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terça-feira, 30 de outubro de 2012

‘O Impacto das Doenças Mentais é Maior Que o Das Cardiovasculares’, Diz Pesquisador.


Diretor Diretor do Instituto de Psicologia Clínica da Universidade de Dresden, na Alemanha, afirma que aumento de casos de ansiedade e depressão é tendência também no Brasil.
Questão de idade. Para Wittchen, o aumento da expectativa de vida é um dos fatores determinantes para o crescimento das doenças mentais: idosos são mais propensos à depressão
Mais de 160 milhões de pessoas sofrem de doenças mentais na Europa, a maioria de ansiedade e depressão, os chamados distúrbios de humor. Hans-Ulrich Wittchen, diretor do Instituto de Psicologia Clínica e Psicoterapia da Universidade Técnica de Dresden, na Alemanha, afirma que a tendência existe também nos Estados Unidos e no Brasil, e atinge mais as mulheres que os homens.
Por que há hoje mais casos de depressão do que antes?
Nos últimos dez anos, um número maior de europeus passou a sofrer de doenças mentais. Os distúrbios são graves e afetam as pessoas por mais tempo, muitas vezes a vida inteira. É que houve um aumento da expectativa de vida, as pessoas vivem mais e o tempo de duração da doença é também maior. Em quase todos os países, a expectativa de vida aumentou em oito anos nas últimas décadas, e pessoas idosas são também mais propensas à depressão.
No editorial “The burden of mood disorders” (o fardo dos distúrbios de humor), da revista “Science”, o senhor fala sobre a tendência nos países europeus — e nos outros continentes — do pouco tratamento dispensado aos distúrbios mentais, o que geraria um transtorno ainda maior para a sociedade do que as doenças cardiovasculares.
Nosso estudo é sobre a Europa, mas a tendência ocorre no mundo inteiro, também nos Estados Unidos e no Brasil. Na Europa, 164 milhões de pessoas sofrem de distúrbios mentais. As doenças psíquicas são o maior desafio para o sistema de saúde europeu no século XXI. O relatório anual do Conselho Europeu do Cérebro, de 2011, revela que 50% dos custos totais de saúde são investidos no diagnóstico e na terapia de doenças cardíacas ou diabetes, enquanto apenas 23% dos custos são gastos com os distúrbios mentais.
Os problemas mentais são considerados menos graves?
Exatamente. E eles são muito graves, para os pacientes e também para a sociedade. É claro que é grave quando alguém sofre um infarto ou desenvolve diabetes, mas o impacto das doenças mentais é maior para a sociedade, porque faz com que pessoas, aparentemente saudáveis, passem 30 anos sem conseguir trabalhar. Os custos para a sociedade são de bilhões e bilhões de euros. A doença ataca mais mulheres do que homens, e isso ocorre porque as mulheres têm uma jornada dupla — cuidam dos filhos, da casa, trabalham fora — e, além disso, porque elas vivem em média seis anos a mais do que os homens.
Qual é o papel do estresse da vida moderna no aumento dos casos de depressão?
O estresse pode fazer surgir um novo caso de depressão. Por outro lado, as pessoas que sofrem de depressão sentem mais estresse em alguns tipos de atividades que para outras pessoas não teriam o mesmo peso, como cuidar dos filhos ou realizar as tarefas profissionais. Uma pessoa em depressão não aguenta trabalhar oito horas diárias consecutivas, por isso os efeitos da doença são graves para a sociedade.
Quer dizer que as pessoas sofrem mais de estresse porque já sofrem de um distúrbio psíquico?
Exatamente. O estresse sozinho não causa doenças mentais. Observe países onde as pessoas sofrem muito, passam fome, vivem em terríveis condições de pobreza, ou em guerra civil. Essas pessoas têm um alto nível de estresse, mas não têm mais doenças mentais do que em países onde não há fome ou guerra civil. O ser humano aprendeu a conviver com essas situações ao longo da evolução. Nós aprendemos a lutar pela sobrevivência, mas nós não aprendemos a conviver com a situação de não saber o que fazer profissionalmente.
Quais são os distúrbios mentais mais frequentes?
O mais frequente é a ansiedade, que afeta cerca de 14% da população, a depressão grave vem em segundo lugar, com 7%. Muitas vezes, a doença começa com ansiedade para mais tarde virar depressão.
Quais são as causas?
Ter medo sempre foi algo importante na história da evolução, toda pessoa pode ter medo de vez em quando e isso é inteiramente normal. O medo nos ajudou a sobreviver. Ficar triste também faz parte da condição humana, isso mostra que há regulação entre o medo, a angústia e a depressão. Mas em situações extremas da vida, desafios para as quais a pessoa não está preparada, o mecanismo normal de regulação não funciona e a pessoa pode adoecer de depressão. As condições sociais são um terreno fértil para a doença, mas a depressão não é causada só pelo estresse.
O senhor disse que a ansiedade e a depressão podem ser sentimentos comuns, inerentes ao ser humano. A partir de quando o senhor definiria os dois distúrbios como doenças mentais?
Trata-se de uma pergunta tão difícil de responder quanto delimitar quando começa exatamente a diabetes. Há uma série de critérios, mas, para simplificar, tudo o que é passageiro pode ser um estado de espírito, como o ficar triste. Falamos sobre depressão quando a situação é constante, dia após dia, noite após noite, sem que a pessoa melhore.
A depressão é o que motiva as pessoas que tentam o suicídio?
Não. O suicídio tem algo a ver com depressão mas esta, sozinha, não é a causa do suicídio. Um paciente de depressão não tem a energia para praticar o suicídio. Já o paciente de síndrome de pânico que tem também depressão, sim.
Há progressos na terapia contra a depressão?
Nos últimos 20 anos, com o surgimento de novos medicamentos e métodos de terapia, os distúrbios mentais passaram a ser tratados com mais eficácia. Há muitos novos antidepressivos e o tratamento começou a ser personalizado, leva em consideração o metabolismo da substância no fígado, o que é influenciado pela constituição genética. Com isso, é possível controlar melhor o medicamento e, além disso, há novas terapias complementares de comportamento.
Qual é o objetivo do projeto de pesquisa das doenças mentais da União Europeia, do qual o senhor participa?
O projeto tem em vista uma conscientização maior e combate dos distúrbios mentais através da pesquisa. A UE nos passou a tarefa de fazer um mapeamento das doenças mentais e um plano de ação sobre o que precisa ser feito nos próximos 20 anos para o combate aos principais problemas. Finalmente, a UE passou a levar muito a sério os distúrbios psíquicos.

