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sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Guia Explica o Beabá das Terapias e as Diferenças e Semelhanças Entre os Tratamentos


De acordo com a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), cerca de 23 milhões de brasileiros necessitam de algum atendimento relacionado à saúde mental. Considerando somente crianças, mais de cinco milhões sofrem com transtornos mentais. Diante de números tão altos, cresce em igual proporção a quantidade de tratamentos disponíveis. E eles variam das sessões de psicanálise, criadas por Freud na primeira metade do século XX, até os métodos que utilizam dados computadorizados com ajuda das Teorias Cognitivas. 
Alternativas não faltam, e claro, também "sobram" nomes para todo este universo das terapias. Neste meio, é comum dar nomes diferentes para o mesmo tratamento, ou até juntar duas teorias e criar uma nova maneira de ajudar o paciente a superar seus medos e aflições. Para o professor da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e pós-doutor em Psicologia Experimental, Elizeu Borloti, mais importante que as formas de tratamento são os resultados. "Em minha opinião, a despeito da babel vocabular na área, o que os profissionais fazem e a efetividade do que fazem é que mais interessa ao grande público", acredita.
O professor Borloti diz ainda que apesar das diferenças, existe uma nomenclatura comum a todas as terapias. Na tabela abaixo, é possível verificar a classificação disponibilizada por pesquisadores vinculados a renomadas universidades do Canadá. Confira.
Os 16 domínios da ação de um terapeuta são:

1. Foco na atenção: pedir ao paciente para fazer contato e aceitar o que está acontecendo no exato momento no corpo dele (os próprios pensamentos, sensações e sentimentos).

2. Treinamento de habilidades relacionadas ao corpo: o paciente aprende a monitorar e mudar hábitos e sensações (ex.: em crises de depressão ou ataques de pânico).

3. Manejo de ambiente: o paciente age para aumentar a probabilidade de ele agir como deseja ou para ocorrer o que ele deseja (ex.: escreve uma carta ao marido infiel).

4. Distração: o paciente é instruído a desviar a atenção de sentimentos e pensamentos.

5. Educação: o paciente aprende, direta ou indiretamente, a descrever o que faz um problema permanecer e como superá-lo.

6. Expressão de empatia: o terapeuta expressa entendimento e aceitação de sentimentos do paciente (ex.: "às vezes dá vontade de abandonar tudo...").

7. Mudança de ambiente: mudança planejada ou não do ambiente mais amplo do paciente (ex.: casamento).

8. Exposição: o paciente é encorajado a enfrentar o que evita (ex.: situações, sentimentos, pensamentos, sensações e imagens).

9. Demonstração e expressão de sensações e pensamentos não conscientes: o paciente descobre sentimentos e pensamentos dos quais não está consciente.

10. Planejamento e realização de meta:o paciente define seus problemas, as metas para solucioná-los e os passos para atingir objetivos.
11. Tarefas de casa: o paciente planeja e realiza ações entre as sessões, no ambiente natural (ex.: pensar sobre o que disse para o terapeuta, ligar para um amigo, etc.).

12. Treinamento de habilidades sociais: o paciente interage de modo mais adequado com o terapeuta (ex.: expressando sentimentos) ou com outras pessoas, em simulações de interações no consultório.

13. Aprendizagem direta ou indireta: o comportamento desejado vai sendo fortalecido gradualmente (ex: construção da intimidade) ou é aprendido a partir do comportamento do terapeuta ou de personagens da ficção (ex.: novelas)

14. Aquisição de uma nova visão: o paciente passa a ver as coisas de forma diferente por argumentação oral ou por escrito (ex.: poesias).

15. Desempenho de papéis: o paciente faz algo na imaginação ou na realidade, para melhorar diretamente um aspecto da sua vida ou para se ver, ou ver alguém, de uma outra perspectiva (ex: assumir o lugar do seu pai severo e distante).

16. Auto-revelação do terapeuta: o terapeuta usa seu próprio sentimento, lembrança ou ação, em geral, na relação com o paciente, para ajudar o paciente.

Estes 16 domínios receberão nomes diferentes, dependendo do tipo de terapia que o especialista fizer. Por exemplo, a "aquisição de uma nova visão” pode ser chamada de "insight", "reestruturação cognitiva", "clarificação de valores", "novo self” e assim por diante.

