um percentual abusivo do seu uso pela população. Um cruzamento de dados previsto para ser divulgado na próxima edição da “Revista Brasileira de Psiquiatria” mostra que menos de 20% das pessoas com TDAH estariam tomando o remédio no País, considerando-se cerca de 1,7 milhão de caixas vendidas do fármaco em 2010. Todavia, algo inegável entre esses tantos que tomam o remédio é que muitos podem o estar fazendo sem ter passado por um diagnóstico adequado ou o estejam tomando sem indicação médica. “Quem mais faz diagnóstico de TDAH são as psicopedagogas das escolas”, critica o neuropediatra Saul Cypel, da Fundação Maria Cecília Souto Vidigal. “Isso está errado. O diagnóstico precisa ser muito criterioso.”
Fonte: Revista ISTO É
Como Controlar os Pesadelos: novos tratamentos conseguem impedir que os sonhos ruins aconteçam ou até mudar seu conteúdo
Por quase toda a vida, a promotora de Justiça Ana Marta Orlando, 66 anos, teve suas noites assombradas por um inimigo silencioso e assustador: os pesadelos. O mais recorrente a transportava, em um momento da noite, para um imenso deserto. Solitária, ela começava a caminhar sem rumo e, a cada passo, sentia os pés afundar na areia fofa. Não bastando o desespero de se sentir engolida pelo chão, em determinado momento, ao olhar para trás, percebia a presença de um beduíno montado sobre um imenso camelo a cortar o ar com espadas. Desesperada, tentava apressar a caminhada, mas as pernas se afundavam cada vez mais na areia até que o perseguidor a alcançava e ela acordava sobressaltada. “Suando frio e com o coração aos pulos”, relembra Ana Marta, que, assim como outros milhões de brasileiros, tinha pesadelos crônicos, problema que dificilmente rompe as paredes do quarto de dormir para chegar ao consultório médico. “Ter pesadelo esporadicamente é normal. Quando isso começa a se tornar repetitivo, porém, se torna doença”, alerta a neurologista Márcia Pradella-Hallinan, da unidade de medicina do sono do Hospital Sírio Libanês, em São Paulo. A prevalência gira em torno de 2% e 6% da população mundial, com maior incidência sobre as crianças. Mesmo assim, é comum quem tem pesadelo manter sigilo sobre o problema. Os próprios cientistas relegaram, por muito tempo, os sonhos ruins a um segundo plano. Para o bem de quem sofre com o problema, isso mudou nos últimos anos com a injeção de recursos para pesquisa após a constatação de que pesadelos eram recorrentes em veteranos de guerra americanos.
Durante décadas, os sonhos ruins estiveram sob a égide da psicanálise. Os últimos estudos científicos, porém, mostram que não apenas fatores psicológicos explicam sua existência. Freud não morreu para a medicina do sono, mas agora divide espaço com conhecimentos sobre o funcionamento do cérebro e do aparelho respiratório. Com isso, o divã ganhou aliados como pílulas, eletrodos e máscaras de ar. “Vários pacientes veem seus pesadelos desaparecer após o tratamento para apneia”, disse à ISTOÉ o cientista Barry Krakow, referência mundial em medicina do sono, hoje à frente de um centro particular para o tratamento de pesadelos nos Estados Unidos. A razão, acredita-se, é que nesses casos as imagens aterradoras não passam de uma estratégia do organismo para nos despertar, cessando a interrupção no envio de oxigênio para o cérebro – principal característica da apneia. Quando o problema respiratório é tratado, junto com ele se vão os pesadelos.
Leia reportagem completa: http://www.istoe.com.br/
Fonte: Revista ISTO É
Pesquisadores Desvendam Mecanismos dos Sonhos Conscientes: áreas do cérebro responsáveis pela auto percepção são ativadas durante sonho lúcido
Pesquisadores desvendam mecanismos do sonho consciente
A capacidade humana de desenvolver a auto percepção, auto reflexão e consciência própria está entre um dos grandes mistérios da neurociência. Se esses estados estão constantemente ativos quando estamos acordados – no chamado estado de vigília – esses mecanismos, na maior parte das vezes, são desativados durante o sonho. Mas o que dizer quando sabemos que estamos sonhando e controlamos as ações, sem acordar?
Cientistas do Instituto de Psiquiatria Max Planck, na Alemanha, conseguiram identificar, pela primeira vez, quais são as áreas do cérebro envolvidas em sonhos lúcidos. Os resultados da pesquisa vão ajudar os cientistas a compreenderem melhor o funcionamento desse órgão, ainda cheio de mistérios para os cientistas. A pesquisa foi publicada no periódico Sleep.
