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sexta-feira, 26 de abril de 2013

Especialistas discutem "transtornos da saúde mental"

Diagnósticos de instabilidade de humor, depressão e mais uma série de outros transtornos relacionados à saúde mental têm se multiplicado na população brasileira. Sem contar o número de pessoas que ainda sofre por desconhecer que tem um problema. A Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) estima haver cerca de 9% da população brasileira com algum tipo de doença mental grave.

Entre crianças, esse índice se eleva para 12,6%. Só a depressão chega a afetar cerca de 10% dos brasileiros. A Organização Mundial de Saúde (OMS) alerta para a existência de mais de 450 milhões de pessoas com algum tipo de transtorno mental, neurológico ou comportamental ao longo da vida. Dessas, 154 milhões de pessoas no mundo desenvolveram depressão e cerca de 1% da população mundial tem esquizofrenia. A boa notícia é que, com o diagnóstico e tratamento adequados, é possível assumir o controle sobre essas doenças e ter mais qualidade de vida.

Evento

Em cima disso, especialistas em saúde mental estarão reunidos amanhã, na Sociedade de Medicina e Cirurgia de Rio Preto, durante o Simpósio de Insônia e Transtornos de Ansiedade, com profissionais de diferentes partes do País, para discutir formas de atuar no combate aos diferentes transtornos da saúde mental.

Em seu mais recente livro, “Manual dos transtornos escolares”, o psiquiatra rio-pretense Gustavo Teixeira, especialista em inclusão e educação especial de crianças e adolescentes, atualmente sediado no Rio de Janeiro, explica que são cerca de 30 os transtornos comportamentais principais a acometer crianças e adolescentes no ambiente escolar. Cerca de 20% dos estudantes brasileiros sofrem consequências diretas desta alteração.

Dentre os assuntos a serem abordados no evento estarão as mais diferentes fobias, obsessão, insônia, entre outras doenças mentais e emocionais, suas causas, diagnósticos, tratamentos e a melhor forma de orientar a população para lidar com o problema de forma eficaz.

Serviço

Simpósio A insônia e transtornos de ansiedade, amanhã, a partir das 8h, na Sociedade de Medicina e Cirurgia, de Rio Preto. Informações pelo (17) 3227-7577

‘Transtorno é parte de nossa qualidade de humanos’

O Diário entrevista o psiquiatra Altino Bessa Marques, um dos coordenadores do Simpósio Simpósio de Insônia e Transtornos de Ansiedade e médico do Hospital Bezerra de Menezes, de Rio Preto. Ele ajuda a esclarecer algumas das principais dúvidas na área de saúde mental.

Diário da Região - Quais são os transtornos sociais mais comuns?
Altino Bessa Marques - Temos alguns transtornos relacionados com o social, como o transtorno de personalidade antissocial e o transtorno de ansiedade social. Do relacionamento em sociedade, e da falta de segurança generalizada que alguns superiores impõem, pode surgir o transtorno de estresse pós-traumático. Quanto ao transtorno de ansiedade social, também conhecido como fobia social, é o medo que a pessoa tem de ser observada e se sente constrangida por causa da observação, seja para se alimentar, escrever ou falar em público.

Diário - De que maneira alguns destes transtornos podem interferir na rotina de uma pessoa?
Marques - De diversos modos, principalmente em limitações. Cada portador pode ficar com seu potencial prejudicado, sem conseguir realizá-lo. Além de todo sofrimento que a ansiedade excessiva acarreta. Sem tratamento psicofarmacológico e psicoterápico, o portador se força a enfrentar as situações sociais que habitualmente evita. E só irá fazê-lo com grande dificuldade e aumento do risco de desenvolver, durante o enfrentamento, sintomas físicos, uma verdadeira crise de pânico. Não se trata do transtorno de pânico, que é imotivado, ocorrendo em indivíduos que podem ter sociabilidade adequada.

Diário- Existem tratamentos que podem por fim aos chamados transtornos psico-afetivos?
Marques - Na Medicina em geral, temos doenças crônicas. Com a exceção das infecções, que podem também se tornar crônicas ou matar agudamente, consegue-se curar a pessoa acometida, com intervenções precoces e precisas. Como a fantasia de quem padece enfermidade física é de que possa morrer, sente-se “curado”, por não ter morrido. Só que continua a tomar medicamentos para se manter bem, para não aumentar o risco de vir a falecer. Em psiquiatria, talvez o equivalente a não morrer seja ter qualidade de vida. Mas os transtornos afetivos, ansiosos, psicóticos e relacionados a substâncias são tão crônicos como os transtornos avaliados como físicos. Chegará o dia em que a neurociência equiparará as moléstias mentais com as orgânicas. Todos os transtornos psiquiátricos, hoje conhecidos como tal, vão ter sua etiopatogenia cerebral bem determinada. Portanto, uma das possibilidades para os profissionais de saúde mental é mostrar a quem padece de transtornos psíquicos que esses tipos de sofrimento fazem parte de nossa qualidade de humanos. No momento, 30% da população mundial, de acordo com dados epidemiológicos, têm alguma modalidade de distúrbio ou doença psiquiátrica, desde graus severos até leve. Outro dado estatístico, ainda mais assustador, prevê que, ao longo da vida, 60% dos indivíduos vão ter algum transtorno psiquiátrico. Enfim, a reposta a sua pergunta é: tem controle, a pessoa pode levar uma vida normal, mas a grande maioria, se não todos que já tiveram períodos de depressão, euforia, combinação dos dois (quadros mistos de depressão e euforia), não deveria deixar os tratamentos psicoterápicos e farmacológicos para não correr o risco de agravamento ou de recorrên-cia. Exige-se da psiquiatria o que não se exige do restante da medicina, provavelmente pelo preconceito contra esta modalidade de sofrimento, contra quem a sofre e contra quem a trata.

Diário - Qual o impacto da doença mental na sociedade moderna? É mais frequente que há alguns anos ou só se diagnostica mais?
Marques - O emprego cada vez maior de substâncias lícitas (álcool) e ilícitas tem trazido para mais cedo a incidência dos transtornos mentais; é possível também que portadores dos genes que nem manifestariam a doença ao longo da vida, ao usarem as substâncias, colocam o gene inativo para funcionar, passando à condição de portador do transtorno. 


Fonte: Diário Web

Disponível em:<http://www.diarioweb.com.br/novoportal/Noticias/Saude/133291,,Especialistas+discutem+transtornos+da+saude+mental.aspx>. Acesso em: 26 abr. 2013.


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