Powered By Blogger

segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Sonhar é possível mesmo quando a mente está vazia

Redação do Diário da Saúde 

Mais uma evidência colocou em xeque a visão científica tradicional sobre os sonhos.
Para os neurocientistas, um sonho é uma experiência de imaginação do inconsciente durante nosso período de sono, revivendo imagens e situações ocorridas durante o período de vigília.
Contudo, Isabelle Arnulf e seus colegas da Unidade de Distúrbios do Sono da Universidade Pierre e Marie Curie (França) apresentaram estudos de caso de pacientes com déficit de auto-ativação que relatam sonhos quando despertados do sono REM - mesmo que esses pacientes apresentem um vazio mental durante o dia.
Transtorno de Auto-Ativação
O estudo prova que mesmo pacientes com Transtorno de Auto-Ativação (TAA) têm a capacidade de sonhar.
O TAA (Transtorno de Auto-Ativação) é causado por danos bilaterais nos gânglios basais.
É uma síndrome neurofísica caracterizada por uma apatia extrema, incluindo a falta de ativação do pensamento e uma perda de comportamento espontâneo.
Os pacientes com TAA devem ser estimulados por seus cuidadores para fazerem as tarefas mais básicas, como levantar-se, comer e beber.
Quando se pergunta a um paciente com TAA "O que você está pensando?", a resposta típica é a de não haver nenhum pensamento.
Teorias sobre os sonhos
Para as neurociências, durante o sono o cérebro está funcionando em caráter exclusivamente interno - no sono REM, as áreas corticais seriam estimuladas internamente pelo tronco cerebral.
Quando despertos, indivíduos normais lembram-se de alguns dos sonhos associados com o seu estado de sono anterior, especialmente durante o sono REM.
Nesse contexto, existem basicamente duas teorias que tentam explicar os sonhos.
A teoria "de cima para baixo" (top-down) propõe que o sonho começa nas estruturas de memória do córtex superior e então "retorna", como a imaginação se desenvolve durante a vigília.
A teoria "de baixo para cima" (bottom-up) postula que as estruturas do tronco cerebral, que provocam os movimentos oculares rápidos e a ativação do córtex durante o sono REM resultam nos elementos emocionais, visuais, sensoriais e auditivas de sonhar.
Sonhos cerebrais
A constatação do sonho em pacientes com TAA praticamente descarta a teoria top-down, já que esses pacientes têm o que os pesquisadores chamam de "mente vazia" durante todo o dia.
Eles relatam, por exemplo, sonhos incluindo eles próprios desempenhando tarefas que não desempenham no dia-a-dia.
Ainda que alguns cientistas afirmem até que é possível construir uma máquina para gravar sonhos, outras áreas de estudo, fora das neurociências, têm interpretações dos sonhos bem mais amplas, e menos "cerebrais".
Uma das mais atuantes atualmente é a área dos chamados sonhos lúcidos.
 
Fonte: Diário da Saúde
 
Disponível em: <http://www.diariodasaude.com.br/news.php?article=sonhar-possivel-mesmo-quando-mente-esta-vazia&id=9188>. Acesso em: 30 set. 2013 

sexta-feira, 27 de setembro de 2013

XXIV Congresso Brasileiro de Psicanálise


Livro digital gratuito mostra ciência e prática da compaixão


Questões sobre a diferença entre empatia e compaixão, ou sobre se a compaixão pode ser aprendida, são o assunto de e-book recém-publicado e disponibilizado gratuitamente pela internet.
O livro foi editado por Tania Singer e Matthias Bolz, pesquisadores do Instituto Max Planck para Cognição Humana e Ciências do Cérebro (Alemanha).
O texto explica como o treinamento mental transforma o cérebro humano, e também como a compaixão pode reduzir a dor.
O e-book Compaixão: Ligando Prática e Ciência, resume os resultados fascinantes da Ciência da Compaixão, e também descreve programas de treinamento e experiências práticas.
Assim, além de oferecer uma visão única das pesquisas científicas mais atuais sobre empatia e compaixão, o texto também oferece uma abordagem entusiasmadora para os interessados, incluindo conselhos úteis para a vida cotidiana.
Ciência da compaixão
Uma grande parte do texto diz respeito à ciência da compaixão.
Tania Singer mostra como a empatia difere da compaixão.
Em um estudo recente, ela própria demonstrou empiricamente que a empatia - a capacidade de reconhecer as emoções vividas por outros - e a compaixão baseiam-se em sistemas biológicos e redes neuronais diferentes.
Há também explicações sobre como práticas de meditação da compaixão podem reduzir a dor, e como o treinamento da compaixão pode gerar emoções positivas e proximidade social, que por sua vez podem melhorar a saúde física e mental.
Em outro capítulo, o endocrinologista Charles Raison descreve como o treinamento da compaixão pode levar a uma diminuição dos hormônios relacionados ao estresse, como o cortisol.
"Com a nossa pesquisa, e com este livro, esperamos aumentar a conscientização sobre a compaixão em nossa sociedade, e apoiar o desenvolvimento de uma sociedade mais solidária e sustentável, que reconheça a importância da ética secular e a interdependência de todos os seres," comentou Singer no lançamento do livro digital.
Cuidados para cuidadores
Esta é a primeira vez que um trabalho divulga programas de treinamento da compaixão cientificamente validados, e usuários experientes descrevem suas experiências com alguns desses programas em escolas, na terapia e em situações de cuidados paliativos de fim de vida.
E isto não apenas para os pacientes, mas também para os cuidadores.
Um dos capítulos, por exemplo, mostra como o treinamento da compaixão ajuda o pessoal clínico - não só para suas interações com os pacientes terminais, mas também para o seu lidar com eventos diários, ajudando assim a prevenir doenças relacionadas com o burnoutentre médicos e cuidadores.
O livro digital, no momento disponível apenas em inglês, pode ser baixado gratuitamente no endereço www.compassion-training.org.
 
Fonte: Diário da Saúde
 
Disponível em: <http://www.diariodasaude.com.br/news.php?article=livro-digital-gratuito-ciencia-da-compaixao&id=9191>. Acesso em: 26 set. 2013

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Videogame brasileiro promete ajudar no tratamento de TDAH

Desenvolvido em parceria entre universidades nacionais e americanas, jogo visa treinar controle inibitório


O uso de jogos eletrônicos no tratamento de transtornos psiquiátricos já têm sido empregado
com sucesso em pacientes com dificuldades de alfabetização e dislexia, entre outras. Agora, pesquisadores da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) descobriram que pessoas com déficit de atenção com hiperatividade (TDAH) também podem se beneficiar do uso dos videogames.
 