Mapeando o pensamento - Com técnicas avançadas de análise de dados usando a tomografia por ressonância magnética, eles puderam identificar onde se concentram as atividades cerebrais durante o sonho normal e o sonho lúcido. Isso é difícil de mensurar, apesar das modernas técnicas de captação de imagem existentes. Para chegar ao resultado, os pesquisadores se concentraram na transição do estado consciente para o inconsciente, durante o sonho.
Pelo mapeamento das áreas que ativadas durante o sonho lúcido – quando temos consciência de que estamos sonhando, mas não acordamos – descobriram que essas regiões são as mesmas envolvidas na capacidade de auto percepção, consciência própria e auto reflexão. "A atividade básica geral do cérebro é igual nos dois sonhos, o normal e o lúcido", disse Michael Czisch, líder da pesquisa no Instituto de Psiquiatria Max Planck. “Mas durante o sonho lúcido, uma rede de neurotransmissores fica muito ativada, diferente de quando o sonho é normal”, disseram.
As áreas envolvidas são o córtex dorsolateral pré-frontal direito, que normalmente está ligado á função de auto avaliação, e a região fronto polar, responsável pelas avaliações de pensamentos e sentimentos, e o precuneus, que fica no lóbulo parietal superior e é relacionado à auto percepção.
Disponível em:<http://veja.abril.com.br/
A Histeria em Cena: atualmente a psiquiatria parece voltar a uma época anterior a Freud, tentando encontrar no cérebro a causa de todos os conflitos e dores psíquicas
UMA LIÇÃO CLÍNICA COM O DR. CHARCOT NA SALPÊTRIÈRE, ÓLEO SOBRE TELA, PIERRE ANDRE BROUILLET, 1887, FACULDADE DE MEDICINA, LYON
A história da histeria se repete. Hoje em dia encontramos a mesma polêmica do final do século 19, quando o médico francês Martin Charcot transformou o Hospital de La Salpêtrière, em Paris, em um grande laboratório de pesquisa clínica sobre a patologia. Foi ali que recebeu o então jovem neurologista Sigmund Freud, que de lá saiu para criar uma nova área de conhecimento: a psicanálise.
Foi Freud quem descobriu a causa sexual da histeria. E demonstrou que, ao contrário do que reza o senso comum, não é por falta de sexo que uma mulher é histérica. Ela não faz sexo justamente por ser histérica, tem aversão ao sexo devido a um trauma na infância. E isso não ocorre apenas na histeria: de alguma forma, o sexo é traumático para todos. Há sempre um descompasso entre o gozo e o sujeito: ou é muito pouco e o sujeito fica insatisfeito como na histeria ou é demasiadamente bom e o sujeito não suporta e se defende, postergando o gozo e considerando o desejo impossível, como o faz o neurótico obsessivo.
O sintoma histérico é um sintoma social, pois, para que ele se manifeste, o sujeito precisa de um espectador para quem vai atuar na peça escrita por um autor chamado Inconsciente – o que dá a impressão de a pessoa estar “fazendo um teatro”. Mas quem disse que não há verdade no teatro? A paciente histérica e Charcot constituem um laço social, definido por Lacan como “discurso histérico”.
Não é verdade que hoje em dia não se encontram mais as “histéricas de Charcot”. O ataque histérico epileptiforme é tão comum que ganhou, na atual neurologia, um nome: “pseudocrise”. Conversões histéricas povoam os ambulatórios médicos e chegam à mesa cirúrgica; delírios e alucinações histéricas de possessão demoníaca assombram as igrejas evangélicas e surgem nos serviços psiquiátricos como “psicoses breves” ou “transtornos dissociativos”. A histeria aparece como “o diabo no corpo” nos centros de umbanda, como coreia (ou dança de são guido) e transtornos somatoformes ou, em formas mais medicalizadas, como espasmofilia. Isso sem contar os diversos distúrbios alimentares que vão da bulimia à anorexia – e assinalam o gozo da oralidade típico da estrutura histérica. Os discípulos críticos de Charcot contribuíram para o abandono dos ensinamentos do mestre. Ao rejeitar o termo “histeria”, Babinski põe em seu lugar o pitiatismo (etimologicamente, “cura pela persuasão”), vulgo “piti”, que desqualifica as histéricas, fazendo-as novamente objeto de escárnio e agressão.
Freud, no entanto, levou a sério o que seu mestre detectou: no sintoma histérico há sempre verdade, mesmo quando é feito de mentira; e, como o sintoma neurológico, ele é da ordem do real, pois em seu cerne há sempre uma lesão – “dinâmica” para Charcot –, a lesão do sexo. A verdade da mentira histérica que aparece em sua encenação desvela o “diabo” no corpo – um diabo chamado gozo.
