Acadêmica de Jornalismo do CEULP/ULBRA
“Não é aquela criança que não presta atenção em nada, mas sim aquela que presta atenção em tudo o tempo todo”.
Dra. Ana Beatriz B. Silva, psiquiatra e especialista em medicina do comportamento
Por vezes mal identificado, o Transtorno de Déficit de Atenção com hiperatividade (TDAH) atinge 5 a 8% das crianças no mundo e acompanha o indivíduo durante toda a vida. Esse distúrbio é caracterizado pela inquietude, impulsividade, hiperatividade e fácil distração. As dificuldades surgem já na escola, ao lidar com professores, colegas e novos desafios.
A pedagoga e especialista em distúrbios de aprendizagem Karen Kaufmann Sacchetto explica que, no cérebro de uma criança com TDAH, ocorre uma alteração no funcionamento dos neurotransmissores e suas conexões. “Estudos mostram que os portadores do transtorno têm uma falha da conexão da região central orbital do cérebro com o restante dele. Essa área frontal é responsável pela inibição de comportamentos considerados inadequados”, afirma Karen.
O (En)Cena abordou o assunto recentemente, sob o viés de entender o transtorno: doença ou invenção?
Mas como lidar com a criança hiperativa na escola, onde é habitualmente chamada de avoada, dispersa, desinteressada e atrapalhada?
Entenda, antes de tudo, que tais adjetivos não contribuem em nada para o desenvolvimento psicológico e emocional dela.
Pessoas que apresentam TDAH enfrentam dificuldades para realizar atividades do dia-a-dia. Encontram grandes problemas para concluir tarefas, organizar materiais, entender questões extensas e lembrar de situações. Quem lida com a criança hiperativa deve se reeducar com vocabulários, atitudes e doses de paciência ao longo da delicada convivência.
Pessoas que apresentam TDAH enfrentam dificuldades para realizar atividades do dia-a-dia. Encontram grandes problemas para concluir tarefas, organizar materiais, entender questões extensas e lembrar de situações. Quem lida com a criança hiperativa deve se reeducar com vocabulários, atitudes e doses de paciência ao longo da delicada convivência.
Na escola
A Associação Brasileira do Déficit da Atenção (ABDA) explica quenão existem escolas especializadas em TDAH no Brasil. O que existem são “vários profissionais de educação (sejam eles professores, coordenadores, diretores educacionais, psicólogas escolares, pedagogas e psicopedagogas) capacitados no assunto e que lidam com as crianças portadoras do transtorno”, comenta. Explica ainda que, diferente do que muitos acreditam, as técnicas utilizadas pelos professores não visam controlar os sintomas, mas sim adaptar o ensino às dificuldades que eles.
Professores devem, inicialmente, fazer uma avaliação das reais necessidades do aluno com o déficit de atenção com hiperatividade. Devem avaliar a dificuldade mais importante desse aluno e o que mais atrapalha no desempenho escolar dele. A ABDA recomenda algumas estratégias pedagógicas que auxiliam no processo de memorização e aprendizado do aluno:
§ Não critique ou aponte, em hipótese alguma, os erros cometidos como falha no desempenho. Alunos com TDAH precisam de suporte, encorajamento, parceria e adaptações. Esses alunos devem ser respeitados. Isto é um direito! A atitude positiva do professor é fator decisivo para a melhora do aprendizado.
§ Quando o aluno desempenhar a tarefa solicitada, ofereça sempre um feedback positivo (reforço) por meio de pequenos elogios e prêmios que podem ser: estrelinhas no caderno, palavras de apoio, um aceno de mão... Os feedbacks e elogios devem acontecer sempre e imediatamente após o aluno conseguir um bom desempenho compatível com o seu tempo e processo de aprendizagem.
§ Na medida do possível, ofereça para o aluno e toda a turma tarefas diferenciadas. Os trabalhos em grupo e a possibilidade do aluno escolher as atividades nas quais quer participar são elementos que despertam o interesse e a motivação. É preciso ter em vista que cada aluno aprende no seu tempo e que as estratégias deverão respeitar a individualidade e especificidade de cada um.
§ Opte por, sempre que possível, dar aulas com materiais audiovisuais, computadores, vídeos, DVD, e outros materiais diferenciados como revistas, jornais, livros etc. A diversidade de materiais pedagógicos aumenta consideravelmente o interesse do aluno nas aulas e, portanto, melhora a atenção sustentada.
§ Explique de maneira clara e devagar quais são as técnicas de aprendizado que estão sendo utilizadas. Exemplo: explique e demonstre na prática como usar as fontes, materiais de referência, anotações, notícias de jornal, trechos de livro etc.
§ Defina metas claras e possíveis para que o aluno faça sua autoavaliação nas tarefas e nos projetos. Este procedimento permite que o aluno faça uma reflexão sobre o seu aprendizado e desenvolva estratégias para lidar com o seu próprio modo de aprender.
§ Adaptações ambientais na sala de aula: mude as mesas e/ou cadeiras para evitar distrações. Não é indicado que alunos com TDAH sentem junto a portas, janelas e nas últimas fileiras da sala de aula. É indicado que esses alunos sentem nas primeiras fileiras, de preferência ao lado do professor para que os elementos distratores do ambiente não prejudiquem a atenção sustentada.
§ Use sinais visuais e orais: o professor pode combinar previamente com o aluno pequenos sinais cujo significado só o aluno e o professor compreendem. Exemplo: o professor combina com o aluno que todas as vezes que percebê-lo desatento durante as atividades, colocará levemente a mão sobre seu ombro para que ele possa retomar o foco das atividades.
§ Use mecanismos e/ou ferramentas para compensar as dificuldades memoriais: tabelas com datas sobre prazo de entrega dos trabalhos solicitados. Use post-it para fazer lembretes e anotações para que o aluno não esqueça o conteúdo.
No site da Associação estão disponíveis materiais para consulta com mais dicas de estratégias de convivência, socialização e identificação do transtorno.
Fonte: (EN)CENA
Disponível em: http://ulbra-to.br/encena/ 2013/09/09/Hiperatividade-na- infancia-como-lidar . Acesso em: 10 set. 2013
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