Em parceria com a Universidade Federal de Minas Gerias (UFMG) e a Duke University, o departamento de psicologia da Unifesp está desenvolvendo um game que promete ajudar a treinar o controle inibitório, habilidade cerebral que veta comportamentos inadequados a estímulos externos. Com isso, os especialistas esperam reduzir as atitutes e comportamentos de risco associados ao transtorno, como brigas e acidentes, comuns durante a adolescência.
No jogo, que recebeu o nome de Project Neumann, o usuário controla quatro heróis, que apresentam características comuns às pessoas com TDAH, como a dificuldade de controlar impulsos motores ou de focar a atenção. 

Criado a partir da pesquisa de doutorado de Thiago Strahler Rivero, o game foi o formato escolhido por apresentar baixo índice de abandono do tratamento, o que não acontece com outros métodos mais tradicionais de tratamento. Além de treinar habilidades específicas enquanto jogam, os pacientes aprendem sobre o transtorno e suas próprias limitações, o que também contribui para melhorar o quadro. De acordo com o autor, a idéia é que, com base no método desenvolvido para esse jogo, outros possam ser criados para auxiliar no tratamento de autismo, transtorno bipolar e outros distúrbios psiquiátricos.

Fonte: Fapesp

Disponível em: <http://www2.uol.com.br/vivermente/noticias/videogame_brasileiro_promete_ajudar_no_tratamento_de_tdah.html>. Acesso em: 20 set. 2013 

Estudo liga aumento de suicídios à crise global

Rede Record
São Paulo -SP

A recente crise econômica seria uma das causas para o aumento na taxa de suicídio na Europa e nas Américas, informa um novo levantamento.


A pesquisa, publicada na publicação científica British Medical Journal, analisou dados de 54 países para estimar o impacto global de problemas financeiros decorrentes da crise econômica global iniciada com o colapso do crédito e dos mercados imobiliários nos Estados Unidos em 2008.
Um ano após o início da crise, a taxa de suicídio entre os homens aumentou em média cerca de 3,3%. A elevação foi maior nos países que mais perderam empregos.

Economia instável

Pesquisadores das Universidades de Oxford e Bristol, na Grã-Bretanha, junto com colegas da Universidade de Hong Kong, usaram dados da OMS (Organização Mundial da Saúde), do Centro de Controle de Doenças e Prevenção e do Panorama Econômico Global do FMI para realizar o estudo.

Especialista diz que transtorno bipolar é a doença que mais causa suicídios

Em 2009, houve um aumento de 37% no desemprego e uma queda de 3% no PIB (Produto Interno Bruto, a soma de bens e serviços produzidos por um país) per capita, um reflexo da crise econômica do ano anterior. Concomitantemente, as taxas de suicídio entre os homens começaram a aumentar.
Naquele ano, houve 5.000 suicídios a mais do que o número esperado. O aumento foi verificado nos 27 países europeus e nos 18 países das Américas estudados. Na Europa, os suicídios aumentaram mais entre os homens de 15 a 24 anos, enquanto que nas Américas a alta foi maior entre o grupo de 45 a 64 anos.

Suicídio de médico reabre debate sobre eutanásia

Por outro lado, a taxa de suicídio entre as mulheres não mudou na Europa e registrou um pequeno aumento nas Américas. Os pesquisadores veem a relação entre o estresse emocional da recessão e o ato de tirar a própria vida como uma provável relação de causa e efeito, mas não puderam comprová-la.
Eles acrescentam que a alta de suicídios também pode estar ligada a outros fatores, mas ONGs de apoio à saúde mental afirmam que sua própria experiência endossa a teoria dos pesquisadores.
Um porta-voz da Samaritans, ONG britânica que dá apoio emocional a potenciais suicidas, afirmou: 'Não é surpresa para nós que as taxas de suicídios aumentam em recessões'.

— Um levantamento das chamadas telefônicas feitas aos nossos escritórios em 2008, antes de o início da crise, mostrou que uma em cada dez pessoas falava sobre dificuldades financeiras. Essa mesma proporção caiu de um para seis no final do ano passado. Claramente, esse é um fator que o governo precisa levar em conta quando ocorrem crises econômicas.

Um porta-voz da ONG Mind afirmou que a entidade também vem recebendo mais telefonemas de pessoas angustiadas com falta de dinheiro e desemprego.

A ONG britânica Papyrus (Prevenção para Jovens Suicidas, na sigla em inglês) informou que, embora não pudesse correlacionar o aumento no número de telefonemas de jovens buscando auxílio emocional para não cometer suicídio à crise econômica, a dificuldade em conseguir trabalho, administrar as finanças e as dívidas estudantis haviam sido temas recorrentes nas ligações.

Fonte: ABP - Associação Brasileira de Psiquiatria

Disponível em:< http://www.abp.org.br/portal/imprensa/clipping-2>. Acesso em: 20 set. 2013 

quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Congresso sobre Psicologia Existencial em Belo Horizonte

Com palestras e mesa-redonda com profissionais nacionais e internacionais

Por R. Patresio Pessoa - Acadêmico de Jornalismo do CEULP/ULBRA
Com o intuito de aprimorar o conhecimento e a formação profissional, a Faculdade de Estudos Administrativos de Minas Gerais (FEAD) realiza o I Congresso Internacional de Psicologia Existencial e o III Congresso Brasileiro de Psicologia Existencial em Belo Horizonte, Minas Gerais, Nos dias 27 e 29 de setembro no Teatro Granado. O tema da edição é “Dialogo Existencial-Humanista e Focusing”, que visa destacar novas perspectivas para o trabalho do psicólogo existencial.
O evento é voltado para acadêmicos e profissionais da área de Psicologia, bem como outros profissionais da área de Saúde. A participação corresponde a 12 horas curriculares.
Para mais informações veja o folder com a programação completa, ou clique no link e faça sua inscrição.

Fonte: (EN)Cena

Disponível em: <http://ulbra-to.br/encena/noticia/2013/09/18/Congresso-sobre-Psicologia-Existencial-em-Belo-Horizonte >. Acesso em: 18 set. 2013 

Municípios e Estados vão receber investimentos na área da Saúde Mental

Os recursos são de origem do Ministério da Saúde e somam um montante anual de R$ 6.164.370,00.