Fonte: Revista Mente e Cérebro
Disponível em:<http://www2.uol.com.br/ vivermente/noticias/a_ histeria_em_cena.html>. Acesso em : 30 jul. 2012.
sexta-feira, 27 de julho de 2012
O Código Penal e a Psicofobia
O presidente do Senado Federal, José Sarney, recebeu há poucos dias o anteprojeto de revisão do Código Penal brasileiro. Trata-se de um avanço fundamental, tendo em vista que o Código data de 1940. Em tempos de redes sociais e comunicação instantânea, 72 anos são uma eternidade: há consenso de que as leis que regem os passos da sociedade são anacrônicas. Questões relevantes— e polêmicas—da contemporaneidade serão analisadas, como a criminalização do bullying e as regras de autorização de abortos. Novos ventos prometem colocar a Justiça brasileira em sintonia com o compasso acelerado da vida dos cidadãos.
Agora cabe ao Senado analisar o documento com atenção e aproveitar a chance única de atender também outras parcelas da população que, muitas vezes, não têm voz na sociedade civil, mas carecem da proteção da lei. É o caso dos brasileiros que sofrem algum tipo de transtorno mental, como esquizofrenia, bipolaridade, dislexia, autismo, ansiedade, transtornos alimentares e síndrome de Down. São mais brasileiros do que imaginamos: silenciosamente, cerca de 20% da população padece desses transtornos. Se focarmos em depressão, especificamente, pode chegar a 25%, percentuais muito significativos para serem ignorados.
Paradoxalmente, ao mesmo tempo em que a depressão e os demais transtornos mentais crescem exponencialmente entre os brasileiros, é proporcional a escalada do preconceito em torno deles. É hora de combater essa discriminação. A expressão psicofobia, que começa a circular entre psiquiatras, psicólogos e leigos na internet, expressa justamente o nefasto preconceito contra os doentes mentais e portadores de deficiência.
Não há razão para as doenças mentais não serem encaradas com a seriedade que pedem e os portadores exigem. Há várias formas de preconceito; entre elas, a própria negação da doença como algo menor ou passageiro. Neste momento, cabe ao Senado fazer justiça e incluir a psicofobia como crime no anteprojeto de revisão do Código Penal.
Aos poucos, o bom-senso da causa vai ganhando adesão. As mais representativas esferas médicas, como o Conselho Federal de Medicina, a Federação Nacional dos Médicos e a Associação Médica Brasileira declararam apoio. O senador Paulo Davim (PV-RN) já solicitou que diversas instituições médicas e de pacientes compareçam à Comissão de Direitos Humanos, a fim de que sejam ouvidas no pleito da inclusão da psicofobia no novo Código Penal que se desenha. É um alentador começo.Mas podemos mais.
Em um segundo momento, será fundamental o engajamento dos estados e municípios da Federação, das escolas e universidades, dos professores e educadores. A informação é a melhor arma contra o preconceito. A conscientização é o elemento-chave para que as próximas gerações cresçam sem o nocivo lastro do prejulgamento. Uma enorme campanha de conscientização toma conta dos Estados Unidos neste momento, comparando a depressão com o câncer, pelos danos que ambos causam no cotidiano de quem os sofrem.
A ministra Cármen Lúcia, ao ser empossada presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), fez a pungente declaração: “Justiça artesanal numa sociedade de massas é um desafio que se impõe sem solução mágica, mas mudar esse quadro é o desafio que se impõe e para o qual nós nos propomos. O desafio de não apenas reformar, mas transformar a Justiça a fim de que ela corresponda aos anseios do cidadão”. A colocação da ministra é perfeita. É isso que os portadores de transtornos mentais e deficiência esperam: que a Justiça corresponda aos seus anseios.
A adesão da generosa sociedade brasileira, sem dúvida, virá na sequência. Um povo que soube reagir com tanta dignidade e sabedoria a causas nobres como a dos homossexuais e a dos negros saberá dar novo exemplo de civismo e justiça.
Em pleno século 21, ideias preconceituosas devem ser combatidas com ainda mais veemência. É chegada a hora de o Poder Legislativo olhar com maturidade e respeito para os portadores de transtornos mentais. Psicofobia é crime.
Fonte: Associação Brasileira de Psiquiatria
Disponível em: <http://abp.org.br/2011/ medicos/imprensa/clipping-2>. Acesso em: 27 jul. 2012.
Pesquisadores Vão Criar Centros de Prevenção de Transtornos Mentais
Pesquisadores de saúde mental da Unifesp e da USP se reuniram-se para criar um modelo de um centro de prevenção de transtornos mentais voltado aos jovens. A informação é do professor de Psiquiatria Jair de Jesus Mari, da Unifesp, que apresentou ontem o projeto na 64ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), em São Luís.