Fonte: Jornal O Globo

AMP Realizará XVI Jornada Maranhense de Psiquiatria Nos Dias 8 e 9 de Novembro


A Associação Maranhense de Psiquiatria (AMP) realizará, nos dias 8 e 9 de novembro, a XVI Jornada Maranhense de Psiquiatria. Com o tema “Psiquiatria e Saúde Mental no Novo Milênio: Diálogo e Interrelações com as Especialidades Clínicas”, o evento é destinado a psiquiatras, estudantes de enfermagem e medicina, além de profissionais que atuam na área.
De acordo com a presidente da AMP, Maria da Graça Guimarães Souto, este ano foi fechado uma parceria com o Conselho Regional de Medicina (CRM) a fim de oferecer um espaço que seja condizente com as expectativas da Jornada. “São esperados mais de 200 inscritos das diferentes áreas. Assim, realizaremos o evento no auditório do CRM, que comportará todos os participantes que almejam atualização profissional”, disse.
Para os que desejarem participar da Jornada, que abordará temas de conhecimento científico aplicados às especialidades clínicas, poderão enviar e-mail paraamaranhensepsiqui@hotmail.com – para receber a programação completa do evento. As inscrições poderão ser feitas antecipadamente na sede do CRM.
 
:: Serviço
XVI Jornada Maranhense de Psiquiatria
Data: 8 e 9 de novembro de 2012
Local:  Auditório do Conselho Regional de Medicina – CRM, Rua Carutapeba 2, quadra 37b – Jardim Renascença, São Luis, MA
Informações:  (98) 3227-0856
 
Fonte: Associação Brasileira de Psiquiatria
 
Disponível em:<http://www.abp.org.br/portal/archive/9356>. Acesso em: 30 out. 2012.

Freud Não Explica


Passar anos no divã falando sobre a infância está saindo de moda. Cada vez mais psicólogos e pacientes adotam terapias rápidas e focadas em resultados, que não estão nem aí para as ideias do pai da psicanálise
O doutor Sigmund Freud deve estar se revirando no túmulo. Ele viveu o suficiente para ver sua proposta de cura pela fala e suas teorias sobre o inconsciente se popularizarem ainda na primeira metade do século 20. Talvez não imaginasse, porém, que tantas linhas diferentes de terapia surgiriam depois disso. E muito menos que, 100 anos depois, algumas delas pudessem até colocar em xeque a relevância da psicanálise dentro da psicologia, ciência que ajudou a fundar.
“Eu nunca vi a psicanálise resolver problema de ninguém. É diferente analisar um problema e resolvê-lo. Uma pessoa de temperamento incontrolável pode voltar à infância para entender por que é assim, mas isso não resolve a questão”, diz o terapeuta americano Barry Michels. Ao lado de Philip Stutz, ele escreveu um livro chamado O Método, que tornou-se um best-seller internacional defendendo o uso de ferramentas para resolver problemas de modo prático e rápido. Os seguidores de Freud devem ter procurado um divã, ao ver a dupla de terapeutas conquistar astros de Hollywood. Na TV e na imprensa, famosos não param de falar sobre como a dupla os ajudou a superar crises de criatividade e coragem. 
O sucesso, no entanto, reflete uma tendência mais ampla de interesse pelas chamadas terapias comportamentais e cognitivas (ou TCCs) das quais ambos são adeptos. No meio científico, por exemplo, a popularidade delas tem crescido. Uma busca por estudos com os termos “terapia cognitiva” e “psicanálise” no PubMed, principal base online de artigos científicos, mostra que em toda a década de 1990 foram publicadas 200 a 300 pesquisas sobre cada linha, por ano. Na última década, porém, a média anual de estudos sobre TCCs triplicou para cerca de 1.000, enquanto o interesse pela psicanálise se manteve estável, na casa dos 200.
A pegada objetiva e rápida que essa linha oferece também combina com a demanda dos pacientes. Não existem dados nacionais sobre o assunto, mas um relatório da Consumer Reports, publicação americana sobre padrões de consumo nos EUA, mostrou que o número médio de sessões frequentadas por pacientes caiu de mais de 20, em 1994, para 10, em 2004. Uma indicação clara de que os pacientes têm cada vez menos tempo (ou dinheiro) para os longos processos terapêuticos da psicanálise, em que o analisado é incentivado a descobrir sozinho suas fontes de angústia e as respectivas saídas.
O próprio Stutz, psicanalista de formação, já aplicou terapias de longas, mas passou por uma crise. “Usava um método que não era direcionado às necessidades do paciente, que ficava muito livre no processo. Mas, se ele teria de encontrar sozinho suas próprias soluções, por que viria à terapia?” 
Outro algoz da psicanálise é Jonathan Alpert, queridinho dos executivos de Wall Street, que andam precisando de muita terapia desde 2008, quando as bolsas de valores entraram em crise. Em abril, ele publicou um artigo no New York Times sugerindo o fim dos processos psicoterapêuticos longos e de sessões sem resultados mensuráveis. Foi o início de uma briga, que acabou em uma enxurrada de protestos — e em mais clientes para Alpert. “Muita gente me atacou, mas defendo que as pessoas devem ter objetivos definidos na primeira sessão de terapia, para poder monitorá-los ao longo do processo”, diz o terapeuta comportamental.
No artigo polêmico, o terapeuta cita um estudo publicado em 2010 no American Journal of Psychiatry, que mostra que 42% das pessoas frequentam somente de 3 a 10 sessões de terapia, e pouco mais de 10% fazem mais de 20 sessões. Seu ponto: terapias que dependem de muitas sessões para mostrar resultado são inúteis para a maioria. Alpert diz que 3 ou 4 sessões já são suficientes para produzir algum benefício ao paciente, segundo sua experiência. 
 
Leia matéria completa: http://revistagalileu.globo.com/Revista/Common/0,,EMI320275-17579,00-FREUD+NAO+EXPLICA.html
 
Fonte: Revista Galileu Galilei

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

BOLETIM VIRA MUNDO CHEGA EM SUA 2 ª EDIÇÃO



Fonte: Ministério da Saúde (Brasil)
Acesse: http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/viramundo2.pdf

Prefeitura do RJ Anuncia Internação Obrigatória Para Usuários de Crack: Medida entra em vigor a partir do início de 2014 e já causa polêmica. Críticos temem o desrespeito à lei.