Por Jéssica Rodrigues Lima - Acadêmica de Jornalismo do CEULP/ULBRA

Um incentivo financeiro será destinado a Municípios e Estados para a área da Saúde Mental. O investimento é do Ministério da Saúde e a quantia anual será de R$ 6.164.370,00 (seis milhões cento e sessenta e quatro mil e trezentos e setenta reais).
Os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) e as Unidades funcionam em acordo com a Rede de Atenção Psicossocial e atendem pelo Sistema Único de Saúde (SUS), pessoas com sofrimento ou transtorno mental e também aquelas com necessidades decorrentes do uso de álcool e drogas. Segundo a Agência Tocantinense de Notícias (ATN), o CAPS se divide em três categorias de acordo com o número de habitantes dos municípios. O CAPS I é para populações entre 20 mil e 70 mil habitantes; o CAPS II para municípios com população entre 70 mil e 200 mil pessoas e o CAPS III atende a cidades com mais de 200 mil habitantes. A Secretaria da Saúde ainda possui atendimento a pacientes com distúrbios causados por uso de álcool e drogas pelo CAPS AD III

Conforme a Secretaria de Estado da Saúde (SESAU), no Tocantins o CAPS I tem sedes em Araguatins, Tocantinópolis, Paraíso, Formoso do Araguaia, Colinas, Gurupi e Taguatinga; o CAPS II está presente em Araguaína, Palmas, Porto Nacional e Dianópolis; já o CAPS AD III tem sedes em Palmas, Araguaína e Gurupi. O CAPS II de Araguaína está em processo de mudança para a categoria III, por conta do aumento no número de habitantes.
O investimento do Ministério da Saúde será de R$ 5.517.300 nos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) do Estado do Tocantins. Ao todo, 14 unidades de atendimento receberão a verba durante o ano de 2013.

De acordo com a portaria de n° 1.739, do Ministério da Saúde, o recurso será incorporado ao Limite Financeiro de Média e Alta Complexidade dos estados e municípios. A portaria determina que os recursos sejam destinados ao Bloco da Atenção de Média e Alta Complexidade Ambulatorial e Hospitalar.
Atualmente, 3% da população geral sofre com transtornos mentais severos e persistentes; mais de 6% da população apresenta transtornos psiquiátricos graves decorrentes do uso de álcool e outras drogas e 12% da população necessita de algum atendimento em Saúde Mental, seja ele contínuo ou eventual.
Os desafios são muitos. Entre eles, fortalecer políticas de saúde voltadas para grupos de pessoas com transtornos mentais de alta prevalência e baixa cobertura assistencial; Consolidar e ampliar uma rede de atenção de base comunitária e territorial promotora da reintegração social e da cidadania; Implementar uma política de saúde mental eficaz no atendimento às pessoas que sofrem com a crise social, a violência e desemprego e aumentar recursos do orçamento anual do SUS para a Saúde Mental, passo que já foi dado.

Fonte: (EN)Cena

Transtorno bipolar atinge 4% da população brasileira, estima associação


A doença se manifesta em fases que alternam a hiperexcitabilidade e a agitação com profunda tristeza e depressão

Brasília - Sintomas como euforia, fala rápida, irritação, agitação, insônia, agressividade, hostilidade e depressão podem ser sinais de vários transtornos que acometem o humor, seja para o polo depressivo, seja para o da euforia. Porém, quando os sintomas vêm alternados em uma mesma pessoa, pode ser um alerta para o transtorno bipolar, uma doença sem cura, mas com tratamento e controle.

De acordo com a Associação Brasileira de Transtorno Bipolar (ABTB), o distúrbio atinge 4% da população. O censo feito pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2010, informa que o Brasil tem uma população de 190.732.694 pessoas.

A doença se manifesta em fases que alternam a hiperexcitabilidade e a agitação com profunda tristeza e depressão. A duração de cada fase varia de pessoa para pessoa, podendo durar horas, dias, meses e até anos. Um complicador para a pessoa portadora do transtorno surge quando as duas fases se misturam, o chamado estado misto. “A pessoa pode estar acelerada, hiperativa, mas triste por dentro, e até pensando em se matar”, explicou a presidente da ABTB, Ângela Scippa.

Dados da entidade apontam que em 60% dos casos a doença se manifesta antes dos 20 anos de idade. Ângela explica que, na infância, os sintomas mais comuns são a distorção do humor e o avanço precoce da sexualidade.

“A criança passa por uma tempestade afetiva e é muito importante que a família fique atenta, porque é na infância que a criança passa pelo processo de modelação do comportamento. Se o transtorno bipolar não for detectado e cuidado a tempo, pode gerar vários problemas no desenvolvimento comportamental e psicológico dessa criança”, alerta Ângela.

A especialista ressalta que na adolescência é mais comum os parentes perceberem os sintomas. “Nesses casos, o adolescente passa a ter sintomas depressivos, gastos excessivos, e briga muito. É imprescindível que a família fique atenta, observe, e o encaminhe para um especialista.”

De acordo com a psiquiatra Ângela Scippa o distúrbio pode ter origem por vulnerabilidade genética e fatores ambientais que podem agir de forma combinada. “Por fatores ambientais, podemos considerar maus-tratos que o indivíduo pode sofrer, como negligência, abuso sexual, entre outros. Assim, o paciente de transtorno bipolar tem obrigatoriamente esses dois fatores.”

A professora de psiquiatria da Universidade de Brasília Maria das Graças de Oliveira, por sua vez, relatou que há estudos consistentes com indícios de que a pessoa bipolar tem uma inteligência acima da média. ”Tem alguns estudos que mostram que as pessoas com transtorno bipolar foram crianças com maior fluência verbal. É um transtorno mais frequente em pessoas mais criativas, muito frequente em artistas, cantores, escritores, pintores. A genética, associada ao transtorno bipolar, parece ser a mesma que está associada à criatividade”, relatou Graça.

A especialista detalha que existem dois tipos de transtorno bipolar. O tipo 1, que acomete cerca de 1% dos brasileiros portadores da síndrome, se caracteriza por episódios de depressão e de exaltação de humor mais graves e agitação psicomotora em que a pessoa faz movimentos involuntários causados pela tensão.

Em cerca de 15% dos portadores do tipo 1 do transtorno bipolar, a doença também apresenta sintomas psicóticos. No quadro de mania, são registrados os episódios de exaltação de humor mais intensos, que se manifestam por delírios de grandeza, em que a pessoa se considera famosa, acredita ter poderes especiais ou ser mais habilidosa que os outros. Já nos episódios de depressão, os sintomas psicóticos vêm com pensamentos delirantes de inutilidade, de ruína, culpa, ou com a certeza de uma doença física grave. Não é raro, nessa fase, a pessoa ter pensamentos suicidas.

Já o tipo 2 do transtorno bipolar atinge entre 5% e 6% dos brasileiros portadores da doença e se manifesta por episódios depressivos e de exaltação de humor mais brandos, sem sintomas psicótico.

Graça de Oliveira detalhou que a vulnerabilidade é herdada geneticamente e que os sintomas do transtorno bipolar são desencadeados por estressores psicossociais, situações que perturbam psicologicamente. “Estressores psicossocias são comuns na vida de todos, mas a maioria das pessoas não adoece psiquicamente, apenas as que trazem consigo uma vulnerabilidade. Quanto maior a vulnerabilidade, menor a dimensão do estressor necessário para desencadear os sintomas”, explicou Graça.

