Powered By Blogger

quinta-feira, 24 de outubro de 2013

O Suicídio e suas complexidades

Por Jéssica Rodrigues Lima 
Acadêmica de Jornalismo do CEULP/ULBRA

A palavra suicídio vem do latim “sui” = si mesmo e “caedes” = ação de matar. Foi utilizada pela primeira vez por Desfontaines, em 1737 e significa morte intencional auto-inflingida, isto é, quando a pessoa, por desejo de escapar de uma situação de sofrimento intenso, decide tirar sua própria vida.
              
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), cerca de três mil pessoas por dia cometem suicídio no mundo, o que significa que a cada 30 segundos uma pessoa se mata. Estima-se que para cada pessoa que consegue se suicidar, 20 ou mais tentam sem sucesso e que a maioria dos mais de 1,1 milhão de suicídios a cada ano poderia ser prevista e evitada.
O suicídio é atualmente uma das três principais causas de morte entre os jovens e adultos de 15 a 34 anos, embora a maioria dos casos aconteça entre pessoas de mais de 60 anos. Ainda conforme informações da OMS, a média de suicídios aumentou 60% nos últimos 50 anos, em particular nos países em desenvolvimento. Cada suicídio ou tentativa provoca uma devastação emocional entre parentes e amigos, causando um impacto que pode perdurar por muitos anos.
As tentativas do suicídio ou sua prática são decorrentes de vários fatores. O indivíduo pode fazê-lo numa tentativa de se livrar de uma situação de extrema aflição, para a qual acha que não há solução. Tal ato pode ainda ser cometido por alguém que está num estado psicótico, ou seja, fora da realidade; por achar que está sendo perseguido, sem alternativa de fuga; por se sentir deprimido, achando que a vida não vale a pena; por ter uma doença física incurável, o que o deixa sem esperança ou por ser portador de um transtorno de personalidade e em um momento de impulso ou para chamar atenção, atenta contra a própria vida.
O suicídio geralmente não pode ser previsto, mas existem alguns sinais indicadores de risco, como tentativa anterior ou fantasias de suicídio; disponibilidade de meios para o suicídio; ideias de suicídio abertamente faladas; preparação de um testamento; luto pela perda de alguém próximo; história de suicídio na família; pessimismo ou falta de esperança, entres outros indicadores. Pessoas que apresentem esses sinais devem ser observadas mais atentamente. No entanto, não é possível saber com exatidão que o indivíduo que apresenta tais sinais vai cometer suicídio, pois a ideia de morrer pode mudar em sua mente a qualquer momento.
Cabe a família, amigos e pessoas próximas observar os sinais que uma pessoa apresenta. Quando existe a preocupação a respeito de um risco iminente de suicídio, é necessário que o indivíduo seja encaminhado a uma avaliação psiquiátrica, em emergências de hospitais que trabalhem com psiquiatria, para que se possa avaliar adequadamente o risco e oferecer um tratamento para essa pessoa.
Se o risco for avaliado como muito grave, o tratamento poderá ser uma internação, ou tratamento ambulatorial (consultas regulares com psiquiatra), ocasião em que é feita uma avaliação das circunstâncias da vida da pessoa, se ela tem uma família que possa estar presente, observando-a e fornecendo-lhe suporte, e à qual, ela própria, apesar da vontade de se matar, possa comunicar isso e pedir ajuda antes de cometer o ato.
O suicídio através dos tempos e da cultura
A forma como a sociedade reage ao suicídio varia de acordo com a cultura e período histórico em questão. Na Roma antiga, a morte não significava muito, era mais importante o meio de morrer, como um ato digno e realizado no momento certo. Entre os primeiros cristãos, morrer significava libertar-se deste mundo de dores e sofrimentos, dos pecados. Assim, a morte era como tomar um caminho mais curto que conduzisse ao Paraíso.
A história mudou nos séculos V e VI, nos Concílios de Orleans, Braga e Toledo. Estes encontros deliberaram uma mudança de rumos, proibindo qualquer homenagem aos suicidas, e mesmo aqueles que só tentavam e não conseguiam êxito, eram excomungados. Assim, o suicídio tornou-se um crime e um hediondo pecado, e suas consequências poderiam agora se estender inclusive aos familiares, que enfrentavam preconceitos e perseguições. Somente no Renascimento, uma época mais romântica, o suicida foi resgatado e em torno dele instituiu-se uma aura de respeito e de certo fascínio.
Em algumas culturas, como a japonesa, esta atitude pode ser considerada uma forma digna de fugir de contextos que envolvem vergonha e culpa, como o harakiri, praticado antigamente entre os guerreiros samurais.
Ato de nobreza, libertação, busca por refúgio, crime ou pecado. O fato é que o suicídio está se tornando cada vez mais comum e está entre as principais causas de morte. Geralmente a sociedade responde a essa atitude com o silêncio. Talvez pela delicadeza do assunto, pelo espanto que pode causar ou pelas discussões complexas sobre a natureza dessa questão social, que em alguns lugares é considerada um problema de saúde pública. De fato, o assunto é tabu. No entanto, não podemos fechar os nossos olhos e nos calar diante dessa situação, como se o suicídio fosse algo distante da nossa realidade. Ele é real e a prevenção é o caminho.

Fonte: (EN)Cena

Disponível em: <http://ulbra-to.br/encena/2013/10/23/O-Suicidio-e-suas-complexidades>. Acesso em: 24 out. 2013

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.