A prefeitura do Rio de Janeiro anunciou uma medida contra o consumo de crack, que é um problema comum, hoje, no Brasil inteiro. A decisão vai provocar muito debate. A partir do início de 2014, os dependentes da droga vão ser internados, queiram ou não.
Para as autoridades de saúde, o crack já é uma epidemia. Algumas estimativas dão conta de que mais de 1 milhão de brasileiros consomem a droga. No Rio de Janeiro, com a recente ocupação da favela do Jacarezinho, que abrigava a maior cracolândia da cidade, os usuários da droga passaram a ocupar outros bairros.
Agora o prefeito, Eduardo Paes, pretende tornar obrigatória a internação de adultos dependentes de crack. Ele anunciou a criação, em caráter emergencial, de 600 vagas para internação.
“A gente vai partir para internação compulsória de adultos também. A pessoa que é dependente de crack tem uma situação que ela não consegue tomar decisão”, afirmou.
Atualmente, apenas crianças e adolescentes usuários de crack, flagrados em situação de risco, são internados contra a vontade.
A medida causa polêmica. Há quem defenda, lembrando que uma lei federal autoriza a internação obrigatória de dependentes químicos adultos em situações extremas, desde que se comprove que ele oferece risco de vida a si próprio ou para outros. Já os críticos temem o desrespeito à lei.
“Não se pode imaginar que essas pessoas simplesmente serão retiradas das ruas para que elas fiquem mais bonitas. É necessária a preocupação com a atenção sobre essas pessoas”, defendeu o presidente da Associação de Magistrados do Rio de Janeiro, Cláudio Luis Dell´Orto.
Em Maceió, já existe um programa de internação involuntária, mas é preciso consentimento da família e autorização da Justiça.
Nesta terça-feira (23), o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, comentou o projeto em estudo no Rio.
“Quero conhecer qual é a proposta, mas temos parâmetros legais para que isso aconteça, o Ministério da Saúde sempre busca seguir a lei”, disse.
A especialista em dependentes químicos Analice Gigliotti disse não ser contra a medida, mas lembra que é preciso qualidade no atendimento.
“Para cada 15 pessoas, dois a três psicólogos, um médico de plantão por dia, no mínimo dois enfermeiros para cada 15 pacientes. Isso é o mínimo para ter um bom tratamento”, apontou a psiquiatra.
A prefeitura de São Paulo informou que faz a internação involuntária de dependentes químicos, se tiver indicação médica.
 
Fonte: Jornal Nacional
 

terça-feira, 23 de outubro de 2012

A Liberdade Possibilita Dizer Não ao Gozo: Psicanalista seguidora de Jacques Lacan e escritora reconhecida, Betty Milan aborda em sua obra inúmeros temas que mexem com a mente e a alma humanas


Com surpreendente desenvoltura, Elizabeth Milan Mangin transita pelos meandros da mente humana sem maiores problemas, seja em sua obra literária ou em seu ofício de analisar as mazelas da vida. Betty Milan é autora de romances, ensaios, crônicas e até peças de teatro. Suas obras também foram publicadas na França, país o qual divide com o Brasil sua moradia, Argentina e China. Um dos assuntos preferidos da psicanalista é o amor.
"Esse sentimento e suas variantes, o sucesso e o insucesso, a fidelidade e a infidelidade são temas eternos. O que muda é a forma de lidar com o sentimento amoroso. Nós, hoje, não nos orientamos por regras prefixadas e também não inventariamos os casos possíveis. Acreditamos, pelo contrário, que cada caso é único, por mais que guarde semelhanças com outros. Com a descoberta do inconsciente, a ideia da particularidade de cada indivíduo se impôs. Sabemos que ninguém vive o amor da mesma maneira", opina.
Uma de suas obras mais reconhecidas é Quem ama escuta. O livro aborda uma Nova Educação Sentimental, baseada na escuta. A escrita de Betty faz o leitor refletir, sem preconceito, a respeito dos dramas da vida. A obra reúne colunas publicadas na época em que a psicanalista mantinha um consultório sentimental on-line.
Em Fale com ela, outro título de sucesso, Betty responde perguntas bem instigantes, como a mulher que é amante de um homem comprometido e não suporta o triângulo; a jovem que se relaciona sexualmente pensando no irmão; o homossexual que procura prostitutas para se convencer de que é hetero.
Entre outras atividades, Betty colaborou nos principais jornais brasileiros e foi colunista da Folha de S. Paulo e da Veja. Trabalhou para o Parlamento Internacional dos Escritores, sediado em Estrasburgo, na França. Em março de 1998, foi convidada de honra do Salão do Livro de Paris, cujo tema era o Brasil. Antes de se tornar escritora, se formou em Medicina pela Universidade de São Paulo e se especializou em Psicanálise na França, com Jacques Lacan.
 
 
Fonte: Revista Psique Ciência e Vida

Comportamento Compulsivo: Se no TOC o objetivo é aliviar a tensão e se desfazer da ansiedade, no TCI a ação obedece ao princípio do prazer: a pessoa reconhece os impulsos como seus e se lança a realizar o ato porque vai sentir prazer


Por acaso já se pegou puxando cabelos brancos do braço ou da cabeça para não delatar a idade? Já ruminou uma música por um tempo considerável, até que ela se tornasse chata em sua mente? Já voltou para ver se tinha mesmo fechado a porta da sua casa ou desligado a chama do fogão? Já brincou de colocar fogo em coisas quando era criança? Já apostou num inocente jogo de cartas de baralho com alguém? Já tentou se livrar de um pensamento que não o abandona? Já se viu praticando alguma mania como arrumar os óculos ou os cabelos várias vezes, mesmo sabendo que não era necessário, mas porque simplesmente parecia impossível controlar a vontade?
É bem possível que você tenha respondido sim a várias dessas perguntas. Calma! Isso não significa que você sofre de comportamento compulsivo ou transtorno de controle do impulso (TCI).
A princípio, e de forma geral, um comportamento compulsivo (ou TCI) é classificado como uma falha da pessoa no controle de seus impulsos. Por isso, mesmo que você tenha respondido com vários sins às questões acima, se isso está totalmente controlado, você sabe o que está fazendo, não lhe causa problemas sociais, profissionais, relacionais, matrimoniais, financeiros etc., você não está sob efeito da compulsividade.
Atente ao fato de todo comportamento normal poder deslizar para um comportamento compulsivo, porém nenhum comportamento compulsivo é normal, a não ser entre aqueles que estão no mesmo contexto, no mesmo tipo de comportamento, que devem achar pouco normal viver uma vida sem muitos problemas de compulsividade.Pesquisas indicam que o comportamento compulsivo, de forma geral, se apresenta associado a transtornos de humor e de ansiedade. Também existem pesquisas que indicam o TCI como uma forma de transtorno obsessivo-compulsivo (TOC), embora não haja concordância plena sobre isso, já que no TOC os sintomas costumam provocar a ansiedade, gerando algum tipo de sofrimento para o indivíduo na execução do ato, que normalmente ele desejaria evitar mas que não consegue por ser a única forma encontrada para aliviar a tensão, a angústia e a ansiedade. Esse comportamento realizado no TOC é gerado por uma questão obsessiva, intrusiva, que é perfeitamente questionável pela pessoa, embora não controlável, portanto, considerado egodistônico - aquilo que não é dela, que vem de fora.
 