A especialista ainda destacou que há estudos consistentes com indícios de que a pessoa bipolar tem uma inteligência acima da média. ”Tem alguns estudos que mostram que as pessoas com transtorno bipolar foram crianças com maior fluência verbal. É um transtorno mais frequente em pessoas mais criativas, muito frequente em artistas, cantores, escritores, pintores. A genética, associada ao transtorno bipolar, parece ser a mesma que está associada à criatividade.”
 
Fonte: ABP - Associação Brasileira de Psiquiatria
 
Disponível em <http://www.abp.org.br/portal/imprensa/clipping-2. Acesso em: 18 set. 2013

terça-feira, 17 de setembro de 2013

Ervas para aliviar a ansiedade

Apesar do potencial, muitos remédios fitoterápicos não têm respaldo científico

Scott O. Lilienfeld e Hal Arkowitz


Ervas medicinais são bastante populares no Brasil. Mas não só. Em países desenvolvidos, como os Estados Unidos, também há enorme procura por plantas com propriedades curativas. Em 2008, a estatística Patricia M. Barnes e seus colegas, do Centro Nacional de Estatísticas de Saúde, apresentaram um relatório apontando que aproximadamente 20% dos americanos, incluindo nessa mostra crianças e adultos, haviam experimentado esse tipo de tratamento no ano anterior. Uma década antes, o médico especialista em medicina integrativa David M. Eisenberg, pesquisador da Escola Médica da Universidade Harvard, já havia apontado aumento de 380% do uso de remédios fitoterápicos para tratar problemas físicos e mentais, entre 1990 e 1997.

É muito provável que pelo menos parte do entusiasmo com essa terapêutica seja alimentada pelo alto custo das drogas tradicionais, que, aliás, nem sempre trazem os resultados esperados. Além disso, muitas pessoas acreditam – erroneamente – que substâncias naturais são mais seguras do que medicamentos sintéticos. 

O uso de plantas para tratamento médico data de pelo menos 3000 a.C. Hoje, a prática faz parte de um movimento amplo conhecido como terapia complementar ou alternativa. Muitas pessoas se valem desses recursos – que incluem aromaterapia, florais e massagem – para amenizar problemas psicológicos. Isso, porém, preocupa alguns cientistas. Em um estudo de 2001, o sociólogo Ronald C. Kessler e seus colegas, da Escola Médica da Universidade Harvard, acompanharam um grupode voluntários e descobriram que entre os participantes do estudo que apresentavam sintomas de pânico ou depressão severa mais da metade havia passado por algum tipo de terapia alternativa durante o ano anterior, na maioria dos casos sem supervisão médica.

AGITAÇÃO E FADIGA
O fato é que, por enquanto, nem o valor terapêutico nem os efeitos colaterais de grande parte dessas ervas foram comprovados. Isso não significa que não tenham propriedades benéficas, mas em que medida são eficazes (e não fazem mal) e como devem ser ministradas ainda não está claro. Muitos especialistas alegam, por exemplo, que apesar de pesquisas com a kava-kava (Piper methysticum), usada no tratamento de ansiedade, e com a erva-de-são-joão (Hypericum perforatum), para combater depressão, indicarem que algumas das substâncias dessas plantas podem ajudar pessoas com problemas psicológicos, os resultados ainda não são conclusivos.

É costume entre os moradores das ilhas do Pacífico usar extrato da raiz da planta kava-kava para amenizar a ansiedade ou simplesmente relaxar. A substância é frequentemente utilizada na região também em ocasiões sociais, cerimônias e para fins medicinais. Popularizada nos EstadosUnidos na década de 80, atualmente não é difícil encontrar bares americanos que servem drinques relaxantes à base da erva. 

Porém, aqueles que desejam mesmo tratar ansiedade com a planta recorrem à farmácia ou loja de produtos naturais. Resultados experimentais sugerem que a raiz tem propriedades ansiolíticas. Em um artigo publicado em 2010, os médicos Max H. Pittler, do Centro Alemão Cochrane da Universidade de Freiburg, e Edzard Ernst, da Escola Médica da Península, em Exeter, na Inglaterra, relataram a análise de 12 estudos que comparavam os efeitos da kava-kava e do placebo no tratamento da ansiedade. Os dois descobriram que a erva de fatodemonstra eficácia, embora apenas pouco maior do que a pílula inócua. Os pesquisadores alertam, no entanto, que diversos fatores, como diferenças nas dosagens, na duração do tratamento e na gravidade da ansiedade, tornaram os estudos pouco adequados para a pesquisa.

Embora o uso da erva seja relativamente seguro, o consumo não deve ser excessivo. Dores de estômago e de cabeça, agitação e fadiga são efeitos colaterais relatados com certa frequência. Um relatório de 2002 da Administração de Drogas e Alimentação (FDA, na sigla em inglês) apontou danos ao fígado causados pela raiz, o que levou à proibição da kava-kava em diversos países. Estudos posteriores, porém, amenizaram a má reputação da planta e a restrição ao consumo foi suspensa. Ainda assim, é preciso precaução. Em diversos casos de pessoas com problemas hepáticos (e habituadas a ingerir a erva) não ficou constatada relação com outros fatores.

Os efeitos de diversos medicamentos e até mesmo do álcool podem ficar mais intensos se com essas substâncias a pessoa também ingerir kava-kava. A forte sonolência causada pela perigosa combinação aumenta o risco de lesões durante certas atividades, como condução e operação de máquinas pesadas. Além disso, pode também potencializar a ação de drogas antipsicóticas, reforçando seus efeitos sedativos e anticonvulsivos. Outras pesquisas apontam que a erva-cidreira e a valeriana, por exemplo, podem ter efeito calmante, o que as torna úteis no tratamento da ansiedade. Os resultados, porém, ainda são bastante preliminaries e os perigos potenciais, incertos.

Usada ao longo da história para expulsar maus espíritos, atualmente a erva-de-são-joão é a planta mais estudada para o tratamento contra depressão. Recentemente, o médico Klaus Linde e seus colegas, da Universidade Técnica de Munique, avaliaram 29 pesquisas sobre sua eficácia no combate ao transtorno. Diversos estudos com o vegetal demonstraram que seus efeitos podem ser tão eficazes quanto os antidepressivos como o Prozac, além de provocar menos efeitos colaterais. No entanto, nem todos os experimentos avaliados pela equipe de Linde indicaram vantagens da erva-de-são-joão em relação à pílula inócua (placebo). Além disso, diversos centros de pesquisa revelam pouco apoio à ideia de que a erva possa ajudar a amenizar os sintomas da depressão. Cabe aqui, porém, uma ressalva: não se sabe até que ponto pode haver incentivo direto ou indireto da bilionária e influente indústria farmacêutica para que o uso de terapêuticas baseadas em plantas seja rejeitado.

