Acadêmica de Jornalismo do CEULP/ULBRA
Uma pesquisa realizada pela Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP) trouxe mais uma visão sobre os transtornos mentais e suas origens. A pesquisa foi divulgada no primeiro semestre deste ano, ouviu 160 pessoas, e defende que os transtornos podem ter ligação com as pressões impostas no ambiente do trabalho.
“A pressão da responsabilidade quando assumi um cargo de chefia, uma série de questões danosas, como impossibilidade de realizar os projetos, e até mesmo falta de reconhecimento, provocaram a síndrome do pânico que sofri”, a declaração é da funcionária pública, L.P, 41 anos, que optou por abandonar o cargo e primar pela saúde. “São sensações horríveis, temer tudo, não conseguir realizar tarefas comuns. Escolhi cuidar de mim. A psicoterapia me ajudou muito, e precisei tomar medicamentos. Mas hoje cuido melhor de mim, não há salário que pague a minha saúde”, conta.
A pesquisa também encontra respaldo nos dados do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) em que consta que esta é a terceira razão de afastamento de trabalhadores. O coordenador da pesquisa, o médico do trabalho João Silvestre da Silva Júnior, percebeu crescimento de registros de afastamentos por ocorrências ligadas a questões comportamentais que resultavam em distúrbios psicológicos.
A jornalista tocantinense S.G. 38 anos, entende bem os problemas que o excesso de trabalho acarreta. “Já tomei antidepressivos por mais de um ano, adquiri lesões por esforço repetitivo, tinha sérios problemas de tensão muscular, já que o estresse se manifesta onde você está mais frágil, seja no corpo, na mente, ou em ambos”, conta. A profissional mudou parte da rotina de trabalho, e hoje, toma cuidados para não retomar a situação de estresse. “Melhorar a qualidade de vida é um desafio diário".
Buscar uma melhor alimentação, às vezes esbarra em dificuldades, como falta de tempo para preparar a própria comida, mas é preciso insistir. A prática esportiva também tem ajudado bastante, apesar de muitas vezes esbarrar em limitações de tempo. Nem sempre consigo ir para a academia três vezes por semana, mas me esforço”, diz, acrescentando que já acompanhou casos de colegas que não tiveram a mesma sorte. “Tenho uma colega que teve que abandonar a profissão devido a uma série de problemas de saúde adquiridos ao longo dos anos. Hoje ela é artesã, mudou completamente o estilo de vida, em nome da sanidade física e mental”, conta.
Situações
Os danos psicológicos ocorrem, de acordo com o estudo, devido às violências sofridas no trabalho, tais como humilhação, perseguição, além de agressões físicas e verbais. O médico elegeu quatro motivações fundamentais de prejuízos a saúde mental relacionadas ao ambiente do trabalho: alta demanda; problemas nos relacionamentos interpessoais; desequilibro entre esforço e recompensa (principalmente relacionado a reconhecimento, não somente a questões monetárias) e, por último, a dedicação demasiada ao trabalho.
Entre os detalhes da amostragem, destaca-se o fato de ocorrer em maior quantidade entre as mulheres, e em pessoas com nível de escolaridade alto (com mais de 11 anos de estudo).
Dados e custos
De acordo com Anuário Estatístico da Previdência Social de 2011, os transtornos mentais foram motivações para o afastamento de mais de 211 mil pessoas no período, o que gerou o custo de R$ 213 milhões.
Fonte: (EN)Cena
Disponível em: <http://ulbra-to.br/encena/
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