O objetivo do programa é instalar, a princípio, três desses centros. Um na Vila Maria, que seria administrado pela Unifesp e atenderia uma comunidade de 300 mil pessoas; um no Butantã, liderado pela USP, para 400 mil pessoas; e outro em Ribeirão Preto, gerenciado pela USP de lá, para quase 200 mil pessoas.
Para os especialistas, os transtornos mentais são negligenciados pela saúde pública, apesar de serem responsáveis por parcelas consideráveis de incapacitação da população. Como metade dessas doenças têm início na adolescência e levando em conta que os pacientes demoram para buscar ajuda médica, os pesquisadores defendem uma ferramenta de prevenção mais eficaz para essa faixa etária.
"Ainda temos a impressão que o jovem é muito saudável", disse Mari, em sua apresentação. Segundo estudo na revista The Lancet, entre os eventos incapacitantes que atingem os jovens de 10 a 24 anos com mais frequência estão a depressão, a esquizofrenia e o transtorno bipolar.
Entre as atividades previstas estão o incentivo aos esportes e às artes, o combate às drogas e intervenções contra o bullying. O projeto aguarda aprovação da Fapesp. Os pesquisadores solicitam R$ 4 milhões por ano. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Fonte: Revista VEJA
Disponível em:<http://veja.abril.com.br/ noticia/saude/pesquisadores- vao-criar-centros-de- prevencao-de-transtornos- mentais>. Acesso em: 27 jul. 2012.
Rede de Pesquisadores Vai Trabalhar na Prevenção de Doenças Mentais em Crianças e Adolescentes: especialistas pretendem combater causas que levam à depressão, esquizofrenia e surtos psicóticos em crianças e adolescentes por meio de centros de convivência e institutos de pesquisa
Esquizofrenia: rede vai atuar na prevenção
Um grupo de pesquisadores brasileiros pretende criar uma rede multidisciplinar para prevenir doenças mentais, como surtos psicóticos,
depressão e esquizofrenia, em jovens e crianças. O trabalho é liderado pelo médico Jair de Jesus Mari, da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) e foi apresentado na 64ª reunião da SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência), em São Luís. O evento ocorre até sexta-feira no campus da UFMA (Universidade Federal de Maranhão).
A ideia é criar uma rede de colaboração entre pesquisadores de várias áreas, como psicologia, sociologia e psiquiatria, por meio de centros de convivência para jovens e institutos de pesquisa em três regiões: os bairros de Butantã e Vila Maria, na cidade de São Paulo, e um bairro na cidade de Ribeirão Preto, no interior paulista. Inicialmente, quase um milhão de pessoas seriam supervisionadas pela rede. Nesses centros, os pesquisadores poderão avaliar os hábitos escolares, familiares e pessoais dos jovens e identificar quais deles têm mais chances de desenvolver doenças mentais com base em critérios estritamente científicos.
O projeto, chamado Y-mind, concorre aos fundos do CEPID (Centros de Pesquisa, Inovação e Difusão), gerenciado pela Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo). O resultado deve sair em um mês. Se o grupo for escolhido, poderá receber até 44 milhões de reais em 11 anos. A rede seguirá um exemplo pioneiro e bem sucedido na Austrália, onde espaços de convivência para jovens foram criados para que uma equipe multidisciplinar pudesse avaliar o risco de cada um dos indivíduos desenvolver doenças mentais, levando-se em conta os hábitos familiares, escolares e pessoais.
Estímulos externos - Segundo Jesus Mari, que é professor honorário da King's College, em Londres, crianças e adolescentes representam um grupo de risco para desenvolver doenças mentais. Isso ocorre porque nessa fase o organismo ainda está em formação e alguns estímulos externos -- como bullying, violência doméstica e o contato precoce com drogas -- podem provocar mudanças na fisiologia desses indivíduos. "Percebemos que situações de conflito e a exposição precoce às drogas podem provocar o desenvolvimento de doenças mentais, como esquizofrenia, surtos psicóticos e depressão", disse o médico. Pouco se faz para prevenir essas patologias, diz Jesus Mari.
Estudos mostram que quanto mais cedo os médicos atuam na vida do jovem que apresenta problemas na saúde mental, maiores são as chances de prevenir os transtornos mentais. O problema é que eles normalmente são negligenciadas, de acordo com Jesus Mari. "Ninguém quer admitir que o filho desenvolveu depressão ou passa por um surto psicótico", diz o especialista. Essa é uma das dificuldades que a nova rede pretende superar. "Dentro dos centros, uma equipe multidisciplinar vai acompanhar os jovens e poderá intervir nos casos onde o indivíduo tem mais propensão a desenvolver certa doença." Essa intervenção pode vir na forma de orientação aos pais e estímulos para mudanças de hábito nos casos de maior propensão.
