Estima-se que 90% das crianças brasileiras que têm enxaqueca não foram diagnosticadas
Crianças que têm enxaqueca são mais propensas a desenvolver problemas comportamentais, como sintomas de ansiedade, depressão e dificuldade de atenção. Quanto mais frequentes forem as dores de cabeça, maiores serão esses problemas. De acordo com a pesquisa, publicada no periódico médico Cephalagia, aproximadamente 1,7 milhão de crianças e adolescentes no Brasil têm 10 ou mais dores de cabeça por mês.
O estudo foi conduzido por Marco Arruda, diretor do Instituto Glia, em Ribeirão Preto, e por Marcelo Bigal, da Faculdade de Medicina Albert Einstein, em Nova York. Para o levantamento, foram avaliadas 1.856 crianças brasileiras. Todas tinham idades entre cinco e 11 anos. De acordo com os autores, esse é o primeiro grande estudo do tipo a procurar uma relação entre os problemas psicológicos e a enxaqueca e a dor de cabeça tensional com uma base geral — e não apenas em crianças que procuravam atendimento médico. Informações sobre a frequência das crises também foram incorporadas ao levantamento.
A enxaqueca se caracteriza por uma dor que, normalmente, afeta apenas um lado da cabeça. A dor costuma piorar com o esforço físico, luz, ruídos e odores, e pode ser de moderada a intensa. A enxaqueca pode ainda estar associada a náuseas e vômitos. Já dor de cabeça tensional provoca uma dor que vai de leve a moderada. Sua causa pode estar relacionado a situações de estresse, mas seu papel ainda não foi completamente compreendido pela medicina.
No estudo, foram usados questionários internacionais para dor de cabeça e o Child Behavior Checklist (CBCL), para avaliar os sintomas emocionais. Em crianças que tinham tanto enxaqueca (23%) como dor de cabeça tensional (29%), as dores de cabeça mais frequentes estavam relacionadas com um aumento anormal na pontuação da escala que mede o comportamento. Os tipos de comportamentos mais vistos eram aqueles caracterizados como internalizados — direcionados para si mesmo.
Enquanto menos de um quinto das crianças do grupo de controle (19% da amostra) tinha problemas com comportamentos internalizados, mais da metade daqueles com enxaqueca tinham o problema. Já os comportamentos externalizados, como se tornar mais agressivo ou desrespeitar leis, não se mostraram diferentes nos dois grupos. "Como previamente relatado, descobrimos que a enxaqueca estava associada com problemas sociais", diz Arruda.
Pesquisas anteriores já haviam apontado que crianças com enxaquecas eram mais propícias a ter outros problemas psicológicos ou fisiológicos – como ansiedade, depressão e problemas de atenção e hiperatividade. Até agora, no entanto, poucos estudos tinham examinado a relação desses mesmos problemas com a dor de cabeça tensional em crianças. Incluir a frequência da dor de cabeça nessa análise também era uma peça importante do quebra-cabeça que estava faltando.
Fonte: Revista VEJA
DIsponível em:<http://veja.abril.com.br/
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