MAIS ÂNIMO
Uma pesquisa de 2011, conduzida pelo psiquiatra Mark H. Rapaport, na época pesquisador do Hospital Cedars-Sinai, em Los Angeles, aponta que, para casos de depressão de leve a moderada, a planta não demonstra maior eficácia do que o placebo. É fato que a erva ajuda a aliviar alguns sintomas, mas as evidências ainda são pouco satisfatórias. Muitos pesquisadores, aliás, apontam alguns riscos associados ao uso da erva-de-são-joão, como dores de estômago e de cabeça, erupções cutâneas, fadiga, inquietação e confusão mental. Embora a probabilidade seja pequena, a planta pode interferir na fertilidade, piorar o quadro de pacientes com demência e deflagrar surto psicótico em pessoas predispostas a essa psicopatologia. E, assim como os antidepressivos tradicionais, a erva tem potencial de contribuir para que sejam desencadeados episódios maníacos em pacientes com transtorno bipolar, além de interagir com outras substâncias, o que em alguns casos acarreta efeitos desconhecidos. Se ingerida com antidepressivos, por exemplo, pode trazer graves prejuízos na regulação de serotonina. A eficácia de pílulas anticoncepcionais e de medicamentos para tratar problemas cardíacos e pessoas com HIV também fica reduzida com uso combinado com a erva-de-são-joão.

É evidente que drogas aprovadas para ansiedade e depressão também apresentam riscos, mas, nesse caso, há órgãos responsáveis pelo acompanhamento. Mas não existem agências governamentais para regular tratamentos com ervas. Muitas vezes, médicos não têm conhecimento de que seus pacientes se automedicam com extratos à base de plantas, o que aumenta o risco de interações prejudiciais. E ainda pouco se sabe sobre os efeitos de longo prazo do uso de ervas ou mesmo a dose ideal para tratar cada doença. 

Apesar disso, não é raro encontrar promessas exageradas sobre a eficácia de remédios fitoterápicos. Há quem relate resultados positivos em mais de 80% dos casos de pessoas tratadas de ansiedade e depressão com plantas medicinais, embora, por enquanto, as pesquisas não confirmem esses números. Obviamente não seria ponderado descartar que intervenções mais seguras e eficazes com ervas medicinais para combater depressão e ansiedade poderão surgir no futuro. Talvez, os cientistas descubram em breve que a natureza guarda um vasto arsenal de remédios para ajudar a tratar transtornos mentais.

Fonte: Scientific American Mente Cérebro


Disponível em: <http://www2.uol.com.br/vivermente/artigos/ervas_para_aliviar_a_ansiedade.html> . Acesso em: 17 set. 2013

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

VIII Colóquio da Residência em Psicologia Clínica e Saúde Mental - Hospital Juliano Moreira

Fonte: http://residenciapsi-saudemental.blogspot.com.br/2013/09/lista-de-pre-inscritos.html

II SEMINÁRIO SABERES SOBRE A PRIMEIRA INFÂNCIA



Fonte: Comissão Pró- Associação de Profissionais de Saúde Mental da Bahia.

Depressão: um mal silencioso que atinge milhares de pessoas

Por Odenice Rocha 
Acadêmica de Jornalismo do CEULP/ULBRA

Sentir-se triste às vezes por causa de um motivo específico é normal, mas quando essa tristeza aparece do nada e afeta a vontade de fazer atividades simples do dia a dia, pode ser um sinal de alerta. Mais comum em pessoas entre 24 e 44 anos de idade, a depressão atinge cerca de 20% da população mundial em algum momento da vida. Estresse, acontecimentos traumáticos, alimentação e até a genética são algumas das causas que levam uma pessoa a ficar abatida e desanimada de forma tão severa que até seu padrão de sono e apetite são alterados. A depressão, enquanto evento psiquiátrico é algo bastante diferente: é uma doença como outra qualquer que exige tratamento.
Depressão é uma palavra frequentemente usada para descrever sentimentos, e há certo preconceito quando se fala da doença, pois é difícil admitir que esteja sofrendo desse mal.“Me sentia sem disposição, não conseguia me concentrar, estava muito mau humorada, nada estava bom pra mim, sentia dores, tremedeiras. Fiz vários exames e nunca acusava nada, sempre achava que eu ia morrer, até que comecei a pesquisar os sintomas e pude perceber que sofria mesmo era de depressão”, afirma Simony, que prefere não revelar o sobrenome e que ainda está em tratamento.
O paciente deprimido terá dias melhores ou piores assim como o não deprimido. Ninguém sabe o que um deprimido sente, só ele mesmo e talvez quem tenha passado por isso. Nem o psiquiatra sabe: ele reconhece os sintomas e sabe tratar, mas isso não faz com que ele conheça os sentimentos e o sofrimento do seu paciente. “Os sintomas da depressão são muito variados, indo desde as sensações de tristeza, passando pelos pensamentos negativos até as alterações da sensação corporal como dores e enjôos”,afirma a psicóloga Camila Siqueira.  A psicóloga nos alerta para alguns sintomas que precisam ser observados, como a perda de energia ou interesse, humor deprimido, dificuldade de concentração, alterações do apetite e do sono, lentificação das atividades físicas e mentais e sentimento de pesar ou fracasso.

Os sintomas corporais mais comuns são sensação de desconforto no batimento cardíaco, constipação, dores de cabeça, dificuldades digestivas. Períodos de melhoria e piora são comuns, o que cria a falsa impressão de que se está melhorando sozinho quando durante alguns dias o paciente sente-se bem. Geralmente tudo se passa gradualmente, não necessariamente com todos os sintomas simultâneos, aliás, é difícil ver todos os sintomas juntos. Até que se faça o diagnóstico praticamente todas as pessoas possuem explicações para o que está acontecendo com elas, julgando sempre ser um problema passageiro.

Por isso, a pessoa que tem esses sintomas por mais de duas semanas contínuas deve procurar imediatamente um médico. Se diagnosticada a depressão, ela fará um tratamento com remédios e psicoterapia, além de outras técnicas auxiliares, como exercícios físicos, acupuntura e boa alimentação.