 
Fonte: Revista Psiquê Ciência e Vida

Transtorno Psiquiátrico Contemporâneo: Pesquisadores revelam que a dependência de jogos eletrônicos possui chances de ser relacionada ao Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM), com previsão de lançamento da sua quinta edição em 2013


Os jogos eletrônicos, amplamente utilizados pelos seus usuários no século XXI, possuem um histórico relativamente recente. Considera-se o ponto de partida a década de 1950, com um brilhante trabalho de Alan Turing sobre modelos de inteligência artificial (IA) que revolucionariam a relação dos seres humanos com a tecnologia. Há cerca de 60 anos o seu trabalho consistia em testar a existência de "inteligência" nos computadores, o que pode ser entendido como um modelo primitivo de IA. Suas pesquisas representam a revolução de uma geração inteira, possibilitando avanços significativos no mundo tecnológico. Nos anos seguintes houve uma evolução constante nessa indústria, com a inserção dos videogames e, logo depois, os jogos de computador. As melhorias seguiam em velocidade notável, seja através do aperfeiçoamento dos gráficos, pluralidade dos gêneros de jogos eletrônicos (aventura, ação, esportes e estratégia, por exemplo), assim como o uso da internet para jogar on-line (comumente com vários jogadores, no modelo multiplayer).
Considera-se a indústria dos jogos eletrônicos como uma das várias disseminações da tecnologia que não possuem fronteiras, tratando-se de um território em ampla expansão. Contemporaneamente, tendo atingido, de forma direta ou indireta, uma significativa parcela da população mundial, os jogos eletrônicos são considerados um dos modelos lúdicos mais presentes no cotidiano de crianças, adolescentes e adultos jovens, independentemente do poder aquisitivo do jogador. Os jogos eletrônicos estão presentes nos mais diversos ambientes, seja nos lares, em lan houses e, atualmente, através de conexões wi-fi, e o jogador pode utilizar esse artefato em qualquer local que disponibilize rede de internet.
As novas tecnologias configuram-se, então, como uma realidade que não encontra barreiras para seu desenvolvimento, principalmente no sentido de conquistar o público jovem. Atualmente, há aparelhos que simulam odores, uso do corpo humano como um todo para poder jogar, além de imagens que dão a impressão de sair da tela do aparelho. Toda essa evolução tecnológica visa proporcionar novas experiências perceptivas e sensitivas aos jogadores, o que, frequentemente, tem sido motivo de preocupação de pais e educadores sobre sua influência na formação de crianças e adolescentes. Em paralelo, a diversão propiciada pelo mundo virtual é hipnótica. Esse elemento lúdico, frequentemente mencionado pelos usuários, é objeto de estudo de diversos pesquisadores. O brincar, condição que os jogos eletrônicos possibilitam, é constituinte da personalidade do jogador influenciando nos seus reflexos, tomada de decisões e interatividade.
 
 
Fonte: Revista Psique Ciência e Vida

Relações Líquidas: Vida contemporânea favorece o desprendimento afetivo


Um clique e anos de fotografias, marcas de uma história de amor, desaparecem sem deixar vestígios. Dois toques e todos os números dela são desintegrados para sempre do telefone celular. Três teclas pressionadas e o Facebook altera o estatuto de uma relação, adicionalmente evacuando todos os contatos, a partir de então, indesejáveis.  Quatro cliques e os e-mails dele vão para o cemitério infinito, sem lugar e sem rastro.  Aquele, cujo nome não deve mais ser pronunciado, foi devidamente excluído de sua vida.  Você está pronto para começar de novo. A verdadeira relação “líquida” deve corresponder ao que alguns analistas de consumo chamam de geração “teflon”, ou seja, “feita para que nada grude”.  Tida como inodora, insípida e translúcida, esta forma de vida inspira duas dificuldades às quais os psicanalistas têm dedicado vasto esforço interpretativo: a separação e o compromisso.

Boa parte da literatura sobre luto e perda trata também, indiretamente, do difícil trabalho de recomeçar. Certos clínicos argumentam que um grande amor só acaba quando conseguimos iniciar outro. De fato, mesmo sozinhos nós continuamos amando. Cedo ou tarde a série dos amantes começa a dar os braços uns aos outros, como em um anel de benzeno que se fecha sobre si mesmo. Reconstruímos histórias imediatas ou antigas, reforçamos os laços colaterais de amizade, reinvestimos ligações primárias, criamos amores possíveis como na literatura e no cinema. Reinventamos amores impossíveis com nossa memória e fantasia. Freud dizia que a neurose ataca nossa capacidade de amar, substituindo-a pela fuga da realidade, quando o objeto se esvai, ou pela fuga para a realidade, quando é  o “aparelho de amar” que se vê danificado. 

Na década de 90 cardiologistas japoneses descreveram a síndrome do coração partido (takotsubo), similar a um ataque cardíaco, com testagem positiva para enzimas e alteração do funcionamento do ventrículo esquerdo – mas sem obstrução coronariana. Contudo, o quadro é reversível e não deixa sequelas, afetando caracteristicamente mulheres em pré-menopausa, que passaram por grandes perdas ou desilusões amorosas. A síndrome está associada ao estilo de vida moderno, que vem transferindo para o universo das relações amorosas os princípios de desempenho, avaliação de resultados, análise de risco e segurança jurídica que presidem as relações de trabalho e produção. 

A descoberta faz lembrar um experimento clássico no qual dois ratos nadam em um tanque de água. O primeiro é deixado livremente até morrer exausto após duas ou três horas. O segundo é retirado da água um pouco antes do momento crítico e recolocado na mesma situação, após um descanso. O animal que passou pela experiência de ter sido salvo “no último instante” parece aprender algo muito poderoso, pois se torna capaz de nadar por um tempo dez vezes maior do que o outro. O exame do coração do primeiro rato mostra que ele parou em bradicardia (diminuição da frequência cardíaca), ou seja, lentamente ele foi desistindo de funcionar, deixando-se derrotar pela tarefa “sem sentido” de nadar sem saber aonde aquilo ia dar. Já o segundo rato lutou até explodir.

Também na clínica algumas separações que não terminam nunca, talvez não sejam casos de dificuldade em aceitar a perda, mas de recusa a começar de novo.  Aquilo que é sentido como insubstituível no amor que agora se foi, talvez seja o correlato de uma boa experiência anterior de “salvamento no último segundo”. A permanência irresistível e insidiosa em algo que nos possui, com toda a sua sujeira, turvação e amargura, talvez seja uma espécie de retorno do que a vida líquida recalca, uma vingança do desejo de permanecer para sempre, sem ter de começar de novo. A síndrome do coração partido ataca na primavera, a estação dos começos. Os ratos que começam de novo não conseguem mais reconhecer a hora de parar. Na vida em formato de videogame aprendemos muito sobre como deletar pessoas e apagar e-mails, mas pouco sobre a arte de desistir, de se despedir e guardar as fotos de recordação, com carinho e gratidão, depois de ter feito tudo o que é possível.
 
