O termo louco é muito impreciso e amplamente utilizado pela população, mas, academicamente, não é utilizado. Classicamente, o louco é aquele sujeito que perdeu a razão, que tem pensamentos e ações sem sentido, tem comportamentos distorcidos que fogem à regra: é a “alienação mental” de Philippe Pinel, o pai da psiquiatra moderna (cujo sobrenome virou o mesmo que loucura), que atuou na França entre o final do século XVIII e o começo do século XIX. “Hoje em dia, podemos dizer que os sintomas psicóticos são o equivalente à loucura empregada nos meios psiquiátricos no passado.
Os sintomas psicóticos ocorrem na esquizofrenia e também costumam ocorrem no transtorno bipolar”, afirma o psiquiatra Deyvis Rocha. Muitas pessoas deixam de ir ao psiquiatra porque isso seria o mesmo que declarar-se louco ou que obter um atestado de loucura. E qual é a pessoa que vai ao psiquiatra e que nunca ouviu ninguém lhe perguntar “você é louco?”, ou variações do tipo “o que você tá fazendo num psiquiatra se você não é louco?”, “o que você vai fazer em médico de doido?”.
O individuo que já passou por essa fase crítica e vai ao psiquiatra por algum problema qualquer, como sintomas depressivos ou ansiosos, teme que o seu quadro clínico possa evoluir para um quadro de loucura. “As pessoas têm medo de perder a razão, o controle sobre si mesmas, sobre os seus pensamentos e os seus atos e de se ver obrigadas a tomar um remédio para ficarem bem”, explica o médico.
Em psiquiatria, há um velho ditado (que até se utiliza para tranquilizar os pacientes) que diz que a pessoa que está ficando louca não sabe que está ficando louca, o que significa que a capacidade de alguém se preocupar com o fato de poder ficar louco é uma segurança de que isso não vai acontecer.
Sendo assim, um transtorno de pânico ou outro transtorno ansioso, como a ansiedade generalizada, as fobias, uma depressão, não vão evoluir para um estado de loucura e de perda da razão, mesmo que seja essa a sensação que se tem quando ocorre uma crise de pânico.
Pode até ser que a pessoa tenha mais de um diagnóstico, como depressão e esquizofrenia, ansiedade e transtorno bipolar, mas não é que uma doença levou a pessoa a ter a outra, mas é que são quadros diversos que, por genética ou por coisas da vida, atingem a mesma pessoa. Conheça os principais transtornos psicóticos que podem levar um individuo a loucura. Os principais transtornos psicóticos crônicos são:
Esquizofrenia: A esquizofrenia é uma doença mental que afeta a zona central do "eu" e altera a estrutura vivencial. O portador de esquizofrenia, quando em surto, costuma agir em função dos seus delírios e alucinações, perdendo a liberdade de escapar a essas vivências fantásticas. Cerca de 1% da população é acometida pela doença, geralmente iniciada antes dos 25 anos de idade. “A esquizofrenia se caracteriza por distorções do pensamento, da percepção e por inadequação dos afetos. Usualmente o paciente com esquizofrenia mantém clara sua consciência”, explica o psiquiatra Deyvis Rocha.
Transtorno delirante: Esta patologia é caracterizada pela ocorrência de ideia(s) delirante(s), em geral paranóide (de estar sendo perseguido, de estar sendo alvo de críticas, de as pessoas quererem prejudicá-lo intencionalmente). O delírio tende a ser persistente e algumas vezes crônico. Pode haver alucinações auditivas (ouve vozes que não existem na realidade) e visuais (vê imagens que não existem na realidade), embora alucinações sejam incomuns. O afeto tende a ser inexpressivo.
Transtorno esquizoafetivo: esta patologia manifesta-se pela ocorrência de episódios de humor intercalados por episódios psicóticos sem sintomas de humor. É importante salientar que dentro dos episódios de humor, quando graves, podem também ocorrer sintomas psicóticos. Existem dois tipos principais: depressivo (onde os episódios de humor são sempre depressivos) e misto (onde ocorrem episódios depressivos, maníacos, hipomaníacos e mistos).
Transtornos psicóticos agudos: Estes transtornos têm frequentemente um início repentino, desenvolvendo-se em geral rapidamente no espaço de poucos dias e desaparecendo também em geral rapidamente, sem recidivas. Quando os sintomas persistem, o diagnóstico deve ser modificado para esquizofrenia ou transtorno delirante persistente.
Transtorno Bipolar: O transtorno bipolar é uma doença mental em que o paciente alterna estados de euforia e depressão, além de fases de "normalidade" intercaladas. A pessoa pode apresentar alguns sintomas de euforia e de depressão ao mesmo tempo, que são os estados mistos. A causa exata é desconhecida, mas os cientistas acreditam que esteja ligada à genética.
Tratamentos: Além do tratamento com os remédios chamados antipsicóticos, a psicoterapia pode auxiliar o paciente a lidar com as dificuldades de realizar atividades do dia a dia impostas pelos sintomas.
Fonte: Jornal O Debate via Associação Brasileira de Psiquiatria
Disponível em:<http://www.abp.org.br/
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