Fonte: (EN)Cena
 
Disponível em: <http://ulbra-to.br/encena/2013/09/13/Depressao-um-mal-silencioso-que-atinge-milhares-de-pessoas >. Acesso em: 16 set. 2013

III Simpósio de Saúde Mental e II Seminário Regional sobre Crack e Outras Drogas – UESC

O evento acontece entre os dias 17 e 19 de outubro de 2013

Por Por Jéssica Rodrigues Lima - Acadêmica de Jornalismo do CEULP/ULBRA

Apontando caminhos para (re)fazer as práticas de cuidado em saúde mental é o tema central do III Simpósio de Saúde Mental e II Seminário Regional sobre Crack e Outras Drogas, que acontece entre os dias 17 e 19 de outubro de 2013. O evento é uma realização do Grupo de Pesquisa em Saúde Mental da Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC), através do projeto de extensão “Integrando Saúde Mental e Saúde da Família” e do Centro Regional de Referência para formação permanente em intervenção e prevenção ao uso de drogas (CRR).
O objetivo é promover a difusão de conhecimentos e de práticas inovadoras em saúde mental, prevenção e intervenção ao uso de Crack, Álcool e Outras Drogas, e conta com o apoio da FAPESB, SENAD, aMTepa e do PRÓ PETSAÚDE. O público esperado são gestores da saúde e áreas afins, profissionais de diferentes áreas de atuação, professores, pesquisadores, estudantes e comunidade em geral.
O Simpósio tem uma vasta programação e conta com mini cursos sobre diversos assuntos; Troca de conhecimentos de pesquisa entre os docentes de saúde mental das Instituições de Ensino Superior do Estado da Bahia; Conferências; Lançamento de livro; Mesas redondas e apresentação de trabalhos científicos.
As inscrições estão abertas até 30 de setembro ou até o preenchimento das vagas. Para se inscrever, o interessado deve enviar a ficha de inscrição preenchida para o email saudemental.inscricoes2013@gmail.com e aguardar confirmação.  O prazo para envio de trabalhos vai até dia 13 de setembro. Confira as normas para inscrição de trabalhos e a programação completa.
 
Fonte: (EN)Cena
 
Disponível em: <http://ulbra-to.br/encena/noticia/2013/09/15/III-Simposio-de-Saude-Mental-e-II-Seminario-Regional-sobre-Crack-e-Outras-Drogas-UESC> . Acesso em: 16 set. 2013

Médicos ainda confundem transtorno bipolar com depressão

Muitas vezes o transtorno é confundido com depressão porque, na maioria dos casos, o psiquiatra é procurado na fase depressiva da doença, quando os sintomas não são muito diferentes dos de quadros depressivos


Da Redação

Estudos americanos mostram que os portadores de transtorno bipolar levam até 14 anos, desde a primeira consulta ao psiquiatra, para ter o diagnóstico correto. É o que alerta a professora de psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade de Brasília, Maria das Graças de Oliveira. A especialista conta que muitas vezes esse transtorno é confundido com depressão porque, na maioria dos casos, o psiquiatra é procurado na fase depressiva da doença, quando os sintomas não são muito diferentes dos de quadros depressivos a que qualquer pessoa está sujeita.

O transtorno bipolar é caracterizado por alterações de humor que se manifestam como episódios depressivos que se alternam com estado de euforia, também denominados de mania, podendo se manifestar em diversos graus de intensidade. Ângela Scippa, presidente da Associação Brasileira de Transtorno Bipolar (ABTB), alerta que entre 30% e 60% dos diagnósticos de depressão escondem um caso de transtorno bipolar.
Maria das Graças explica que na fase de euforia o paciente sente-se muito bem. “Quando estão em hipomania [quadro mais leve de euforia], a pessoa não procura ajuda porque sente-se bem, eufórica, com agilidade mental, sentimento de confiança, ego mais inflado,  sente-se mais poderosa, um estado que geralmente não a leva a procurar ajuda de um psiquiatra”, explica a especialista. Se o médico não perguntar insistentemente pelo sintoma da hipomania, eles não vão contar, portanto, muitos pacientes acabam recebendo diagnóstico de depressão, quando na verdade é transtorno bipolar.
“Esses pacientes têm biografias que são verdadeiras montanhas-russas. São pessoas que passam por vários casamentos, que têm dificuldade em crescer profissionalmente, histórico de demissões ou de falências. Cada episódio de depressão ou de exaltação de humor pode ter consequências muito ruins para a vida do paciente”, destacou Graça.
Fernando*, professor de educação física, 27 anos, hoje sabe que tem transtorno bipolar. Mas, aos 13 anos, foi diagnosticado com depressão. “Na minha infância, antes dos 10 anos de idade, comecei a apresentar sinais de irritabilidade, agressividade, comecei a ser levado a psicólogos, psiquiatras. Só aos 16 fui diagnosticado com transtorno bipolar”, conta.
Depois de 11 anos de tratamento, Fernando disse que passou a perceber quando está entrando em crise e toma as providências para se controlar e “não machucar” e ofender outras pessoas. “No meu tempo de colégio eu cheguei a agredir tão fortemente um colega que ele desmaiou e foi parar no hospital, eu virava o verdadeiro Hulk [personagem de filme] nas crises de depressão”, contou. No caso dele, a agressividade é um sintoma de sua crise depressiva.
Na fase de euforia, Fernando conta que fica brincalhão e cheio de si. “Eu me sinto literalmente o Super-Homem, você acha que pode tudo, que é inatingível, chegam cinco pessoas querendo bater em você e acha que pode enfrentá-las. Falta achar que sabe voar” relatou.
Ângela também conta que há casos mais leves em que as pessoas convivem com a doença por toda a vida, sem ter um diagnóstico. “Alguns descobrem a doença aos 80 anos, para ter ideia. Isso ocorre em pessoas que têm  a doença de forma leve e que, por isso, nunca notaram a necessidade de um tratamento. Mas, hoje, com a ajuda da mídia, as pessoas estão mais atentas e com mais informações em relação ao transtorno bipolar, o que diminui casos de descoberta tardia” explica.
*Fernando é um nome fictício já que o entrevistado não quis ser identificado.

Fonte: Correio da Bahia

10 de setembro é o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio

Estatísticas ainda assustam

Por Érika Vale - Acadêmica de Jornalismo do CEULP/ULBRA

Nesta terça-feira, 10, várias instituições de saúde no Brasil e no Mundo lembraram o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio realizando mobilizações, palestras e eventos diversos.Uma das ações é organizada pela Associação Internacional para Prevenção ao Suicídio, quando foram realizadas várias mobilizações em todos os continentes incluindo uma "volta de bicicleta" pelo globo para aumentar a conscientização para a prevenção. 
A data foi criada pela Organização das Nações Unidas (ONU), na tentativa de conscientizar a cerca da questão que é considerada um problema de saúde pública para a Organização Mundial de Saúde.
E a motivação não é sem motivo, as estatísticas sobre as ocorrências de suicídio são crescentes. No mundo, a cada 40 segundos uma pessoa comete suicídio, sendo que um milhão de pessoas por ano tiram a própria vida. No Brasil, 25 pessoas morrem vítimas de suicídio por dia e ao menos outras 50 tentam tirar a própria vida. Os números apontam ainda que as mortes por suicídio superam as mortes por homicídio e guerras combinados.
Outro detalhe importante sobre os casos de suicidas é que estes, em grande parte, sofrem de problemas mentais, e raramente buscam os serviços de saúde. A psicóloga tocantinense Elizama Alencar argumenta que a associação suicídio é problemas mentais está muito presente principalmente na população de baixa renda. “É preciso à formatação de políticas públicas de prevenção voltadas especialmente a este público”, diz. 