Fonte: Revista Mente e Cérebro
 
Disponível em :<http://www2.uol.com.br/vivermente/noticias/relacoes_liquidas.html>. Acesso em: 23 ago. 2012.

Borderline, Um Transtorno de Personalidade no Limite das Emoções


A psiquiatra e escritora Ana Beatriz Barbosa, em sua casa, fala sobre o transtorno dos afetos
Autora de best-sellers sobre psicopatia, bullying e TOC, a psiquiatra Ana Beatriz Barbosa Silva se volta para um transtorno ainda pouco conhecido no país: o da personalidade borderline. Em seu novo livro, “Corações descontrolados” (Ed. Fontanar), ela conta como são as pessoas que vivem no limite de suas emoções e também como lidar com elas. E dá exemplos: “A Carminha, de Avenida Brasil, é totalmente border”
O nome do seu livro é "Corações descontrolados. Ciúmes, raiva, impulsividade, o jeito borderline de ser". Que jeito é esse?
Todos nós apresentamos momentos de explosões de raiva, tristeza, impulsividade, teimosia, instabilidade de humor, ciúmes intensos, apego afetivo, desespero, descontrole emocional, medo de rejeição, insatisfação pessoal. E, quase sempre, isso gera transtornos e prejuízos para nós mesmos e/ou para as pessoas ao nosso redor. Porém, quando esses comportamentos se apresentam de forma frequente, intensa e persistente, eles acabam por produzir um padrão existencial marcado por dificuldades de adaptação do indivíduo ao seu ambiente social. Quando isso ocorre, podemos estar diante do transtorno da personalidade borderline. Os borders apresentam hiperatividade emocional, ou seja, é muito sentimento e muita emoção sempre. E costumam lidar muito mal com qualquer tipo de adversidade, especialmente as que envolvem rejeição, desaprovação e/ou abandono. Quando se deparam com uma situação dessas, desencadeiam uma reação de estresse muito mais intensa e abrangente do que o esperado. E chama-se borderline por isso, porque vivem no limite das emoções.
É o transtorno do amor?
É o transtorno dos afetos. Porque o amor deve ser funcional, positivo. O que o border tem é um afeto disfuncional.
Existe uma personalidade borderline e um transtorno de personalidade borderline? Como é isso? Qual a linha divisória?
A personalidade é o jeitão de cada um. É a parte biológica somada ao que aprendemos, à cultura. A junção dessas duas partes vai gerar uma série de comportamentos recorrentes, que caracterizam a personalidade de cada um. A personalidade borderline é marcada pela dificuldade nas relações interpessoais, pela baixa autoestima, instabilidade reativa do humor e impulsividade. Quando essas características se apresentam de forma muito disfuncional, nós a chamamos de transtorno.
Tipos diferentes de personalidades, mesmo com traços aparentemente negativos, podem ser requisitos para determinadas atividades, não? Quer dizer, não é qualquer tipo de pessoa que pode ser, por exemplo, um médico voluntário, trabalhando em meio à fome na África ou ajudando sobreviventes do terremoto no Haiti.
Só é transtorno quando apresenta problemas sérios para a pessoa, quando é tão disfuncional que a pessoa deixa de ser produtiva. Tirando isso, a personalidade border, ou, como dizemos, o traço border, pode ser muito interessante, se a pessoa não tem ataques de fúria, dependência. Grandes causas sociais, como você mencionou, demandam pessoas com grande capacidade de sentir empatia, com grande sensibilidade e que precisam de um alto grau de aceitação. Uma outra característica comum nessas pessoas é a fluidez na autopercepção. Por isso, pessoas com traço border dão grandes atores. Quando tratamos alguém com o transtorno, temos que ter em mente que, antes de mais nada, essa é uma maneira de ser, uma base estabelecida que não muda. O que buscamos no tratamento é transformar o transtorno em traço: ou seja, a pessoa vai continuar a ser sensível, emotiva, mas ela não vai capotar naquilo, vai canalizar para coisas produtivas.
O quanto do transtorno é biológico e o quanto é fruto do meio? No livro, a maior parte das pessoas com o transtorno teve vidas muito duras, marcadas por abuso sexual, agressão física, abandono. Como se pode dizer que isso é biológico?
Sabemos é que 50% são biológicos e 50% estão relacionados à criação, ao meio, à cultura. Quando a pessoa tem a biologia, mas vive num meio normal, o transtorno vai se apresentar de uma forma muito mais branda ou como traço. A estrutura genética não muda, mas é possível moldar a forma como se apresenta.
Como é a vida de quem tem o transtorno?
A pessoa tem uma dificuldade muito grande nos relacionamentos. Ela tem a autoestima destruída. Se vê muito pior do que é, de maneira depreciativa, e acha que a solução está no outro; é na dependência afetiva do outro que ela busca segurança e legitimidade. E é muito impulsiva. Mas essa impulsividade se manifesta de uma forma muito específica: ela está relacionada a explosões de raiva e ira. O border, como dizemos, é aquela pessoa que, literalmente, fica cega de raiva. Todo mundo que já viveu uma paixão alucinada sabe como é ser border: esse é o jeito border de ser. O estado da paixão, de acordo com a ciência, dura de dois meses a dois anos justamente porque, se durar mais, ninguém aguenta. Mas o border vive assim.
Trata-se de um transtorno que acomete muito mais mulheres do que homens. A neurociência explica por quê?
Sabemos que 75% dos pacientes são mulheres. Não sabemos exatamente por quê, mas não chega a ser uma grande surpresa se pensarmos que o transtorno está relacionado a uma hiperatividade do sistema límbico, que é o nosso verdadeiro coração, a região do cérebro que regula as emoções. No border, o sistema funciona demais, no extremo das emoções. Nos momentos de maior impulsividade, é como se houvesse uma pane total no sistema, um curto-circuito. Como a questão das emoções já é naturalmente mais marcada para as mulheres, é de se esperar que elas sejam a maior parte dos pacientes. Por outro lado, os homens, com cérebros mais racionais, são a maioria dos que sofrem de transtorno de psicopatia — em que o sistema límbico não funciona ou funciona muito pouco, o que os torna incapazes de ter empatia, de se sensibilizar com o sofrimento dos outros.
A adolescência é uma época em que as emoções já são muito mais intensas. Como é o transtorno nessa fase da vida?
O transtorno surge pela primeira vez nessa fase que é, em geral, quando ocorre o primeiro rompimento ou afeto não correspondido. Essa rejeição desencadeia o curto-circuito. A adolescência é a época das paixões, da impulsividade, da sexualidade, do comportamento de risco. Tudo isso faz parte, o adolescente tem que arriscar para aprender. É uma erupção emocional. No border, no entanto, é uma hemorragia. A automutilação é um comportamento recorrente. E se você perguntar por que ele fez aquilo, vai dizer que é para aliviar a angústia, o vazio.
E alivia mesmo? Por quê?
Sim. Ele se sente muito melhor porque deixa de sentir angústia. Quando há uma ameaça física ao corpo, o sistema de defesa e estresse é acionado. A substância liberada para tamponar a agressão é a endorfina, que é um anestésico. Por isso, um tratamento ótimo é a atividade física intensa, que libera endorfina.
A Carminha, de Avenida Brasil, é border?
Totalmente. Basta ver aquelas explosões de fúria, de ódio, sua instabilidade emocional. E, ao mesmo tempo, o grande pavor que tem da rejeição. Aquela família é seu alicerce, ela jamais se separaria, embora diga o contrário.
Existe tratamento?
É possível diminuir a hiperatividade do sistema límbico com medicações específicas em doses específicas — muitas vezes mínimas. Com isso, você reduz muito os ataques de fúria, os atos destrutivos, as agressões; baixa a bola do sistema mesmo. Mas, paralelamente, é preciso terapia, uma terapia muito específica, mais direcionada para o presente do que para o passado, que vai treinar a pessoa a viver com menos intensidade, a sangrar menos. A não morrer de hemorragia.

