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terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Juliano Moreira de portas Abertas ao Público

O som do Bando Flores da Massa, formado por pacientes internos e ex-internos do Hospital Juliano Moreira, vem fazendo a cabeça de muita gente. O projeto intitulado “Mania de Verão” tem levado muitas pessoas   para a área verde do Hospital Juliano Moreira, no bairro de Narandiba, para assistir a apresentação do grupo. Além dos internos, participam dos ensaios psicólogos, músicos e  funcionários da instituição, que através da poesia da música  promove a interação social e melhoria no tratamento dos pacientes.

A escrita do filosofo Platão “A música é o remédio da alma”,  revelava a  especial admiração pelo estudo dos efeitos da música sobre os seres humanos e, em particular, por seus efeitos terapêuticos. Esse interesse pelos efeitos terapêuticos da música e a inteiração social dos pacientes com a sociedade motivaram o psicólogo Wagner Ferraz a criar o Bando Flores da Massa.
Wagner conta que tudo começou nas oficinas de música na área de lazer com internos do hospital fazendo um som com violão e a percussão.  Quando juntamente com outro psicólogo, que também é músico, teve a ideia de  todas as sextas-feiras  levarem violão, guitarra  e percussão e  tocar na área externa do hospital. Com o passar do tempo, o projeto foi ganhando força  com a participação de músicos de outras bandas, internos, ex-internos e principalmente com a melhora no quadro dos pacientes.

O nome Flores da Massa foi dado por um dos pacientes e membro do bando durante a oficina de música e foi aderido justamente pela ideia de coletivo, já que a banda não tem uma formação fixa. “Quando eu escutei essa expressão  me veio a ideia de que a massa é também o povo.
E a loucura é como se fosse uma expressão da massa porque a loucura  é sempre populacional não um evento individual. Trabalhamos com a ideia de que a loucura é um revide desejante contra a forma de controle social, o Bando dá ideia de uma população, um grupo, até porque o núcleo é flutuante  não temos uma estrela tudo é feito de forma coletiva,”justifica Wagner.

A ausência de uma formação fixa na banda é decorrência também da oscilação de pacientes que entram e saem do hospital. Inicialmente as aulas aconteciam dentro do Juliano, hoje os  pacientes do Hospital Dia, internos e ex-internos participam dos ensaios na área verde e usufruem de toda liberdade para cantar, recitar poesia e  tocar.  Ou seja toda forma de arte e inteiração social é bem vinda. Os ensaios contam sempre com a  participação de músicos, estudantes e todos os que desejam interagir.

O sucesso tem sido tão notório, que as apresentações já se estenderam para outros espaços da capital baiana. O músico carioca Pedro Drope, esteve pela primeira vez no ensaio e conta que se sentiu muito feliz com a iniciativa. “Esse momento provoca uma reflexão sobre o que faz a diferença entre os ditos normais. A sensação é de total identificação,” descreve.

A arte como terapia – De acordo com o psicólogo, não dá para estabelecer uma lei geral sobre a melhora no quadro de cada paciente por se tratar de uma experiência singular, ou seja, cada caso é um caso. No entanto, Wagner explica que para aqueles  pacientes que a música ocupa um lugar importante os efeitos são mais visíveis.
Ferraz destaca o caso de um paciente, músico, que devido a uma crise esteve fora  do circuito de trabalho por muito tempo, e  que neste  caso específico o Bando serviu como resgate e teve um efeito muito forte na sua melhora. “A arte produz efeitos subjetivos de estruturação cria a possibilidade de estabelecer relações afetivas e vínculos sociais que transcendem o preconceito da oposição normal versus x patológicos”, explica..

Segundo Wagner, várias pessoas já estão de alta e mesmo assim ainda nutrem um vínculo estruturante com a oficina e com a instituição.Como é o caso de  João Guido Oliveira, e ex-interno do Hospital Juliano Moreira, que aproveita o espaço para recitar suas poesias e solidificar os vínculos afetivos com os  amigos. Para ele, a arte é  uma forma de expressar os sentimentos para todos os seres considerados “normais”.
“Tanto na música como na poesia esse sentimento aflora para sensibilizar os corações mais duros de que todos somos iguais e capazes. Afinal, ser louco é transcender a barreira da normalidade”, afirma.

Segundo Wagner, e a equipe de profissionais do Juliano Moreira a ideia é ampliar o projeto da oficina de música na internação para uma oficina de artes plásticas.

Fonte: Jornal Tribuna da Bahia

Disponível em: <http://www.tribunadabahia.com.br/news.php?idAtual=102724>. Acesso em: 09 jan. 2012

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