“Em nossas pesquisas promovemos a discussão do tema em grupos de mulheres sem filhos, em diversas cidades italianas, e muitas das participantes admitiram que se sentiam julgadas, às vezes até severamente, por parentes ou conhecidos, estigmatizadas como se fossem cidadãs de segunda categoria”, conta Maria Letizia Tanturri, professora de demografia da Universidade de Pavia, que participou de um importante projeto de pesquisa coordenado por várias universidades. “É como se, de certa forma, a maternidade fosse a garantia de nos tornarmos pessoas melhores, mais sensíveis”, observa. Ela lembra que, em 2007, uma senadora democrata da Califórnia, Barbara Boxer, atacou a secretária de Estado Condoleezza Rice: “Como não tem filhos nem família, a senhora não pagará nenhum preço pessoal pelo envio de mais 20 mil soldados americanos ao Iraque”. As palavras podem ser entendidas como uma variante de algo como: “Quem não tem filhos não pode entender o que só nós, seres humanos privilegiados pela graça de ter filhos, conseguimos compreender”.
Um estudo realizado por pesquisadores da Universidade de Michigan com 6 mil mulheres com idade entre 50 e 60 anos revelou que ter ou não ter filhos não tem efeito relevante no bem-estar psicológico nessa faixa etária – o que, de certa forma, contradiz a ideia de que é preciso criar os filhos para ter com quem contar no futuro. “Os aspectos mais importantes para uma maturidade feliz são a presença de um companheiro e de um círculo de relações sociais significativas”, salienta a socióloga Amy Pienta, coautora da pesquisa publicada no periódico científico International Journal of Aging and Human Development. Assim – e considerando todo o risco, trabalho e preocupação que significa ter filhos –, seria melhor não tê-los? Depende. O único dado certo é que hoje existe uma liberdade maior de escolha: é possível ser mulher de forma plena e prescindir da maternidade.
Fonte: Revista Mente e Cérebro
Disponível em:<http://www2.uol.com.br/vivermente/noticias/filhos__nao_obrigada.html >. Acesso em: 10 abr. 2012.
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