Fonte: Jornal O Globo
 

Crics9 Está Sendo Transmitido em Tempo Real


Teve início, nesta segunda-feira (22/10), o 9° Congresso Regional de Informação em Ciências da Saúde (Crics9). O evento está sendo realizado em Washington, Estados Unidos, e reúne tomadores de decisão, profissionais da informação, profissionais da saúde e acadêmicos. Assista ao Crics9, em tempo real, pela internet :http://www.livestream.com/paho .

A Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (ENSP) participa do evento, cujo tema é eSaúde: aproximando-nos do acesso universal à saúde. A coordenadora de Comunicação Institucional da ENSP, Ana Furniel, apresentará a Política Institucional de Acesso Aberto ao Conhecimento, adotada este ano pela Escola. O congresso é organizado pela Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) por meio da Biblioteca Virtual em Saúde (Bireme).

Fonte: Informe ENSP

Pesquisa Relaciona Doenças Mentais a Criatividade: Estudo com mais de 1,2 milhão de pessoas mostrou, por exemplo, que escritores são mais propensos a apresentar esquizofrenia.


Retrato de Virginia Woolf em 1902: Escritora cometeu suicídio em 1941, aos 59 anos 

Pela primeira vez, um extenso estudo científico afirmou existir um forte vínculo entre a loucura e a expressão artística: segundo a pesquisa, pessoas muito criativas são mais propensas a manifestar doenças como a esquizofrenia ou o transtorno bipolar. As conclusões foram publicadas nesta semana no periódico Journal of Psychiatric Research.
Ao todo, os pesquisadores analisaram os dados de 1,2 milhão de suecos e de seus familiares (até os primos de segundo grau). Eles então, desenvolveram a pesquisa para saber se existe uma relação entre diagnósticos psiquiátricos — como esquizofrenia, depressão, transtorno de ansiedade, alcoolismo, dependência química, autismo, transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH), anorexia e suicídio — e uma maior criatividade.
Relações — A pesquisa encontrou uma relação especialmente forte entre a profissão de escritor e a esquizofrenia, mas também mostrou que existe uma associação entre essa ocupação e a maioria dos diagnósticos psiquiátricos. Escritores ainda se mostraram 50% mais propensos a cometer suicídio do que a população em geral.
Além disso, o transtorno bipolar foi mais prevalente em pessoas cujas profissões estão ligadas à arte ou à ciência, como pesquisador, dançarino e pintor, do que no restante dos indivíduos. Ter algum familiar com esquizofrenia, transtorno bipolar, anorexia ou autismo também elevou a probabilidade de uma pessoa optar por uma profissão associada à criatividade e à expressão artística.
Para Simon Kyaga, coordenador do estudo, esses dados sugerem que muitos aspectos dos transtornos mentais devem ser reconsiderados. "Na psiquiatria e em toda a medicina em geral, há uma tradição de enxergar uma doença como se fosse algo 'preto no branco', acreditando que é preciso tirar do paciente tudo aquilo que está relacionado à condição", diz. "Se nós levarmos em conta que certos fatores associados à doença de um paciente são benéficos, podemos fazer com que novas abordagens de tratamento sejam abertas. Nesse caso, médico e paciente chegariam a um acordo sobre o que deve ser tratado e qual será a consequência disso." 
 
Fonte: Revista VEJA 
 
Disponível em:<http://veja.abril.com.br/noticia/saude/ha-uma-forte-relacao-entre-doencas-mentais-criatividade-e-expressao-artistica-afirma-estudo>. Acesso em: 19 OUT. 2012.

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Novas Portarias Para os Procedimentos do CAPS






  
Fonte: CETAD Observa

Disponível em:<https://twiki.ufba.br/twiki/bin/view/CetadObserva/NormaTecnica>. Acesso em: 17 out. 2012.

Saúde Pessoal: os perigos da confusão mental


Não é preciso ser idoso e nem mesmo ter muita idade para desenvolver a confusão mental, um tipo de ataque neurológico geralmente acompanhado de alucinações, agitação e desorientação, capaz de exacerbar doenças, aumentar custos médicos e até mesmo provocar a morte.
Especialistas afirmam que a confusão mental poderia ser prevenida até 40 por cento das vezes se médicos, enfermeiros e familiares conhecessem as causas e fizessem pequenas e significativas mudanças na forma como os pacientes são tratados. O rápido reconhecimento dos sintomas e o tratamento correto podem diminuir a duração do episódio, aliviar o sofrimento e reduzir os custos.
Ao menos 1 em cada 5 pacientes hospitalares com mais de 65 anos de idade vivenciam complicações causadas pela confusão mental, algumas das quais – como a piora em um quadro de demência – talvez nunca sejam completamente curadas.
Ainda assim, a confusão mental é diagnosticada e tratada da forma errada.
A Dra. Bree Johnston, geriatra da Universidade da Califórnia, em São Francisco, fala sobre o caso de uma mulher de 70 anos com histórico de transtorno bipolar, que se tornou cada vez mais deprimida, agitada e pouco cooperativa. Ela foi levada à emergência, onde o psiquiatra de plantão prescreveu clonazepam, um sedativo feito a partir de benzodiazepina que só piorou as coisas. Ela ficou incontrolável, perdendo e recuperando a consciência.
Quando a mulher foi hospitalizada, os médicos descobriram que a real causa da confusão mental era um pequeno ataque cardíaco. O tratamento correto ajudou a reverter sua condição mental.