Essa 'maior propensão' quer dizer que o organismo do indivíduo pode ter a configuração genética mais desfavorável à saúde mental. No caso da maconha, por exemplo, um estudo realizado na Nova Zelândia durante 26 anos e publicado em 2005 mostrou que jovens de 12 a 25 anos que possuem predisposição genética têm 10 vezes mais chances de ter surtos psicóticos ao consumirem a droga. "É quase a mesma relação do tabaco com o câncer de pulmão", disse Jesus Mari. O mesmo estudo mostrou que uma relação semelhante pode ser estabelecida para a depressão, mas com base em outros fatores, como violência doméstica.
Ampliação - A rede de colaboração de especialistas já funciona de maneira embrionária. A Unifesp, junto com a SPDM (Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina), gerencia um hospital municipal na Vila Maria, em São Paulo, onde são acompanhados jovens com risco de desenvolver doenças mentais. Agora, Jesus Mari quer ampliar a rede para expandir o trabalho para diversas regiões. O projeto possui quatro INCTs (Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia), um programa financiado pelo governo federal.
Agora, o objetivo é conseguir o financiamento de até 44 milhões da Fapesp. De acordo com Jesus Mari, o trabalho tem apoio do ministro da Saúde, Alexandre Padilha e da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo. "Nossa esperança é que a rede possa colaborar com as políticas públicas na área de saúde", disse o especialista. Jesus Mari também disse que recebeu um convite da Universidade de Duke, nos Estados Unidos, para implantar a rede lá. "O projeto é pioneiro mesmo em outras partes do mundo", disse. "Estamos otimistas que ele poderá crescer aqui."
Fonte: Revista Mente e Cérebro
Disponível em:<http://veja.abril.com.br/ noticia/saude/rede-de- pesquisadores-vai-trabalhar- na-prevencao-de-doencas- mentais-em-criancas-e- adolescentes>. Acesso em: 27 jul. 2012.
quarta-feira, 25 de julho de 2012
Dormir em Frente à Televisão Aumenta Risco de Depressão, Diz Estudo: exposição à luz artificial da TV e do computador à noite provoca alterações no cérebro semelhantes às desencadeadas pelo transtorno
Televisão à noite pode ser inimiga da boa saúde mental
Ficar exposto muito tempo à luz artificial da televisão ou do computador durante a noite pode aumentar as chances de um indivíduo ter depressão. Essa é a conclusão de um estudo desenvolvido no Centro Médico da Universidade de Ohio, nos Estados Unidos, e publicado nesta terça-feira no periódico Molecular Psychiatry, uma publicação da Nature. De acordo com a pesquisa, o hábito desencadeia alterações físicas no cérebro que se assemelham às mudanças que ocorrem quando uma pessoa apresenta o transtorno.
Segundo os autores do trabalho, houve, nos últimos 50 anos, um aumento significativo do tempo em que os indivíduos passam em frente à luz artificial no período noturno, e esse quadro coincide com o crescimento das taxas de depressão entre a população, especialmente entre as mulheres, que têm o dobro de chances de apresentarem o problema. No artigo, os pesquisadores explicam que, embora a luz artificial da televisão e do computador já tenha sido associada a outras doenças, como câncer de mama e obesidade, pouco se sabe sobre a relação entre o hábito e transtornos de humor.
Os autores do estudo chegaram a essa conclusão após realizarem testes com hamsters, que foram expostos a uma luz artificial fraca em uma sala escura — simulando a luz de uma televisão à noite — por quatro semanas seguidas. Os pesquisadores comparam, então, as mudanças que ocorreram no cérebro e no comportamento desses animais às alterações apresentadas por hamsters que permaneceram em salas escuras, mas sem a luz artificial.
De acordo com o estudo, as alterações físicas no hipocampo, região do cérebro, dos animais expostos à luz eram muito parecidas com as que seres humanos apresentam quando sofrem depressão. Além disso, esses animais se mostraram menos ativos do que os outros e apresentaram um interesse menor do que o habitual em atividades como beber água com açúcar. Segundo os pesquisadores, esses sintomas são equivalentes aos de depressão em seres humanos. Para os especialistas, esses resultados podem ser encarados como uma boa notícia se for levado em conta que uma simples mudança de hábito, como reduzir o tempo de exposição à televisão na madrugada, pode diminuir os efeitos nocivos e os riscos da depressão.
