A menstruação costuma chegar na vida da mulher entre 10 a 13 anos de idade e encerra-se em média aos 50 anos. Descontando um a dois anos sem menstruação, em quem tem 1 ou 2 filhos, é nítido que ela acompanha a mulher durante um longo período da sua vida e pode causar repercussões em seu dia a dia, recebendo atualmente maior destaque em discussões na área médica, da Psicologia e até forense.
Algumas mulheres vivenciam todo o ciclo reprodutivo sem qualquer intercorrência, porém muitas apresentam sintomas emocionais e físicos relacionados ao ciclo menstrual. Apesar do questionamento sobre essas queixas serem resultantes da estressante vida moderna, Semonides (2600 a.C.) e Hipócrates (600 a.C.) já descreviam alterações de comportamento, ideias de morte e delírios resultantes da retenção do fluxo menstrual, mas foi em 1931 que Robert Frank denominou de "tensão pré-menstrual" o conjunto de sintomas que aparecem alguns dias antes da menstruação e desaparecem com a mesma1. Posteriormente, Katherine Dalton, em 1953, modificou o termo "tensão" por "síndrome", composta por múltiplas facetas físico-psíquicas e comportamentais2.
Em 1987, denominaram transtorno disfórico da fase lútea tardia na edição revisada do III Manual de Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, da Associação Psiquiátrica Americana, no qual a entidade aparece inclusa em "categorias propostas necessitando estudos adicionais", devido à grande polêmica entre grupos feministas que se embatiam, considerando, de um lado, o avanço via reconhecimento de sofrimentos gêneros específicos e, por outra parte, o receio da classificação desse transtorno como doença servir para discriminação feminina na sociedade, no trabalho e até nos seguros de saúde1.
Em 1994, houve revisão e nova denominação no Manual de Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, que passou a ser nomeado Transtorno Disfórico Pré-Menstrual (TDPM), como um subtipo de transtorno afetivo. "Apesar de critérios diagnósticos definidos, na prática muitos apresentam dificuldade em diferenciar o TDPM da Síndrome Pré Menstrual (SPM)3".
SPM x TDPM
A SPM é caracterizada pelo conjunto de sintomas físicos (cefaleia, mastalgia, alterações de apetite, edema) e psíquicos (tristeza, irritabilidade e sintomas depressivos), inicia de 1 a 15 dias antes da menstruação e classifica-se segundo a intensidade dos sintomas em leve, moderada ou severa4. (veja quadro)
O TDPM acomete geralmente mulheres entre 25 a 35 anos e se caracteriza pela recorrência cíclica, durante a fase lútea, de sintomas somáticos, comportamentais e de humor em primeira instância, sendo ansiedade, labilidade afetiva, sintomas depressivos, irritabilidade, distúrbios do apetite e do sono os mais frequentes3,5. Tais sintomas são tão severos que prejudicam o funcionamento social, ocupacional, escolar e familiar4.
Além disso, estão relacionados diretamente às fases do ciclo pré-menstrual e podem durar, tipicamente, de cinco a quinze dias. Em geral, pioram com a proximidade da menstruação e cessam de forma imediata ou logo a seguir ao início do fluxo menstrual3,4,5. "É importante frisar que estes sintomas não devem ser apenas exacerbação de outra doença".
Diversas teorias já foram propostas para explicar a causa do TDPM, porém ainda não está totalmente esclarecida. A principal hipótese vigente é que algumas mulheres são mais sujeitas a alterações de humor no período pré-menstrual, por uma sensibilidade cerebral às flutuações hormonais presentes no ciclo menstrual feminino, ou seja, um mecanismo psiconeuroendócrino desencadeado pelo ciclo ovariano normal6. Essas mulheres, mesmo com níveis adequados dos hormônios gonadais, teriam maior propensão a alterações no sistema nervoso central, principalmente na via serotoninérgica, com as oscilações hormonais.
Sabe-se que a Psicoterapia pode auxiliar essas mulheres a enfrentarem e lidarem com as disfunções nas esferas sociais, afetivas e ocupacionais que os sintomas do TDPM podem ocasionar. O equilíbrio psicológico da mulher depende do modo como ela encara sua feminilidade desde jovem. A primeira menstruação significa que a menina adquiriu sua maturidade biológica, que é mulher e está capacitada para ser mãe. O conhecimento e a aceitação da menstruação são de fundamental importância para a mulher, pois se trata de um fenômeno que irá acompanhá-la por grande parte de sua vida, podendo até interferir na sua menopausa.
Leia reportagem completa: http://psiquecienciaevida.uol.com.br/ESPS/Edicoes/77/coisas-de-mulher-sindrome-pre-menstrual-e-transtorno-disforico-pre-menstrual-265037-1.asp
Fonte: Revista Psique Ciência e Vida
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