Atendimento online
O site CVV (Como vai você) traz um diferencial no atendimento às questões relacionadas à saúde mental, inclusive intenções de suicídio. Através do site http://www.cvv.org.br/ os interessados recebem atendimento online e informações diversas sobre o assunto.

Fonte: (EN)Cena

quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Ambiente de trabalho ruim pode pode prejudicar a saúde mental


Por Paulo Carneiro 
Acadêmico de Jornalismo do CEULP/ULBRA
Trabalhar sob pressão é cada vez mais comum em um mercado tão competitivo. Pressionados, vários profissionais acabam acumulando funções e se desdobrando para cumprir a carga horaria em ambientes muitas vezes hostis e com alto grau de cobrança, o que pode acabar afetando a saúde mental. Um estudo da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP) mostrou que esta é a terceira razão de afastamento de trabalhadores pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).
A professora Elvina Gomes, que trabalhou 20 anos em sala de aula, está afastada há cinco, por causa de problemas enfrentados depois de uma tripla jornada de trabalho. Ela chegou a trabalhar 60 horas por semana acumulando aulas de ensino fundamental em uma escola pública e o trabalho em uma universidade, com aulas das 7h até às 22h. ”Após seis anos com essa jornada de trabalho, comecei a sentir sinais de estresse muito alto”, conta.
Ela diz ainda que o fato de levar os trabalhos dos alunos para corrigir em casa fazia com que com que continuasse ligada as suas atividades diárias, não tendo tempo para o descanso necessário.  E depois de tantos anos agindo da mesma forma o corpo deu o alerta. “Estava estudando tarde da noite com o objetivo de me preparar para a seleção de mestrado, daí deu uma ‘pane’ nos meus órgãos do sentido, do nada não conseguia juntar as letras na leitura, e fui ler em voz alta para ver se saia a fala, não consegui articular as palavras”, disse Elvina. Ela avisou os colegas que a levaram direto para o hospital.
Depois de uma conversa veio o diagnóstico, ela deveria diminuir imediatamente a jornada de trabalho, caso contrário poderia ter um Acidente Vascular Cerebral – AVC a qualquer momento.
Para a psicóloga Christina Tarabay não é possível falar sobre estresse e pressão no trabalho sem mencionar a síndrome de Burnout. “A dedicação exagerada à atividade profissional é uma característica marcante de Burnout, mas não a única. O desejo de ser o melhor e sempre demonstrar alto grau de desempenho é outra fase importante da síndrome: o portador de Burnout mede a autoestima pela capacidade de realização e sucesso profissional”, afirma a psicóloga.
Tarabay diz que o estresse é como um nó apertado que, caso não seja tradado, aperta cada vez mais. “E com tratamento médico é possível ir afrouxando esse ‘nó’ e dando melhor condição de vida para quem passa por esse tipo de problema. Por isso é preciso que o paciente identifique alguns sinais que o corpo vai dando antes de desencadear algum transtorno mental”.

Fique atento aos seguintes sintomas:
1- Sinais de cansaço constante, dores musculares, dores de cabeça e resfriados, além da pressão alterada. Problemas gastrointestinais, distúrbio do sono ou qualquer distúrbio ou incômodo que persista por um período mais longo do que quatro a cinco dias. Atenção também ao estado mental e emocional!

2- Ficar atento ao o nível de tolerância, ânimo e atenção. Irritabilidade, desânimo e falta de concentração.
3- Notar que os pensamentos estão confusos, que anda esquecendo as coisas simples e cotidianas, e se o estado emocional está oscilando.
“Caso seja afirmativa a maioria destas questões, é hora de assumir que precisa cuidar e prestar mais atenção em você mesmo” alerta a psicóloga.

Fonte: (EN)CENA

Disponível em: http://ulbra-to.br/encena/2013/09/11/Ambiente-de-trabalho-ruim-pode-pode-prejudicar-a-saude-mental. Acesso em: 12 set. 2013 

VIII COLÓQUIO INTERNACIONAL - MICHEL FOUCAULT E OS SABERES DO HOMEM


quarta-feira, 11 de setembro de 2013

'Amor à Vida’ reabre discussão sobre hospitais psiquiátricos



Aretha Yarak e Mariana Zylberkan
 
Nos episódios que foram ao ar na primeira semana de setembro, Paloma (Paolla Oliveira), protagonista da novela Amor à Vida, foi internada à força em uma clínica psiquiátrica. Sua internação é mais uma das infindáveis artimanhas do irmão Félix (Mateus Solano), que busca roubar seu posto de preferida do pai, o todo-poderoso César (Antonio Fagundes). No folhetim, o propósito do autor Walcyr Carrasco foi reabrir a discussão sobre o tratamento dos doentes mentais no Brasil. “Há uma corrente que acredita que o paciente deve conviver com a família, fora da clínica. Esse é um ponto de vista profissional e quero propor a discussão”, diz.
Carrasco faz menção à antipsiquiatria, uma abordagem contrária à internação de doentes mentais em hospitais psiquiátricos.
Como tantas teorias surgidas na década de 1960, a antipsiquiatria é um amálgama de pensamento especializado e ideologia esquerdista (com ênfase maior na segunda). Seu pai foi o italiano Franco Basaglia, psiquiatra e militante do Partido Comunista, que tratava a loucura como "construção social" e os hospícios, como instituições destinadas ao controle de "corpos e mentes", em total benefício do status quo. Depois de atingir seu auge nas décadas de 1970 e 1980, o discurso da antipsiquiatria saiu de voga. Não é mais usual encontrá-lo repetido nas escolas médicas. Sua herança, no entanto, ficou.
A antipsiquiatria teve um lado positivo: chamou atenção para a realidade dos manicômios — que quase em toda parte eram casas de horror. Bem mais duvidosa é a maneira como a ela informa, de maneira não declarada, políticas públicas de saúde que buscam pura e simplesmente o fim dos leitos hospitalares dedicados aos doentes psiquiátricos. Aqui, ideias abstratas sobre doença e controle social se sobrepõem à necessidade clínica de tratar cada doente como um caso em particular, que precisa de soluções próprias.
Essa é a realidade do sistema de saúde no Brasil atualmente. Em 2001, foi publicada uma lei que determina o fim progressivo dos hospitais psiquiátricos no Brasil. Há, no entanto, um grupo de psiquiatras que defende, com bons argumentos, que é preciso, ao contrário, um aumento no número de leitos hospitalares psiquiátricos.