Fonte: Revista Mente e Cérebro
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Médicos do Rio Estão Proibidos de Fazer Parto em Casa: Cremerj afirma que a intenção é alertar para os riscos do procedimento. Conselho de Enfermagem pretende recorrer ao MP para rever proibição, que chama de "ditatorial".
Parto em casa: Coren-RJ defende que a mulher decida como e onde quer ter o filho
No Rio de Janeiro, as gestantes que optarem por ter seu filho em casa não podem mais contar com o auxílio de um médico obstetra. O Conselho Regional de Medicina do estado (Cremerj) proibiu esses profissionais de participarem do processo, e quem desobedecer poderá ser processado e até perder o direito de exercer a profissão. A resolução, que entrou em vigor na quinta-feira, proíbe também a ação de parteiras ou qualquer pessoa que não seja profissional de saúde no parto em ambientes hospitalares – incluídas as doulas (acompanhantes).
A medida é nova e inédita no Brasil, mas o conselheiro do Cremerj, o obstetra Luís Fernando Moraes, lembra que o Código de Ética já vetava a participação de médicos nos partos domiciliares. “Agora, só estamos deixando isso claro. Nosso maior objetivo é alertar as mulheres de que, ao optar por fazer o parto em casa, ela está se expondo a um risco desnecessário”, destaca ele, que considera o procedimento um retrocesso. “Enquanto a medicina evolui, algumas mulheres parecem querer voltar ao tempo de suas bisavós.”
Moraes calcula que o índice de partos domiciliares no Brasil deve representar no máximo 2% de todos os nascimentos, mas o fato de mulheres famosas e influentes – como Gisele Bündchen – estarem cada vez mais levantando essa bandeira pode resultar em um aumento desse número. “É um desserviço às outras mulheres que não têm condições de montar uma estrutura altamente especializada. Elas vendem uma normalidade que não existe. Duvido que não tivesse uma super UTI montada ao lado da casa da Gisele. Para mim, 1% é o mesmo que 100% quando há algum risco.”
Ação no MP - Mas para outros profissionais de saúde, o fato de dar à luz uma criança não pode ser visto apenas como um evento médico, e sim como um processo natural, “dado por Deus”. É essa a opinião do Conselho Regional de Enfermagem do Rio de Janeiro (Coren-RJ), que pretende encaminhar um pedido ao Ministério Público solicitando medidas contra a resolução do Cremerj. “Trata-se de um direito de escolha da mulher. O corpo é dela, é ela quem vai parir, portanto tem o direito de decidir onde quer fazer isso”, argumenta o presidente do Coren-RJ, o enfermeiro Pedro de Jesus Silva, que aos 40 anos tem orgulho de dizer que nasceu de parto normal, em casa, por opção da mãe. “Essa decisão do Cremerj é uma ditadura médica no Rio de Janeiro.”
Silva ressalva que, se durante o pré-natal, for constatado algum risco à mãe ou ao bebê, o parto é automaticamente vetado. Caso contrário, ele não só autoriza como incentiva. “Nesse processo humanizado, você resgata o ambiente familiar e dá a oportunidade de toda a família participar. Gravidez não é doença. Estão querendo medicalizar algo que é natural, e decidir onde e por quem a mulher será acompanhada no seu parto, praticamente a obrigando a dar à luz no hospital”, enfatiza ele que, ao falar de riscos, salienta que existem tanto em casa quanto no hospital. “Por isso é importante ter uma equipe multidisciplinar, formada por médico e enfermeiro obstetra.”
A decisão do Cremerj legisla somente sobre os médicos. Para os enfermeiros obstetras, portanto, nada muda - pelo menos na teoria. “Enquanto profissional, sou obrigado a prestar assistência seja onde for. Mas essa medida acaba com o trabalho em equipe, dificultando a integralidade da ação”, observa Silva, admitindo que a medida pode influenciar na decisão das mulheres de ter o filho em casa. E isso parece ser exatamente o resultado que o conselho de medicina almeja: “O médico precisa ter condições de fazer uma intervenção, caso seja preciso, e isso só é possível no hospital, que tem toda a estrutura e assepsia necessária”, diz Moraes. “Esperamos que essa medida influencie outros conselhos e seja replicada Brasil afora”, completa.