Muitas causas e consequências

As condições que podem dar início à confusão mental incluem infecções no trato urinário, disfunções na tiroide e nos rins, eventos coronários e AVCs, desnutrição e desequilíbrio em eletrólitos como sódio e potássio. Qualquer pessoa com pequenos problemas cognitivos ou demência tem maiores riscos de apresentar a confusão mental e disfunções cognitivas podem piorar abruptamente após um ataque.
Determinados medicamentos, como as benzodiazepinas, podem causar ou contribuir para o aparecimento de confusões extremas. Outros medicamentos como anti-histamínicos, relaxantes musculares, analgésicos e até mesmo antibióticos podem estar ligados à confusão mental.
O simples fato de ser hospitalizado pode levar à confusão mental, conforme relatou Susan Seligar no ano passado no blog do New York Times, The New Old Age. Depois de uma cirurgia na bacia, sua mãe, de 85 anos, ficou desorientada e reclamou da falta de confortos no quarto do "hotel". Logo em seguida ela estava arrastando os lençóis e dizendo sem parar: "Precisamos limpar essa bagunça!" Ela precisou ser contida.

Uma leitora me contou que sofreu terríveis alucinações após passar por uma cirurgia no joelho depois de completar 80 anos, que tinha medo de todo mundo e não conseguia reconhecer a realidade quanto acordava.
"Nos pesadelos", escreveu, "via enfermeiras cravando suas grandes unhas em minha pele, porque me acusavam de tentar seduzir o médico. Às vezes, sonhava que elas me abandonavam no meio do mato, me sentava e começava a chorar". Cinco anos depois, afirmou, "ainda não saí da floresta".
Cerca de um terço dos pacientes com mais de 70 anos experimentam a confusão mental durante períodos de hospitalização. Os índices são mais altos entre as pessoas que são submetidas a cirurgias ou a tratamentos na UTI, onde tudo é estranho, não há diferença entre noite e dia, o sono é interrompido com frequência e há sons, equipamentos e procedimentos assustadores por todos os lados.
Uma paciente da UTI do Hospital Johns Hopkins, em Maryland, contou que tentava levar um cristal para os alienígenas "do bem" que via em sua mente, mas era impedida por um robô. Ela afirmou que a experiência foi um "pesadelo aterrorizante pelo qual ninguém deveria passar".
A Dra. Ondria C. Gleason, psiquiatra da Faculdade de Medicina da Universidade de Oaklahoma, descreveu a confusão mental como "qualquer mudança repentina no estado mental de uma pessoa ao longo de poucas horas ou dias, tais como confusão, alucinações, desorientação e mudanças de personalidade, como agitação e irritabilidade.
Existem três tipos: hiperativos, como os descritos pelos pacientes acima; hipoativos, que são frequentemente ignorados porque, como a depressão, caracterizam-se pela apatia e a preguiça; e um estado misto, com períodos de hiper e hipoatividade.
A confusão mental não acontece apenas na imaginação da pessoa afetada. A Dra. Tamara G. Fong, neurologista do Hebrew Senior Life in Boston, e seus colegas descrevem quais mudanças biológicas no cérebro delirante que poderiam ser responsáveis pelos sintomas: desequilíbrio nos neurotransmissores e aumento de substâncias inflamatórias que interrompem a comunicação entre os nervos; distúrbio metabólico ou falta de oxigênio que causa danos ao cérebro; e altos níveis de cortisol liberados durante aumentos no nível de stress, levando a uma forma de psicose.

Prevenção e tratamento

"Costumamos pensar que a confusão mental é inevitável, que é praticamente normal", afirmou o Dr. Dale Needham, especialista em terapia intensiva no Johns Hopkins. "Agora sabemos que existem fatores que podem diminuir o risco."
O primeiro é usar pouca ou nenhuma sedação. Ainda que pareça lógico sedar um paciente agitado, afirmou, isso pode piorar e até mesmo aumentar a duração da confusão mental.
É melhor que os pacientes se mantenham acordados e ligados com a realidade", afirmou. "Podemos falar com o paciente, perguntar se precisa de alguma coisa, se sente dor, se quer assistir TV ou ouvir música."
Os especialistas em tratamento intensivo do Hospital Johns Hopkins também descobriram que os pacientes apresentam melhores resultados caso as terapias físicas e ocupacionais sejam realizadas desde o princípio.
"A terapia parece ajudar a manter a mente e o corpo alertas", afirmou Needham.
Ela também parece deixar o pacientes cientes da hora do dia, do dia da semana, de onde estão e por que. Isso pode ser feito tanto pela equipe do hospital quanto por membros da família e amigos, que são encorajados a passar o máximo de tempo possível com os pacientes e ajudá-los a manterem o contato com a realidade.
Sabendo que o sono interrompido aumenta o risco de confusão mental, a equipe da UTI do Johns Hopkins realiza o mínimo possível de interrupções durante o sono.
"As luzes são desligadas, as cortinas fechadas e os anúncios em voz alta interrompidos durante a noite para criar uma UTI que ajude os pacientes a dormirem", afirmou Needham.
Utilizando um teste para confusão desenvolvido no Centro Médico da Universidade Vanderbilt, do Tennessee, os pacientes da UTI do Hospital Johns Hopkins têm os níveis de confusão mental medidos duas vezes ao dia para garantir que o problema não passe despercebido.
Fong afirmou que isso também ajudou a evitar que pacientes fossem contidos, o que pode aumentar seu medo, além de garantir que sejam alimentados e hidratados corretamente, além de terem os sentidos estimulados. Os pacientes recebem óculos e aparelhos auditivos, caso necessário.
Gleason afirmou que os membros da família do paciente também podem levar objetos familiares para o quarto do paciente, ajudando-os a acalmá-los, caso fiquem agitados.

Fonte: R7 via Associação Brasileira de Psiquiatria

Disponível em:<http://www.abp.org.br/portal/imprensa/clipping-2>. Acesso em: 17 out. 2012.

