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sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Crack Domina as Ruas: sem ações concretas, política de combate às drogas se apoia nas Comunidades Terapêuticas, a maioria sem estrutura para tratar os dependente.


“Precisamos admitir que estamos vivendo uma epidemia do Crack”. O alarde é do médico psiquiatra Zanizor Rodrigues, especialista no tratamento de dependentes químicos em Mato Grosso. Segundo ele, nos últimos anos a droga deixou de ser apenas um fenômeno visto nos noticiários sobre outras capitais. Para quem passa pelas ruas do centro de Cuiabá ou nas proximidades da rodoviária é possível atestar e reconhecer a preocupação do psiquiatra. Os usuários do crack não se escondem. Sem pudor usam e inclusive vendem a droga à luz do dia e em locais públicos.
O psiquiatra Zanizor, que atua no estado desde a década de 1980, não se mostra muito confiante quanto à atenção dada à ‘drogadicção’ em Mato Grosso. “Se não são oferecidos serviços públicos de qualidade, nem na saúde preventiva e no tratamento, fazer um decreto é que não vai resolver”, diz. Para o especialista, são necessárias medidas concretas já que o país vive um período considerado crítico. “Se os governos estadual e federal focarem na questão das drogas, em especial o crack, como foi tratada a Aids, aí sim teremos uma solução para este problema social”, defende.
Em torno de 25% dos usuários buscam tratamento por conta própria, mas devido à falta de estrutura das Comunidades Terapêuticas (as CT), muitos acabam não se recuperando por não receberem o tratamento adequado. Essas CTs são casas particulares que abrigam dependentes químicos. De acordo com a coordenadora da Coordenadoria Estadual de Política Sobre Drogas (COAD-MT), Ana Elisa Limeira, o Governo do Estado compra vagas nas CTs para abrigar as demandas atendidas nas unidades de saúde. Isso acontece porque não há nenhuma CT pública, elas são, geralmente, instituições particulares ou de igrejas. A fiscalização dessas comunidades é realizada através da apresentação dos relatórios individuais de internações e visitas técnicas.
A situação dessas casas é calamitosa como já foi denunciado insistentemente pelo Circuito Mato Grosso. “Nunca houve uma política séria para o tratamento dos dependentes, em casos mais agudos é feita apenas a desintoxicação”, frisa Zanizor, observando que nenhuma das comunidades terapêuticas que visitou atende adequadamente os pacientes e continua: “É um absurdo. Não tem nenhuma assistência médica. São ex-usuários vigiando outros e eles todos ficam à mercê da sorte e é o que há”.
A Unidade 3 do Hospital Psiquiátrico Adauto Botelho conta com 40 vagas para homens dependentes químicos. Quanto às mulheres, ficam misturadas com outros pacientes que sofrem de distúrbios mentais. “São problemas distintos e a internação dessa forma não garante muita coisa, apenas a desintoxicação, mas ainda é a melhor estrutura oferecida, e a Secretaria de Saúde nunca fez um projeto na área”, explica Zanizor, que ainda é crítico em relação ao Estado comprar vagas em comunidades terapêuticas: “O governo está financiando um serviço sem controle de qualidade”.
A pesquisa “O desvelar da realidade acerca das drogas em Mato Grosso”, realizada pela Universidade Federal de Mato Grosso, aponta que 46% das instituições de saúde do estado não possuem projetos ou desenvolvem ações preventivas. Das escolas, mais da metade não realiza projetos que levem a discussão para os alunos.
Os resultados da pesquisa devem ser usados para a elaboração de ações que devem integrar ao Plano Estadual de Combate às drogas. Em 2011, a Secretaria Estadual de Justiça e Direitos Humanos (SEJUDH), o Conselho Estadual de Políticas sobre Drogas CONEN-MT e a COAD-MT com o intuito de elaborar a política Estadual sobre Drogas realizaram quinze Fóruns Regionais, um Estadual e uma pesquisa referente à realidade acerca do atendimento institucional às drogas em Mato Grosso nos eixos da prevenção, tratamento, estudos e avaliações.
 
Fonte: Circuito Mato Grosso via Associação Brasileira de Psiquiatria
 
Disponível em:<http://abp.org.br/2011/medicos/imprensa/clipping-2>. Acesso em: 17 ago. 2012.

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