Familiares de pacientes internados em dois hospitais psiquiátricos de Curitiba reclamam da demora na abertura de vagas e das condições de higiene dos locais. No final de março, uma mulher diagnosticada com esquizofrenia esperou por três dias no Centro de Urgências Médicas (CMUM) do Pinheirinho até que uma vaga fosse disponibilizada no Hospital Nossa Senhora da Luz. No Hospital Bom Retiro, a reclamação é referente às condições de higiene do local, de acordo com a irmã de uma paciente que está internada na unidade, com transtorno bipolar, e que foi intoxicada por medicamentos.
No dia 19 de março, a esposa do torneiro mecânico desempregado Paulo Cristiano Chagas deu entrada no CMUM Pinheirinho depois de sofrer com crises nervosas. Sem vagas disponíveis nos hospitais especializados, ela esperou por três dias na sala de observação do centro. Neste período a mulher fugiu algumas vezes do local, para onde foi levada novamente por familiares e pelo Samu. O chamado para internação veio somente no dia 21 de março, quando Chagas não sabia mais a quem recorrer. “O atendimento foi muito demorado. Só consegui que ela fosse internada porque entrei em contato com outros órgãos”, reclama ele, que parou de trabalhar para conseguir dar atenção à esposa.
A autoridade sanitária do CMUM Pinheirinho, Angelo Braz Moreira, confirma o período em que a paciente esteve na unidade, mas reforçou que o encaminhamento depende da disponibilidade de vagas nos hospitais de referência. As fugas da mulher também foram registradas, mas, de acordo com ele, não é possível evitar. “Isso não é comum”, garante.
Já no Hospital Bom Retiro, a irmã de uma paciente que sofre de transtorno bipolar, mas não quer se identificar por medo de represálias, conta que ficou chocada com o estado dos banheiros do hospital. “É uma higiene fora do normal. É uma sujeira, uma desorganização fora do comum”, conta. Além das condições sanitárias que encontrou, a mulher ainda reclama que sua irmã foi intoxicada por medicamentos e perdeu a vaga no hospital quando precisou sair da unidade para realizar exames. “Ela não reconhecia ninguém.”
Apesar das reclamações, uma inspeção sanitária realizada pela Vigilância Sanitária municipal no dia 5 de março não detectou nenhuma irregularidade no Hospital Bom Retiro, de acordo com a assessoria de imprensa da Secretaria Municipal de Saúde. Além disso, não foi possível levantar informações específicas sobre o caso da paciente, pois ela não foi identificada pela família.
Fonte: Associação Brasileira de Psiquiatria
Disponível em:<http://abp.org.br/2011/
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