QUAL TERAPIA UTILIZAR?
O mais importante em uma terapia é a relação terapeuta-paciente. Por isso, é importante pesquisar muito e ter uma ideia clara dos objetivos que o paciente busca alcançar. "Os dados, quando divulgados, fazem com que essas pesquisas sejam mais indicadas para determinados casos. Por exemplo, há um estudo muito famoso mostrando que a exposição ao objeto temido (um procedimento de terapia comportamental), produz as mesmas modificações que os remédios produzem no cérebro de pacientes com transtorno obsessivo compulsivo (TOC)", diz o professor Borloti.
QUAIS SÃO AS MAIS CONHECIDAS? 
Psicólogo e doutor em Psicologia do Desenvolvimento da Personalidade, Adriano Jardim relacionou algumas das terapias mais utilizadas em todo o mundo.
Terapias do Relacionamento: É nesta linha que são estudadas as áreas afetivas e emocionais das pessoas. Neste campo, os principais destaques vão para os humanismos. Entre eles, pode-se destacar a Gestalt Terapia, a Logo Terapia, o Psico-Drama, a Abordagem centrada na pessoa e outros. Todas as linhas de estudo citadas possuem o objetivo de colocar o indivíduo de prontidão a vivenciar e reproduzir de alguma maneira a situação problemática que é relatada em terapia. Nas sessões em que alguns dos exemplos acima são utilizados, a pessoa ao invés de simplesmente relatar os problemas que vive é convidada a reviver essa situação. A base dessas terapias é a relação com o terapeuta. De certa forma, o profissional conduz o processo da terapia para esse encontro que vai colocar o paciente frente a frente com seus dramas.
Terapias de Insight: Neste caso, o trabalho é realizado para que o indivíduo tome consciência sobre os problemas, sobre seu passado e encontre em algum lugar a experiência traumática que o atormenta. Neste campo, a terapia mais famosa é a Psicanálise e seus vários modelos. Entre eles destacam-se a Psicanálise Freudiana, tradicional, com divã e diversas sessões por mês ou semana. Esse processo foi criado em Viena, ainda na primeira metade do século XX, por Sigmund Freud.
O trabalho do ilustre austríaco serviu de base para a criação de muitas outras teorias que tomam por base a Psicanálise. As adaptações mais conhecidas são as feitas por Lacan, Winnicott (baseada no encontro e no afeto) e a análise de sonhos de Carl Jung. Todas essas teorias citadas levam o paciente a colocar a mente para encontrar as razões dos principais problemas relatados. Para isso, um método muito utilizado é a volta ao passado e às experiências de infância que possam ter causado traumas. 
As diferenças entre as várias formas de psicanálise variam de acordo com seus criadores. Na mais famosa delas, a desenvolvida por Freud, o tratamento é focado em pessoas neuróticas, onde o paciente é colocado de costas para o terapeuta. Esse procedimento é realizado para que o consultado não sofra nenhuma influência externa. O objetivo é fazer uma revisão de personalidade profunda, voltar ao passado, nas bases e nas primeiras relações com a família. 
Outras formas de psicanálise, como as desenvolvidas por Lacan, Jung e Winnicott levam a interação do paciente com o psicanalista. Diferente do tratamento criado por Freud, nesses procedimentos o paciente fica de frente com o terapeuta e os encontros são mais raros. Muitas vezes eles só acontecem uma vez por semana. 
Nessas variações, o terapeuta busca identificar a personalidade do paciente com base nas experiências passadas do mesmo. As relações da infância e criação da família possuem grande influência. Este método é menos intensivo do que o utilizado por Freud. 
Terapias pedagógicas: Nesse campo de estudo, especificamente, se encontram as terapias de modificação de comportamento. O objetivo principal é mudar alguma prática ou hábito que sejam nocivos à saúde física e mental dos pacientes. Para isso, as razões que levaram a tal comportamento não são tão importantes. O que importa são as condições que permitem a repetição dessas ações. 
Para combater esses comportamentos nocivos, o terapeuta levanta um verdadeiro inventário de todas as ações que o paciente desempenha no dia a dia. Isso inclui os pensamentos e sentimentos que levam ao comportamento nocivo. 
Esse tipo de terapia combate o uso de drogas e outras práticas nocivas. Uma técnica muito utilizada é o Behaviorismo, focado na modificação de hábitos ou comportamentos. Diferente das outras terapias, ele não estuda os sonhos ou revive situações passadas, e sim busca quais situações específicas levam ao mau comportamento. A partir desse momento, ações objetivas são traçadas para que isso não se repita. 
Terapias Cognitivas, um pouco de cada uma: Nessa linha de pesquisa há uma junção de cada uma das teorias descritas anteriormente. Ela aproveita os avanços das outras três linhas e tenta oferecer um modelo abrangente para apresentar novas alternativas de tratamento. É a mais utilizada nos dias atuais.
 
Fonte: Gazeta Via Associação Brasileira de Psiquiatria
 
Disponível em:<http://www.abp.org.br/portal/imprensa/clipping-2>. Acesso em: 05 out. 2012.

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