Tratamento mental

O ELETROCHOQUE
Na novela Amor à Vida, Paloma é falsamente diagnosticada com esquizofrenia paranoide. A doença é um tipo de psicose na qual a pessoa se desconecta da realidade e perde a capacidade de discernimento. Os sintomas costumam ser manias  persecutórias e delírios. No folhetim, a protagonista é internada, obrigada a tomar algumas medicações e, por não melhorar, submetida ao eletrochoque.
Segundo Antônio Geraldo da Silva, presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria (SBP), a eletroconvulsão terapêutica (nome médico do eletrochoque) é uma técnica permitida nos dias de hoje. "O paciente é anestesiado e não sente dor", diz. Quando submetida a esse tratamento, a pessoa recebe uma baixa corrente elétrica que a induz à convulsão, que dura cerca de 30 segundos — por isso ela chacoalha na maca.
A técnica é eficaz e, normalmente, são feitas de nove a 12 sessões — de uma a duas por semana. O eletrochoque, no entanto, é usado apenas em último caso. Segundo o especialista, são os pacientes graves, que não responderam bem à nenhuma medicação, que têm indicação para a técnica.
Manicômios — “A noção de doença mental é usada para identificar ou descrever alguns aspectos da chamada personalidade de um indivíduo”, escreveu o psiquiatra húngaro Thomas Szasz (1920-2012), uma das referências da antipsiquiatria, em artigo publicado no periódico American Psychologist, em 1960. Ao insistir que as fronteiras entre normalidade e loucura eram porosas, o movimento forçou uma revisão dos tratamentos psiquiátricos — e sobretudo dos locais onde ele acontecia, os hospitais conhecidos como manicômios.
Na década de 1970, a luta contra essas instituições estava a pleno vapor. Lutava-se para acabar com situações como a do Hospital Colônia, o maior hospício do Brasil. Aberto em 1903 em Barbacena, há indícios de que 60.000 pessoas morreram no local até seu fechamento, na década de 1980 — vítimas de seções fatais de choques elétricos, inanição, precárias condições de higiene e assassinatos. 
No livro O Holocausto Brasileiro (Geração Editorial) a jornalista Daniela Arbex narra a história do hospital. Segundo registros do local, 70% dos pacientes que passaram por lá nunca foram devidamente diagnosticados. É certo que nem todas as pessoas entregues a essas instituições tinham distúrbios mentais. Homossexuais, criminosos, portadores de doenças venéreas muitas vezes eram ali internados. A história de Paloma em Amor à Vidaremete claramente a episódios como esses: ela não é doente, mas vítima de um golpe.
Herança — Pôr um fim em situações como a do Hospital Colônia era, obviamente, um objetivo legítimo. Algo diferente é afirmar que a doença psiquiátrica é sempre uma "construção social" e que o tratamento hospitalar de pessoas com problemas desse tipo deve ser banido. Hoje, o sistema de saúde brasileiro tem como meta reduzir ao máximo o número de leitos psiquiátricos, e encaminhar os doentes ao tratamento em ambulatórios. A ideia é falha quando se trata de pacientes graves. Na maioria dos casos de surto, a pessoa precisa ser internada por um período indeterminado, que pode durar poucos dias, meses ou anos. “Se o paciente coloca em risco a vida dele e a de outra pessoa, ele precisa ser hospitalizado pelo tempo que for necessário”, diz Antonio Geraldo da Silva, presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria.
No Brasil, entretanto, isso tem se tornado cada vez mais difícil. Só no município de São Paulo, de 15 a 20 internações de pacientes em surto não podem ser atendidas por dia. “O SAMU [serviço de atendimento móvel de urgência] não está preparado para atender essa população e chega a recusar esses pacientes”, diz Geraldo da Silva. Segundo um levantamento recente, cerca de 1.500 esquizofrênicos moram nas ruas de São Paulo, e metade da população carcerária do País tem algum tipo de problema mental. “Dentro dos prontos-socorros, os médicos não estão preparados para atender esses pacientes. O cenário no Brasil hoje é muito ruim”, diz.
Para o Ministério da Saúde, investir nesses centros especializados, com equipes multidisciplinares, significa humanizar o tratamento. A ação integra a política do governo de abolir os hospitais psiquiátricos. “Essas instituições servem apenas para deixar a doença crônica”, diz o sanitarista Helvécio Magalhães, secretário de Atenção à Saúde do Ministério da Saúde. De 2002 a 2012, o número de leitos psiquiátricos em hospitais públicos passou de 51.393 para 29.958. “No início da década de 1990 existiam 120.000 leitos”, diz Valentim Gentil, psiquiatra do Instituto de Psiquiatria da Universidade de São Paulo (USP).
Essa queda drástica no número de leitos é acompanhada por um aumento no número dos Centros de Atenção Psicossocial, os chamados CAPs: passaram de 424 unidades, em 2002, para 1.803, em 2012. “O problema é que o CAP não é suficiente. A grande maioria fecha às 18 horas, a família tem que ter disponibilidade para levar e buscar todos os dias e alguns pacientes simplesmente não se adaptam”, diz Gentil. De acordo com o especialista, a maioria dessas unidades também não tem psiquiatra à disposição, nem está preparada para atender um paciente em surto. “O tratamento da saúde mental está em colapso”, diz.
Segundo o professor de psiquiatria da Faculdade de Medicina da USP e diretor do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas, Wagner Gattaz, o modelo de tratamento oferecido pelo governo decorre de um cálculo político injustificável. “Como louco não vota e nem protesta, viu-se como algo interessante acabar com os hospitais psiquiátricos para economizar”, diz Gattaz. Em 2011, foram gastos 525,71 milhões de reais para manter 32.284 leitos hospitalares. Se tivessem sido mantidos os 120.000 leitos em hospitais públicos originais, existentes na década de 1990, os gastos seriam quase quatro vezes maiores, segundo dados do próprio Ministério da Saúde. Enquanto isso, foram gastos, também em 2011, 1,2 bilhão de reais para manter 1.742 unidades do CAPs. Em uma conta grosseira, acabar com os leitos hospitalares rendeu, em um ano, uma economia de meio milhão de reais aos cofres públicos.
Terapia — Tratar doentes mentais, alertam especialistas, é uma tarefa complexa e multidisciplinar. De acordo com Gentil, os CAPs são necessários, desde que haja também investimento em outras áreas da saúde mental. “Além desses centros é preciso ter ambulatórios, leitos em hospitais gerais e em hospitais especializados, uma moradia supervisionada e casas de transição onde o paciente se prepara para voltar à sociedade”, diz.
As moradias supervisionadas são casas onde pacientes graves e crônicos passam a morar, sempre acompanhados de atendimento especializado. Em algumas cidades do país, isso já vem sendo colocado em prática, como em Belo Horizonte. “São locais pequenos, cabem no máximo 20 pessoas. Ali vivem os pacientes que têm no convívio com a família e a sociedade algo impossível”, diz o psiquiatra Francisco Paes Barreto. A iniciativa, no entanto, ainda é pontual e precária.

Fonte: Veja