Fonte: Revista VEJA
Disponível em:<http://veja.abril.com.br/
Médicos Graduados em São Paulo Terão de Fazer Prova Que Fiscaliza a Qualidade do Ensino: segundo o Cremesp, o principal motivo da obrigatoriedade do exame é a queda acentuada na qualidade do ensino médico em decorrência da abertura de novas faculdades no país
Prova será realizada anualmente pelo Conselho Regional de Medicina de São Paulo
A partir deste ano, os alunos que se formarem em medicina terão que realizar uma prova para poderem se registrar no estado de São Paulo. O exame, que será realizado anualmente pelo Conselho Regional de Medicina de São Paulo (Cremesp), vai avaliar a formação dos novos médicos que estão entrando no mercado de trabalho. No entanto, um desempenho ruim não reprovará o aluno – ele terá de apresentar apenas a declaração de participação no exame, e não a nota, na hora do registro.
A primeira prova deve ser aplicada em novembro deste ano. A nota de cada aluno será confidencial. O resultado geral do exame deve ser entregue a cada escola, ao Ministério da Educação e à imprensa. O objetivo é avaliar a qualidade do ensino de medicina do país. “O médico mal formado vai passar 45 anos atuando de maneira errada. Nós não vamos punir o aluno, mas proteger a população”, diz Bráulio Luna Filho, conselheiro do Cremesp.
Segundo a direção do Cremesp, o principal motivo da obrigatoriedade do exame é a queda acentuada na qualidade do ensino médico em decorrência da abertura de novas faculdades no país. “Hoje temos 96 cursos de medicina no Brasil, só perdemos para Índia”, diz Renato Azevedo Júnior, presidente do Cremesp. Nesses últimos dez anos, o número de processos contra médicos aumentou 302%.
Para mostrar a precariedade do ensino, o Cremesp aplica há sete anos um exame opcional entre os formandos em medicina. Dos 4.821 alunos que já participaram, 46,7% foram reprovados. “É uma prova de conhecimentos básicos, que todo médico deveria saber para atender bem à população”, diz Azevedo Junior. Ainda por cima, se trata de um exame voluntário, no qual só participam os alunos que se sentem à vontade para fazer a prova. De todos os formados desde 2004, só 15% participaram do exame.
Legislação – Os Conselhos Regionais de Medicinas têm o papel de fiscalizar o exercício da medicina e são os responsáveis por autorizar o exercício da profissão no país. Segundo a lei, eles podem exigir que o candidato apresente os documentos que achar necessários na hora do registro. No entanto, eles não podem reprovar o candidato que não passar na prova. “Infelizmente não temos poder para impedir o registro desse aluno”, diz Azevedo Junior.
Para que a prova funcione como o Exame da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), com poder de reprovar em escala nacional os alunos com desempenho ruim, é necessário que haja uma mudança na legislação. O diretor do Cremesp cita o Projeto de Lei do Senado de numero 217, de 2004, do ex-senador Tião Vianna, como ideal. Ele institui o “Exame Nacional de Proficiência em Medicina como requisito para exercício legal da Medicina”, mas ainda está tramitando no Senado.
Prova – A prova deverá ser aplicada a 3.000 alunos neste ano. Ela será formulada e aplicada pela Fundação Carlos Chagas, que já faz a prova atual do Cremesp. A inscrição será gratuita. Os formados de outros estados que queiram se registrar em São Paulo terão de passar pelo exame. No entanto, o Cremesp não pode impedir a atuação em São Paulo de médicos que estejam inscritos nos conselhos de outros estados do Brasil. Segundo Renato Azevedo Júnior, os outros Conselhos Regionais de Medicina vão acompanhar a experiência, a fim de observar os resultados alcançados.
Fonte: Revista VEJA
Disponível em:<http://veja.abril.com.br/
Saúde Mental é Afetada Pela Economia, Diz Pesquisa
A desaceleração econômica, o ritmo da vida moderna e as novas tecnologias estão começando a afetar nossa saúde mental, de acordo com uma pesquisa. Segundo os dados, publicados pelo site Female First, o número de adultos que acessaram serviços especializados de saúde mental entre 1 de abril de 2010 e 31 março de 2011, no Reino Unido, foi o maior desde que os registros começaram em 2003 e 2004, chegando a 1,25 milhões de pessoas.
O fenômeno já havia sido registrado entre os anos de 2009 e 2010 também. De acordo com nova pesquisa realizada pelo site Mootu, esse aumento pode estar relacionados a três fatores principais. O estudo revela que os adultos no Reino Unido acreditam que a crise econômica (83%), o ritmo da vida moderna (65%) e, o mais interessante, a nova tecnologia (27%) são as razões para o aumento de problemas mentais e dependências.
Os resultados foram liberados para lançar o site que oferece um novo serviço de busca por auxílio profissional. Essa é a primeira rede no Reino Unido a oferecer aconselhamento e psicoterapia via videoconferência pelo Skype.
