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segunda-feira, 1 de abril de 2013

Programa voltado à saúde mental da mulher auxilia gestantes em MG. Serviço é oferecido no Hospital de Clínicas da UFU, em Uberlândia. Psiquiatra desenvolveu programa ao notar falta de abordagem na área.


O segmento da Medicina direcionado à saúde mental da mulher vem se estruturando ao longo dos anos. Identificando que o direcionamento ao atendimento deveria ser diferenciado, o médico ginecologista e psiquiatra do Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia (HC-UFU), Ricardo Vital, criou um novo serviço com o objetivo de estudar casos de mulheres gestantes que apresentam algum transtorno psiquiátrico.
O programa é desenvolvido há um ano no Ambulatório de Saúde Mental da Mulher e Gestante, no departamento de Ginecologia do HC. Atualmente, o trabalho está ocorrendo com cerca de 30 pacientes que estão no pré-natal e são encaminhadas pelos médicos obstetras das Unidades de Atendimento Integrado (UAIs), pelos Postos de Saúde (PSF) da cidade ou por encaminhamento feito pelo próprio ambulatório de pré-natal do hospital. Os atendimentos são feitos todas as quartas-feiras. “O ambulatório serve para a formação dos residentes e, por isso, temos um número estipulado de pacientes para atender ao ensino. Assim sendo, são quatro pacientes por semana, em uma consulta feita por cerca de uma hora”, informou o médico.

Tratamento e sintomas
Segundo Ricardo, pesquisas nacionais apontam que 12% das gestantes têm, em média, diagnósticos de transtorno depressivo e, aproximadamente, 20% de transtorno ansioso. Considerando todos os transtornos psiquiátricos, essas doenças atingem uma média de 40% das gestantes. “É um número alto e muitos casos ainda não são diagnosticados. A mulher, às vezes, passa a gestação com sintomas e aí vêm os problemas no parto, não só para ela como para o desenvolvimento da criança”, considerou.

Os sintomas dependem de cada transtorno, mas geralmente são considerados pelos dois principais tipos diagnosticados no período de gestação. Alguns exemplos dessa sintomatologia são alterações na fome e no sono, medo e preocupação exagerada com a gestação, ausência de prazer e ideias pessimistas. O programa de prevenção desenvolvido dentro do HC-UFU tem, justamente, o intuito de auxiliar essas futuras mães e evitar as possíveis complicações de saúde, durante e após o parto.
Aspectos biológicos são fundamentais, mas os aspectos sociais também são característicos em pacientes com transtornos psiquiátricos"
Ricardo Vital, médico psiquiatra
O fator genético é relevante para os estudos em relação à saúde mental da mulher. Mas, outros fatores também levam à propensão de transtornos psiquiátricos na gestação como alterações no ciclo hormonal feminino, gravidez não planejada, ausência de um parceiro, baixo nível de escolaridade, situação socioeconômica desfavorável e baixo apoio social.  “Os aspectos biológicos são fundamentais para as estatísticas, contudo, percebemos que os aspectos sociais também são característicos”, afirmou o médico.
O método de tratamento abordado pelo especialista em psiquiatria e pela equipe é o diagnóstico clínico por meio dos relatos de casos, com abordagem dos aspectos psíquicos da paciente e, posteriormente, o estudo de caso com a equipe multiprofissional que inclui assistente social, psicóloga, psiquiatra, residentes e estagiários.
No programa são evitados os tratamentos medicamentosos e é feito a psicoterapia para tentar melhorar a conduta social e as questões emocionais da paciente. Porém, em casos mais graves como transtorno psicótico, por exemplo, a medicação deve ser mantida em virtude do quadro clínico psiquiátrico apresentado pela gestante. Mesmo ciente dos riscos, a equipe médica opta pelo uso de remédios, pois se a mãe desencadear uma crise psiquiátrica os riscos são maiores para a paciente e para o bebê.

Abordagem e reestruturação
A saúde mental da mulher e da gestante é uma das áreas básicas da Organização Mundial de Saúde (OSM) e poucos serviços com essa abordagem são oferecidos no Brasil. O programa desenvolvido por Vital engloba uma série de ações para futuramente serem feitas pesquisas e projetos de extensão.  “Estamos abordando áreas básicas de saúde pública. Pretendemos, em um futuro breve, organizar a rede municipal, promovendo informação aos demais profissionais das unidades hospitalares. Nossa intenção é organizar e estruturar um serviço de qualidade voltado para essa área que ainda tem pouca abordagem”, almejou.

Fonte: Site G1
Disponível em:<http://g1.globo.com/minas-gerais/triangulo-mineiro/noticia/2013/03/programa-voltado-saude-mental-da-mulher-auxilia-gestantes-em-mg.html>. Acesso em: 01 abr. 2013.


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