HC Testa Atendimento Psiquiátrico On-Line


Daniela Gonzaga, 28, faz terapia on-line com dois psicólogos, um para tratar de questões familiares e outro para questões de trabalho
O Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas de São Paulo (IPq) testará, pela primeira vez, o tratamento de pacientes deprimidos por meio de consultas por videoconferência pela internet. 
Os cem pacientes selecionados vão ser divididos, aleatoriamente, em dois grupos. Metade receberá o atendimento convencional (medicação e consultas de 20 minutos, uma vez por mês, no ambulatório do IPq). 
Os outros 50 serão atendidos virtualmente (consultas mensais de 20 minutos pela internet) e receberão a medicação por motoboy. O tratamento vai durar um ano. Os interessados podem se inscrever pelo e-mail agendamento.ipq@gmail.com. 
Segundo a psicóloga Ines Hungerbuehler, pesquisadora do Laboratório de Neurociências do IPq, o objetivo é verificar se o atendimento psiquiátrico virtual é tão eficaz quanto o presencial.
"Será uma forma de ampliar o acesso e a eficácia do acompanhamento do paciente crônico e, ao mesmo tempo, liberar o ambulatório para os casos agudos, que realmente precisam de um contato presencial." 
O CFM (Conselho Federal de Medicina) veta consultas on-line --exceto quando fazem parte de pesquisas. 
A eficácia das duas modalidades só foi diferente para quem tinha problemas mais graves (depressão severa e fobias) e idosos. O custo da terapia on-line foi 36% menor. 
Segundo o psicólogo Peter Jones, da Universidade de Cambridge, a terapia à distância facilita o acesso a serviços de saúde mental de pessoas com limitações de tempo, transporte ou com deficiências físicas. O estudo foi publicado na revista científica "PLoS One". 
A partir do achado, o governo inglês começou a testar técnicas de treinamento para que psicólogos da rede pública façam o atendimento à distância. 
No Brasil, o Conselho Federal de Psicologia baixou, em junho, novas regras para a interação à distância entre psicólogos e pacientes. As normas, que entram em vigor em janeiro, aumentaram de dez para 20 o número máximo de sessões pela internet. 
Oficialmente, as sessões psicológicas por e-mail, MSN ou Skype são permitidas só para aconselhamento. 
O atendimento psicoterápico, sem limite de consultas, precisa ser presencial --exceto para fins de pesquisa. 
Mas oito psicólogos afirmaram à Folha que já fazem psicoterapia à distância. 
Humberto Verona, presidente do Conselho Federal de Psicologia, reconhece que a permissão necessita ser revista. "Precisamos acompanhar a tecnologia. Mas temos que resolver muitas questões ainda em aberto na terapia on-line, como a manutenção do vínculo com o paciente. 
FALTA DE INFORMAÇÃO
A falta de capacitação de psicólogos é um dos principais entraves à expansão da terapia on-line, segundo especialistas. 
"Muitos acham que é fácil, que é só transportar a experiência da clínica para o on-line. Mas isso é um engano", diz Rosa Farah, coordenadora do Núcleo de Pesquisas da Psicologia em Informática da PUC. 
Segundo Milene Rosenthal, do site Psicolink, que reúne 40 psicólogos, o profissional também deve atentar para a segurança das informações. O site cobra R$ 65 por consulta. 
A assistente comercial Daniela Gonzaga, 28, faz terapia on-line com dois psicólogos. "Um para me orientar sobre questões profissionais e o outro, para um problema familiar." Ela aprovou o atendimento. "Na segunda sessão, já consegui resolver um problema com a minha mãe." 
Para Daniela, a facilidade de receber um atendimento sem sair de casa e o preço "mais em conta" são as principais vantagens da terapia on-line.

Fonte: Folha de São Paulo

Disponível em:<http://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/1169707-hc-testa-atendimento-psiquiatrico-on-line.shtml>.Acesso em: 17 out. 2012.

A VOZ DA MULHER NO TEATRO


terça-feira, 16 de outubro de 2012

Estudo da USP: Dependência e transtorno de personalidade têm semelhanças


Ao articular as definições de personalidade borderline e de adicções, o psicanalista Marcelo Soares da Cruz observou que ambos os transtornos possuem um funcionamento muito próximo, pois baseiam-se em relações de adicções e carregam fortes sentidos dolorosos.
Relações adictivas são relações de dependência, sejam de drogas, objetos, jogos, comportamentos ou mesmo até de pessoas. O Transtorno de Personalidade Borderline (TPB) também pode ser chamado de Transtorno de Personalidade Limítrofe (TPL) ou Transtorno Estado-Limite de Personalidade, entre outras denominações. Para Cruz, trata-se de uma maneira de estruturar uma personalidade. Quem sofre do transtorno possui relações turbulentas e oscilantes, apresenta desespero, vazio extremo e se sente constantemente ameaçado pela perda do outro. No entanto, esse outro dificilmente é de fato visto por suas características e pode ser facilmente substituído, quase que “coisificado”.
Cruz pesquisou o tema em sua dissertação de mestrado apresentada ao Instituto de Psicologia (IP) da USP. O objetivo era verificar se realmente existia uma relação entre a adicção e a organização de personalidade borderline.
A dissertação de mestrado teve orientação da professora Leila Salomão de La Plata Cury Tardivo, do IP. O estudo foi baseado em análises teóricas e se preocupou mais em buscar a essência das manifestações do sofrimento humano, apesar de serem algumas experiências com casos clínicos que tenham despertado os interesses iniciais do psicanalista acerca do assunto abordado.
O mestrado Reflexões sobre a relação entre a personalidade borderline e as adicções também relatou que a sociedade pós-moderna é carente em amparo e apresenta um esvaziamento que é dito ser preenchido por objetos e por propagandas, que vendem, acima de qualquer produto, uma identidade e promessa de completude. Essa contextualização da sociedade serviu para evidenciar que alguns casos de adicções e de personalidade borderline podem ser exaltados pela forma como se dá o mundo atual.
Borderline e adicções
Pessoas com Transtorno de Personalidade Borderline têm dificuldade em guardar o outro dentro de si sem que esse outro esteja concretamente presente, por isso tamanha insegurança. A automutilação é comum entre os pacientes, tanto para eles se sentirem mais vivos como para perturbar e mobilizar o próximo e assim obter evidências que eles existem para aquela pessoa.
O TPB não é caracterizado como psicótico pois não há rompimento total com a realidade. É uma condição difícil de se detectar já que ela pode ser confundida com depressão, bipolaridade ou psicopatia, devido a alguns rompantes de ódio e raiva.
As adicções são socialmente mais difundidas e tratam-se de dependências por substâncias, sensações, objetos, entre outros. No caso dos adictos, também há um vazio que se busca preencher. Se o “borderline” tende a encarar o outro como objeto, o adicto faz o contrário. A droga, o jogo, o sexo, o objeto de dependência, enfim, passa a ser pessoa e não mais apenas o que realmente é. Há uma necessidade vital de um objeto que é tratada de forma compulsiva.
Mudança de olhar
O autor da pesquisa conta que já teve contato com condições muito radicais daqueles que sofrem de adicções e da personalidade borderline. Ele afirma que, na maioria das vezes, os casos são incompreendidos e a dissertação de mestrado poderá ajudar a desconstruir a imagem daqueles que olham essas situações de fora e pensam que essas pessoas estão apenas se destruindo. “Apesar de se tratar de uma dissertação mais conceitual, ela serve justamente para situações concretas.”

Fonte: Agência USP de Noticias via Associação Brasileira de Psiquiatria
 
Disponível em:<http://www.abp.org.br/portal/imprensa/clipping-2>. Acesso em: 15 out. 2012.