Apesar de um crescente reconhecimento de que problemas de saúde mental são um problema no Reino Unido (dois terços dos adultos acreditam que essa questão está crescendo), um número surpreendente de pessoas admite que não iria procurar ajuda. Essa opção prevalece particularmente entre os desempregados, já que quase 50% desse grupo sofre em silêncio. No entanto, 63% dos britânicos disseram que iriam consultar um terapeuta ou conselheiro, se pudessem fazê-lo na privacidade da sua casa ou sem ter que se afastar do trabalho.
É preocupante que, mesmo com um número de celebridades conhecidas, como Sarah Harding do Aloud e o jogador de rugby Duncan Bell, enfrentarem batalhas contra depressão, mais de um quarto dos pesquisados afirmaram que não procurariam ajuda devido ao estigma associado com tais problemas e quase 60% preferiam se virar sozinhos.
Fonte: Associação Brasileira de Psiquiatria
Disponível em:<http://abp.org.br/2011/ medicos/imprensa/clipping-2>. Acesso em: 25 jul. 2012.
nternet é a Maior Causa de Procrastinação, Diz Estudo
Segundo pesquisa, 25% das pessoas gastam até uma hora do trabalho com assuntos particulares. Para 36% das pessoas, a tentação número um é a internet
Aquela olhadinha despretensiosa no Facebook pode consumir horas de trabalho. Segundo uma pesquisa divulgada recentemente, 62% das pessoas admitem que navegar na internet faz com que elas procrastinem, adiem tarefas profissionais e pessoais.
O estudo, coordenado pelo consultor em gestão do tempo Christian Barbosa, foi feito com cerca de 4.000 pessoas.
Na pesquisa, 71% dos entrevistados disseram deixar tudo para a última hora. "Eles reclamam de falta de tempo, mas perdem tempo em redes sociais", diz Barbosa.
A internet não é a única culpada, mas é como se ela juntasse a fome com a vontade de comer: a preguiça com a oferta de algo divertido que exige pouco esforço. "Procrastinação sempre existiu, mas antigamente não tinha Skype e Facebook. Hoje a luta é mais severa, há mais coisas para nos sabotar", afirma Barbosa.
Para a psicóloga Luciana Ruffo, do Núcleo de Pesquisas da Psicologia em Informática da PUC-SP, a internet é um "facilitador do 'deixar para depois'" e, ao mesmo tempo, uma desculpa para o adiamento. "A culpa é da falta de vontade. O que eu quero mesmo, eu faço. Mas, na falta de vontade, como não priorizar o prazer?"
Mais de 86% dos entrevistados da pesquisa disseram que procrastinam as tarefas chatas; 51%, as longas.
AS MAIS ADIADAS
Em primeiro lugar no ranking de atividades mais proteladas, nenhuma surpresa: exercício físico. Em segundo, leituras e, em terceiro, cuidados com a saúde.
"Quando as pessoas precisam adiar algo, elas adiam coisas pessoais. Muitas vezes são coisas vitais que a longo prazo podem até diminuir a expectativa de vida, como exercício físico", diz Barbosa.
Nessa hora, a falta de cobrança externa conta bastante. Afinal, ninguém vai ser demitido por faltar à academia ou deixar de ler.
Outro problema é a aceitação das "desculpas emocionais", de acordo com a psicóloga Rachel Kerbauy, professora aposentada da USP e uma das pioneiras no estudo do tema no Brasil.
"Sempre há uma desculpa pronta: está cansado, tem muita coisa para fazer... Falta planejamento e falta a pessoa aprender que, às vezes, para ganhar no futuro tem que perder a curto prazo."
As atividades campeãs de procrastinação têm em comum os resultados demorados. "O reforço não é imediato. O Facebook me dá um retorno muito rápido. O prazer é instantâneo", afirma Rita Karina Sampaio, psicóloga e pesquisadora da Unicamp.
DESPERTADOR
Como não cair na tentação de fuçar o site de fofocas no meio do expediente?
Para Ruffo, se o problema não for mais sério, como no caso de dependência de internet (quando as horas à frente do computador são tantas que prejudicam a vida social), um alarme já ajuda.
"A pessoa pode estabelecer que vai ficar 20 minutos na rede e colocar um despertador para se lembrar de sair na hora certa." Outra ideia é estabelecer metas com prêmio: uma tarefa feita é igual a uma olhadinha no Twitter.
A psicóloga Rita Sampaio sugere que as metas mais difíceis sejam compartilhadas com um amigo ou parente para que a cobrança aumente. E, para os planos mais longos, é interessante definir submetas atingíveis, em prazos menores. "Todo procrastinador tende a ser 'oito ou oitenta' e ter uma visão distorcida do tempo".
Fonte: Folha de São PauloDIsponível em:<http://www1.folha.uol.com.
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